O Arrebol Espírita

sábado, 26 de julho de 2014

MORTOS



Há sempre numerosos mortos em nossa luta de cada dia, convocando-nos às preces da diligência e da bondade em favor de cada um.
Mortos que sofrem muito mais que os outros - aqueles que julgais sentenciados à cinza e à separação.
Há usurários que se sustentam, inermes, em túmulos de ouro.
Há dominadores do mundo que se mostram distraídos em seus imponentes sarcófagos de orgulho falaz.
Há juízes inumados em covas de lama.
Há legisladores mumificados em terríveis enganos da alma.
Há sacerdotes enterrados sob o catafalco adornado da simonia e administradores encerrados em urnas infernais de inconfessáveis compromissos.
Há jovens mortos no vício e velhos amortalhados no frio da negação.
Há sábios enrijecidos no gelo da indiferença e heróis paralíticos sobre a essa de fantasias e ilusões.
Há impulsos em sepulturas de espinhos e preguiçosos em sepulcros de miséria.
Se proclamardes a verdade perante todos eles, almas cadaverizadas no esquecimento da Divina Lei, decerto, responder-vos-ão com a inércia, com a ironia e com a imobilidade.
Para eles, pronunciou o Senhor as antigas palavras:- “Que os mortos enterrem os seus mortos”.
Procuremos a vida, descerrando nosso coração ao trabalho incessante do
Bem Infinito...
Porque, na realidade, só aquele que aprende e ama, renovando-se incessantemente, consegue superar os níveis inferiores da treva, subindo, vitorioso, ao encontro da Vida Verdadeira com a eterna libertação.

***
Do livro: Alvorada do Reino
Médium: Chico Xavier
Espírito: Emmanuel


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita​)

sexta-feira, 25 de julho de 2014

O HOMEM QUE DORMIU NO CEMITÉRIO


Num entardecer morno de um dia de sábado de verão do mês de agosto de 1962, já boquinha-da-noite, um homem tangia o seu pequeno comboio, composto de cerca de dez jumentos, arreados com cangalhas, acondicionadas em surrões feitos de palha de carnaúba, uma variada carga de mercadorias destinada aos pequenos comerciantes do povoado de Betânia, um pequeno lugarejo que, naquele tempo, não abrigava mais do
que duzentas almas, situado no Município de Hidrolândia, aqui no Estado do Ceará.
Atrás da tropa e um pouco distante dela, vinha o seu condutor, Gonçalo Rosa, primo legítimo de meu pai, montado no seu burrinho que trotava ansioso, pois já pressentia os ares da casa do seu dono que ficava a pouco menos de um quilômetro de distância. Provinham eles, homem e animais, da cidade de Nova Russas, CE, que distava cerca de sete léguas, aonde tinham ido dois dias antes participar da feira pública semanal daquela comuna, o que aquele almocreve fazia habitualmente a cada quinze dias. Na ida, haviam transportado dezenas de meios de sola curtida para serem vendidos no comércio local. A sola é o couro curtido de bovino, caprino ou ovino, próprio para a confecção de alpargatas, arreios, correias etc. O curtume desses couros era a principal atividade de alguns habitantes daquele pequeno Distrito, dentre eles, o tangedor do comboio.
Os jumentos seguiam apressados, parecendo querer chegar logo ao seu destino para verem-se livres do peso que carregavam e matar a fome e a sede no pasto de um cercado. O badalar dos seus chocalhos quebrava o silêncio que naquela hora se impunha naquele sertão seco e quente.
Antes de se chegar ao povoado, vindo-se dos lados da Fazenda Pereiros, onde nasci, tinha-se, inevitavelmente, de passar bem ao lado do pequeno cemitério da localidade, pouco habitado, diga-se de passagem, que era protegido por uma cerca alta de pau-a-pique.
Poucas coisas costumam fazer medo ao sertanejo e uma delas são as “almas do outro mundo”. Para ele, um cemitério está povoado delas. É por isso que ele costuma dizer que homem nenhum passa perto de “um campo santo” sem sentir um pouco de medo, aquele arrepio que sobe dos pés à cabeça, engrossando o corpo e causando uma vontade maluca de sair correndo. Uns correm desabaladamente, outros não correm porque temem ser perseguidos por uma alma numa corrida desigual. Não adianta correr, pois o medo aumenta mais ainda! E tanto faz ser de dia como de noite. A sensação é sempre a mesma. Digo isso por experiência própria, pois tive de passar muitas vezes por aquele mesmo lugar, tanto à luz do dia quanto na escuridão, a cavalo ou a pé. Que pavor! Nessa situação, o melhor a se fazer é não espiar para dentro do cemitério e não olhar para trás depois de passar por ele, no estilo “não te vi, não te conheço” e assobiar pra disfarçar o medo.
Gonçalo Rosa estava tão habituado a fazer aquele trajeto que já nem deveria sentir tanto receio de passar por ali, onde todos os sepultados eram da nossa família, amigos e conhecidos.
Aquele dia, porém, ia ser muito diferente para ele, em vista das circunstâncias que narraremos adiante.
Por volta das duas horas da tarde daquele mesmo sábado, Eduardo Lino, em sua casa na localidade de Juá, após lavar os pés e o rosto com a água contida numa cuia grande, vestiu sua roupa de mescla azul-marinho, calçou as alpergatas de sola grossa e disse pra sua mulher que ia comprar os mantimentos e víveres para a semana seguinte: rapadura, farinha, querosene, fumo etc. E lá se foi ele. Pulou o passador que dava para um cercado próximo e ganhou as capoeiras em demanda do povoado de Betânia, que ficava a mais de meia légua de distância e que ele percorria em mais ou menos uma hora.
Eduardo, que Deus o tenha, era o que costumamos chamar no sertão de “um pau-d’água”. Era um homenzarrão de mais ou menos um metro e oitenta de altura, fala grossa embora mansa, riso fácil, mas arengueiro quando se embebedava. Gostava de tomar cachaça. Tanto em casa, onde mantinha sempre um litro de aguardente de reserva, quanto nas bodegas da redondeza.
Ao chegar ao seu destino, dirigiu-se à bodega do Mousinho, filho de Gonçalo Rosa, e tomou logo um trago generoso num copo de fundo falso, da cachaça avermelhada, destilada na Serra da Ibiapaba. Forneceu-se, fiado, dos mantimentos de que necessitava, colocou-os num saco grande de pano e passou a perambular pelas poucas mercearias, conversando com os conhecidos e tomando os seus goles. Decorrido cerca de uma hora depois de sua chegada, já andava meio grogue, pendendo, a voz empastada, falando alto. Beber com a barriga vazia é embriaguez na certa e aquele pobre homem havia comido pela última vez no almoço frugal que havia engolido por volta das dez e meia da manhã daquele dia, constituído de feijão escoteiro, farinha e rapadura.
Lá pelas quatro e meia da tarde, já muito troviscado, decidiu ir-se embora. Bebeu a derradeira “bicada” e tomou o caminho de casa. Quando chegou ao cemitério, as pernas bambas, já não suportando o peso do corpo, não titubeou. Como o portão estava destrancado, não teve dúvida: entrou, cambaleante, sentou-se encostado à cerca e ali ficou, meio adormecido, esperando a bebedeira passar.
O comboio de jumentos já havia passado pelo cemitério, enquanto Gonçalo Rosa, pensativo, na sela do seu burro, olhos fixos no chão da estrada, chegou ao primeiro canto da cerca, à esquerda do viajante. O Sol já se pusera há algum tempo e fazia aquele lusco-fusco que impede de ver nitidamente. Quando alcançou o meio do lance do cercado, ouviu uma voz grave e profunda, vinda de dentro do cemitério, dizer: “Já vem, né cumpade Gonçal”? Surpreso e assombrado com o que ouviu, Gonçalo ergueu a cabeça subitamente, olhou pra trás, olhou pra mataria à direita e depois pra dentro do cemitério. Como não viu o dono da voz que falara o seu nome, não pensou duas vezes: esporeou o burrinho com toda a força dos calcanhares e o animal arrancou, numa carreira desembestada, em demanda do povoado. Passou pelo seu comboio de jumentos e só foi parar na calçada da bodega do seu filho Mousinho que àquela hora se achava apinhada de fregueses. Desceu do burro, pálido e quase sem voz, entrou no estabelecimento e foi direto ao balcão. O filho, vendo o estado do pai, indagou-lhe o que tinha havido. Como ele
hesitasse em responder, o bodegueiro deu-lhe um trago de cachaça que foi engolido de uma só vez. Foi então que pôde responder, já um tanto mais serenado, dizendo apenas: “Uma voz, uma alma, no cemitério...”
Gonçalo era um homem direito e todos acreditavam nele, por isso, a notícia correu e se espalhou pelo povoado inteiro: “O ‘Gonçal’ Rosa viu uma alma no cemitério”! Foi o bastante pra deixar todo o mundo com medo. Ninguém, naquela noite, se aventuraria a ir para os lados do campo dos mortos.
Dia seguinte, domingo pela manhã, retorna Eduardo à povoação e, na dita bodega do Mousinho, toma conhecimento da novidade da tarde anterior: a alma ouvida pelo Gonçalo Rosa. Ao saber do ocorrido, ele cai na gargalhada, gesto que intriga a todos. Foi então que ele narrou a versão do fato. Não era alma, coisíssima nenhuma, era ele próprio que tinha caído, bêbado, dentro do cemitério. Despertara ao ouvir o chocalhar da jumenteira e chamara o nome do amigo que passava. Um misto de alívio e decepção tomou conta dos moradores. Alívio, porque arrefecia o medo que aquela “alma” estava causando à população, e decepção pelo ridículo risível pelo qual passou um dos homens mais acreditados e probos do lugar Betânia.
Casos como o narrado acima não são singulares. Muitos têm tomado ocorrências naturais por sobrenaturais, distorcendo, assim, a veracidade dos sucessos.
No início do Capítulo IX – Dos Lugares Assombrados – de “O Livro dos Médiuns”, se expressa Allan Kardec desta maneira: “As manifestações espontâneas que se produziram em todos os tempos, e a persistência de alguns Espíritos em darem sinais ostensivos de sua presença em determinadas localidades, são a origem da crença em lugares assombrados”. Kardec, no mesmo capítulo, formula diversas questões aos Espíritos sobre o assunto. Na questão ‘5’, por exemplo, ele indaga:
“As crenças populares, em geral, têm um fundo de verdade; qual pode ser a origem da crença nos lugares assombrados?” Resposta: “O fundo de verdade é a manifestação dos Espíritos, na qual o homem acreditou em todos os tempos, instintivamente; mas, como já disse, o aspecto dos lugares lúgubres toca a sua imaginação e ele coloca aí naturalmente os
seres que considera como sobrenaturais. Essa crença supersticiosa é mantida pelas narrativas dos poetas e os contos fantásticos com os quais embalaram sua infância”. Na questão ‘8’, ele pergunta: “Os Espíritos voltam de preferência aos túmulos onde repousam seus corpos?” Replicam os Espíritos: “O corpo não é senão uma veste; eles não se ligam mais ao envoltório que os fez sofrer do que os prisioneiros às suas cadeias. A lembrança das pessoas que lhes são caras é a única coisa à qual dão valor”.
É a nossa arraigada crença de que as almas permanecem indefinidamente junto aos seus despojos carnais nos cemitérios a causa da produção de fatos como este que acabamos de narrar.

***
Por: José Estênio Gomes Negreiros


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita​)

quarta-feira, 23 de julho de 2014

DOENTES EM CASA



"E a paz de Deus domina em vossos corações para a qual também fostes
chamados em um corpo, e sede agradecidos”.- PAULO (Colossenses, 3:15.).


Se abordasses agora o Plano Espiritual, para lá da morte física, e aí encontrasses criaturas queridas em dificuldades, que farias?
Aqui, talvez surpreendesses um coração paterno em frustração, mais além abraçarias um companheiro ou um associado, um filho ou um irmão, carregando o resultado infeliz de certas ações vividas na terra...
Que comportamento adotarias se as Leis Divinas te outorgassem livre passaporte para as Esferas Superiores facultando-te, porém, a possibilidade de permanecer com os seres inesquecíveis, em tarefas de amor?
Decerto, estarias a decidir-te pela opção insopitável. Não desejarias compartilhar os Céus com a dor de haver abandonado corações inolvidáveis à sombra transitória a que se empenham com os próprios erros.
Reconhecê-los-ias por doentes reclamando proteção. Demorar-te-ias junto deles, na prestação do auxílio necessário.
Referimo-nos à imagem para considerar que os parentes enfermos ou difíceis são criaturas, às quais, antes do berço em que te refizeste no Plano Físico, prometeste amparo e dedicação.
Nascem no grupo familiar, realmente convidados por ti mesmo ao teu convívio, para que possas assisti-los no devido refazimento.
Entendemos no assunto que existem casos para os quais a segregação hospitalar demorada e distante é a medida que não se pode evitar, mas se tens contigo alguém a quem ames, ergues-se por teste permanente de compreensão e paciência, no instituto doméstico, não afastes esse alguém do clima afetivo em que te encontres, sob o pretexto de asserenar a família ou beneficiá-la.
Guarda em tua própria casa, tanto quanto puderes, os parentes portadores de provações e não lhes decretes o exílio, ainda mesmo a preço de ouro. Apóia-os, qual se mostrem as necessidades e lutas que lhes marcam a existência, na certeza de que todos eles são tesouros de Deus, em tarefas sob a tua responsabilidade, ante a assistência e a supervisão dos Mensageiros de Deus.
***
Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz


Compilado por: r.s.durant dart

A PERDA IRREMEDIÁVEL



"Portanto, vede como andais..." - Paulo. (Efésios, 5:15)


Aprende a ver com o Cristo as dificuldades e as dores que te rodeiam, a fim de não empobreceres o próprio coração à frente dos tesouros com que o Senhor nos enriquece a vida.
Muitas vezes, a calúnia que te persegue é a força que te renova à resistência para a vitória no bem e, quase sempre, a provação que te sitia no cárcere do infortúnio é apenas o aprendizado benéfico a soerguer-te das trevas para a luz.
Em muitas ocasiões, a mão que te nega o alimento transforma-se em apelo ao trabalho santificante através do qual encontrarás o pão abençoado pelo suor do próprio rosto e, por vezes numerosas, o obstáculo que te visita,impiedoso, é simples medida da esperança e da fé, concitando-te a superar as próprias fraquezas.
O ouro, na maioria dos casos, é pesada cruz de aflição nos ombros daqueles que o amealham e a evidência no mundo, freqüentemente, não passa de ergástulo em que a alma padece de angustiosa solidão.
Descerra a própria alma à riqueza divina, esparsa em todos os ângulos do campo em que se te desdobra à existência e incorporemo-la aos nossos sentimentos e idéias, palavras e ações, para que todos os que nos palmilham a senda se sintam ricos de paz e confiança, trabalho e alegria.
Lembra-te de que a morte, por meirinho celeste, tomará contas a cada um.
Recorda que os mordomos da fortuna material, tanto quanto as vítimas da carência de
recursos terrestres, sábios e ignorantes, sãos e doentes, felizes e infelizes comparecerão ao acerto com a justiça indefectível, e guarda contigo a certeza de que a única flagelação irremediável é aquela do tempo inútil, na caminhada humana, porque afetos e haveres, oportunidades e valores, lições e talentos voltam, de algum modo, às nossas mãos, através das reencarnações incessantes, mas a hora perdida é um dom de Deus que não mais voltará.

***
Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)

LEGENDAS DO TRIBUNO ESPÍRITA



"... Porque pelas tuas palavras serás justificado..." JESUS. (Mateus, 12:37.).


Cultuar a beleza verbalista nas alocuções ou explicações que profira, alicerçando, porém, a palavra nas lições de Jesus.
Confiar na segurança própria, mas atrair a inspiração de ordem superior, através da prece.
Atualizar-se constantemente, examinando, todavia, as novidades antes de veiculá-las.
Reverenciar a verdade, contudo; buscar o "lado bom" das situações e das pessoas, para o destaque preciso.
Formar observações próprias, conduzindo, porém, as opiniões para o bem de todos.
Aprender com as experiências passadas, estimulando, simultaneamente, as iniciativas edificantes na direção do futuro.
Enaltecer idéias e emoções, sem desprezar a linguagem compreensível e simples.
Instruir o cérebro dos ouvintes, acordando neles, ao mesmo tempo, o desejo de cooperar no levantamento do bem.
Falar construtivamente, mas ouvir os outros, a fim de lhes entender os problemas.

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Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz



(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita​)

LEGENDAS DO LITERATO ESPÍRITA



"... Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede de Deus."
                   JESUS (Mateus, 4:4.)

Optar, como deseje, por essa ou aquela escola literária respeitável, mas vincular a própria obra aos ensinamentos de Jesus.
Emitir com dignidade os conceitos que espose; no entanto, afeiçoar-se quanto possível, ao hábito da prece, buscando a inspiração dos Planos Superiores.
Exaltar o ideal, integrando-se, porém com a realidade.
Cultivar os primores do estilo, considerando, em todo tempo, a responsabilidade da palavra.
Enunciar o que pense; entretanto, abster-se de segregação nos pontos de vista pessoais, em detrimento da verdade.
Aperfeiçoar os valores artísticos; todavia, evitar o hermetismo que obstrua os canais de comunicação com os outros.
Entesourar os recursos da inteligência, mas reconhecer que a cultura intelectual, só por si, nem sempre é fundamento absoluto na obra da sublimação do espírito.
Devotar-se à firmeza na exposição dos princípios que abraça, sem fomentar a discórdia.
Valorizar os amigos, agradecendo-lhes o concurso; no entanto, nunca desprezar os adversários ou subestimar-lhes a importância.
Conservar a certeza do que ensina, mas estudar sempre, a fim de ouvir com equilíbrio, ver com segurança, analisar com proveito e servir mais.

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Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita​)

terça-feira, 22 de julho de 2014

EM TI PRÓPRIO



"De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus".
PAULO. (Romanos, 14:12.)


Escutarás muita gente a falar de compreensão e talvez que, sob o reflexo condicionado, repetirás os belos conceitos que ouviste, através de preleções que te angariarão simpatia e respeito.
Entretanto, se não colocares o assunto nas entranhas da alma, situando-te no lugar daqueles que precisam de entendimento, quase nada saberás de compreensão, além da
certeza de que temos nela preciosa virtude.
Falarás de paciência e assinalarás muitas vozes, em torno de ti, referindo-se, no entanto, se no imo do próprio ser não tens necessidade de sofrer por algum entre amado, muito pouco perceberás acerca de calma e tolerância.
Exaltarás o amor, a bondade, a paz e a união, mas se nas profundezas do espírito não sentires, algum dia, o sofrimento a ensinar-te o valor da nota de consolação sobre a dor de que te lamentas; a significação da migalha de socorro que outrem te estenda em teus dias de carência material; a importância da desculpa de alguém a essa ou àquela falta que cometeste e o poder do gesto de pacificação da parte de algum amigo que te restituiu a harmonia, em tuas próprias vivências, ignorarás realmente o que sejam entendimento e generosidade, perdão e segurança íntima.
Seja qual a dificuldade em que te vejas, abstém de carregar o fardo das aflições e das
perguntas sem remédio.
Penetra no silêncio da própria alma, escuta os pensamentos que te nascem do próprio ser e reconhecerás que a solução da vida surgirá de ti mesmo.

***
Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)

A LIÇÃO DA ESPADA



“Não cuideis que vim trazer a paz à terra..." - JESUS. (Mateus, 10:34.)


"Não vim trazer a paz, mas a espada" - disse-nos o Senhor.
E muitos aprendizes prevalecem-se da feição literal de Sua palavra, para entender a sombra e a perturbação.
Valendo-se-lhe do conceito, companheiros inúmeros consagram-se ao azedume no lar, conturbando os próprios familiares, em razão de lhes imporem modos de crer e pontos de vista, vergastando-lhes o entendimento, ao invés de ajudá-los na plantação da fé viva quando não se desmandam em discussões e conflitos, polemizando sem proveito ou acusando indebitamente a todos aqueles que lhes não comunguem a cartilha de violência e de crueldade.
O mundo, até a época do Cristo, legalizara a prepotência do ódio e da ignorância, mantendo-lhe a terrível dominação, através da espada mortífera da guerra e do cativeiro, em sanguinolentas devastações.
A realeza do homem era a tirania revestida de ouro, arruinando e oprimindo onde estendesse as garras destruidoras.
Com Jesus, no entanto, a espada é diferente.
Voltada para o seio da terra, representa a cruz em que Ele mesmo prestou o testemunho supremo do sacrifício e da morte pelo bem de todos.
É por isso que seu exemplo não justifica os instintos desenfreados de quantos pretendem ferir ou guerrear em Seu nome.
A disciplina e a humildade, o amor e a renúncia marcam-lhe as atitudes em todos os passos da senda.
Flagelado e esquecido, entre o escárnio e a calúnia, o perdão espontâneo flui-lhe, incessante, da alma, para somente retribuir benção por maldição, luz por treva, bem por mal.
Assim, se recebeste a espada simbólica que o Mestre nos trouxe à vida, lembra-te de que a batalha instituída pela lição do Senhor permanece viva e rija, dentro de nós, a fim de que, ensarilhando sobre o pretérito a espada de nossa antiga insensatez, venhamos a convertêla na cruz redentora, em que combateremos os inimigos de nossa paz, ocultos em nosso próprio "eu", em forma de orgulho e intemperança, egoísmo e animalidade, consumindo-se ao preço de nossa própria consagração à felicidade dos outros, única estrada suscetível de conduzir-nos ao império definitivo da Grande Luz.

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Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz


Compilado por: r.s.durant dart

SERES AMADOS




"Aquele que ama a seu irmão permanece na luz e nele não há nenhum tropeço".
(I João 2:10.)

Os seres que amamos!... Com que enternecimento desejaríamos situá-los nos mais elevados planos do mundo!... Se possível, obteríamos para cada um deles um nicho de santidade ou um título de herói!...
Entretanto, qual ocorre a nós mesmos, são eles seres humanos, matriculados no educandário da vida. E nos círculos das experiências em que se debatem, como nos acontece, erram e acertam, avançam na estrada ou se interrompem para pensar, solicitandonos apoio e compreensão.
Assim como estamos em luta a fim de sermos, um dia o que devemos ser, aprendamos a amá-los como são, na certeza de que precisam, tanto quanto nós, de auxílio e encorajamento para a necessária ascensão espiritual.
Todos somos viajores do Universo com encontro marcado numa só estação de destino – a perfeição, na imortalidade. A face disso, e levando em consideração que nos achamos individualmente em marcos diferentes da estrada, se queremos auxiliar aqueles a quem amamos, e abençoá-los com nosso afeto, cultivemos, à frente deles, a coragem de compreender e a paciência de esperar.

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Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)

NO MUNDO AFETIVO



"Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos amar uns aos outros".
                   JOÃO (I João, 4:11.)

Reprovamos a violência e clamamos contra a violência; no entanto, na vida de relação, muito raramente nos acomodamos sem ela, quando se trate de nossos caprichos.
Muito comum, principalmente quando amamos alguém, exigimos que esse alguém se nos condicione ao modo de ser.
Se os entes queridos não nos compartilham gostos e opiniões, eis-nos irritadiços ou estomagados, reclamando contra a vida; todavia, a paz da alma requisita compreensão e a compreensão conhecem que cada um de nós tem a sua área própria de interesse e de ideais.
A Natureza é um mostruário dos recursos polimórficos com que a Sabedoria Divina plasmou a Criação.
Todas as flores são flores, mas o gerânio não tem as características do cravo e nem a rosa as da violeta.
Todos os frutos são frutos, mas a laranja não guarda semelhança com a pêra. Além disso, cada flor tem o seu perfume original, tanto quanto cada fruto não amadurece fora da época prevista.
Assim, também, as criaturas.
Cada pessoa respira em faixa diversa de evolução.
Junto nos detenhamos na companhia daqueles que sentem e pensam como nós, usufruindo os valores da afinidade: entretanto, sempre que amarmos alguém que comunga a onda de nossas idéias e emoções, abstenhamo-nos de lhe violentar a cabeça com os moldes em que se nos padroniza a vida espiritual.
Deus não dá cópias.
Cada criatura vive em determinado plano da criação, segundo as leis do criador.
Amparemos-nos para que em nosso setor de ação pessoal venhamos a ser nós mesmos.
Respeitemo-nos mutuamente e ajudemo-nos a ser uns para os outros o que o Supremo
Senhor espera que nós sejamos:
 - uma benção.

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Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)

DESCULPAR



"Jesus lhe disse: Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete"
(Mateus, 18:22.)


Atende ao dever da desculpa infatigável diante de todas as vitimas do mal para que a vitória do bem não se faça tardia.
Decerto que o mal contará com os empreiteiros que a Lei do Senhor julgará no momento oportuno, entretanto, em nossa feição de criaturas igualmente imperfeitas, suscetíveis de acolher-lhe a influência, vale perdoar sem condição e sem preço, para que o poder de semelhantes intérpretes da sombra se reduza até a integral extinção.
Recorda que acima da crueldade encontramos, junto de nós a ignorância e o infortúnio que nos cabe socorrer cada dia.
Quem poderá, com os olhos do corpo físico, medir a extensão da treva sobre as mãos que se envolvem no espinheiral do crime? Quem, na sombra terrestre, distinguirá toda a percentagem de dor e necessidade que produz o desespero e a revolta.
Dispõe-te a desculpar hoje, infinitamente, para que amanhã sejas também desculpado.
Observa o quadro em que respiras e reconhecerás que a natureza é pródiga de lições no capítulo da bondade.
O sol releva, generoso, o monturo que o injuria, convertendo-o sem alarde em recurso
fertilizante.
O odor miasmático do pântano, para aquele que entende as angústias da gleba, não será mensagem de podridão, mas sim rogativa comovente, para que se lhe dê a benção do reajuste, de modo a transformar-se em terra produtiva.
Tudo na vida roga entendimento e caridade para que a caridade e o entendimento nos
orientem as horas.
Não olvides que a própria noite na terra uma pausa de esquecimento para que aprendemos a ciência do recomeço, em cada alvorada nova.
"Faze a outrem aquilo que desejas te seja feito"
- advertiu-nos o Amigo Excelso.
E somente na desculpa incessante de nossas faltas recíprocas, com o amparo do silêncio e com a força de humildade, é que atingiremos, em passo definitivo, o reino do eterno bem com a ausência de todo mal.

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Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita​)
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CARIDADE DO ENTENDIMENTO



"Agora, pois, permanecem estas três, a fé, a esperança e a caridade;
porém, a maior destas é a caridade". - PAULO (I Corintíos, 13:13.)


Na sustentação do progresso espiritual precisamos tanto da caridade quanto do ar que nos assegura o equilíbrio orgânico.
Lembra-te de que a interdependência é o regime instituído por Deus para a estabilidade de todo o Universo e não olvides a compreensão que devemos as todas as criaturas.
Compreensão que se exprima, através de tolerância e bondade incessantes, na sadia convicção de que ajudando aos outros é que poderemos encontrar o auxílio indispensável à própria segurança.
À frente de qualquer problema complexo naqueles que te rodeiam, recorda que não seria justa a imposição de teus pontos de vista para que se orientem na estrada que lhes é própria
O criador não dá cópias e cada coração obedece a sistema particular de impulsos evolutivos.
Só o amor é o clima adequado ao entrelaçamento de todos os seres da Criação e somente através dele integrar-nos-emos na sintonia excelsa da vida.
Guarda, em todas as fases do caminho, a caridade que identifica a presença do Senhor nos caminhos alheios, respeitando-lhes a configuração com que se apresentam.
Não te esqueças de que ninguém é ignorante porque o deseje e, estendendo fraternos braços aos que respiram atribulados na sombra, diminuirás a penúria que se extinguirá, por fim, no mundo, quando cada consciência ajustar-se à obrigação de servir sem mágoa e sem reclamar é que permaneceremos felizes na ascensão para Deus.

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Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Ceifa de Luz


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)

domingo, 20 de julho de 2014

VERSÃO MODERNA




E, respondendo ao companheiro que lhe havia solicitado a tradução do Sermão do Monte, em linguagem moderna, o velhinho amigo deteve-se no capítulo cinco do Apóstolo Mateus, e falou, com voz cheia e vibrante :
– Bem-aventurados os pobres de ambições escuras, de sonhos vãos, de projetos vazios e de ilusões desvairadas, que vivem construindo o bem com o pouco que possuem, ajudando em silêncio, sem a mania da glorificação pessoal, atentos à vontade do Senhor e distraídos das exigências da personalidade, porque viverão sem novos débitos, no rumo do Céu que lhes abrirá as portas de ouro, segundo os ditames sublimes da evolução.
Bem-aventurados os que sabem esperar e chorar, sem reclamação e sem gritaria, suportando a maledicência e o sarcasmo, sem ódio, compreendendo nos adversários e nas circunstâncias que os ferem abençoados aguilhões do socorro divino, a impeli-los para diante, na jornada redentora, porque realmente serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, os delicados e os gentis que sabem viver sem provocar antipatias e descontentamentos, mantendo os pontos de vista que lhes são peculiares, conferindo, porém, ao próximo, o mesmo direito de pensar, opinar e experimentar de que se sentem detentores, porque, respeitando cada pessoa, cada coisa em seu lugar, tempo e condição, equilibram o corpo e a alma no seio da harmonia, herdando longa permanência e valiosas lições na Terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, aguardando o pronunciamento do Senhor, através dos acontecimentos inelutáveis da vida, sem querelas nos tribunais e sem papelórios perturbadores que somente aprofundam as chagas da aflição e aniquilam o tempo, trabalhando e aprendendo sempre com os ensinamentos vivos do mundo, porque, efetivamente, um dia serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, que se compadecem dos justos e dos injustos, dos ricos e dos pobres, dos bons e dos maus, entendendo que não existem criaturas sem problemas, sempre dispostos à obra de auxílio fraterno a todos, porque, no dia de visitarão da luta e da dificuldade, receberão o apoio e a colaboração de que necessitem.
Bem-aventurados os limpos de coração que projetam a claridade de seus intentos puros sobre todas as situações e sobre todas as coisas, porque encontrarão a "parte melhor" da vida, em todos os lugares, conseguindo penetrar a grandeza dos propósitos divinos.
Bem-aventurados os pacificadores que toleram sem mágoa os pequenos sacrifícios de cada dia, em favor da felicidade de todos, e que nunca atiram o incêndio da discórdia com a lenha da injúria ou da rebelião, porque serão considerados filhos obedientes de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem a perseguição ou a incompreensão, por amor à solidariedade, à ordem, ao progresso e à paz, reconhecendo, acima da epiderme sensível, os flagrados interesses da Humanidade, servindo sem cessar ao engrandecimento do espírito comum, porque, assim, se habilitam à transferência justa para as atividades do Plano Superior.
Bem-aventurados todos os que forem dilacerados e contundidos pela mentira e pela calúnia, por amor ao ministério santificante do Cristo, fustigados diariamente pela reação das trevas, mas agindo valorosos, com paciência, firmeza e bondade pela vitória do Senhor, porque se candidatam, desse modo, à coroa triunfante dos profetas celestiais e do próprio Mestre que não encontrou, entre os homens, senão a cruz pesada, antes da gloriosa ressurreição.
A essa altura, o iluminado pregador passeou o olhar percuciente e límpido pelo nosso grupo e, finda ligeira pausa, fixou nos lábios amplo e belo sorriso, rematando ,serenamente:
– Rejubilem-se, cada vez mais, quantos estiverem nessas condições, porque, hoje e amanhã, são bem-aventurados na Terra e nos Céus...
Em seguida, retomou o passo leve para a frente, deixando-nos na estranha, quietude e na indagação oculta de quem se dispõe a pensar.

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Espírito: Irmão X
Médium: Chico Xavier
Livro: Cartas e Crônicas


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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