O Arrebol Espírita

quarta-feira, 28 de maio de 2014

TERCEIRO MILÊNIO E O FUTURO


É verdade que a Terra passa de um mundo de expiações para um mundo de regeneração, e que este mundo praticamente começaria junto com a virada do milênio ?
E ainda, que muitos dos Espíritos que hoje desencarnam, se não tiverem seu campo vibratório em sintonia com esse novo mundo que se aproxima (regeneração), somente poderão reencarnar em outros planetas ainda em expiação?
Sim, a Terra passa por um processo acelerado de transformação. Suspeita-se que a profunda crise humana, chamada pelos Profetas de “A grande tribulação”, esteja se aproximando do nosso tempo. Não há uma época específica para o ponto crítico dessa crise e o próprio Jesus afirmou que só Deus saberia o dia exato que isso aconteceria.
Disse, no entanto, que por determinados sinais seus seguidores poderiam reconhecê-la.
Veja mais detalhes nas Escrituras, Evangelho Segundo Mateus, capítulos 24 e 25.
Quanto aos Espíritos que desencarnam, se não tiverem condições para viver numa sociedade de regeneração, certamente serão levados para outros mundos, conforme seu próprio grau evolutivo. Claro, isso acontecerá num tempo específico. Só em períodos distintos existem migrações de Espíritos humanos para outros orbes.
O Espiritismo acredita que, no futuro o homem poderá viajar no tempo? É possível que um Espírito que viveu no século XX reencarne em um século anterior? O que o mundo espiritual nos fala dessa relação espaço-tempo?
O fundamento das encarnações é o progresso do Espírito como ser imortal. Só existe o presente. O passado é o passado e não existe mais, a não ser na memória da criatura que viveu a experiência. Serve apenas como aprendizado para o Espírito, pois permanece gravado em seu patrimônio espiritual. O mundo material também progride, juntamente com o progresso de seus habitantes. O que ontem era novidade, hoje não é mais. Portanto, o século passado, como o próprio nome diz, passou. Não ocupa lugar algum do passado como costumamos ver nos filmes de ficção. Tudo é dinamismo na natureza e as mudanças são necessárias para o aperfeiçoamento das duas grandezas da criação: a matéria e o Espírito.
Um ser humano clonado teria Espírito?
Todo ser vivo é portador do princípio espiritual e o homem, que é a mais alta expressão da Divindade, é Espírito imortal criado por Ele para manifestar Seu poder no Universo. Portanto, se um dia for dado ao homem clonar homens (coisa pouco provável), é claro o clonado teria Espírito. Entretanto seriam individualidades diferentes.

***
Por: Hélio Marcos Junior
Mensagens, Ensinamentos e Preces da Doutrina Espírita



terça-feira, 27 de maio de 2014

CHICO XAVIER - O Arrebol Espírita


Anotaremos, a seguir, uma narrativa da alma querida, Chico Xavier, sobre o seu primeiro trabalho mediúnico:

“Tinha eu dezessete anos em 1927 quando, na noite de 8 de julho do referido ano, em uma reunião de preces, escutei, através de uma senhora presente, D. Carmem Penna Perácio, já falecida, a recomendação de um amigo espiritual aconselhando-me a tomar papel e lápis a fim de escrever mediunicamente. Eu não possuía conhecimento algum do assunto em que estava entrando, mesmo porque ali comparecia acompanhando uma irmã doente que recorria aos passes curativos daquele círculo íntimo, formado por pessoas dignas e humildes, todas elas de meu conhecimento pessoal. Do ponto de vista espiritual, apesar de muito jovem, era fervoroso católico que me confessava e recebia a Sagrada Comunhão, desde 1917, aos sete janeiros de idade.
Ignorando se me achava transgredindo algum preceito da igreja, que eu considerava minha mãe espiritual, tomei o lápis que um amigo me estendera com algumas folhas de papel em branco e meu braço, qual se estivesse desligado de meu corpo, passou a escrever, sob os meus olhos cerrados, certa mensagem que nos exortava a trabalhar, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. A mensagem era constituída de dezessete páginas e veio assinada por um mensageiro que se declarava ‘Um amigo espiritual’, que somente conheceria depois. Nenhuma das pessoas presentes se interessou em conservar o comunicado, inclusive eu mesmo, pois nenhum de nós, os companheiros que formavam o círculo de orações, poderia prever que a tarefa de escrever mediunicamente se desdobraria para mim, através de vários decênios.
No dia seguinte, após a missa da manhã, procurei o Padre Sebastião Scarzelli, que era meu confessor e protetor, e contei-lhe o sucedido, pedindo-lhe me aconselhasse quanto ao que me caberia fazer. Ele era um padre moço, creio que de origem italiana. O querido sacerdote, que muitas vezes fora o meu apoio nas dificuldades psicológicas e mediúnicas, que eu periodicamente atravessava, me falou com bondade que ele mesmo nunca lera livros espíritas, mas, se eu me sentia bem no círculo de preces a que comparecia, seria justo buscar a paz que me faltava, já que o nome de Jesus presidia aquele grupo de pessoas honestas e ainda me afirmou que eu poderia freqüentá-lo, mas lembrando a minha devoção a Nossa Senhora, pois ele acredita a que a nossa Mãe Santíssima intercederia em meu beneficio em qualquer circunstância. Depois desse entendimento, não mais vi o Padre Scarzelli, que fora removido para a cidade de Joinville, no Estado de Santa Catarina, onde faleceu, há poucos anos, na condição de monsenhor e onde se pode ver a obra imensa de benemerência que realizou em favor da comunidade.
Sem a presença daquele apóstolo do Bem, dediquei-me ao grupo espírita, com a mesma fé com a qual comparecia às atividades católicas.
Tudo seguia em ordem, quando na noite de 10 de julho referido, dois dias depois de haver recebido a primeira mensagem, quando eu fazia as orações da noite, vi o meu quarto pobre se iluminar, de repente. As paredes refletiam a luz de um prateado lilás.
Eu estava de joelhos, conforme os meus hábitos católicos, e descerrei os olhos, tentando ver o que se passava. Vi, então, perto de mim uma senhora de admirável presença, que irradiava a luz que se espraiava pelo quarto. Tentei levantar-me para demonstrar-lhe respeito e cortesia, mas não consegui permanecer de pé e dobrei, involuntariamente, os joelhos diante dela. A dama iluminada fitou uma imagem de Nossa Senhora do Pilar que eu mantinha em meu quarto e, em seguida, falou em castelhano que eu compreendi, embora sabendo que eu ignorava o idioma, em que ela facilmente se expressava:
– Francisco – disse-me pausadamente – em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, venho solicitar o seu auxílio em favor dos pobres, nossos irmãos.
A emoção me possuía a alma toda, mas pude perguntar-lhe, embora as lágrimas que me cobriam o rosto:
– Senhora, quem sois vós? Ela me respondeu:
– Você não se lembra agora de mim, no entanto eu sou Isabel, Isabel de Aragão.
Eu não conhecia senhora alguma que tivesse este nome e estranhei o que ela dizia, entretanto uma força interior me continha e calei qualquer comentário, em torno de minha ignorância. Mas o diálogo estava iniciando e indaguei:
– Senhora, sou pobre e nada tenho para dar. Que auxílio poderei prestar aos mais pobres do que eu mesmo?
Ela disse:
– Você nos auxiliará a repartir pães com os necessitados.
Clamei com pesar:
– Senhora, quase sempre não tenho pão para mim. Como poderei repartir pães com os outros?
A dama sorriu e me esclareceu:
– Chegará o tempo em que você disporá de recursos. Você vai escrever para as nossas gentes peninsulares e, trabalhando por Jesus, não poderá receber vantagem material alguma pelas páginas que você produzir, mas vamos providenciar para que os Mensageiros do Bem lhe tragam recursos para iniciar a tarefa. Confiemos na Bondade do Senhor.
Em seguida a estas palavras que anotei em 1927, a dama se afastou deixando o meu quarto em pleno escuro. Chorei sob emoção para mim inexplicável até o amanhecer do dia imediato. Não tinha mais o Padre Scarzelli para consultar e notei que os meus novos companheiros não poderiam me auxiliar, porque eu não sabia o que vinha a ser a expressão “gentes peninsulares” ouvidas por mim; quanto a estas duas palavras, nenhum deles conseguiu fornecer qualquer explicação. Sentindo-me a sós com a lembrança da inesquecível visão, passei a orar, todas as noites, pedindo a Nossa Senhora para que alguém me socorresse com as informações que eu julgava precisas.
Duas semanas após a ocorrência, estando eu nas preces da noite, apareceu-me um senhor vestido em roupa branca que, por intuição, notei tratar-se de um sacerdote.
Saudei-o com muito respeito e ele me respondeu com bondade, explicando-se:
– Irmão Francisco, fui no século XIV um dos confessores da Rainha Santa, D. Isabel de Aragão, que se fez esposa do Rei de Portugal, D. Dinis. Ela desenvolveu elevadas iniciativas de beneficência e instrução nos dois reinos que formam a Península, conhecida na Europa, e voltou ao Mundo Espiritual em 4 de julho de 1336.
Desde então, ela protege todas as obras de caridade e educação na Espanha e Portugal. Foi ela que o visitou, há alguns dias, nas preces da noite, e prometeu-lhe assistência. Ela me recomenda dizer-lhe que não lhe faltarão recursos para a distribuição de pães com os necessitados. Meu nome em 1336 era Fernão Mendes.
Confiemos em Jesus e trabalhemos na sementeira do bem.
Fiquei calado porque tinha um nó na garganta.
O padre retirou-se, e senti a premência do que desejava a nobre senhora, que eu não sabia ter sido, na Terra, tão amada e tão ilustre Rainha. No primeiro sábado que se seguiu às ocorrências que descrevo, fui com minha irmã Luíza (atualmente desencarnada) até uma ponte muito pobre, até hoje existente e reformada, na cidade Pedro Leopoldo, Minas, onde nasci, conduzindo um pequeno cesto com oito pães. Ali estavam refugiados alguns indigentes; parti os pães, a fim de que cada um tivesse um pedaço, e assim foi iniciado o nosso serviço de assistência que perdura até hoje.”

***
Autor: Carlos Alberto Braga Costa
Livro: Chico Diálogos e Recordações


sábado, 24 de maio de 2014

PÃO, OURO E AMOR



Aquele diz: - "Isto é meu".
Outro afirma: - "Guardo o que me pertence".
Entretanto, só Deus é o legítimo Senhor de Tudo.

Rejubilas-te com a nutrição...
Contudo foi Ele quem promoveu a sustentação da semente para que a semente, convertida em pão, te assegure o equilíbrio.

Orgulhas-te do dinheiro que te garante a aquisição das utilidades imprescindíveis à segurança e ao conforto...
No entanto, foi Ele, quem te angariou indiretamente os recursos preciosos para que te
não faltassem saúde e raciocínio, disposição e inteligência na tarefa em que te sorri a fortuna.

Regozijas-te com o lar...
Todavia, foi Ele quem te situou nos braços maternais que te acalentaram os vagidos primeiros, aproximando-te dos afetos que te enriquecem os dias...

Lembra-te de Deus, o Todo Misericordioso que nos confia os tesouros da existência, a fim de que aprendamos a buscar-Lhe o Paterno Seio...
E reparte com teu irmão do caminho os talentos que Ele te empresta, na certeza de que somente ao preço da fraternidade infatigável e pura, subirás para a Glória Divina, em que Deus te reserva a imortalidade da vida entre as fulgurações da Sabedoria Imperecível e as bênçãos do Amor Eterno.

***
Espírito: Scheilla
Médium: Chico Xavier
Livro: Caridade


NA JORNADA DA LUZ


No caminho de fé viva,
Sob a luz que nos governa,
Não deixes de entesourar
As bênçãos da vida eterna.

Toda fortuna terrena
Em grandes teres e bens
Começa devagarinho
Em diminutos vinténs.

Assim também, vida afora,
As graças e os dons divinos
Principiam levemente
Nos serviços pequeninos.

Um sorriso de bondade,
No espinheiro da aflição,
Descobre fontes sublimes
De paz e consolação.

Uma gota de remédio,
Um bolo, um caldo, uma flor,
No capo da Humanidade,
São sementeiras de amor.

Um livro que nos melhore
E nos ensine a pensar
É luz acessa, brilhando
No rumo do Eterno Lar.

Uma visita fraterna
Que reconforte e que ajude
Faz milagres de esperança
E estímulos de saúde.

Um gesto de caridade
Apaga muitas feridas.
Um minuto de Evangelho
Pode salvar muitas vidas.

O silencio generoso
Da desculpa de um momento
Pode evitar muitos anos
De conflitos e sofrimento.

De gota d'água o ribeiro
É a doce e clara união.
De segundos faz-se o tempo.
De migalhas faz-se o pão.

Quem se propõe atingir
Virtude, glória e beleza,
Encete a romagem santa
Na pequena gentileza.

Se pretendes alcançar
Os sóis da Excelsa Alegria,
Aprende a galgar, amando,
Os degraus de cada dia.
***
Espírito: Casimiro Cunha
Médium: Chico Xavier
Livro: Caridade


O TALENTO ESQUECIDO



No mercado da vida, observamos os talentos da Providência Divina fulgurando na experiência humana, dentro das mais variadas expressões. Talentos da riqueza material, da intelectualidade brilhante, da beleza física, dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do brilho social e domestico, do poder e da popularidade.
Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas, agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre aqueles que as procuram.

Há, porém, um talento de luz acessível a todos. Brilha entre ricos e pobres, cultos e incultos. Aparece em toda parte. Salienta-se em todos os ângulos da luta. Destaca-se em todos os climas e sugere engrandecimento em todos os lugares.
É o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o mesmo, na corrente viva e incessante das horas.
É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao circulo da maledicência, de fortalecer com um sorriso o animo abatido do companheiro desesperado, de alinhavar
uma frase amiga que enterneça os maus a se sentirem menos duros e que auxilie aos bons a se revelarem sempre melhores, de prestar um serviço insignificante ao vizinho, plantando o pomar da gratidão e da amizade, de cultivar algum trato anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhã fale sem palavras de nossas elevadas intenções.

Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.
Com as horas os santos construíram a santidade e os sábios amealharam a sabedoria.
É com o talento esquecido das horas que edificaremos o nosso caminho, no rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação silenciosa com o mestre que, atendendo compassivamente às necessidades de todos os aprendizes, prometeu, com amor, não
somente demorar-se conosco até ao fim dos séculos terrestres, mas também asseverou, com justiça, que receberemos individualmente na vida, de acordo com as nossas próprias obras.

***
Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Caridade


ESPERANÇA DOS CÉUS




Há choro dentro da noite...
É o doloroso gemido
De pobre recém-nascido
Que não encontra lugar...

Mãos insensíveis sufocam
Pequenina flor humana...
É o aborto, em lide insana,
Ferindo a Lei sem pensar.

Ah! Quantas almas formosas,
Nos planos em que me movo,
Sonhando nascer de novo,
No entanto, rogam em vão...

Agasalham-se no amor,
Mas, em lágrimas convulsas,
Ei-las batidas e expulsas
A golpes de ingratidão.

Irmãos da Terra, escutar!...
Detende a marcha do aborto,
Estendei vosso conforto
Aos companheiros do Além!...

Cada criança que surge,
Mesmo entre rudes labéus,
É uma esperança dos Céus
Para a vitória do Bem.

***
Espírito: Maria Dolores
Médium: Chico Xavier
Livro: Caridade



O DIA COMEÇA AO AMANHECER



Compadece-te da criança que segue a teu lado.

O dia começa ao amanhecer.
Pai, mãe, irmão ou amigo, ampara-lhe a vida, com o teu próprio coração, se pretendes
alcançar a Terra Melhor.

Lembra-te das vozes amigas que te induziram ao bem, das mãos que te guiaram para
o trabalho e para o conhecimento.

Por que não amparar, ainda hoje, aqueles que serão, amanhã, os orientadores do mundo?

Em pleno santuário da natureza, quantas árvores generosas são asfixiadas no berço?
Quanta colheita prematuramente morta pelos vermes da crueldade?
A vida é também um campo divino, onde a infância é a germinação da Humanidade.

Já meditaste nas esperanças aniquiladas ao alvorecer? Já refletiste nas flores estranguladas pelas pedras do sofrimento, ante o sublime esplendor da aurora?
Provavelmente dirás: "Como impedirei o sofrimento de milhares?"
Ninguém te pede, porém, para que te convertes num salvador apressado, carregado de ouro e poder.
Basta que abras o coração com a chave da bondade, m favo dos meninos de agora, para que os homens do futuro te bendigam.

Quando a escola estiver brilhando em todas as regiões e quando cada lar de uma cidade puder acolher uma criança perdida – ninho abençoado a descerrar-se, aconchegante, para a ave estrangeira – teremos realmente alcançado, com Jesus, o trabalho fundamental da construção do Reino de Deus.

***
Espírito: Meimei
Médium: Chico Xavier
Livro: Caridade


QUANTO MAIS


Abençoai sempre as vossas dificuldades e não as lastimeis, considerando que Deus nos concede sempre o melhor e o melhor tendes obtido constantemente com a possibilidade de serdes mais úteis.

Quanto mais auxiliardes aos outros, mais amplo auxilio recebereis da Vida Mais Alta.

Quanto mais tolerardes os contratempos do mundo, mais amparados sereis nas emergências da vida, em que permaneceis buscando paz e progresso, elevação e luz.

Quanto mais liberdade concederdes aos vossos entes amados, permitindo que eles vivam a existência que escolheram, mais livres estareis para obedecer a Jesus, construindo a vossa própria felicidade.

Quanto mais compreenderdes os que vos partilham os caminhos humanos, mais respeitados vos encontrareis de vez que, quanto mais doardes do que sois em beneficio alheio, mais ampla cobertura de amparo do Senhor assegurará a tranqüilidade em vossos passos.

Continuemos buscando Jesus em todos os irmãos da Terra, mas especialmente naqueles que sofrem problemas e dificuldades maiores que os nossos obstáculos, socorrendo e servindo e sempre mais felizes nos encontraremos sob as bênçãos dele, nosso Mestre e Senhor.

***
Espírito: Bezerra de Menezes
Médium: Chico Xavier
Livro: Caridade


ANTE O PRÓXIMO




Quando as circunstâncias nos ofereçam incompreensões ou acusações, em torno do próximo, busquemos examinar acontecimentos e pessoas com os olhos do Cristo.
Imaginemo-nos de posse do senso divino, sem perder a noção de nossa reconhecida pequenez e a incomensurável grandeza daquele a quem nomeamos por nosso Mestre e Senhor.

Como teria visto Jesus a estreita espiritualidade do seu tempo, senão por gleba inculta
que lhe cabia arrotear e semear? Como teria apreciado as criticas que lhe acompanharam a obra a não ser por tumulto necessário de opiniões, a fim de que a verdade prevalecesse? Fossem quais fossem as crises, jamais pedia o mais alto padrão de serenidade, aproveitando o tempo para construir e situando no futuro a concretização dos seus luminosos objetivos.

Muitos viam em Zaqueu o avarento incorrigível; ele, no entanto, nele identificou o homem rico de nobre coração, capaz de transfigurar a riqueza em trabalho e beneficência. Em Bartolomeu, a multidão enxergava o infortúnio de um cego; ele anotou os obstáculos de um doente, suscetível de ser curado para glorificar a Bondade de Deus.
Em Maria de Magdala, cuja personalidade apresentava a mulher obsidiada pó sete Espíritos infelizes, reconheceu a criatura decidida a renovar-se e que lhe seria, mais tarde, a mensageira da própria ressurreição. Em Pedro, que o povo definia pó discípulo frágil, a ponto de negá-lo três vezes, descobriu o amigo sincero que, convenientemente amadurecido na fé, lhe presidiria o apostolado em formação.

Múltiplos os óbices que se agigantam no caminho da fé, mas não permitas que eles te
venham conduzir ao desanimo ou à negação. Procura enumerá-los por fora, com as pupilas de Jesus, e encontrarás sublime compreensão e balsamizar-te por dentro. Feito isso, registraremos dificuldades e aflições, desgostos e contratempos, não ao modo de barreiras intransponíveis na senda de elevação espiritual e sim reconhecê-los-emos por necessidades justas e inevitáveis do campo de serviço em que fomos chamados a produzir, no bem da Humanidade e de nós mesmos, aí trabalhando e abençoando como Jesus abençoou e trabalhou.

***
Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Caridade


EM VIAGEM



A existência terrestre é uma viagem educativa.
Começa na meninice, avança pelos caminhos claros da plenitude física e altera-se na noite da enfermidade ou da velhice, para renovar-se, além da morte.
Repara, pois, como segues.

Não te agarres aos bens materiais, senão no estritamente necessário para que te faças valioso irmão no concurso aos companheiros de jornada e útil a ti mesmo.

Há muitos viajores que sucumbem na caminhada sob pesados madeiros de ouro a que
se junguem, desorientados.

Não reclames devotamento do próximo, e, sim, ama e auxilia a todos os que se aproximem de ti, para que o teu amor não desça do Alto aos tenebrosos despenhadeiros do exclusivismo.

Muitos peregrinos enlouquecem o coração no mel envenenado das afeições doentias e
demoram-se longos séculos na corrente viscosa do charco

Não prossigas viagem guardando ressentimento, para que não aconteça te prendas impensadamente aos labirintos do ódio.

Muitos viajantes, a pretexto de fazerem justiça, tombam, insensatos, em escuras armadilhas da crueldade e da intriga, com incalculáveis prejuízos no tempo.

Recorda que iniciaste a excursão terrestre sem qualquer patrimônio e encontraste carinhosos braços de mãe que te embalaram, amparando-te, em nome do Eterno.

Lembra-te que nada possuis, à frente do Pai Celestial, senão tua própria alma e, por isso mesmo, soem tua alma amealharas o tesouro que a ferrugem não consome e que as traças não roem.

Prazer e dor, simplicidade e complexidade, escassez e abastança, beleza da forma ou tortura do corpo físico, são simplesmente lições.

O caminho do mundo que atravessas cada dia, é apenas escola.

Teus afetos mais doces são companheiros com tarefas diferentes das tuas.

Segue sem imposição, sem preguiça, sem queixa e sem exigência.

O corpo é o teu veiculo santo.
Não lhe conspurques a harmonia.

A experiência tua instrutora.
Não lhe menosprezes o ensinamento.

O próximo de qualquer procedência é teu irmão.
Não o abandones.

O tempo é o empréstimo divino que recebeste do Céu, para a edificante peregrinação.
Valoriza-o com o teu aprimoramento no amor e na sabedoria.

E aceitando Jesus por mestre, em teus passos de cada hora, guarda a certeza de que,
em breve, atingiras a alegria do sublime retorno ao Divino Lar.

***
Espírito: Espíritos Diversos
Médium: Chico Xavier
Livro: Caridade


A CRIANÇA

 

 Levantará o homem o próprio ninho à plena altura, estagiando no topo dos gigantescos edifícios de cimento armado...
 Escalará o fastígio da ciência, povoando o espaço de ondas múltiplas, incessantemente convertidas em mensagens de sons e cor.
 Voará em palácios aéreos, cruzando os céus com a rapidez do raio...
 Elevar-se-á sobre torres poderosas, estudando a natureza e o movimento dos astros...
 Erguer-se-á, vitorioso, aos cimos da cultura intelectual, especulando sobre a essência do Universo...
 Entretanto, se não descer, repleto de amor, para auxiliar a criança, no chão do mundo, debalde esperará pela Humanidade Melhor.
 Na infância, surge, renovado, o germe da perfeição, tanto quanto na alvorada recomeça o fulgor do dia.
 Estende os braços generosos e ampara os pequeninos que te rodeiam.
 Livra-os, hoje, da ignorância e da penúria, da preguiça e da crueldade, para que, amanhã, saibam livrar-se do crime e do sofrimento.
 Filha de tua carne ou rebento do lar alheio, cada criança é vida de tua vida.
 Aprende a descer para ajudá-la, como Jesus desceu até nós para redimir-nos.
 Sem a recuperação da infância para a glória do bem, todo o progresso humano continuará oscilando nos espinheiros da ilusão e do mal.
 Não olvides que, ao pé de cada berço, Deus nos permite encontrar o próprio futuro.
 De nós depende fazê-lo trilho perigoso para a descida à sombra ou estrada sublime para a ascensão à luz.

***
Espírito Emmanuel



A CRIANÇA

O coração da criança
E como um lírio de luz.
Cultiva essa flor sagrada
Para o jardim de Jesus.

No recomeço da vida
O amor pode trabalhar,
Renovancìo os sentimentos
No tempìo de luz do lar.

Dispensa à infância o carinho
Da tua compreensão,
Concìuzindo-a para o Cristo
Modelo do coração.

Cessada a infância, que é dia
De luz e espontaneidade,
As almas voltam, de novo,
Às lutas da humanidade.

Educa os teus pequeninos.
Quem não aprende do amor
Recebe a lição amarga
Da experiência da dor.

***
Espírito: Casimiro Cunha
Médium: Chico Xavier
Livro: Cartas do Evangelho


 

DESABAFO DE UMA CRIANÇA

 



Não tenham medo de serem firmes comigo.
Prefiro assim.
Isso faz que eu me sinta mais seguro.
Sei que não devo ter tudo que eu quero.
Só estou experimentando vocês.
Não deixem que eu adquira maus hábitos.
Dependo de vocês para saber o que é certo ou errado.
Não me corrijam com raiva e nem na presença de estranhos.
Aprenderei muito mais se me falarem com calma e em particular.
Não me protejam das conseqüências dos meus erros.
Às vezes eu prefiro aprender pelo caminho mais áspero.
Não levem muito a sério as minhas pequenas dores.
Necessito delas para obter atenção que desejo.
Não sejam irritantes ao me corrigir.
Pois eu poderei fazer o contrário do que me pedem.
Não me façam promessas que não poderão cumprir.
Isto me deixará profundamente desapontado.
Não ponham a prova a minha honestidade.
Digo mentiras facilmente.
Não me mostrem um Deus carrancudo e vingativo.
Isto me afastará dele.
Não desconversem quando faço perguntas.
Senão eu procurarei na rua as respostas que não tive em casa.
Não se mostrem para mim com pessoas perfeitas e infalíveis.
Ficarei muito chocado quando descobrir um erro de vocês.
Não digam que meus temores são bobos.
Mas ajude-me a compreendê-los.
Não digam que não conseguem me controlar.
Eu posso pensar que sou mais forte que vocês.
Não me tratem como uma pessoa sem personalidade.
Lembre-se de que eu tenho o meu próprio modo de ser.
Não apontem os defeitos das pessoas que me cercam.
Isso criará em mim, desde cedo, um espírito intolerante.
Não se esqueçam de que eu gosto de experimentar as coisas por mim mesmo.
Mas sobretudo NUNCA DESISTAM de me ensinar o BEM.
Mesmo que eu pareça não estar aprendendo.
No futuro vocês verão em mim o fruto daquilo que plantaram.
E SEMPRE me ensinem a Sorrir !!!
Um dos atos mais simples...

***
Autor desconhecido

sexta-feira, 23 de maio de 2014

NOSSO IRMÃO



Se alguém te fala na rua,
Deitando lamentação,
Não passes despercebido,
Escuta, que é nosso irmão.

Ouviste o parente em casa,
Gritando em voz de trovão,
Não te aborreças por isso,
Tolera, que é nosso irmão.

Transformou-se o companheiro...
Agora, rixa, brigão.
Não te afastes, nem censures,
Suporta, que é nosso irmão.

O amigo a quem mais estimas
Ofendeu-te sem razão...
Não te dês ao derrotismo:
Perdoa, que é nosso irmão.

Padece e chora o vizinho
Problemas em profusão,
Não te demores no auxilio;
Coopera, que é nosso irmão.

Enxergaste o pequenino,
Sem roupa, sem lar, sem pão.
Não permaneças de longe,
Acolhe, que é nosso irmão.

Viste o doente sozinho
No braseiro da aflição;
Não percas tempo em conversa,
Socorre, que é nosso irmão.

Tiveste do adversário
Pedradas de ingratidão...
Calando, segue servindo;
Desculpa, que é nosso irmão.

A quem te peça um favor,
Embora dizendo "não",
Sem grita e sem aspereza,
Atende, que é nosso irmão.

Diante de todo aquele
Que sofre na provação,
O Cristo pede em silêncio:
- "Ampara, que é nosso irmão".


***
Espírito: Casimiro Cunha
Médium: Chico Xavier
Livro: Caridade