O Arrebol Espírita

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

COMO SE RESPEITA A FÉ ALHEIA?

Segue abaixo parte da entrevista concedida por Chico Xavier à jornalista Alcione Reis, editora da Revista Seleções de Umbanda com a presença do Babalorixá Omolubá, recebido com muito carinho pelo médium espírita:

Seleções de Umbanda:
A Umbanda e o Espiritismo caminharão juntos na evolução do Brasil?
Chico Xavier: Acreditamos que todos nós os cristãos estamos caminhando para a vitória do Cristianismo no Brasil.
Seleções de Umbanda: Por que a mediunidade no Brasil é mais do que no resto do mundo? Estará esse fenômeno incluído na evolução do povo brasileiro?
Chico Xavier: Os espíritos amigos sempre nos informaram que estes fenômenos se devem a características de povo cristão que marca a comunidade brasileira. O espírito do Cristo é profundamente assimilado pela maioria daqueles que nasceram na terra abençoada do Brasil. E por isso mesmo a revelação tem aqui dimensões talvez maiores que em outras partes do mundo até que o espírito de Cristo consiga também ser assimilado no Brasil e até outros países.
Seleções de Umbanda: A seu ver como sente a Umbanda atual?
Chico Xavier: Eu sempre compreendi a Umbanda como uma comunidade de corações profundamente veiculados a caridade com a benção de Jesus Cristo e nesta base eu sempre devotei ao movimento umbandista no Brasil o máximo de respeito e a maior admiração.
Seleções de Umbanda: Chico, cada religião, traz ou deve trazer algo de verdadeiro que possa contribuir a salvação de seus proficientes (o Hinduísmo trouxe o dharma para os Hindus, o Hermetismo a ciência e o poder das forças ocultas, o Orfismo é a religião da beleza para os gregos, o Cristianismo o amor e assim por diante) o que traz de positivo a Umbanda?
Chico Xavier: A meu ver o movimento de Umbanda no Brasil está igualmente ligado ao espírito de amor do cristianismo. Sem conhecimento de alicerces umbandísticos para formar uma opinião específica eu prefiro acreditar que todos os umbandistas são também grandes cristãos construindo a grandeza da solidariedade cristã no Brasil para a felicidade do mundo.
Seleções de Umbanda: O que você acha do mediunismo na Umbanda através de “caboclos” e “pretos-velhos?”.
Chico Xavier: Acredito que o mediunismo no movimento de Umbanda é tão respeitável quanto a mediunidade das instituições kardecistas com uma única diferença que eu faria se tivesse um estudo mais completo de Umbanda; é que seria extremamente importante se a mediunidade recebesse a doutrinação do espírita do evangelho com as explicações de Alan Kardec fosse onde até mesmo noutras faixas religiosas que não fosse a Umbanda. Porque a mediunidade esclarecida pela responsabilidade decorrente dos princípios cristãos é sempre um caminho de interpretação com Jesus de qualquer fenômeno mediúnico.
Cinco horas da manhã do dia 19 de abril de 1976, despedimo-nos de Chico que atendera perto de 2.000 pessoas totalizando assim 18 horas de trabalhos ininterruptos na Comunhão Espírita Cristã de Uberaba.
- Apareçam amanhã para conversarmos mais. Quero saber das novidades da
Guanabara.

Foram as últimas palavras, sempre amáveis que ouvimos do médium espírita FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.

*** Escrito por Alcione Reis, editora da Revista Seleções de Umbanda.


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

30 MIL ANOS DE XAMANISMO


Nos primórdios dos tempos, há cerca de 30 mil anos, no Período Paleolítico, quando os homens ainda moravam em cavernas cercadas de feras, eles viviam com medo de tudo. Mas, ao observarem o ciclo da natureza e suas manifestações, refletiram sobre sua relação com o Universo, e, sem saber, estabeleceram uma ponte com o macrocosmo, traçando um fio que nunca mais iria se romper. Por um tempo adormecidos, mas não esquecidos, os rituais xamânicos voltam agora a despertar a atenção dos homens modernos, independente de seu estágio cultural ou do fato de viverem na selva de pedra urbana cercados de racionalidade, coisa que não existia quando os nossos antepassados se reuniram pela primeira vez ao redor de uma fogueira.
Anterior a todas as religiões, psicologias e filosofias conhecidas, o xamanismo em si é o conjunto de práticas e técnicas arcaicas ligadas à natureza, com o propósito de expandir a consciência para melhor. Sua principal característica é considerar que todas as criaturas do Grande Espírito são irmãs. Os nossos antepassados respeitavam a natureza, prestando atenção aos seus sinais, aplicando suas leis nas suas vidas e atividades, vivendo em harmonia com o meio ambiente.
Os xamãs preservam um notável conjunto de antigas técnicas desenvolvidas ao longo dos séculos, usadas para obter e manter o bem-estar e a cura para eles próprios e para os membros de suas comunidades, possibilitando aos indivíduos aprenderem conscientemente a transpor o aparente abismo existente entre o mundo físico e as esferas da imaginação e da visão. Esse conjunto de práticas e técnicas xamânicas revelam-se de notável semelhança em todo o mundo, mesmo para os povos cujas culturas e tradições são diferentes, e que, há milhares de anos, estão separados uns dos outros por oceanos e continentes.
Sem o nível de tecnologia médica atual, esses povos chamados primitivos tiveram excelente razão para se sentirem motivados a desenvolver capacidades não tecnológicas da mente humana para a saúde e para a cura. A uniformidade dos métodos xamânicos em todas as partes do mundo, da Sibéria até a Patagônia, da China até as Américas, da Escandinávia até a África e a Austrália, sugere que por meio de tentativas e erros os povos chegam às mesmas conclusões.
O xamã é escolhido a partir de um chamado divino, por herança ou por aprendizado. Em qualquer um desses casos, ele teria que passar por experiências iniciáticas e um árduo aprendizado, no qual o futuro xamã experimentava sua própria morte e renascimento, penetrando nos outros mundos, aprendendo a linguagem dos animais, das plantas, das pedras e encontrando os Guardiães e os Mestres das outras dimensões. Abrindo as portas da sua percepção, o xamã recebia os conhecimentos e o poder para ajudar e curar os outros. Ao final, seu corpo é refeito, porém, sempre faltará um ossinho, perdido e jamais encontrado, para dar a ele a dimensão de sua imperfeição e, portanto, de sua humanidade.
Os xamãs não seguem nenhum dogma ou religião, todos acreditam na rede universal de poder que sustenta toda vida. A origem de sua fé reside em sua própria experiência com a natureza. Segundo o xamanismo, todos os elementos do meio ambiente estão vivos e todos possuem sua fonte de poder no mundo espiritual. Pedras, plantas e animais estão carregados de vida e devem receber o devido respeito para a manutenção da harmonia e da saúde. Para os xamãs, todas as formas de vida estão interligadas, e o equilíbrio mutuamente sustentador entre eles é fundamental para a sobrevivência da humanidade. Nosso trabalho no Clã Lobos do Cerrado, em Brasília, consiste em compreender este equilíbrio e viver em harmonia com ele, levando sempre a natureza em consideração. A rede de poder da natureza é o doador da vida e a fonte de toda atividade bem-sucedida.
Com o advento da Revolução Industrial e, um pouco antes, no século 16, com a fundação das igrejas, das empresas e do expansionismo branco, quando culturas nativas foram massacradas, a humanidade distanciou-se da natureza, criando um mundo onde há poluição, violência e desequilíbrios. Vendo a terra apenas como fonte de rendimento e os minerais, vegetais e animais como meios para servir seus interesses, o homem cortou os laços que o ligavam à Mãe Terra, tornando-se solitário, desvitalizado, desencantado e desequilibrado. É, provavelmente, devido à perda desse sentido arcaico de ligação estreita com o universo primitivo interno, que o homem contemporâneo desrespeita a natureza, levando à catástrofe ecológica tanto externa quanto interna.
Todavia, milhares de pessoas procuram resgatar esse elo perdido com a Mãe Terra, restabelecendo seu próprio equilíbrio. Estas práticas xamânicas estão retornando hoje como autêntica força viva, em meios sofisticados como o das terapias alternativas contemporâneas. Tal penetração deve-se também ao interesse que o assunto despertou em estudiosos de outras áreas, como é caso da antropologia, da etnologia, da história das religiões.
A partir da década de 60, o antropólogo americano Michael Harner, ao pesquisar a civilização dos índios da Amazônia Peruana, submeteu-se voluntariamente a uma iniciação xamânica. Nesse processo, ele entrou em contato com o universo do xamã. A partir daí, percebeu que as técnicas multimilenares dos xamãs poderiam ser trazidas ao homem racional e utilizadas para o restabelecimento da energia vital e, conseqüentemente, do equilíbrio psicológico e corporal.
Por outro lado, de forma análoga ao que busca a moderna psicoterapia, a cura xamânica também objetiva o estabelecimento de uma ponte entre o consciente e os conteúdos do inconsciente profundo. Não há, praticamente, diferenças substanciais entre uma postura e a outra. As psicoterapias seriam sistemas formais de pesquisa e cura do inconsciente. No xamanismo, isso ocorre de uma forma natural e empírica, nos moldes consagrados de uma sabedoria multimilenar que a pesquisa moderna vem resgatando.
Na base da técnica xamânica de cura está a retomada do contato com as fontes de energia primordiais: animais, vegetais, minerais e a energia dos quatro elementos, fogo, ar, água e terra. Todas essas energias existem no mundo natural e, em estado latente, no interior de nossa psique. As técnicas tradicionais xamânicas preconizam o uso de substância alucinógenas para produzir o estado alterado de consciente, que será a ponte de ligação entre consciente e inconsciente. Para o homem civilizado, em geral prisioneiro de um sistema neurótico de vida e não habituado cultural e organicamente à ingestão de tais substâncias, a experiência quase sempre produz resultados que põem em risco a saúde.
A grande contribuição de Michael Harner foi criar um método de entrar em estado alterado de consciência sem o uso da droga alucinógena. Harner afirma que o que consideramos realidade subjetiva no estado comum de consciência é realidade objetiva, naquilo que ele batizou de estado xamânico de consciência. Assim, se numa experiência xamânica encontrarmos um dragão, ele terá, para o xamã, realidade plenamente objetiva e não mítica. A partir daí, Harner concluiu que, para se conseguir um efeito objetivo no estado xamânico de consciência, bastaria um estímulo subjetivo no estado comum de consciência. Esse estímulo é o som produzido por batidas rítmicas de tambores e chocalhos, instrumentos tradicionais do xamã.
O primeiro passo que deve ser dado logo após a entrada no estado xamânico de consciência é a descoberta do túnel xamânico. Esse túnel, que corresponde à ponte de ligação entre o consciente e o inconsciente, levará ao mundo xamânico, onde, a nível simbólico, toda a experiência xamânica se desenvolve. A viagem através desse túnel é feita sempre sob o estímulo do som de tambores, e é geralmente precedida por uma dança similar àquela praticada pelos índios.
Ao começar a viajar entre os mundos o xamã deve buscar seus aliados espirituais: guias, mestres, auxiliares e animais de poder. No mundo superior é onde encontramos os nossos mestres e ancestrais, que nos dão conhecimentos, poder, equilíbrio e saúde, visando a nossa evolução como Ser. No mundo inferior encontraremos nosso animal de poder e os animais auxiliares. O primeiro, em termos simbólicos, corresponde à nossa parte animal preponderante. Como todos os símbolos, esse também apresenta uma bipolaridade. Tem um aspecto de energia vital curativa – que, como todo bom anjo da guarda, está sempre disponível para nos ajudar e proteger – e também a sua igual e contrária parte destrutiva.
O animal de poder não é nada mais que um parente de outro reino ou nível energético, confirmando, assim, que todos nós somos irmãos e filhos do Grande Espírito. Neste momento do despertar de uma nova consciência ecológica, é importante lembrar-nos deste parentesco, para evitar a destruição e poluição desses outros planos da existência. Várias outras etapas se sucedem, numa seqüência gradativa que obedece a uma metodologia perfeitamente estruturada. Segue-se, por exemplo, a etapa da busca do animal de cura, que servirá para a autocura e a cura dos outros, a cura à distância, a restauração do poder animal e, entre outros, a busca da parte perdida da alma, numa clara analogia com o trabalho dos psicoterapeutas. A cura xamânica é simplesmente uma ampliação da consciência buscando a mobilização do fator de autocura. Todo arquétipo pressupõe uma contraparte. O curador contém o doente e vice-versa.
Com a prática do xamanismo nós nos tornamos co-criador na vontade coletiva da natureza. Nos tornamos agente da mudança no drama da evolução. Mas do que isso, nos libertamos da ilusão de isolamento e adentramos na realidade da inter-relação de toda vida. O xamanismo é uma jornada mental e emocional, onde tanto o paciente quanto o xamã ficam envolvidos. Através de sua heróica viagem e de seus esforços, o xamã ajuda seus pacientes a transcender a noção normal e comum que têm acerca da realidade, inclusive a noção de si próprios como doentes. Faz sentir aos seus pacientes que eles não estão emocionalmente e espiritualmente sozinhos em suas lutas contra a doença e a morte. Faz com que eles partilhem de seus poderes especiais, convencendo-os, em profundo nível de consciência, de que há outro ser humano desejoso de oferecer seu próprio Eu para ajudá-los. A abnegação do xamã provoca no paciente um compromisso emotivo correspondente, um senso de obrigação de lutar ao lado do xamã para se salvar. Zelo e cura caminham juntos. Finalmente, a prática do xamanismo leva-o, conseqüentemente, a alinhar-se com as forças de cura da natureza. Encontra-se equilíbrio e integração. Sabemos quem somos e para onde estamos indo.

Wagner Frota, “Jaguar Dourado” (Xamanista e Membro-fundador do Clã Lobos do Cerrado).

SÃO CIPRIANO - A história de um "Satanista"

São Cipriano, ou Cipriano de Antióquia, como era chamado foi um poderoso mago e feiticeiro, nascido na Fenícia. Os pais de Cipriano eram pagãos e percebendo nele poderes que o diferenciavam dos outros homens, destinaram-no para servir as suas divindades que exigiam sacrifícios e assim ele foi desde cedo iniciado nos profanos conhecimentos e mistérios daquele tempo. Com trinta anos, foi para a Babilônia onde deveria aprender a astrologia e os mais profundos mistérios dos caldeus, ao mesmo tempo em que se entregava a uma vida impura e escandalosa. Para poder estar mais ligado aos demônios estudou magia e chegou a associar-se à velha Bruxa Évora, conhecida como a mais poderosa cartomante e interpretadora de sonhos.
Quando a Bruxa morreu, já com bastante idade, deixou-lhe todos os seus segredos e descobertas, cuidadosamente compilados em seus manuscritos, material que seria de grande utilidade para Cipriano. Imediatamente Cipriano foi se tornando o mais famoso feiticeiro, e cada vez mais ávido por conhecimentos, passava os dias e as noites debruçado sobre os manuscritos estudando alquimia e todos as suas novas descobertas eram anotadas nos mais diferentes lugares (mesas, cadeiras, paredes etc.) isso para não correr o risco de esquecê-los e também para que se tornasse mais fácil qualquer consulta.
Cipriano tinha um companheiro chamado Euzébio, conhecera-o nos bancos escolares. Euzébio era cristão e não cansava de censurá-lo sobre a sua má vida, e fazia todos os esforços para arrancá-lo daquele abismo. Mas Cipriano ridicularizava-o bem como os virtuosos professores da lei cristã, e seu 6dio chegou a tal ponto que uniu-se aos bárbaros perseguidores, a fim de obrigar os cristãos renunciarem o evangelho e renegarem a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas quis a infinita misericórdia Divina que vivesse em Antióquia, uma bela e rica donzela de nome Justina, educada pelos pais ao paganismo e suas superstições. Jus-tina era dotada de qualidades excepcionais e não podia aceitar aquele modo de vida e certa vez, vende Praialo, diácono de Antióquia, pregar, imediatamente renunciou ao paganismo, convertendo-se ao catolicismo, chegando mesmo a converter seus próprios pais.
Justina passou a consagrar sua virgindade e virtudes, entregando-se a orações e ao retiro. Aglaide, um jovem que vendo-a tomou-se imediatamente de amores pela donzela, que embora tendo os consentimentos dos pais para namorá-lo, ela o repudiou.
Aglaide procurou Cipriano, solicitando-lhe que empregasse todos os seus conhecimentos para dar-lhe Justina. Os mais terríveis e abomináveis sacrifícios foram oferecidos aos demônios e estes logo prometeram satisfazer os caprichos do jovem enamorado e passaram a perseguir Justina com terríveis visões fantasmagóricas. Porém ela não se intimidou — estava por demais fortalecida em Deus para sucumbir e sobretudo com seu fervor a Santíssima Virgem Maria (a quem ela chamava sua mãe amantíssima), conseguiu sair-se sempre vitoriosa.
Cipriano ficou indignado, afinal havia encontrado uma frágil e jovem criatura que o havia derrotado. E assim falou Cipriano ao demônio: "Tu que tanto te jactas do teu poder e de obrar prodigiosas maravilhas, nada podeis fazer contra uma simples donzela. Falai-me: de onde provém as armas daquela jovem virgem que inutiliza todos os meus esforços?”.
E o demônio explicou que a arma de Justina era uma cruz da qual não se separava. Por isso não chegava nem se aproximar da jovem e a cruz obrigava-o afastar-se.
“Se assim é — replicou Cipriano, — seria eu um louco em não estar servindo a um Senhor mais poderoso que tu”. Se a cruz, em que morreu o Deus dos cristãos, tem o poder de fazer-te fugir, não quero mais estar a serviço de ti e renuncio inteiramente os teus sortilégios, esperando da bondade do Deus de Justina para me redimir de todo o meu mal e ter-me como seu humilde servo''.
Daí em diante, Cipriano teve seu corpo tomado dos mais terríveis demônios, mas saiu-se completamente vitorioso, seu coração já estava habitado pelo Deus de Justina e este Deus lhe deu a suprema vitória. O demônio era mais urna vez derrotado e derrotado por um dos seus mais fervorosos adeptos.
Neste transe terrível, Cipriano foi muito ajudado pelo seu amigo Euzébio, que sempre o encorajava dizendo que Deus Todo Poderoso não desampara seus filhos, e ele, Cipriano, não devia jamais deixar de invocar o nome de Jesus, fazer o sinal da cruz e pedir a assistência da Santíssima Virgem Maria.
Já convertido, Cipriano apressou-se em distribuir os seus bens aos necessitados e seus manuscritos, bem como os apontamentos da Bruxa Évora, ele os guardou no fundo de uma grande arca, trancando-a com poderoso cadeado. Muito embora Cipriano reconhecia que os mesmos não tinham nenhum valor contra o Deus Todo Poderoso, adorado por Justina e Euzébio, ele reconhecia que aqueles documentos poderiam, no futuro emancipar muitas dúvidas e elucidar certos mistérios.
Daí por diante, a vida de Cipriano mudou por completo, passou a dedicar-se ao estudo da medicina e religião, e pelos sentimentos humanitários, começou a proteger os pobres e praticando curas milagrosas.
Cipriano também conseguiu converter Aglaide, o apaixonado de Justina e ambos foram batizados pelo bispo. Justina vendo aquele maravilhoso milagre se operar diante dos seus olhos, comovida com a misericórdia de Deus, não titubeou em cortar os cabelos em sinal do sacrifício que fazia a Deus da sua virgindade e repartiu com os pobres todos os seus bens.
A fim de redimir dos seus pecados, Cipriano passava horas a fio, no interior da igreja, prostrado e rogando a todos os fiéis que implorassem a Deus a absolvição de todos os seus pecados. Sua humildade chegou a tal ponto de pleitear para si o serviço de varredor da igreja.
Ele residia com o presbítero Euzébio, a quem venerou sempre como seu pai espiritual. E o Divino Senhor, que se digna ostentar tesouros da sua demência sobre as almas humildes sobre os grandes pecadores verdadeiramente convertidos, lhe concedeu a graça de obrar milagres. Isto, aliado à sua natural eloquência, contribuiu para que o número de fiéis aumentassem de uma maneira impressionante e jamais vista.
Seu trabalho foi se agigantando de uma maneira tal que Cipriano não podia passar desapercebido dos imperadores que viam seus fiéis adorando outro deus. Imediatamente, Deocleciano foi informado em Nicodemia, a respeito das maravilhas operadas por Cipriano e da santidade da virgem Justina.
Deocleciano expediu ordem para o juiz Eutholmo, governador da Fenícia, que prendessem ambos sem mais demora. Ambos foram conduzidos à presença do juiz, mas tal foi a convicção e a firmeza da fé que confessaram em Jesus Cristo, que condenou Justina a ser açoitada em praça pública e que Cipriano tivesse suas carnes despedaçadas por um pente de ferro.
Vendo que tal suplício não abalava a fé daqueles religiosos, o bárbaro, ímpio, mandou que eles fossem jogados numa caldeira cheia de breu, banha e cera, a ferver. Ainda assim não conseguiram arrancar um só gemido dos mártires, pelo contrário, seus rostos eram iluminados por um sorriso de prazer e satisfação. E até percebia-se que o fogo sob a caldeira não tinha o mínimo calor.
O feiticeiro Athanasio (que durante certo tempo foi discípulo de Cipriano, julgou que aquilo tratava-se de um novo sortilégio do seu antigo mestre e querendo ganhar fama e reputação perante o povo e os soberanos, invocou os demônios com suas falsas teorias e atirou-se no interior da caldeira onde se achavam Cipriano e Justina. Porém, estes saíram ilesos, enquanto Athanasio teve morte horrível.
O povo esteve a ponto de se levantar a favor dos mártires, e vendo o risco que corria, o juiz achou conveniente mandá-los a Deocleciano que estava em Nicodemia, ao mesmo tempo que informava, por escrito, ao soberano, tudo quanto havia ocorrido. A carta foi lida e sem mais nenhum julgamento ou consideração Deocleciano condenou Cipriano e Justina à morte por degolamento.
A execução deu-se no dia 26 de setembro, quando apareceu um cristão de nome Theotisfo para falar em segredo com Cipriano. Isto bastou-lhe para que também fosse condenado à morte nas mesmas circunstâncias.
Durante a noite, seus corpos foram recolhidos pelos cristãos que os transportaram a Roma, onde estiveram ocultos em casa de uma pia senhora, até que, no tempo de Constantino o magno, foram transladados para a Basílica de São João de Latrão.
Muito tempo depois, os manuscritos de São Cipriano foram encontrados na sua velha arca, e levados para a Bíblioteca do Vaticano em Roma. Os documentos foram redigidos em lígua hebraica. Muitas foram as suas traduções e elas tem servido como base de muitos livros e estudos sobre ocultismo, que tanto podem servir para o bem como para o mal.

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(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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ORAÇÃO DE SÃO CIPRIANO - Simplesmente uma bela oração


ORAÇÃO DO LIVRO SÃO CIPRIANO (Capa preta):

Eu Cipriano, servo de Deus, a quem amo de todo o meu coração, corpo e alma, pesa-me por vos não amar desde o dia em que me destes o ser.
Porém, vós, meu Deus e meu Senhor, de todo o meu coração, os benefícios que de vós estou recebendo, pois, agora, ó Deus das criaturas, dai-me força e fé para que eu possa desligar tudo quanto tenho ligado para o que invocarei sempre o vosso santíssimo nome. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém.
Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.
É certo. Nosso Deus, que agora sou vosso servo Cipriano, dizendo-vos: Deus forte e poderoso, que morais no grande cume que é o céu, onde existe o Deus forte e santo, louvado sejais para sempre!
Vós que vistes as malícias deste vosso servo Cipriano! E tais malícias pelas quais eu fui metido debaixo do poder do diabo, mas eu não conhecia vosso santo nome, ligava as mulheres, ligava as nuvens do céu, ligava as águas do mar para que os pescadores não pudessem navegar para pescarem o peixe para sustento dos homens, pois eu pelas minhas malícias, minhas grandes maldades, ligava as mulheres prenhas para que não pudessem parir, e todas estas coisas eu fazia em nome do demônio. Agora, meu Deus o torno a invocar para que sejam desfeitas e desligadas as bruxarias e feitiçarias da máquina ou do corpo desta criatura. Pois vos chamo, ó Deus poderoso, para que rompas todos os ligamentos dos homens e das mulheres.Caia a chuva sobre a face da terra para que dê seu fruto, as mulheres tenham seus filhos; livre de qualquer ligamento que lhe tenha feito, desligue o mar para que os pescadores possam pescar. Livre de qualquer perigo, desligue tudo quanto está ligado nesta criatura do Senhor; seja desatada, desligada de qualquer forma que o esteja; eu a desligo, desalfineto, rasgo, calço e desfaço tudo, monecro ou monecra que esteja em algum poço ou levada, para secar esta criatura, pois todo o maldito diabo e tudo seja livre do mal e de todos os males ou malfeitos, feitiços, encantamentos ou superstições, artes diabólicas. O Senhor tudo destruiu e aniquilou: o Deus dos altos céus seja glorificado no céu e na terra, assim como por Manoel, que é o nome de Deus poderoso. Assim como a pedra seca se abriu e lançou água de que beberam os filhos de Israel, assim o Senhor muito poderoso, com a mão cheia de graça, livre este vosso servo de todos os malefícios, feitiços, ligamentos, encantos e em tudo que seja feito pelo diabo ou seus servos, e assim que tiver esta oração sobre si e a trouxer consigo ou tiver em casa, seja com ela diante do paraíso terreal do qual saíram quatro rios, cinqüenta e seis tigres eufrates, pelos quais mandastes deitar água a todo e mundo por cujos vos suplico. Senhor meu Jesus Cristo,
filho de Maria Santíssima, a quem entristecer ou maltratar pelo maldito maligno espírito nenhum encantamento nem malfeitos, não façam nem movam coisa alguma contra este vosso servo, mas todas as coisas aqui mencionadas sejam obtidas e anuladas, para o qual eu invoco se as setenta e duas línguas que estão repartidas por todo o mundo e qualquer dos seus contrários, sejam aniquiladas as suas pesquisas pelos anjos, seja absoluto este vosso servo com toda a sua casa e coisas que nela estão, sejam todos livres de todos os malefícios e feitiços pelo nome de Deus Filho que nasceu sobre Jerusalém, por todos os mais anjos santos e por todos os que servem diante do paraíso ou na presença do alto Deus Pai Todo Poderoso, para que maldito diabo não tenha poder de empecer a pessoa alguma.
Qualquer pessoa que esta oração trouxer consigo, ou lhe for lida, ou onde estiver algum sinal do diabo, de dia ou de noite, por Deus de Isaque e Jacó, o inimigo maldito seja expulso para fora; invoco a comunhão dos Santos Apóstolos, de Nosso Senhor Jesus Cristo, São Paulo, pelas orações das religiosas, pela empresa formosura de Eva, pelo sacrifício de Abel, por Deus unido a Jesus, seu Eterno Pai, pela castidade dos fiéis, pela bondade deles, pela fé em Abrahão, pela obediência de Nossa Senhora quando ela ouviu a Deus, pela oração de Madalena, pela paciência de Moisés, sirva a oração de São José para desfazer os encantamentos, Santos e Anjos. valei-me; pelo sacrifício de Jonas, pelas lágrimas de Jeremias, pela oração de Zacarias, pela profecia e por aqueles que não dormem de noite e estão sonhando com Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo profeta Daniel, pelas palavras dos Santos Evangelistas, pela coroa que deu a Moisés em língua de fogo, pelos sermões que fizeram os apóstolos, pelo nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo seu santo batismo, pela voz que foi ouvida do Pai Eterno, pelos milagres dos anjos que juntos a ele estão, pelas virtudes dos Apóstolos, pela vinda do Espírito Santo que baixou sobre eles, pelas virtudes e, nomes que nesta oração, estão pelo louvor de Deus que fez todas as coisas, pelo Filho, pelo Espírito Santo, se está feita alguma feitiçaria nos cabelos da cabeça, roupa do corpo, ou da cama, ou no calçado, ou em algodão, seda, linho, ou lã, ou em cabelos de cristão, ou de mouro ou de herejes, ou em osso de criatura humana, de aves ou de outro animal; ou em madeira, ou em livros, ou em sepulturas de cristão, ou em sepulturas de mouros, ou em fonte ou ponte, ou altar, ou rio, ou em casa, ou em paredes de cal, ou em campo, ou em lugares solitários, ou dentro das igrejas, ou repartimentos de rios, em casa feita de cera ou mármore, ou em figuras feitas de fazenda, ou em sapo ou saramantiga, ou bicha ou em bicho do mar ou do rio ou do lameiro, ou em comidas ou bebidas, ou em terra do pé esquerdo ou direito, ou em outra qualquer coisa em que se possa fazer feitiços.
Todas estas coisas sejam desfeitas e desligadas destes servos do Senhor, tanto as que eu, Cipriano, tenho feito, com as que têm feito, essas bruxas servas do demônio; isto tudo volte ao seu próprio ser que dantes tinha ou em sua própria figura, ou na que Deus criou.
Santo Agostinho e todos os santos e santas, por santo nome, que façam que todas as criaturas sejam livres do mal do demônio. Amém".

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(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita​)
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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

PERDAS E GANHOS - Fatos de Nossas Vidas


O sr humano é um ser de necessidades. Na fragilidade de sua condição, é também um ser de carência, o que põe em seu cotidiano alguns temores persistentes.
Quando a vida satisfaz as necessidades mais fundamentais do ser humano, este vive isto como um ganho existencial, experimentando matizes muito belos de alegria. Afinal, se a vida fosse só tristezas ninguém poderia suportar um fardo tão pesado. Ora, na medida em que se vivencia ganhos existenciais, há fortes motivações para se multiplicar tais ganhos, assim se multiplicando o gosto de viver.
Há, porém, situações nas quais necessidades muito verdadeiras do ser humano são frustradas – desde níveis materiais até níveis profundamente afetivos e espirituais. Essas frustrações são vividas como perdas existenciais, fazendo com que homens e mulheres vivenciem sentimentos negativos que vão do desânimo ou desencanto transitório ao desespero, às vezes com impulso autodestrutivos.
Ora, se a vida se compusesse só de ganhos existenciais ela havia de perpetuar em cada um inevitável infantilismo; não haveria o sofrimento que tanto ensina, inexistiria a dor, que é mestra incomparável do nosso amadurecimento. Nunca atingiríamos a têmpera necessária, que faz o aço íntimo resistente e flexível. E, por outro ângulo, se a vida se constituísse apenas de frustrações e perdas existenciais teríamos, como dizia o filósofo, uma certa náusea de viver por vermos nossa existência como “um trabalho inútil”. O aço se despedaçaria também antes da têmpera, pois que uma das principais razões que levou o ultrapaciente Jó, nas Escrituras Sagradas, a aguentar tantos e seguidos sofrimentos foi a sua imensa gratidão a Deus por tantas bênçãos e alegrias antes concedidas.
A vida humana tem beleza e profundidade porque é um quadro de luz e sombra, conjugando grandes alegrias (ainda que momentâneas) e grandes frustrações. A vida é um intrincado tecido de Perda e Ganhos; o que faz dela um alegre sobressalto e, ao mesmo tempo, às vezes uma esperança com laivos de melancolia. Os temores, que sempre existem dentro de nós, tem que constantemente receber nossa assistência de fé, bem como – acima de tudo – a assistência do Divino Mestre através dos mensageiros do Plano Superior.
Normalmente, negamo-nos a nos preparar para as desgraças súbitas, pois o só admitir que estas possam advir nos parece uma forma de atraí-las. Mas tais desgraças podem advir a qualquer vivente, de vez que não nos lembramos dos compromissos terríveis que possamos ter assumido em vidas passadas. Eis porque precisamos ter claro que, se o tecido da vida é traçado em perdas e ganhos, o ganhar e o perder vão nos rondar por toda existência. Podemos mudar isto? Essencialmente, não. Mas podemos e devemos fazer nossa parte no sentido de evitar os sofrimentos que podem ser evitados pelo nosso esforço abençoado pelo Mundo Maior. A sabedoria popular nunca deve ser desprezada, e esta diz: “Ajuda-te, que Deus te ajudará”; é claro que a males evitáveis, o que deve nos impedir de passividade; no entanto, quanto às experiências cruciais que escolhemos enfrentar em nossa encarnação por necessidades inadiáveis, nada ou pouco podemos fazer.
Nada podemos fazer para evitá-las, pois seria em nosso prejuízo; mas podemos recebê-las com humildade, buscando a resignação até o inevitável. Ora, o pouco que fizermos nesse sentido será muito; lembremo-nos mais uma vez das palavras bíblicas: “Foste fiel no pouco no muito te colocarei”.
 
Do livro: No maior das perdas... A Divina Consolação
Autor: Regis de Morais

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

PERDA DOS FILHOS - O Grande Plano de Deus



"Saudade é a mãe limpar o quarto do filho que já morreu."
(C. B. de Holanda)

No livro de Eclesiastes, das Sagradas Escrituras, está dito que Deus tem um plano para a humanidade; plano que abarca milênios e envolve seres humanos de toda a Terra. Algo de estupendas dimensões, cujos inícios se perdem em remotas eras desconhecidas e cuja conclusão nem se imagina em que tempos futuros acontecerá.
Ora, em nosso pequeno tempo de vida, que, em média pouco ultrapassa, em casos otimistas, cerca de 80 anos, neste curto tempo que temos sobre a Terra, jamais poderemos compreender a enormidade e a sabedoria do plano divino.
Desde o princípio, milhões e milhões de espíritos encontra-se em processo de evolução; e, superando todos os mais potentes computadores conhecidos, cada minúcia, cada detalhe evolutivo de cada vida está sobre o controle da onisciência de Deus. Em toda essa trama altamente complexa, inexiste acaso. Os caminhos que se cruzam na jornada terrestre, as vidas que se encontram e, algumas vezes, se unem – tudo isso obedece aos planos da necessidade evolutiva. Ou a trajetória universal seria uma brincadeira de mau gosto.
Famílias não são agrupamentos aleatórios de pessoas reunidas para nada; de seres humanos seriamente ligados por algum frívolo jogo de dados. Do mais feliz ao mais desgraçado dos lares vige uma complicada contabilidade de culpas a purgar e de abençoados reencontros missionários. Nossos filhos vêm para nós na condição de espíritos postos sob nosso cuidado para que trabalhemos na sua evolução; ou então, são espíritos de nível superior que, embora reencarnados como nossos filhos, a nós chegaram para dar-nos importantíssimas lições.
Mais uma vez é hora de lembrarmos o livro do Eclesiastes apontando-nos quanta vaidade há sobre o mundo. Mas o mestre não dará importância para os eruditos que muitas vezes se riem, sobranceiros, de tudo isto; seja pelo cultivo de uma autossuficiência materialista, seja em razão de altas construções teológicas nas quais não há lugar para coisas simples.
De toda forma, não há como admitir a justiça fora dos processos reencarnatórios de educação e aperfeiçoamento. E as provas mais duras de nossas vidas estão integradas em tais processos de reencarnação. Normalmente, pedimos a Deus a chance dessas provações terríveis pelo exato grau de consciência que, ainda no mundo espiritual, tínhamos dos envolvimentos culposos de vidas anteriores. Pedimos tais provas mas, uma vez acomodados em nova experiência terrestre e devidamente esquecidos do que pedimos, tomamo-nos de intenso desespero quando soa a hora na qual Deus atende a nossos rogos pretéritos.
O filho ou a filha querida que se perde, tem uma história da qual só conhecemos a última parte: do seu último nascimento sob nossos cuidados até o triste desenlace que o tira (ou a tira) deste mundo no melhor de seus anos jovens. Com mais absoluta certeza, a sabedoria divina discerne bem porque é necessário levar aquela vida – tanto quanto conhece de sobejo as razões pelas quais sofrerão tanto os que ficam, tendo de seu, agora, tão só um imenso oceano de saudade. Tudo está matemática, precisa e sabiamente integrado ao grande plano de Deus para a humanidade, do qual faz perfeita parte a singular história de uma única família.
É chegado o tempo das lágrimas. Impossível não chorar, como alguns aconselham. Seria desumano pedir isto. Se as lágrimas não forem de revolta, se não rolarem de mistura com blasfêmias, aliviarão quem chora sem causar problemas a caminhada espiritual da criatura jovem que se foi. No entanto, lágrimas envenenadas de revolta que, discutindo a vontade divina, exteriorizam o acovardamento dos que pediram antes a provação – essas lágrimas pesam como toneladas de chumbo para os desencarnados em sua jornada espiritual. As lágrimas revoltadas fazem sobretudo os pais sofredores perderem a chance que pediram, pondo-os na possibilidade de outras provas reencarnatórias.
É preciso juntar as forças que restam e num inaudito esforço, pôr a alma de joelhos e, ainda que com lágrimas de saudade banhando o rosto, dizer as graves palavras das Sagradas Escrituras: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor deu o Senhor tirou. Louvado seja nome do Senhor” (Jó c1v21).
Por agora, somos pequenos e incapazes. Mas um dia será possível compreender que tão dura provação era o modo amargo mas verdadeiro de deus fazer valer o seu amor. Seu amor por nossa evolução ("salvação").
Há que pensar em plano divino que envolve milênios. Pensar-se nos milhões e milhões de espíritos – desencarnados e encarnados – necessitados de burilamento. Necessário lembrarmo-nos integrados ao plano de Deus, choraremos sim as lágrimas da saudade, mas jamais as da revolta.


Livro: Na maior das perdas... A Divina Consolação
Autor: Regis de Morais



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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

NA MAIOR DAS PERDAS



O príncipe Sidartha Gautama, já na fase de sua vida em que vivia numa humilde cabana e era conhecido como O Iluminado (O Buda), ouviu uma voz cheia de aflição que o chamava, de fora. Ao sair, o Buda se deparou com uma senhora relativamente jovem que, abraçada a uma criança que carregava, aparentava uma fisionomia de grande desespero. Logo, o Mestre percebeu que a crinça que a mulher abraçava estava morta.

Disse-lhe então a humilde senhora:

-Ó Iluminado! Sou uma mulher do povo, uma mulher simples que não teve muitas alegrias e bens na vida. A única riqueza que os céus me concederam foi este filho, que agora trago morto em meus braços. Mestre, acabo de perder a razão que tinha de viver, a luz que me conduzia pelos caminhos difíceis da vida.

O Buda olhava para aquele quadro, tomado de profunda compaixão e, com certeza, pensando no despreparo com que a maioria das gentes faz a travessia desta vida.
-Trago-lhe minha criança, Mestre, porque preciso que o senhor a ressuscite; necessito que a faça reviver e falar comigo, pois do contrário não terei forças para continuar viva eu própria.

A mulher, estendendo a criança morta para entregá-la ao Buda, fazia brilhar nos olhos lacrimosos a sua última e mais angustiosa esperança. O Mestre tomou aquele corpinho frio em seus braços, com cuidado e suavidade. Olhando bem para aquela mulher desfeita, disse-lhe serenamente:

-Deixe a sua criança nos meus braços, irmanzinha. Vamos, porém, precisar de “oferenda” para devolvê-la à vida; então, pegue dentro de minha casa uma vasilha, uma cuia que ali está, e saia de casa em casa por esses povoados pedindo, de cada um, um pouco de arroz para a “oferenda”. Volte, então, aqui onde estou quando a cuia estiver cheia de arroz. Isto feito, poderei ajudá-la a ter sua criança de volta à vida e ao calor de seus carinhos.

Entraram ambos no casebre, a mulher pegou a vasilha indicada e se foi pelo caminho. Ao longo de dois dias andou pelas aldeias, batendo em portas até então desconhecidas e suplicando arroz. Como as famílias eram comedidas para comer, na região, ofereciam pequenos punhados de arroz, mas ofereciam-nos com grande sentimento de solidariedade.

Ao cair do sol do segundo dia, a mulher retornou à morada do Iluminado; estava visivelmente cansada e tinha uma expressão diferente no semblante. O Buda e ela se olharam longamente e a mulher disse:

-Mestre, eis aqui a “oferenda. A vasilha está cheia de arroz, todo ele dado de bom coração. Mas agora, ó Iluminado, eu lhe venho pedir outra coisa: peço-lhe que providencie a cremação do corpo de meu filho. É que percorri aldeias, andei por tantas casas e encontrei tanto sofrimento em minha peregrinação, que descobri que não sou a única pessoa que sofre neste mundo, nem sou tampouco a única que perdeu um filho amado. Então, compreendi tudo, senhor.

O Buda juntou as mãos espalmadas como em prece, curvou sua venerada cabeça, dedicando aquele momento à humanidade inteira.





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sábado, 14 de dezembro de 2013

PERANTE O SEXO



Nunca escarneça do sexo, porque o sexo é manancial de criação divina, que não pode se responsabilizar pelos abusos daqueles que o deslustram.
Psicologicamente, cada pessoa conserva, em matéria de sexo, problemática diferente.
Em qualquer área do sexo, reflita antes de se comprometer, de vez que a palavra empenhada gera vínculos no espírito.
Não tente padronizar as necessidades afetivas dos outros por suas necessidades afetivas, porquanto embora o amor seja luz uniforme e sublime em todos, o entendimento e posição do amor se graduam de mil modos na senda evolutiva.
Use a consciência, sempre que se decidir ao emprego de suas faculdades genésicas, imunizando-se contra os males da culpa.
Em toda comunicação afetiva, recorde a regra áurea: "não faça a outrem o que não deseja que outrem lhe faça".
O trabalho digno que lhe assegure a própria subsistência é sólida garantia contra a prostituição.
Não arme ciladas para ninguém, notadamente nos caminhos do afeto, porque você se precipitará dentro delas.
Não queira a sua felicidade ao preço do alheio infortúnio, porque todo desequilíbrio da afeição desvairada será corrigido, à custa da afeição torturada, através da reencarnação.
Se alguém errou na experiência sexual, consulte o próprio íntimo e verifique se você não teria incorrido no mesmo erro se tivesse oportunidade.
Não julgue os supostos desajustamentos ou as falhas reconhecidas do sexo e sim respeite as manifestações sexuais do próximo, tanto quanto você pede respeito para aquelas que lhe caracterizam a existência, considerando que a comunhão sexual é sempre assunto íntimo entre duas pessoas, e, vendo duas pessoas unidas, você nunca pode afirmar com certeza o que fazem; e, se a denúncia quanto à vida sexual de alguém é formulada por parceiro ou parceira desse alguém, é possível que o denunciante seja mais culpado quanto aos erros havidos, de vez que, para saber tanto acerca da pessoa apontada ao escárnio público, terá compartilhado das mesmas experiências.
Em todos os desafios e problemas do sexo, cultive a misericórdia para com os outros, recordando que, nos domínios do apoio pela compreensão, se hoje é o seu dia de dar, é possível que amanhã seja o seu dia de receber.


***
Do Livro: Sinal Verde
Ditado pelo Espírito: André Luiz
Psicografado Por: Francisco Cândido Xavier




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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ONDE QUER QUE ESTEJAS


Onde quer que estejas, não refugues a oportunidade de servir, nem te sintas tolhido pelas dificuldades que grassam ao teu redor;

Onde quer que estejas, ama sempre; não importa se os que te estão próximos estejam vinculados ao ódio e ao rancor. Quanto a ti, sê aquele que ama, perdoando;

Onde quer que estejas, e com quem estiveres, distribui a semente do Evangelho, bênção divina que conheces;

Onde quer que estejas, a ninguém ignores ou emules, quer sejam poderosos e ricos, quer sejam almas humildes à margem da vida; todos jazem, de uma ou de outra forma, aguardando a dádiva da tua compreensão;

Onde quer que estejas, ou aonde fores, leva contigo o tesouro que adquiriste nas páginas do Evangelho e divide-o com os que não o conhecem.

Serve, onde quer que estejas, consciente de que és necessário, pois a seara é imensa e os trabalhadores de boa vontade são poucos.

Não desperdices, nunca, as múltiplas oportunidades de plantar a semente da Boa Nova.

Sê fiel ao mandato de cristão, cumpre-o onde quer que estiveres.

Não te deixes intimidar pelas convenções sociais, nem faças concessões ao mundo leviano; honra tua condição de espírita, de cristão e filho de Deus.

Não vises a recompensas onde estiveres trabalhando na seara do Cristo; não busques elogios, com quem estiveres falando em nome dEle; todavia, verás tuas bênçãos dilatadas e sanadas as chagas da tua alma, pela ação saneadora do Bem.

Onde quer que estiveres, e com quem estiveres, não armazenes dores, nem mágoas, não cultives peçonha, nem malicia.

Ergue, em ti, o escudo protetor da oração e do Evangelho; constrói o bastião da caridade, da compaixão, por aqueles que despedaçaram, dentro de si, a fé e a esperança.

Apresenta-lhes o Evangelho, restaurando-lhes a fé vencida e a esperança escondida. Modifica-lhes os painéis mentais, valorizando-os como irmãos do Cristo.

Assim, onde quer que estejas, não estarás só, e com quem quer que estiveres, também aí estará o Consolador.

Confia nele, trabalhando e perseverando na escolha que fizeste: ser cristão.

A tua escolha marcou-te com o sinal do Cristo, serve-o, em todos os momentos, em todos os lugares e com todos os que de ti se aproximarem.


*** 
Espírito: Amélia
Psicografado por Vera Cohim
Lar Espírita Chico Xavier


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LUGAR DEPOIS DA MORTE


Muitas vezes perguntas, na Terra, para onde seguirás, quando a morte venha a surgir...
Anseias, decerto, a ilha do repouso ou o lar da união com aqueles que mais amas...
Sonhas o acesso à felicidade, à maneira da criança que suspira pelo colo materno...
Isso, porém, é fácil de conhecer.
Toda pessoa humana é aprendiz na escola da evolução, sob o uniforme da carne, constrangida ao cumprimento de certas obrigações; nos compromissos do plano familiar; nas responsabilidades da vida pública; no campo dos negócios materiais; na luta pelo próprio sustento...
O dever, no entanto, é impositivo da educação que nos obriga a parecer o que ainda não somos, para sermos, em liberdade, aquilo que realmente devemos ser.
Não olvides, assim, enobrecer e iluminar o tempo que te pertence.
Não nos propomos nivelar homens e animais; contudo, numa comparação reconhecidamente incompleta, imaginemos seres outros da natureza trazidos ao regime do espírito encarnado na esfera física.
O cavalo atrelado ao carro, quando entregue ao descanso, corre à pastagem, onde se refocila na satisfação dos próprios impulsos.
A serpente, presa para cooperar na fabricação de soro antiofídico, se for libertada, desliza para a toca, onde reconstituirá o próprio veneno.
O corvo, detido para observações, quando solto, volve à imundície.
A abelha, retida em observação de apicultura, ao desembaraçar-se, torna, incontinenti, à colmeia e ao trabalho.
A andorinha engaiolada para estudo, tão logo se veja fora da grade, voa no rumo da primavera.
Se desejas saber quem és, observa o que pensas, quando estás sem ninguém; e se queres conhecer o lugar que te espera, depois da morte, examina o que fazes contigo mesmo nas horas livres.

***
Livro: Justiça Divina
Psicografado por: Chico Xavier
Ditado pelo Espírito: Emmanuel


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sábado, 7 de dezembro de 2013

OS MORTOS SE MANIFESTAM

As investigações atinentes à natureza e sobrevivência da alma devem ser feitas com o método idêntico ao das demais pesquisas científicas, livres de prejuízos e preconceitos e fora de toda e qualquer influência sentimental ou religiosa. Há, ou não há manifestação de mortos? Essa a questão. Ora, eu digo que há. O Jornal, no qual me orgulho de haver colaborado, ao tempo do seu fundador, meu espiritual amigo Xau, chamou a atenção para este problema secular, e assim venho oferecer aos seus leitores um fato dos que melhor me provaram a sobrevivência da alma. Ao mais céptico dos contraditores, desafio a sua explicação sem que admita a ação do defunto. Trata-se de um engenheiro e proprietário de duas fábricas, uma em Glasgow, outra em Londres. Na fábrica escocesa, tinha ele um empregado de nome Roberto Mackenzie, que lhe era profundamente reconhecido e devotado. O patrão residia em Londres. Uma sexta-feira, à noite, os operários de Glasgow davam o seu baile anual. Roberto Mackenzie, que não gostava de dançar, pediu licença para ficar no serviço do bufê. Tudo correu bem e a festa continuou no sábado. Na terça-feira seguinte, pouco antes de 8 horas, o engenheiro teve na sua casa de Campden-Hill a seguinte manifestação, que ele mesmo resumiu assim: “Sonhei que estava assentado junto de uma escrivaninha e conversava com um rapaz desconhecido. Roberto Mackenzie aproximou e eu, contrariado, perguntei-lhe um tanto áspero se me não via ocupado. Afastou-se contrariado, mas logo se aproximou novamente, como se precisasse de atenção imediata. Repreendi-o, então, com maior aspereza, exprobrando-lhe a impertinência. Nesse ínterim, a pessoa com quem antes conversava despediu-se e Mackenzie aproximando-se mais...
Que é isso Roberto? – disse-lhe irritado. – Não vês que estou ocupado?
Sim – respondeu –, mas é que eu preciso falar-lhe imediatamente...
Mas a que propósito? Que urgência é essa?
Quero dizer-lhe que estou sendo acusado por um feito que não pratiquei e necessito que o senhor o saiba e me exculpe do que me atribuem, porque estou inocente. – Depois, acrescentou: – não fiz o que eles dizem...
Mas, que foi? – repliquei ainda.
Repetiu a mesma coisa e então lhe perguntei naturalmente:
Mas, como te perdoar se não sei de que te acusam?
Jamais esquecerei o tom enfático da sua resposta em dialeto escocês: “Sabê-lo-eis em breve.” Minha pergunta foi feita, no mínimo, duas vezes e certo estou de que a resposta foi dada três vezes, da maneira mais expressiva. Nessa altura acordei, guardando certa inquietação do sonho tão singular. Não cogitava de qualquer significação, e eis que irrompe no quarto, minha mulher muito comovida, a agitar uma carta aberta e a exclamar:
Ah! James, que coisa horrível no baile dos operários... O Roberto suicidou!
Compreendendo o sentido da minha visão, repliquei-lhe tranquilizado e convicto:
Não, ele não se suicidou.
Como podes saber?
Porque ele me disse.
Quando ele apareceu – para não interromper a narrativa omiti este pormenor –, fiquei impressionado com o seu aspecto: o rosto azulado, de um azul desmaiado e a testa manchada como que de gotas de suor.
Eis o que ocorrera: Ao recolher-se, na noite de sábado, Mackenzie se enganara, tomando como de uísque uma garrafa de água-forte, e tendo de um trago ingerido um cálice, faleceu no domingo, em atrozes sofrimentos. Todos pensavam num suicídio e daí a sua manifestação, no intuito de desculpar-se. O mais curioso vem a ser que, procurando inteirar-me dos sintomas que produzem o envenenamento pela água-forte, verifiquei serem mais ou menos idênticos aos que apresentava a fisionomia de Roberto. A versão do suicídio não tardou a se desfazer, conforme carta do meu preposto na Escócia, recebida no dia imediato.
A meu ver, essa aparição pode ser atribuída ao profundo reconhecimento do rapaz, pelo fato de o haver tirado da miséria. Ele quereria conservar-se digno aos meus olhos.”
Eis a narrativa do industrial de Glasgow. Procurando revelar a verdade, a propósito de um pretenso suicídio, não prova esse operário a sobrevivência da alma? Convém assinalar, de passagem, que o suicídio é considerado crime, na Inglaterra.
Nós possuímos centenas de observações análogas, feitas por homens ponderados, que contam simplesmente o que se passou com eles. O único meio de fugir a explicações é negar os fatos, dizendo que são criações imaginárias, que as pretensas testemunhas mentiram. Ora, esse industrial de Glasgow era amigo de Gurney, um dos fundadores da Sociedade Inglesa de Investigações Psíquicas, que o conceituava e estimava como homem de bem a toda prova. Pois bem: a menos que acusemos de impostura todos os observadores, que os averbemos de visionários ou mais ou menos sandeus, havemos de admitir esses fatos, tal como admitimos a queda de um raio, caprichoso e inexplicado. Não se pode negar. Importa, antes, confessar francamente que há por aí toda uma ordem de coisas ainda desconhecidas às investigações cientificas. No caso particular que acabo de expor, esse rapaz, envenenado por equívoco, na noite de sábado para domingo, em Glasgow, apareceu na terça-feira seguinte, em Londres, ao seu patrão (que ignorava o fato) para lhe declarar que não se suicidara. Estava morto havia 48 horas. Ninguém poderá imaginar, nesse caso, a coincidência de um sonho tão exato e tão-pouco obra do acaso, ou o que quer que seja. Os que negam esses fatos são ignorantes, ilógicos, ou capciosos, de vez que, conhecendo-os, não atino como possam eliminar o ato do defunto.”
(Camille Flammarion)



(a) Ronaldo Costa (O ARREBOL ESPÍRITA)
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VIDA = APRENDIZADO


VIDA
APRENDIZADO

Pergunta O homem físico está sempre ligado ao seu pretérito espiritual?

Resposta - Como a maioria das criaturas humana se encontra em lutas expiatórias, podemos figurar o homem terrestre como alguém a lutar para desfazer-se do seu próprio cadáver, que é o passado culposo, de modo a ascender para a vida e para a luz que residem em Deus.
Essa imagem temo-la na semente do mundo que, para desenvolver o embrião, cheio de vitalidade e beleza, necessita do temporário estacionamento no seio lodoso da Terra, a fim de se desfazer do seu envoltório, crescendo, em seguida, para a luz do Sol e cumprindo sua missão sagrada, enfeitada de flores e frutos.

P A inteligência, julgada pelo padrão humano, será a súmula de várias experiências do Espírito sobre a Terra?

R - Os valores intelectivos representam a soma de muitas experiências, em várias vidas do Espírito, no plano material. Uma inteligência profunda significa um imenso acervo de lutas planetárias. Atingida essa posição, se o homem guarda consigo uma expressão idêntica de progresso espiritual, pelo sentimento, então estará apto a elevar-se a novas esferas do Infinito, para a conquista de sua perfeição.

P Como se registram as experiências do Espírito em uma encarnação, para servirem de patrimônio evolutivo nas encarnações subsequentes?

R - É no próprio patrimônio íntimo que a alma registra as suas experiências, no aprendizado das lutas da vida, acerca das quais guardará sempre uma lembrança inata nos trabalhos purificadores do porvir.

P Como devemos proceder para dilatar nossa capacidade espiritual?

R - Ainda não encontramos uma fórmula mais elevada e mais bela que a do esforço próprio, dentro da humildade e do amor, no ambiente de trabalho e de lições da Terra, onde Jesus houve por bem instalar a nossa oficina de perfectibilidade para a futura elevação dos nossos destinos de espíritos imortais.

P Pode existir inteligência sem desenvolvimento espiritual?

R - Diremos, melhor: inteligência humana sem desenvolvimento sentimental, porque nesse desequilíbrio do sentimento e da razão é que repousa atualmente a dolorosa realidade do mundo. O grande erro das criaturas humanas foi entronizar apenas a inteligência, olvidando os valores legítimos do coração nos caminhos da vida.

P O meio ambiente influi no espírito?

R - O meio ambiente em que a alma renasceu, muitas vezes constitui a prova expiatória; com poderosas influências sobre a personalidade, faz-se indispensável que o coração esclarecido coopere na sua transformação para o bem, melhorando e elevando as condições materiais e morais de todos os que vivem na sua zona de influenciação.

P Que se deve fazer para o desenvolvimento da intuição?

R - O campo do estudo perseverante, com o esforço sincero e a meditação sadia, é o grande veículo de amplitude da intuição, em todos os seus aspectos.

P Deve o crente criar imposições absolutas para si mesmo, no sentido de alcançar mais depressa a perfeição espiritual?

R - O crente deve esforçar-se o mais possível, mas, de modo algum, deve nutrir a pretensão de atingir a superioridade espiritual completa, de uma só vez, porquanto a vida humana é aprendizado de lutas purificadoras e, no cadinho do resgate, nem sempre a temperatura pode ser amena, alcançando, por vezes, ao mais alto grau para o desiderato do acrisolamento.
Em todas as circunstâncias, guarde o cristão a prece e a vigilância; prece ativa, que é o trabalho do bem, e vigilância, que é a prudência necessária, de modo a não trair novos compromissos. E, nesse esforço, a alma estará preparada a estruturar o futuro de si mesma, no caminho eterno do espaço e do tempo, sem o desalento dos tristes e sem a inquietação dos mais afoitos.

P - Qual a importância da palavra humana para as conquistas evolutivas do espírito?

R - A palavra é um dom divino, quando acompanhada dos atos que a testemunhem; e é através de seus caracteres falados ou escritos que o homem recebe o patrimônio de experiências sagradas de quantos o antecederam no mecanismo evolutivo das civilizações. É por intermédio de seus poderes que se transmite, de gerações a gerações, o fogo divino do progresso na escola abençoada da Terra.

P Reconhecendo que os nossos amigos do plano espiritual estão sempre ao nosso lado, em todos os trabalhos e dificuldades, a fim de nos inspirar, quais os maiores obstáculos que a sua bondade encontra em nós, para que recebamos os seus socorro indireto, afetuoso e eficiente?

R - Os maiores obstáculos psíquicos, antepostos pelo homem terrestre aos seus amigos e mentores da espiritualidade, são oriundos da ausência de humildade sincera nos corações; para o exame da própria situação de egoísmo, rebeldia e necessidade de sofrimento.

P As vibrações relativas ao bem e ao mal, emitidas pela alma encarnada no seu aprendizado terrestre, persistem no Espaço para exame e ponderação do futuro?

R - Haveis de convir convosco que existem fenômenos físicos, transcendentes em demasia, para que possamos examiná-los, devidamente, na pauta exígua dos vossos conhecimentos atuais.
Todavia, em se tratando de vibrações emitidas pelo Espírito encarnado, somos compelidos a reconhecer que essas vibrações ficam perenemente gravadas na memória de cada um; e a memória é uma chapa fotográfica, onde as imagens jamais se confundem. Bastará a manifestação da lembrança, para serem levadas a efeito todas as ponderações, mais tarde, no capítulo das expressões do mal e do bem.

P O preceito do “corpo são, mentalidade sadia”, poderá ser observado tãosomente pelo hábito dos esportes e labores atléticos?

R - No que se refere ao; “corpo são”, o atletismo tem papel importante e seria de ação das mais edificantes nos problemas da saúde física, se o homem na sua vaidade e egoísmo não houvesse viciado, também, a fonte da ginástica e do esporte, transformando-a em tablado de entronização da violência, do abastardamento moral da mocidade, iludida com a força bruta e enganada pelos imperativos da chamada eugenia ou pelas competições estranhas dos grupos sectários, desviando de suas nobres finalidades um dos grandes movimentos coletivos em favor da confraternização e da saúde.
Bastará essa observação para compreendermos que a “mentalidade sadia” somente constituirá uma realidade quando houver um perfeito equilíbrio entre os movimentos do mundo e as conquistas interiores da alma.

P A vida do irracional está revestida igualmente das características missionárias?

R - A vida do animal não é propriamente missão, apresentando, porém, uma finalidade superior que constitui a do seu aperfeiçoamento próprio, através das experiências benfeitoras do trabalho e da aquisição, em longos e pacientes esforços, dos princípios sagrados da inteligência.

P É um erro alimentar-se o homem com a carne dos irracionais?

R - A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos.
Temos de considerar, porém, a máquina econômica do interesse e da harmonia coletiva, na qual tantos operários fabricam o seu pão cotidiano. Suas peças não podem ser destruídas de um dia para o outro, sem perigos graves. Consolemo-nos com a visão do porvir, sendo justo trabalharmos, dedicadamente, pelo advento dos tempos novos em que os homens terrestres poderão dispensar da alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos inferiores.

P Operários do aprendizado terrestre, como devemos encarar o texto sagrado do “lembra-te do dia de sábado para santificá-lo”, quando as obrigações de serviço proporcionam para isso os domingos?

R - O descanso dominical deve ser sagrado pelo homem, não por se tratar de um domingo, mas em virtude da necessidade de se estabelecer uma pausa semanal aos movimentos da vida física, para o recolhimento espiritual da alma em si mesma, no caminho das atividades terrestres. O repouso dominical substitui perfeitamente o sábado antigo, salientando-se que a rigidez da sua observância foi instituída pelos legisladores hebreus, em virtude da ambição e da prepotência dos senhores de escravos, numerosos na época, e que, somente desse modo, atendiam à medida de humanidade, concedendo uma trégua ao esforço exaustivo que costumava aniquilar a existência de servos fracos e indefesos.
O descanso semanal deve ser sempre consagrado pelo homem às expressões de espiritualidade da sua vida, sem se dar, porém, a qualquer excesso no domínio da letra, nesse particular, porque, após a palavra de Moisés, devemos ouvir a lição do Senhor, esclarecendo que “o sábado foi feito para o homem e não o homem par ao sábado”.

***
Livro: “O CONSOLADOR
Espírito: EMMANUEL
Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.


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