O Arrebol Espírita

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

QUAL CAMINHO SEGUIR?




(PADRE) Pergunta: Pois bem! Que dizem os bons Espíritos superiores a respeito da religião? Os bons nos devem aconselhar e guiar.


Suponhamos que eu não tenha religião alguma e queira escolher uma; se eu lhes pedir para aconselharem-me se devo ser Católico, Protestante, Anglicano, Quáquer, Judeu, Maometano ou Mórmom, qual será a resposta deles?

(ALLAN KARDEC) Resposta:  Há dois pontos a considerar nas religiões: os princípios gerais, comuns a todas, e os princípios particulares de cada uma delas. Os primeiros são os de que falamos há pouco; estes são proclamados por todos os Espíritos, qualquer que seja a sua classe. Quanto aos segundos, os Espíritos vulgares, sem ser maus, podem ter preferências, opiniões; podem preconizar esta ou aquela forma, animar cestas práticas, seja por convicção pessoal, seja porque conservaram as ideias da vida terrena, seja prudência, para não assustar as consciências timoratas.

Acreditas, por exemplo, que um Espírito esclarecido, fosse mesmo Fénelon, dirigindo-se a um mulçumano, irá inabilmente dizer-lhe que Maomet é um impostor, e que ele será condenado se não se fizer Cristão?

Não o fará porque seria repelido.

Em geral, os Espíritos superiores, se a isso não são solicitados por alguma consideração especial, não se preocupam com essas questões de minúcia, eles se limitam a dizer: Deus é bom e justo; não quer senão o bem; a melhor de todas as religiões é aquela que só ensina o que é conforme à bondade e justiça de Deus; que dá de Deus a maior e a mais sublime ideia e não O rebaixa emprestando-Lhe as fraquezas e as paixões da humanidade; que torna os homens bons e virtuosos e lhes ensina a amarem-se todos como irmãos; que condena todo mal feito ao próximo; que não autoriza a injustiça sob qualquer pretexto que seja; que nada prescreve de contrário às leis imutáveis da Natureza, porque Deus não se pode contradizer; aquela cujos MINISTROS dão o MELHOR EXEMPLO de bondade, caridade e moralidade; aquela que procura melhor combater o egoísmo e lisonjear menos o orgulho e a vaidade dos homens; aquela, finalmente, em nome da qual se comete menos mal, porque uma boa religião não pode servir de pretexto a nenhum mal; ela não lhe deve deixar porta alguma aberta, nem diretamente, nem por interpretação.

Vede, jugai e escolhei! 


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Livro: O QUE É O ESPIRITISMO
Autor: ALLAN KARDEC


(a) RONALDO COSTA(O Arrebol Espírita)
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terça-feira, 22 de outubro de 2013

DIVERSIDADE DOS ESPÍRITOS



(Jornalista, céptico) - Pergunta: Falais de Espíritos bons ou maus, sérios ou frívolos; confesso-vos que não compreendo essa diferença; parece-me que, deixando o envoltório corporal, os Espíritos se despojam das imperfeições inerentes à matéria; que a luz se deve fazer para eles, sobre todas as verdades que nos são ocultas, e que eles ficam libertos dos prejuízos terrenos.

(Allan Kardec) – Resposta: Sem dúvida eles ficam livres das imperfeições física, isto é, das dores e enfermidades corporais; porém, as imperfeições morais são do Espírito, e não do corpo. Entre eles há alguns que são mais ou menos adiantados, moral e intelectualmente.

Seria erro acreditar que os Espíritos, deixando o corpo material, recebem logo a luz da verdade.
É possível admitirdes que, quando morrerdes, não haja distinção entre vosso Espírito e o de um selvagem? Assim sendo, de que vos serviria ter trabalhado para vossa instrução e melhoramento, quando um vadio, depois da morte, será tanto quanto vós?

O progresso dos Espíritos faz-se gradualmente e, algumas vezes, com muita lentidão. Entre eles alguns há que, por seu grau de aperfeiçoamento, veem as coisas sob um ponto de vista mais justo do que quando estavam encarnados; outros, pelo contrário, conservam ainda as mesmas paixões, os mesmos preconceitos e erros, até que o tempo e novas provas os venham esclarecer. Notai bem que o que digo é fruto de experiências, colhidos no que eles dizem em suas comunicações. É, pois, um princípio elementar do Espiritismo que existem Espíritos de todos os graus de inteligência e moralidade.

P: Por que não são perfeitos todos os espíritos? Tê-los-á Deus assim criados em tão diversas categorias?

R: É o mesmo que perguntar porque todos os alunos de um colégio não estão cursando a aula de Filosofia.

Todos os Espíritos têm a mesma origem e o mesmo destino; as diferenças que os separam não constituem espécies distintas, mas exprimem diversos graus de adiantamento. Os espíritos não são perfeitos, porque não são mais que almas dos homens, que não atingiram também a perfeição; e, pela mesma razão, os homens não são perfeitos por serem encarnações de Espíritos mais ou menos adiantados. O mundo corporal e o mundo espiritual estão em contínuo revesamento; pela morte do corpo, o mundo corporal fornece seu contingente ao mundo espiritual; pelos nascimentos, este alimenta a humanidade.

Em cada nova existência, o Espírito dá maior ou menor passo no caminho do progresso, e, quando adquiriu na Terra a soma de conhecimentos e a elevação moral que nosso globo comporta, ele o deixa, para viver em mundo mais elevado onde vai aprender coisas novas.

Os Espíritos que forma a população invisível da Terra são, de alguma sorte, o reflexo do mundo corporal; neles se encontram os mesmos vícios e as mesmas virtudes; há entre eles sábio, ignorantes e charlatães, prudentes e levianos, filósofos, raciocinadores, sistemáticos; como se não se despissem de seus prejuízos, todas as opiniões políticas e religiosas têm entre eles representantes; cada um fala segundo suas ideias, e o que eles dizem é, muitas vezes, apenas a sua opinião pessoal; eis o motivo por que não se deve crer cegamente em tudo o que dizem os Espíritos.

P: Sendo assim, apresenta-se imensa dificuldade; nesses conflitos de opiniões diversas, como distinguir-se o erro da verdade? Não descubro a utilidade dos Espíritos, nem o que ganhamos em conversar com eles.

R: Quando eles apenas servissem para dar-nos a prova de sua existência e de serem as almas dos homens, só isso seria de grande importância para quantos ainda duvidam que tenha uma alma e ignoram, o que será deles depois da morte.

Como todas as ciências filosóficas, esta exige longos estudos e minuciosas imposturas, e que se adquire os meios de afastar os Espíritos enganadores. Acima dessa turba de baixa esfera, existem os Espíritos superiores, que só tem em vista o bem, e cuja missão é guiar os homens pelo bom caminho; cumpre-nos sabê-los apreciar e compreender. Estes nos vem ensinar grandes coisas; mas não julgueis que o estudo dos outros seja inútil; para bem conhecer um povo é necessário estudá-lo sob todas as faces. Vós mesmo tendes a prova disso; pensáveis que bastava aos Espíritos deixarem seu envoltório corpóreo para que ficassem isentos de todas suas imperfeições; ora, são as comunicações com eles que nos ensinaram que isto não se dá, e que nos fizeram conhecer o verdadeiro estado do mundo espiritual, que a todos nós interessa no mais alto ponto, pois que todos temos que ir para lá.

Quantos aos erros que se podem originar da divergência de opiniões entre os Espíritos, eles desaparecem por si mesmo, à medida que se aprende a distinguir os bons dos maus, os sábios dos ignorantes, os sinceros dos hipócritas, absolutamente como se dá entre nós; então, o bom-senso repelirá as falsas doutrinas.

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Livro: O QUE É O ESPIRITISMO
Autor: ALLAN KARDEC


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O CORPO HUMANO


A máquina mais perfeita que o homem terreno já viu!
Seus mecanismos de defesa (cera do ouvido, pelos nasais, lágrimas, anticorpos, etc...); imunidade (resistência a certas doenças); distribuição pela corrente sanguínea (que leva oxigênio, proteínas, sais minerais e todo tipo de suprimento do fio do cabelo a unha do pé) e capacidade de armazenamento (gorduras, memória e etc...); nada mais são do que a Matéria. Obra da criação de Deus!
Perg. 22-a Cap. II (Elementos Gerais do Universo): O Livro dos Espíritos:
-Que definição podereis dar da matéria...
R: “A matéria é o laço que prende o espírito: é o instrumento de que se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.”
Muito de nós julgamos poder dispor levianamente de nossos próprios corpos carnais, nos entregando aos maus costumes.
Buscamos saciar nossos sentidos com prazeres nocivos a saúde que nos levariam ao túmulo antes da época prevista nos códigos da criação divina.
Sabemos de todo o tempo que esses excessos fatais prejudicam a nossa saúde, no entanto continuamos praticando esse terrível crime contra nós mesmos!
Nós até sentimos os efeitos depressivos que o vício destruidor produz em nossa estrutura moral e física; mas prosseguimos sem nenhuma tentativa de regeneração, melhoria ou mudança desses hábitos.
Agente se mata então, lentamente, e consciente do ato que praticamos, porque tivemos tempo para refletir.
E é dessa maneira que desrespeitamos o grande tesouro que o nosso criador nos ofereceu para progredirmos.

Perg.68. Cap.IV (Princípio Vital) O Livro dos Espíritos:
-Qual a causa da morte nos seres orgânicos...
R: “Esgotamento dos órgãos!”
...consequência do mal que causamos a nós mesmos.
O que nos leva aos vícios...
O desejo de esquecer pesadas tristezas, angustias profundas... buscando o conforto e a paz na bebida, na droga, ou em outros excessos (jogo, sexo, gula, etc...), imaginando que isso nos alivia o sofrimento. Mera ilusão!
Assim, tudo aquilo que praticamos contra o nosso próprio corpo é suicídio, e de total responsabilidade nossa...
Então, que possamos buscar em Cristo Jesus a força necessária para superar todos os sofrimentos e angustias desta vida. Buscando progredir sempre, e afastar de nós todos os males que possam prejudicar nosso corpo material e nosso espírito imortal.


E QUE ASSIM SEJA!


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Mensagem tema de palestra na Fundação Allan Kardec/F.A.K -Manaus/Am.



(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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terça-feira, 15 de outubro de 2013

ORGULHO x HUMILDADE



No tempo em que não havia automóveis, na colcheira de famoso palácio real, um Burro de Carga curtia imensa amargura, em vista das piadas e insinuações maliciosas dos companheiros de estábulo. Aparando-lhe o pelo maltratado, nas fundas cicatrizes no lombo e a cabeça tristonha e humilde, aproximou-se formoso cavalo árabe, que já havia ganho muitos prêmios. Junto a este, veio também um potro de fina origem inglesa e falou ao burro de carga:

-Triste sina a que você recebeu! Não inveja minha posição nas corridas? Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pelas palavras dos Reis!

Pudera! Como conseguirá um burro de carga entender o brilho das apostas e o gosto da caça?


O infortunado animal recebeu os sacarmos resignadamente.


Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou também a comentar:

-Esse burro é um covarde! Sofreu nas mãos do bruto amansador, sem dar ao menos um coice. É vergonhoso suporta-lhe a companhia.


Um jumento espanhol acercou-se e acentuou:

-Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É um desonrado, um fraco, um inútil! Desconhece o amor-próprio! Eu só aceito deveres dentro de um limite. Se abusarem, pinoteio e sou capaz de matar!


As observações insultuosas não haviam terminado, quando o Rei penetrou no recinto dizendo:

-Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade! Que seja dócil, educado e que mereça absoluta confiança!

-Não prefere o árabe majestade? _ pergunta o empregado.

-Não! Não! É muito altivo e só serve para corridas em festejos sem maior importância.

-E o potro inglês, que diz Vossa Majestade?

-De modo algum! É irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça.

-E o húngaro; não deseja o húngaro?

-Não! É bravio e sem educação; serve apenas para o pastoreio dos rebanhos.

-O jumento serviria?

-De maneira alguma; é manhoso e não merece confiança!

Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou:

-Onde está o meu burro de carga?

-Ali majestade! _ indicou o colcheiro.


O próprio rei puxou-o carinhosamente para fora, mandou ajaezá-lo com as armas resplandecente de sua Casa e confiou-lhe o filho, ainda criança, para longa viagem.




*****

Que sentimento era esse que levaram os outros animais a tratarem tão mal o companheiro de estábulo? E este, por que não reagiu?


Ambos os comportamentos atendem pelos nomes de: ORGULHO e HUMILDADE.


O animal que sofria calado as humilhações era humilde, tinha consciência de suas fraquezas e não desprezava ninguém. Ele não era simplesmente um fraco, como pensavam. Não reagia porque entendia serem falsas ou exageradas as acusações e passageira a glória dos outros...


Trazendo para nossa vida essa história, quem o Rei, o Burrinho e os outros Animais representam?


O Rei representa Deus, que em constância está a nos chamar para os serviços da caridade; o Burrinho, são as pessoas humildes e devotadas na prática do bem, a qualquer tempo; os outros Animais são as pessoas orgulhosas, que se creem melhor que as outras. Tais pessoas não são muito certas das virtudes que alardeiam. Quando ficam contando vantagens sobre alguma virtude, frequentemente querem convencer a si mesmo de que a tem. Mas quem a tem de verdade não precisa dizer, os outros simplesmente a veem. Assim, quem é inteligente, de fato, não precisa dizer que é, porque inteligência é algo notável; quem é honesto, responsável e bondoso, não necessita gritar isso, ou tentar convencer os outros de que é, e muito menos desmerecer os méritos alheios para elevar o seu. Se as virtudes forem verdadeiras, elas se imporão por si.


Muitas vezes, aquele que faz propaganda de virtudes tem pouco ou nada do que imagina, e menos ainda do que se orgulhar. Para chegarmos à perfeição, precisamos eliminar os defeitos que possuímos; e o orgulho é um dos piores defeitos que temos. E para vencer esse inimigo no coração precisamos substituí-lo pela maior das virtudes, a humildade.


O que é Orgulho? E o que é Humildade?

Orgulho é o conceito elevado ou exagerado que se tem de si próprio; é o exagero da autovalorização. O orgulhoso se sente superior ou melhor que os outros; acredita que as qualidades que possui o faz ser o melhor. O orgulhoso mente para si mesmo, porque acredita muito melhor do que verdadeiramente é. Ele pode ofender muitas pessoas no caminho, porque seu orgulho não lhe permite ver que elas não são serem inferiores e que merecem serem tratadas como iguais. Aquele que alimenta o orgulho tem dificuldade na convivência com os outros, além de preparar para si mesmo momentos de sofrimentos. Ele não sabe falar carinhosamente a seus irmãos, esquece-se de Deus e despreza as palavras do Mestre.


Estamos sendo orgulhosos quando:


  • Julgamos saber muito e não aceitamos ser ensinados e nem corrigidos;
  • Não aceitamos nossos erros e procuramos uma desculpa dizendo assim: “Não foi culpa minha!”;
  • Nos achamos sempre certos e perfeitos e assim julgamos não precisar mudar, crendo que nossos feitos são o máximo;
  • Resistimos a voz daqueles que são mais velhos e experientes (professores, pais, avós, etc.), nos sentimos humilhados e pomos defeitos sobre esses;
  • Fazemos apenas nossas tarefas e dizemos: “Faço apenas o meu trabalho, a minha parte.”;
  • Não aceitamos críticas, pois consideramos humilhantes ser corrigidos;
  • não aceitamos ideias dos outros, julgamos as nossas serem as melhores;
  • Somos vaidosos, insatisfeitos, nos julgamos sábios e poderosos, não reconhecemos Deus como fonte de sabedoria.
A humildade, por sua vez, é uma virtude que leva a pessoa a reconhecer seus defeitos e compreender suas limitações. O humilde sabe que é imperfeito e cheio de falhas e que precisa se melhorar, e por isso aceita com mais facilidade a vontade de Deus, o que faz que seja mais tranquilo para cumprir sua missão aqui na Terra.


Qual a vantagem de ser humilde?


A pessoa humilde evolui mais depressa, porque reconhece seus defeitos e isso é o primeiro passo para eliminar sentimentos oriundos do orgulho. A humildade leva a pessoa a cultivar outras virtudes, como: o respeito, a paciência, a tolerância e a compreensão dos erros dos outros; esta porque sabemos sermos nós mesmos cheios de falhas também.


Quem é humilde sabe servir ao próximo; é uma pessoa bondosa; semeadora de felicidade; ensina aos que não sabem; consola os aflitos; espalha a fé e a esperança por todos os lados; é prestativo, pois ajuda a todos sem olhar a quem.


A humildade é a mais importante das virtudes, e uma das maiores conquista das pessoas. Quem conquista esta virtude, aceita, sem se sentir ofendido ou rebaixado, tarefas simples; aceita a obrigação de trabalhar em benefícios dos outros. Reconhece que precisa aprender ainda muito e está sempre disposto a aprender; reconhece quando erra e diz assim: “Eu me equivoquei!”, e procura fazer de novo, e melhor.


Característica da pessoa humilde:
  • Sempre reconhece que precisa fazer melhor e se aperfeiçoar;
  • Respeita os ensinamentos dos mais velhos e procura aprender com estes;
  • Está sempre disposto, faz sua tarefa e algo a mais além de sua obrigação;
  • Recebe bem a crítica e toda opinião, e procura aprender com elas;
  • É agradecido a Deus e sabe que há muitas coisas que ainda desconhece e que há muito o que aprender;
  • Quando tem o direito de reclamar não o faz;
  • Abstém-se de fazer o mal, de reagir com vingança ou violência, sempre.

Jesus Cristo é nosso maior modelo de humildade à ser seguido. Ele nos ensinou a humildade através das palavras; exemplificou-a o tempo todo. Ele, o maior homem que já passou na Terra, não humilhou ninguém com seu poder e/ou com sua superioridade. Antes, tratou todos (pobres, prostitutas, cegos e estropiados) como seus iguais e os chamou de irmãos; curvando-se, assim, à vontade do Pai.


E quando disse: “Bem-Aventurados são os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”, quis dizer que a felicidade é para os humildes; os que não procuram rebaixar os outros; que sabem se colocar na posição exata diante de Deus e dos homens.


***
Baseado no Livro "Bem-Aventurado os Símples" (Espírito: Valérium / Médium: Chico Xavier)

TEXTO TEMA DE PALESTRA REALIZADA NA F.A.K / Fundação Allan Kardec: Manaus-Am.



(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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domingo, 6 de outubro de 2013

MORTE/PÓS-MORTE/A PASSAGEM




1. A confiança na vida futura não afasta as apreensões da passagem desta vida para a outra. Muitas pessoas não temem a morte em si; o que elas receiam é o momento da transição. Sofre-se ou não nessa travessia? É isso que as inquieta, e o fato tem mais valor apenas porque dela ninguém pode escapar. Pode-se prescindir
de uma viagem terrestre, mas neste caso, tanto ricos como pobres devem transpor a passagem, e se ela é dolorosa, nem a posição, nem a fortuna poderiam suavizar a sua amargura.

2. Ao ver a calma em certas mortes, e as terríveis convulsões de agonia em algumas outras, pode-se já imaginar que as sensações experimentadas nesse momento não são sempre as mesmas; mas quem pode nos esclarecer a esse respeito? Quem nos descreverá o fenômeno foi sexológico da separação da alma e do corpo? Quem nos contará as impressões desse instante supremo? Sobre esse ponto a Ciência e a Religião permanecem mudas.
E por que isso? Porque falta a uma e a outra o conhecimento das leis que regem as relações do espírito e da matéria; uma se detém no limiar da vida espiritual, outra no da vida material. O Espiritismo é o traço de união entre as duas; só ele pode dizer como se opera a transição, seja pelas noções mais positivas que ele
dá sobre a natureza da alma, seja pela narração daqueles que deixaram a vida. O conhecimento do laço fluídico que une a alma ao corpo é a chave desse fenômeno, como de muitos outros.

3. A matéria inerte é insensível, isso é um fato real; somente a alma experimenta as sensações do prazer e da dor. Durante a vida, toda desagregação da matéria repercute na alma que disso recebe uma impressão mais ou menos dolorosa.
É a alma que sofre e não o corpo; este é apenas o instrumento da dor, a alma é a paciente. Após a morte, estando o corpo separado da alma, pode ser impunemente mutilado, porque ele não sentirá nada; a alma, por sua vez, dele estando separada, não recebe nenhuma impressão da desorganização desse corpo, ela tem suas próprias sensações cuja fonte não está na matéria tangível.
O perispírito é o invólucro fluídico da alma, da qual não é separado nem antes, nem após a morte, e com a qual forma, por assim dizer, apenas um, porquanto não se pode conceber um sem a outra. Durante a vida, o fluido perispiritual penetra no corpo em todas as suas partes e serve de veículo às sensações físicas da alma; é do mesmo modo, por esse intermediário, que a alma age sobre o corpo e dele dirige os movimentos.

4. A extinção da vida orgânica ocasiona a separação da alma e do corpo pelo rompimento do laço fluídico que os une; mas essa separação jamais é brusca; o fluido perispiritual se desprende pouco a pouco de todos os órgãos, de forma que a separação só é completa e absoluta quando não restar mais um só átomo
do perispírito unido a uma molécula do corpo. A sensação dolorosa que a alma experimenta nesse momento está em relação com a soma dos pontos de contato que existem entre o corpo e o perispírito, e da maior ou menor dificuldade e lentidão que a separação apresente. Portanto, não é preciso ocultar que, segundo as circunstâncias, a morte pode ser mais ou menos penosa. São essas diferentes circunstâncias que vamos examinar.

5. Coloquemos inicialmente, como princípio, os quatro casos seguintes, que se podem julgar como situações extremas, entre as quais existe um grande número de nuanças:

1o) Se, no momento de extinção da vida orgânica, o desprendimento do perispírito fosse completamente realizado, a alma não sentiria absolutamente nada.


2o) Se, nesse momento, a coesão dos dois elementos está em toda a sua força, produz-se uma espécie de dilaceramento que reage dolorosamente sobre a alma.


3o) Se a coesão é fraca, a separação é fácil e se opera sem abalo.


4o) Se, após a cessação completa da vida orgânica, ainda existem numerosos pontos de contato entre o corpo e o perispírito, a alma poderá sentir os efeitos da decomposição do corpo até que o laço seja inteiramente rompido.
Disso resulta que o sofrimento que acompanha a morte está subordinado à força de aderência que une o corpo e o perispírito; e tudo o que pode ajudar na diminuição dessa força e na rapidez do desprendimento torna a passagem menos penosa; enfim, se o desprendimento se realiza sem nenhuma dificuldade, a alma
não experimenta nenhuma sensação desagradável.

6. Na passagem da vida corporal para a vida espiritual, produz-se ainda um outro fenômeno de uma importância capital: o da perturbação. Nesse momento a alma experimenta um entorpeci mento que paralisa momentânea mente suas faculdades e neutraliza, pelo menos em parte, as sensações; ela está, por assim dizer, cataleptizada1, de maneira que quase nunca é testemunha consciente do último suspiro. Dizemos quase nunca porque existem casos em que a alma pode ter consciência dele, assim como o veremos dentro em pouco.
A perturbação, portanto, pode ser considerada como o estado normal no instante da morte; sua duração é indeterminada, ela varia de algumas horas a alguns anos. À medida que ela se dissipa, a alma fica na situação de um homem que sai de um sono profundo; as idéias são confusas, vagas e incertas; vê como se o fizesse através de um nevoeiro; pouco a pouco a visão vai se aclarando, a memória retorna, e a alma se reconhece. Esse despertar, porém, é bem diferente conforme os indivíduos; para uns ele é calmo e proporciona uma
sensação deliciosa; para outros é pleno de terror e de ansiedade, e produz o efeito de um terrível pesadelo.

7. O momento do último suspiro não é, portanto, o mais penoso, porque, geralmente, a alma não tem consciência de si mesma; mas antes dele a alma sofre pela desagregação da matéria durante as convulsões da agonia, e depois pelas angústias da perturbação. Apressamo-nos em dizer que esse estado não é geral.
A intensidade e a duração do sofrimento dependem da afinidade que existe entre o corpo e o perispírito; quanto maior for essa afinidade, mais longos e penosos são os esforços do espírito para se desprender dos seus laços; mas existem pessoas nas quais a coesão é tão fraca que o desprendimento se faz por si mesmo e
naturalmente.
O espírito se separa do corpo como um fruto maduro se desprende da sua haste; é o caso das mortes calmas e dos pacíficos despertares.

8. O estado moral da alma é a principal causa a influir na maior ou na menor facilidade de desprendimento. A afinidade entre o corpo e o perispírito depende diretamente da ligação do espírito à matéria; ela chega ao seu máximo no homem em que todas as preocupações se concentram na vida e nos prazeres materiais; ela é quase nula naquele cuja alma depurada se identificou por antecipação com a vida espiritual. Visto que a lentidão e a dificuldade da separação são proporcionais ao grau de depuração e de desmaterialização da alma, depende de cada um tornar essa passagem mais ou menos fácil, mais ou menos penosa, agradável ou
dolorosa.
Isto sendo posto, ao mesmo tempo como teoria e como resultado da observação, falta-nos examinar a influência do gênero de morte sobre as sensações da alma no último momento.

9. Na morte natural, aquela que resulta da extinção das forças vitais pela idade ou pela doença, o desprendimento se opera gradualmente; no homem cuja alma é desmaterializada e cujos pensamentos estão desligados das coisas terrestres, o desprendimento é quase completo antes da morte real; o corpo ainda vive a vida orgânica e a alma já entrou na vida espiritual, a alma prende-se ao corpo apenas por um laço tão frágil que este se rompe facilmente com o último batimento do coração.
Nessa situação, o espírito já pode ter recuperado sua lucidez e ser testemunha consciente da extinção da vida do seu corpo, sentindo-se feliz por ter se livrado dele; para esse espírito, a perturbação é quase nula; não é mais que um momento de sono pacífico, do qual ele sai com uma indizível impressão de felicidade e de esperança.
No homem materialista e sensual, aquele que viveu mais pelo corpo que pelo espírito, para quem a vida espiritual não é nada, nem sequer uma realidade em seu pensamento, tudo contribuiu para apertar mais os laços que o ligam à matéria; nada veio afrouxá-los durante a vida. Na proximidade da morte, o desprendimento também se opera gradualmente, mas com esforços contínuos. As convulsões da agonia são o indício da luta que o espírito enfrenta, porquanto, às vezes, ele quer romper os laços que lhe resistem e, em outras vezes, agarra-se ao seu corpo do qual uma força irresistível o arranca violentamente, parte por parte.

10. O espírito mais se apega à vida corporal quanto menos vê além dela; ele sente que a vida lhe escapa e quer retê-la; em vez de se abandonar ao movimento que o arrasta, ele resiste com todas as suas forças e pode, dessa forma, prolongar a luta durante dias, semanas e meses inteiros. Sem dúvida, nesse momento, o espírito não tem toda a sua lucidez; a perturbação começou muito tempo antes da morte, mas nem por isso ele sofre menos, a indefinição em que se encontra, a incerteza sobre o que lhe acontecerá, juntam-se às suas angústias. A morte chega, e tudo não se acabou, a perturbação continua; ele sente que vive, mas não sabe se é vida material ou espiritual; ele luta ainda até que os últimos laços do perispírito tenham se rompido. A morte deu um fim à doença efetiva, porém, não deteve as conseqüências; enquanto existem pontos de contato entre o corpo e o perispírito, o espírito sente suas impressões e sofre com isso.

11. Bem diferente é a posição do espírito que não é materialista, mesmo nas doenças mais cruéis. Os laços fluídicos que o unem ao corpo, sendo muito frágeis, rompem-se sem nenhum abalo, pois sua confiança no futuro, que ele já entrevê pelo pensamento e algumas vezes mesmo em realidade, faz com que encare a morte como uma libertação e seus males como uma prova; daí lhe vem uma calma moral e uma resignação que aliviam o sofrimento. Após a morte, mesmo esses laços sendo rompidos nesse momento, nenhuma reação dolorosa o atinge; ao seu despertar, ele se sente livre, disposto, desembaraçado de um grande peso, e muito feliz por não sofrer mais.

12. Na morte violenta, as condições não são exatamente as mesmas. Nenhuma desagregação parcial pôde ocasionar uma separação prévia entre o corpo e o perispírito; a vida orgânica, em toda a sua força, subitamente é interrompida; o desprendimento do perispírito só começa após a morte, e, nesse caso como em outros, não pode se realizar instantaneamente. O espírito, colhido de súbito, está como atordoado; mas, percebendo que pensa, ele acredita que ainda está vivo, e essa ilusão dura até que compreenda a sua situação. Esse estado intermediário entre a vida corporal e a vida espiritual é um dos mais interessantes
para se estudar, porque apresenta o singular espetáculo de um espírito que confunde seu corpo fluídico com seu corpo material, e que experimenta todas as sensações da vida orgânica. Esse estado oferece uma variedade infinita de nuanças segundo o caráter, os conhecimentos e o grau de adiantamento moral do espírito. É de curta duração para aqueles cuja alma está depurada, porque neles havia um desprendimento
antecipado do qual a morte, mesmo a mais súbita, nada mais faz que apressar a realização; em outros, pode se prolongar durante anos. Esse estado é muito freqüente, mesmo nos casos de morte comum, e para alguns nada tem de penoso segundo as qualidades do espírito; mas para outros é uma situação terrível. É no suicídio principalmente que essa situação é mais penosa. O corpo estando ligado ao perispírito por todas as suas fibras, todas as convulsões do corpo repercutem na alma que experimenta grandes sofrimentos.

13. O estado do espírito no momento da morte pode assim se resumir:
Quanto mais lento é o desprendimento do perispírito, mais o espírito sofre; a rapidez do desprendimento está em relação com o grau de adiantamento moral do espírito; para o espírito que não é materialista, cuja consciência é pura, a morte é um sono de alguns instantes, isento de qualquer sofrimento, do qual o despertar é pleno de suavidade.

14. Para trabalhar para sua depuração, reprimir suas más tendências, vencer suas paixões, é preciso ver as vantagens dessas ações no futuro; para identificar-se com a vida futura, dirigir-lhe suas aspirações e preferir à vida espiritual à vida terrestre, é preciso não somente crer nela, mas compreendê-la; é preciso representá-la sob um aspecto satisfatório para a razão, em completo acordo com a lógica, o bom senso e a idéia que se faz da grandeza, da bondade e da justiça de Deus.


(1) Cataleptizada: em estado de catalepsia, em que se observa uma rigidez cérea dos músculos, de modo que o paciente permanece na posição em que é colocado. Observa-se a catalepsia principalmente em casos de demência precoce e de sono hipnótico. (N.T., segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.)


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Do Livro:
O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina - Segundo o Espiritismo/Allan Kardec.


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