Dr. Odilon —
adiantou-se Paulino —, perdoe-me talvez a inoportunidade da pergunta: o senhor
crê que Chico Xavier seja a reencarnação de Allan Kardec?
Não somente
creio, Paulino, como tenho elementos para afirmar que ele o é — respondeu o
Mentor, corajosamente. — Os que se dedicarem a estudar o assunto, compulsando,
principalmente, a correspondência particular de um e de outro perceberão
tratar-se do mesmo espírito. É uma questão que, infelizmente, ainda há de
suscitar muita polêmica entre os espíritas que mourejam na carne, mas, para
determinado segmento espiritual, no qual eu me incluo, isto é ponto pacifico.
São notáveis as “coincidências” ou os pontos de contato entre as duas
personalidades, inclusive na semelhança física...
Alegam alguns,
porém, que o Codificador era dono de uma personalidade austera, ativa, quando a
de nosso Chico Xavier é de característica branda, passiva...
Os que assim se
referem não tiveram, evidentemente, oportunidade de privar com o primeiro nem
com o segundo — ambos eram austeros e brandos, quando a brandura ou a
austeridade se faziam necessárias. É claro que a tarefa que Chico Xavíer
desdobrou, no começo do século passado, se deu em condições um tanto diversas
da que cumpriu com a identidade de Allan Kardec; o meio não deixa de exercer
certa influência sobre a individualidade, constrangendo-a a adaptar-se às novas
condições — uma rosa no Brasil será uma rosa, por exemplo, no Japão, no entanto
as diferenças climáticas são passíveis de alterar-lhe as características, tanto
no que se refere à coloração quanto ao perfume... O espírito é sempre o mesmo,
de uma vida para outra, todavia não há, para ele, como livrar-se totalmente da
carga genética que o transfigura, mas não desfigura...
Sim, Chico
Xavier é a reencarnação de Allan Kardec — disse convicta. Eu sempre o soube,
mas, dentro da prova da mudez que me assinalava os dias, nunca pude me
expressar com clareza; não polemizo com os confrades valorosos que pensam
diferente, no entanto, no meu caso, possuidora, na Terra, da mediunidade de
clarividência, várias vezes pude constatar a autenticidade do fato: à minha
retina espiritual, Chico se transfigurava e, em seu lugar, surgia a simpática
figura do Codificador; também, muitas vezes, em estado de desdobramento, nos
instantes em que me era possível deixar o corpo e visitá-lo, eu o encontrava na
personalidade marcante de Allan Kardec... A camuflagem espiritual era quase
perfeita. É inegável que a obra de um é o complemento da outra: a mesma linha
de pensamento, a mesma terminologia, a mesma luz...
***
Espírito:
Inácio Ferreira
Médium:
Carlos A. Baccelli
Livro:
Na Próxima Dimensão
https://www.facebook.com/ronaldo.costa.o.arrebol.espirita