O Arrebol Espírita

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

SE TODOS PUDESSEM VIVER...



Valter Perrone

Nascimento: 4.07.1950

Desencarne: 14.02.1974

Parentesco: Filho


Perdoem-me a maneira de iniciar estas linhas, mas meu filho Walter Perrone, uma semana antes de desencarnar, presenteou-me com um livro espírita “Entre Duas Vidas”, sabendo, inclusive, que eu talvez não o lesse, por não mostrar nenhum interesse pela Doutrina Espírita. Nessa semana falou muito em Francisco Cândido Xavier, mostrando grande interesse em conhecê-lo. Agiu como se me estivesse mostrando que iríamos, dias após, ficar mesmo entre duas vidas. Três meses passados de sua partida, necessitei ser internada, em consequência do meu descontrole emocional. Fui encaminhada para uma casa de saúde.

No Hospital Santa Helena. Certa feia quando voltávamos de Campinas, paramos um pouco no Restaurante Lago Azul. Casualmente, Francisco Cândido Xavier estava lá. Meu filho Carlos avistando-o disse-me: “Mamãe, olhe quem está ali, o Chico Xavier.”

Imediatamente, fui ao seu encontro. Não tive oportunidade de contar nada do que se passava comigo. Foi um contato muito rápido. Ele já estava de saída. Entrou no carro e partiu.

Nunca tinha visto Chico Xavier pessoalmente. Conheci-o através do Programa “Pinga-fogo”, que, aliás, achei muito interessante. Suas palavras naquela noite tocaram-me profundamente. Achei-o demais ponderado e equilibrado.

Passados seis meses do desencarne do Walter, mandei celebrar uma missa à sua alma. Fui para casa, chorava muito. Era como se ele tivesse morrido naquele dia.

Um sobrinho veio visitar-me e contou ter sonhado com Walter, que dizia estar muito bem e que viria visitar sua velhinha.

Aquelas palavras soaram como um convite a procurarmos Chico. Com muita ansiedade, ainda naquele dia, sai à procura de uma amiga, a Sra. Célia de Carvalho.

Convidei-a para me acompanhar até Uberaba. Aceitou e fomos.

Em Uberaba, sozinhas, indaguei onde ficava o Centro de Chico Xavier e fomos para lá. Algumas pessoas, em fila, estavam sendo atendidas por ele. Informei-me e aguardamos. Não consegui lhe falar. Estava ansiosa. Minha amiga, conversado com uma das senhoras presentes, soube que o Chico logo entraria para o receituário. Aflita com isso, acabou por atrair a atenção de pessoas que informaram o Chico. Voltando-se para nós, chamou-nos para que sentássemos à mesa. Com esse acontecimento, tive a certeza de que conseguiria sua palavra.

Não conhecia e nem sabia da existência da psicografia. Via as pessoas anotarem seus nomes. Estranhava tudo aquilo.

Falava comigo mesma: “Hoje em dia tudo se paga. Certamente terei que pagar.” Perguntei a uma pessoa sentada ao meu lado, se teria que pagar alguma coisa. A moça estranhou, respondendo que não. Estávamos num trabalho espiritual. Nesse tempo, Chico voltou e iniciou a psicografia.

Estava sentada quase a sua frente, convicta de que ele iria me dar sua palavra. Via-o escrever, mas não imaginava o que era aquilo. Falei a um rapaz que estava perto de mim e ele esclareceu-me. Chico iniciou a leitura da mensagem.

Fiquei atenta e quando foi lido “Querida mãezinha”, arrepiei-me toda e algo me dizia que era o Walter. Cresceu-me a certeza. Não me contive e comentei com a moça ao lado: “Tenho certeza que é meu filho.” Era mesmo. Era verdade.

Foi o meu primeiro sorriso desde a sua morte. Entre lágrimas falei à minha amiga: “Acontece o que acontecer, sei que Walter não se esqueceu de mim.” Desse momento em diante, comecei a aceitar a Doutrina Espírita.

No segundo encontro, em casa, senti a presença do Walter. Desta vez, com algum conhecimento pela experiência da primeira reunião, convidei minha filha Soninha, para que me acompanhasse a Uberaba. Recebi outra mensagem, muito bonita e bem extensa, que permitiu inclusive uma identificação com o espírito de Walter, pela revelação de dados desconhecidos pelo Chico.

O Hospital Santa Helena, por exemplo, onde ele diz “...foi o primeiro socorro para tirar a mãezinha daquele estado depressivo...” a menção da Mariazinha, mãe de seu colega, meu sogro, irmão, irmã, filho, esposa e a referencia aos médicos da família.

Fiquei perguntando a mim mesma, como era possível tudo aquilo, porque na hora da reunião não tinha outros pensamentos a não ser para o Walter. Admirava-me cada vez mais, pois não conhecia ninguém em Uberaba, não havia trocado palavras com qualquer pessoa.

Lembrei-me quando meu sobrinho me falou do sonho. Meu sentimento foi de que Walter me esperava lá. Comecei a ligar os fatos e percebi a afinidade que desde criança tinha comigo. Era profundamente carinhoso e dizia sempre que queria morrer antes de mim, pois não suportaria me ver partir.

Hoje me encontro dentro da Doutrina Espírita, interessando-me na leitura de seus livros. Por tudo isso, dou graças a Francisco Cândido Xavier.

Certo dia, perguntei-lhe o que poderia fazer por ele, já que nada pede. Ele respondeu: “Se a senhora puder confortar as outras mães, me fará bastante feliz.” É o que eu tenho tentado fazer.

Minha filha Soninha, que tem me acompanhado sempre a Uberaba, não acreditou na primeira mensagem. Achava que aquilo era balela, não acreditava em Espiritismo. Acontece que na segunda vez que lá esteve, Soninha quis, inclusive, fazer um teste, ficando longe de Chico. Ele não a conhecia. Ela ficou perplexa quando ele a chamou pelo nome, pedindo que se acercasse de nós. Outro ponto que a deixou boquiaberta, foi quando Chico psicografava a segunda mensagem de meu filho e, querendo saber se era dele mesmo, mentalizou um problema particular seu, aguardando orientação. A resposta veio. Hoje, Soninha tem verdadeira admiração por Chico.

Grande parte de pessoas do nosso relacionamento, de formação católica, como fôramos também, pois hoje adotamos o Espiritismo como Doutrina, sentem a influencia benéfica de suas mensagens.

Eu e minha família muito devemos ao Chico, pela paz, segurança e reencontro conosco mesmo, recebidos através do seu carinho e das mensagens de que tem sido portador.

Acho que se todos pudessem viver um pouco do que vive e exemplifica Francisco cândido Xavier, o mundo seria bem melhor.

(a) Maria D. Perrone

***
Do Livro: Amor e Saudade
Psicografia: Francisco Cândido Xaviera
Autores: Espíritos Diversos



quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

OS ESPÍRITOS RESOLVEM NOSSOS PROBLEMAS?



Muita gente procura o centro espírita em busca de uma conversa direta com os guias espirituais. Talvez acreditem que, se tiverem oportunidade de conversar, chorar suas mágoas e defender suas idéias de auto-piedade, os espíritos se mobilizarão para auxiliá-los e destrinchar suas dificuldades com toda a urgência e facilidade. Meu Deus, como muitos amigos(as) estão equivocados! Espírito nenhum resolve problemas de ninguém. Esse definitivamente não é o objetivo nem o papel dos espíritos, meu filho(a). Se porventura você está em busca de uma solução simples e repentina para seus dramas e desafios, saiba que os espíritos desconhecem quimera capaz de cumprir esse intento.

No espiritismo, não se traz o amor de volta; ensina-se a amar mais e valorizar a vida, os sentimentos e as emoções, sem pretender controlar os sentimentos alheios ou transformar o outro em fantoche de nossas emoções desajustadas.

Os espíritos não estão aí para “desmanchar trabalhos” ou feitiçarias; é dever de cada um renovar os próprios pensamentos, procurar auxílio terapêutico para educar as emoções e aprender a viver com maior qualidade.

Até o momento, não encontramos uma varinha mágica ou uma lâmpada maravilhosa com um gênio que possa satisfazer anseios e desejos, resolvendo as questões de meus filhos(as). O máximo que podemos fazer é apontar certos caminhos e incentivar meus filhos(as) a caminhar e desenvolver, seguindo a rota do amor.

Não adianta falar com as entidades e os guias ou procurar o auxílio dos orixás, como muitos acreditam, pois tanto a solução como a gênese de todos os problemas está dentro de você, meu filho. Ao menos no espiritismo, a função dos espíritos é maior do que satisfazer caprichos e necessidades imediatas daqueles que concentram sua visão nas coisas do mundo. Não podemos perder nosso tempo com lamentações intermináveis nem com pranto que não produza renovação. Nosso campo de trabalho é a intimidade do ser humano, e a cientização de sua capacidade de trabalhar e investir no lado bom de todas as coisas. Nada mais.

Tem gente por aí se deixando levar pelas aparências de espiritualidade. A grande multidão ainda não despertou para as verdades espirituais e acha-se com os sentidos embriagados e as crenças arraigadas em formas mesquinhas e irreais de viver a vida espiritual. Persegue soluções que lhe sejam favoráveis, e, em geral, tais soluções dizem respeito a questões emocionais ou materiais que meus filhos(as) não se sentiram capazes de superar. Ah! Como se enganam quanto à realidade do espírito.

O aprendizado da vida é longo, amplo e exige um esforço mental de tais proporções que não torna fácil romper com os velhos hábitos de barganhas espirituais aprendidos com as religiões do passado.

Fazem-se promessas, cumprem-se rituais na esperança de que os espíritos ou Deus concedam-lhes um favor qualquer em troca de seus esforços externos, que presumem sobrepor-se aos valores internos. Pensamentos assim resultam de uma educação religiosa deficiente e advêm de hábitos seculares que perduram nos dias atuais e carecem de uma análise mais profunda. Os indivíduos que agem com base nessas premissas evitam reconhecer sua responsabilidade nos acontecimentos que os atingem e pensam enganar a Deus com seu jeito leviano e irresponsável de tratar as questões espirituais. Fatalmente se decepcionam ao constatar que aquilo que queriam não se realizou e que as focas sublimes da vida não se dobraram aos seus caprichos pessoais.

Os problemas apresentados pela vida têm endereço certo, e não há como transferi-los para os espíritos resolverem. Se determinada luta ou dificuldade chega até você, compete a você vencê-la. Na sede de se livrar do processo educativo ministrado pela vida, meus filhos(as) esperam que , os espíritos, possam isentá-los de seus desafios. Isso é irreal. Não detém o poder de transferir de endereço a receita de reeducação que vem para cada um. Nenhum espírito minimamente esclarecido poderá prometer esse tipo de coisa sem comprometer o aprendizado individual.

Foram chamados pelo Pai para auxiliar meus filhos(as) apontando o caminho ou a direção mais provável para alcançarem êxito na construção de sua felicidade.

Vejam como exemplo a atuação do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. Mesmo matando a sede e a fome de multidões, ele não arranjou emprego para ninguém. Curou e restabeleceu a saúde de muitos que nele acreditaram, mas não libertou ninguém das conseqüências de seus atos e escolhas. Sabendo das dificuldades sociais da época, não tentou resolver questões que somente poderiam ser transpostas com o tempo e o amadurecimento daquele povo. Em momento algum o vimos a prescrever fórmulas para dar fim a desavenças de ordem familiar, socioeconômica nem tampouco emocional, recomendando meios de trazer o marido de volta ou fazer a pessoa amada retornar aos braços de quem deseja. Uma vez que ele é o Senhor de todos os espíritos e não promoveu coisas nesse nível, como podemos nós, seus seguidores, sequer cogitar realizá-las?

O que podemos deduzir das atitudes de Nosso Senhor, meus filhos(as), é que, se ele não se dispôs a realizar tais demandas, que na época certamente existiam, é porque a natureza de seu trabalho era outra. Mesmo debelando os males, prestando o socorro que podia, ele não eximiu a população de enfrentar seus desafios. Quem recebeu o pão voltou a ter fome e inevitavelmente teve de trabalhar para suprir as próprias necessidades; quem foi curado teve de aprender a valorizar a própria vida, pois outras enfermidades viriam mais tarde; quem Jesus ressuscitou dos mortos desencarnou mais adiante. Em suma, o processo de reeducação a que conduzem os embates da vida é tarefa de cada um. Cristo Nosso Senhor apenas indicou a direção, mas cabe a cada seguidor palmilhar o caminho com suas próprias pernas, avançando com passos seguros e resolutos em seu aprendizado.

Através desse raciocínio, meu filho(a), você poderá compreender a razão pela qual não há proveito em recorrer aos espíritos para livrá-lo do sofrimento ou isentá-lo de dificuldades. Esse é o caminho do crescimento na Terra, e não há como fugir às próprias responsabilidades ou transferir o destino das tribulações. A dívida acorda sempre com o devedor, não há como se furtar a essa realidade.

***
Do livro: Alforria
Médium:
Robson Pinheiro
Espírito:
Pai João


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

TESTEMUNHAS DO ALÉM



ADILSON GONZAGA PEZZINI

Nascimento: 21.09.1964

Falecimento: 16.04.1982.

O Sr. Luiz Gonzaga Pezzini, em conversa, dissera-nos das noites mal dormidas, saudades em sim, busca inconsolável do rosto do filho, o seu sorriso de alegria, os trejeitos de jovem ágil, esperto, energia juvenil.

Adilson Gonzaga Pezzini, aproximando-se dos dezoito anos, vivia com todo ardor. A flor da juventude brotava em sua juvenilidade, fazendo-o crescer entre os que conviviam consigo no contrato diário de suas atribuições.

Ambicioso em seus objetivos; cursara com muita facilidade nos Colégios Nossa Senhora da Paz e Escola Estadual Presidente Roosevelt, o primeiro grau. No Colégio Sul Americano o segundo grau, iniciando logo depois no Objetivo, cursinho através do qual pretendia alcançar melhor condição para completar os sonhos futuros.

Estudou ativamente o inglês no English Center. Sonhava conhecer os Estados Unidos sem saber explicar sua simpatia àquele país. No Colégio Dante Alighieri estudou o italiano para aproveitar a viagem e visitar os parentes de seu pai na Itália. Os pais facilitaram-lhe a aquisição da passagem para completar seu desejo. Regressou entusiasmado, pedindo aos pais para fixar residência nos EUA a fim de fazer um curso de Energia Nuclear.

Em 16.04.1982, a fatalidade toma-lhe a dianteira e o leva de volta às Regiões Espirituais, onde iria criar novos planos, agora na sua vida de origem. Fora atropelado próximo ao Shopping Center Ibirapuera.

Os pais não se conformaram. Difícil foi aceitarem a situação. Criavam em si imagens, destruíam as possibilidades de reerguimento. O Sr. Luiz adoecera, perdera a vontade de viver. O único filho partira de maneira brusca, rapaz que tantas alegrias trouxera aos familiares. Não entendia a mudança radical que lhes acontecera. D. Maria Domingas Pezzini, esposa e mãe de Adilson, preocupava-se muito, pois seu marido definhava. Rogara a Deus, algo pudesse acontecer que mudasse a situação angustiante que estavam passando. A luz se fez em seu caminho quando a família Mazzeo, compadecida, convida-os para uma viagem a Uberaba.

A Misericórdia Divina envia o socorro para esta família triste. Francisco Cândido Xavier em sua bênção mediúnica, recebe a carta do jovem. Relata com minudências os projetos que só os pais conheciam. Lembra na fase de sua recuperação os ensinamentos do pai que o ajudaram muito. O Sr. Luiz o alertara: “em qualquer situação difícil que encontrasse na vida, nada o devia apavorar”.

Concita os pais a se motivarem no trabalho aos órfãos de mães espirituais que rogam auxílio aos filhos na Crista Terrena. Demonstra a falta de amparo a essas crianças. Premidos por esse alerta, o casal Pezzini dedica-se ao socorro às muitas casas de caridade, ora no trabalho manual, ora na assistência financeira, ora na confecção de roupas e agasalhos. Conquanto seus corações orvalhados pelas saudades, a saúde e a alegria são a tônica que torna a edificar o lar dos Pezzini, estruturado agora com base no trabalho de amor ao próximo.


Esclarecimentos necessários de pessoas ou Fatos constantes na mensagem que se seguirá:

PAIS: Maria Domingas Pezzini E Luiz Gonzaga Pezzini

AVÓS: Mariana Custódia Trindade – materna (Nascida em 1888 e Falecida em 1975) e Prudente Barbosa – materno
Ida Scatema – paterna/Desencarnada em 1963.

TIA: Oliva Rosa Martins Fora em ajuda a Adilson quando internado no Hospital Santa Paula, casa de socorro em São Paulo.

AMIGO: Paulo, amigo de Adilson no curso objetivo, estava em sua companhia no Shopping Center Ibirapuera.

(NOTA: Os nomes de pessoas ou fatos foram antecipados, para melhor identificação por ocasião da leitura da mensagem do espírito.)



MENSAGEM DE ADILSON GONZAGA PEZZINI


Querida Mãezinha e Papai Luiz:

Estou presente em companhia do meu avô Prudente Barbosa, que me trouxe, informando que os pais queridos esperavam informações a meu respeito.

Mãezinha querida e querido papai; compreendo que as nossas dificuldades não foram pequenas. Tantos sonhos se desfizeram de uma só vez, qual se fôssemos atingidos por uma bomba de destruição.

Lembro-me de tudo. Aquelas nossas esperanças de um diploma na Engenharia Nucelar, aqueles planos de volta aos Estados Unidos, a fim de aperfeiçoar-me nos estudos, tudo aquilo que eu desejaria ter sido para meu pai, no companheiro que ele sempre aguardou de minha presença e todos aqueles projetos de amor e família que eu e mamãe arquitetávamos, caíram de imprevisto, à frente de um carro em disparada.

Saíra com o Paulo e conversávamos sobre as nossas atividades no Objetivo, quando falei ao colega da necessidade de regresso a casa.

Preparei-me. Eu que tanto me preservava contra acidentes que chegavam a me preocupar especialmente com a mamãe, aconselhando-a a tornar-se mais atenta e vigilante quando nas vias públicas, acreditei que a Avenida estivesse com o movimento reduzido e quase ao tomar o ônibus para a nossa casa na Conde de Sazerdas, um carro bege se precipitou sobre mim.

Nada mais me ficou na memória, senão a cor do veículo, porque me senti cortado de vários modos com uma sensação de sofrimento impossível de descrever.

Escutei gritos, petições de socorro... Imaginei como seria reconfortante para eu voltar aos pais queridos, a fim de me tranquilizar. Achava-me consciente, no entanto, não mais controlava os meus impulsos.

Colocaram-me dentro de um veículo que suponho fosse uma ambulância, porque não dispunha de forças para verificar o que me ocorria. Escutei vozes, afirmando que seria conduzido a um Pronto-Socorro e nada podia opor ao que desejassem fazer de mim...

Lembrei-me da oração e recordei as preces da Mamãe Domingas, quando me acalentava de pequenino. Concentrei-me em Deus e lembrei as imagens de Jesus que a Mãezinha me apresentava para que eu tivesse confiança no Céu, e confesso-lhes que chorei, não de revolta, mas porque a impossibilidade de voltar a casa era ali manifesta.

Passei de maca para outra maca, na qual me conduziram ao Hospital Santa Paula, segundo ouvia dizer em torno de mim. Pensei que Jesus estaria satisfeito com a minha conformação, lembrando os ensinamentos da Mamãe, em nosso recinto doméstico, e esperei, reconhecendo que continuava a perder sangue.

Mas de um médico me observava com bondade, iniciando tamponagens aqui e ali, quando vi que as paredes se transformavam...

O ambiente desaparecia, mas expressei em oração um pedido a Deus, no qual rogava não permitisse me retirar dali, enquanto não soubesse de meus pais perto de mim...

Uma força vigorosa me sustentava... Escutei um médico sensibilizado a dizer para outro que as minhas possibilidades de sobrevivência haviam terminado...

Realmente, procurei movimentar as pálpebras e não consegui. Tentei levantar algum dedo das mãos, entretanto, isso também não me foi possível. Por alguns minutos estivesse assim, atirado a uma inércia que não sei definir, quando ouvi um tanto longe, a voz da Mamãe a chamar-me:

Meu filho, meu filho.

Bastou ouvir essas palavras e quero contar ao Papai Luiz que uma paz enorme veio a mim...

De pensamento firme na atenção, notei que uma névoa me envolvia todo o corpo. Não mais ouvi alguém e nem senti mais qualquer dor.

Do seio daquele lençol, fluído e movente se destacou um rosto com expressão de bondade e entendimento. Depois daquela face amiga, duas mãos me acariciaram e eu, então, dormi...

Só mais tarde vim, a saber, que o vovô Prudente me viera buscar para novo lugar de saúde, em que despertei, crendo que seria objeto de tratamento cirúrgico especial, num Instituto da Terra mesmo...

No entanto, com paciência e carinho, meu avô me apresentou as duas senhoras que me auxiliaram. Devia chamá-las por vovó Mariana Custódia e por Vovó Ida...

Porque ainda indagasse por esclarecimentos mais explicativos, o vovô, com um sorriso permanente, me deu a conta de minha situação. Perdera o corpo transitório e estava ali no corpo verdadeiro...

Devia conformar-me.

Qualquer impaciência de minha parte doeria em meus pais, aumentando-lhes a dor. Foi o momento em que me detive nas instruções de meu pai.

Não devia me apavorar em circunstância alguma. Nascera homem e na condição de

homem deveria viver forte e em calma, fossem quais fossem os acontecimentos.

O meu tratamento de recuperação foi breve e, em companhia de vovó Mariana, pude regressar ao nosso ninho doméstico. Vi os pais queridos chorando, desolados...

Tudo tristeza onde reinaram tantas alegrias!

Quantos dias haviam decorrido até a data em que os revia?

Ainda não sei dizer...

Venho, porém, agora até aqui pedir-lhes aceitação das Leis de Deus.

Pai querido, a sua bondade não me perdeu. Estaremos mais juntos. E a Mamãe e a tia Olívia terão em mim um companheiro mais constante. Ainda estou em fase de transição, mas estou bem. Saudade é o único empecilho que me experimenta a capacidade de suportar...

Entretanto, rogo aos pais queridos não perderem a esperança e a alegria. Deus nos ofertará outros meios de agir e servir.

Mãezinha, recorde os filhos de outras mães que não puderam ficar na Terra. Eles são muitos. Sentem vontade de tomar refeições em horas certas e precisam se agasalhar.

Essas mães que vieram para cá igualmente não morreram e saberão ser agradecidas ao esforço que meus queridos pais consigam desenvolver, em favor de alguma criança desvalida.

Não precisam refletir em obras gigantes. Um menino que se veja amparado é uma viga de trabalho para o futuro. Digo isso, Mamãe porque não a desejamos chorando tanto...

Reconheço que a saudade nos obriga a chorar, mas espero que as nossas lágrimas incluam agradecimentos a Deus, porque se as Leis de Deus me afastaram do corpo, quando mais sonhávamos com o futuro, isso quer dizer que Deus nos enviou o melhor. Se não devia sair futuramente do Brasil, é porque isso talvez não fosse útil para nós.

Presentemente disponho de tempo e decisão para estarmos mais unidos, tanto quanto nos seja possível. Mãe querida e querido Papai Luiz, o tempo escorre de nossos dedos. Não devo tomar mais tempo, a fim de relatar-lhes pormenores que não interessam. Dei o meu recado. Falei de mim e pude abraçá-los. Diz o Vovô Prudente que devo estar satisfeito. E estou, porque preciso aprender a ser calmo e útil.

Papai Luiz e querida Mãezinha, desejo que saibam da continuidade do meu amor e do meu carinho. Amo aos dois cada vez mais e como sempre, serei o traço de união a reuni-los comigo para sempre.

Não estou sabendo finalizar esta carta. Tenho o gosto de lágrimas na garganta. Creiam que é saudade, uma saudade muito grande dos pais que amo tanto, mas Deus tudo remediará e continuaremos a ser felizes.

Querido Papai Luiz e Querida Mãezinha, peço-lhes para que me abençoem; beija-lhes as mãos queridas, o filho que lhes pertence...

(a) ADILSON.

**
Um menino que se veja amparado é uma viga de trabalho para o futuro”.

ADILSON GONZAGA PEZZINI.

**
AGRADECIMENTOS

A dor nos faz compreender quanto ausente se esta de Deus, e foi por ela que procuramos o abençoado Francisco Cândido Xavier, que nos restituiu a confiança e a fé no futuro de nossas vidas.

Adilson continua conosco, sempre vivo.

O agradecimento da família Pezzini.

***
Do Livro:  Amor e Saudade
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Autores: Espíritos Diversos


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O FAROL QUE ME ILUMINOU



Carlos Magno de Tadeu Bassi

Nascimento: 10.07.1960

Desencarne: 30.11.1976

Parentesco: Filho



César meu filho mais velho, voltando de Goiânia onde fora passar algumas semanas na fazenda de seu pai, trouxera um revolver.

Chegando a São Paulo, guardou a arma no guarda-roupa de sua avó. Em 30.11.76, Cesar, como estagiário da Marinha, procurava seu fardamento. Não encontrando seus sapatos, Carlinhos dispôs-se a ajudá-lo na procura. Dirigiu-se ao quarto de sua avó, e ao abrir o armário, viu o par de sapatos e o revolver que Cesar guardara.

Pediu ao irmão se podia mostrá-lo a algumas colegas que ali estavam revisando pontos escolares.

Cesar concordou. Retirou as balas e entregou-lhe. Nesse meio tempo foi barbear-se.

Carlinhos, mostrando a arma para as moças, carregou-a para ver como ficavam as balas no tambor. Feito isso, retirou-as novamente. Infelizmente não percebera que uma delas havia ficado. Começou a brincar.

Apontando o revolver para sua cabeça, pediu à colega para puxar o gatilho, que não tinha perigo. A menina assustou-se com a brincadeira, dizendo:

- Não, Carlinhos, nunca peguei em uma arma, não brinque assim que é perigoso.

Em seguida, sorrindo, tornou a colocar o revolver na cabeça e voltou a dizer:

- Quer vê como não há perigo, está sem balas, e acionou o gatilho.

Lamentavelmente a bala ali se encontrava. Cesar ouvindo o tiro, apressadamente tentou socorrê-lo. Colocou-o no sofá, apanhou uma Bíblia que estava perto e pediu ao irmão que rezasse. Carlinhos abriu os olhos, sorriu e tornou a fechá-los.

Cesar ficou transtornado. Traumatizado, não dormia mais. Culpava-se pelo acidente. Precisei também entrar em tratamento médico-hospitalar.

Sem saber como passava meu filho Cesar, internado em outro hospital, roguei ao medico algum esclarecimento sobre seu estado e, por telefone mesmo, a resposta foi: se acreditasse em Deus, que orasse muito.

Com todos esses acontecimentos e a orientação recebida, rezei muito, fazendo novenas, trezenas, etc.

Minha sogra, dizendo ter feito melhor, escreveu a Francisco Cândido Xavier.

Na ocasião do programa Pinga-Fogo, em que Chico Xavier esteve, tinha iniciado alguma leitura de seus livros, onde encontrei muitos ensinamentos. Minha angustia e meu sofrimento eram grandes demais e, não suportando esperar uma resposta, fui procurá-lo através de amigos que tem parentes em Uberaba. Telefonei para a Sra. Maria Peçanha Santos, sogra do Dr. Paulo Misson, que me informasse os dias de atendimento de Chico Xavier, e se haveria possibilidade de consulta. Isto foi numa terça-feira.

Queria ir imediatamente.

Recebi como resposta que fosse na sexta-feira, pois os trabalhos do Centro eram só nesse dia. Assim, saí de São Paulo na quinta-feira e hospedei-me em sua casa.

Na sexta-feira, por volta das 16 horas, tomei café reforçado, pois soube que os trabalhos iriam até tarde da noite. Chegando lá, por informações, deixei meu nome para o receituário.

Percebi um número grande de pessoas, uma multidão. Fiquei desesperada com aquilo e pensava que não poderia ser atendida. Sem perceber, estava como se fosse um robô empurrando as pessoas, não me importando se achavam ruim ou não. Queria desesperadamente falar e ver Chico Xavier. Acabei perdendo todos os meus pertences, tal era minha situação. Só sei que estava com as fotos dos meus filhos uma em cada mão. Mais tarde, vieram entregar-me a sacola perdida.

Chegando perto do Chico, segurei suas mãos e gritei:

- Sr. Chico Xavier, ajude-me. Um filho meu morreu e outro está hospitalizado, com visitas proibidas. Mostrei-lhe as fotos. Depois não me lembro de mais nada. Acordei deitada em uma cama num quartinho ao lado, tomando água e várias pessoas ao meu redor orando. Havia desmaiado. Fiquei repousando um pouco mais.

Levantei-me e, estando mais segura, juntei-me às pessoas que aguardavam o receituário no salão. Meu estado de saúde não estava nada bom. Precisava usar o recurso de bomba de ar para poder respirar.

Algumas pessoas, penalizadas com o meu estado, achavam imprudência ter viajado, mas não importava, queria mesmo era falar com Chico Xavier.

Terminando o receituário, sentou-se à cabeceira da mesa, tudo para mim era novidade; estranhei aquele monte de lápis, aqueles papeis todos e devagarinho fui tentando achegar-me a ele.

Concentrado, começou a escrever. Junto dele, olhava a escrita; a primeira pagina não entendi, mas com o desenrolar e a seqüência do assunto, fui observando que aquela mensagem estava sendo escrita para mim. Fiquei tão emocionada que gritava, tremia, rezava, fazia tudo ao mesmo tempo.

No final li “mamãe perdoe seu filho Carlinhos”. Passei a gritar que nada tinha a perdoar mas abençoá-lo.

Uma das moças presentes lia a mensagem através de pequeno alto falante, deixando a multidão em grande tensão; uns estavam totalmente atentos, outros choravam, outros abraçavam-me chorando comigo, chamando-me de heroína por ter um filho anjo. Tudo aquilo chegava aos meus ouvidos sem que tomasse consciência, pois estava atenta demais à mensagem que, como remédio abençoado, chegava aos meus ouvidos.

Apesar da dor que sentia, aquele felicidade parecia como se tivesse algo sublime, singelo, que não encontro palavras para descrever.

Quando Chico entregou-me a mensagem, descontrolei-me, e abraçando aquele original contra o peito, gritava desesperadamente chamando pelo meu filho.

Depois de terminado o trabalho, retirei-me eram tantas as ofertas de condução para São Paulo, daqueles corações bondosos! Agradecendo-os, despedi-me.

De volta à casa onde estava hospedada, não encontrei ninguém: estavam todos na vizinha, numa festinha que ali se realizava. Dirigi-me para lá, contando o que havia acontecido. Uma senhora, lendo as paginas psicografadas, teve uma crise de choro, pois disse nunca ter sentido tanto uma mensagem como aquela trazida pelo Chico.

Achou-a demais singela. A dona da casa também se pronunciou e, apesar de professar outra doutrina, comentou:

- “Com esta mensagem é para se acreditar no Espiritismo.”

Esta mensagem trouxe-me muita paz. Mostrou-me que o espírito existe mesmo. Os assuntos lá contidos são coisas nunca vistas, se bem que só a assinatura do meu filho é o suficiente para pô-lo a qualquer prova. Comparando-a com as cartinhas que tenho dele, da sua infância escolar, até o final de suas cartas que ficavam sempre sem espaço para a assinatura, está igualzinho.

Depois que recorri ao Chico e recebi, graças a Deus, a mensagem, a minha doença amenizou. Tomei novo impulso e comecei a ver outros horizontes clareando-me o caminho, tranquilizando-me, tendo forças para seguir adiante, trabalhando para poder dar condições de amor e carinho aos meus demais filhos.

Chico foi o farol que me iluminou para os dias que advirão e, com certeza, estas minhas palavras estão servindo ainda mais de estimulo para mim mesma, pois cada vez que sou solicitada ao assunto, apesar da saudade, encontro forças suficientes para dizer que Carlinhos não morreu, que está no aprendizado divino, que no amanha estará levando sua mensagem de amor e paz a outros corações que estarão na mesma situação em que me encontrei. Que Deus possa dar tranqüilidade a todos os seres em dificuldade como essa que acabei de relatar.

Aproveito a oportunidade para agradecer a Deus por me ter concedido a graça de conhecer Francisco Cândido Xavier.

Desejo de coração aos que ainda não conhecem a Doutrina Espírita, sem intenção de converter a ninguém, que procurem ler, procurem conhecer, para dissipar de seus corações as duvidas infundidas por pessoas, ou melhor, por irmãos que a desconhecem.

Nossa responsabilidade no falar está intrinsecamente relacionada com a responsabilidade no pensar. Devemos falar sobre o que conhecemos. O que desconhecemos devemos procurar conhecer. Kardec está nos livros e Chico está em pessoa.


(a) Maria Luiza Vieira

***
Do livro: Amor e Luz
Médium: Chico Xavier

Espíritos Diversos

POR ONDE EU PASSAR QUERO AGRADECER...



Wady Abrahão Filho

Nascimento: 16.02.1956

Desencarne: 06.07.1973

Parentesco: Filho


Em meados de setembro de 1973, Chico, em noite de autógrafos no Centro Espírita Perseverança, chegou no momento que mais necessitávamos de conforto.

Pessoa muito amiga e, conhecedora do nosso problema, sugeriu a Áxima, minha filha, que procurássemos Chico Xavier. Ouvia muita coisa boa e bonita a seu respeito.

Ela, temerosa, não sabia como nos falar, pois católicos que éramos e sem conhecermos nada de espiritismo, achou que não aceitaríamos a sugestão. Ao contrário, Jandira, minha esposa, numa ansiedade atroz, queria a todo custo encontrar algo que nos tirasse daquele sofrimento. Havíamos até combinado em por termo à nossa existência. Dentro do meu descontrole, cheguei a dormir dentro do jazido com meu filho.

À noite desculpava-me com os meus familiares e dizia ir a minha indústria e desviava-me ao cemitério. Ludibriava o vigia e sorrateiramente introduzia-me em sua sepultura. Deitando-me na lapide superior. Ficava horas junto dele. Achava que Wadizinho tinha medo de dormir sozinho. Várias vezes fui surpreendido, traído pela fumaça dos meus cigarros que fumava durante o tempo em que ali ficava. Certa feita até a Radio Patrulha foi solicitada, quando tive de justificar minha atitude.

No meu sofrimento não admitia e não aceitava nada. Além de que não tinha interesse em dialogar com ninguém. Devido à insistência dos meus familiares, cedi ao convite e fui ao referido centro.

Com a experiência adquirida na minha juventude e no transcorrer de minha vida, em vista de minha mãe ter estado doente por mais de 13 anos, vi-me obrigado a percorrer e procurar tudo que fosse possível para restabelecê-la. Fui a lugares inimagináveis. Coisas absurdas me apareceram.

Frequentei ano e meio o Circulo Esotérico, na comunhão de pensamentos. Fui congregado mariano, por demais devotado, e acima de tudo tenho um espírito muito observador. Quando na presença de Chico, vi naquela criatura a inocência de um ser puro. Tanto é que a impressão de Jandira, era de estar na presença de uma joia muito singela e rara para os nossos dias. Cumprimentou-nos, autografou seu livro e ofereceu um botão de rosa para minha esposa.

Não tivemos tempo para conversar. Compreendi que todos tinham os mesmos desejos de estar em sua presença. Passado algum tempo, nossa vizinha Sra. Esmeralda Cerboncini, em comentários com minha filha, mostrou-lhe a mensagem de seu filho Charles, psicografada por Chico Xavier e publicada no livro Entre Duas Vidas, edição CEC.

Orientou-nos. Caso fossemos procurá-lo, não nos preocupássemos em querer noticias no mesmo dia, pois recebeu sua mensagem após inúmeras viagens.

Áxima trouxe-nos a mensagem e despertou-me o desejo de ir a Uberaba em busca de Francisco Cândido Xavier. Fomos em 23.11.73, leigos totalmente do que se passava, ignorávamos como proceder.

Estranhamos sua maneira de psicografar, nunca havíamos visto. Neste dia quando fomos ao encerramento dos trabalhos, Chico chamou pelo nome: Áxima, Áxima... Jandira adiantou-se a todos, respondeu: “Sr. Francisco, Áxima é minha filha.

Viemos aqui porque perdi meu filho”. Carinhosamente Chico retrucou:

- Não, a senhora não perdeu o filho. Seu filho é um apóstolo de Jesus.

Mesmo assim, fiquei no firme propósito que nenhum de nós falasse ou comentasse algum ponto sobre o desencarne de Wadizinho, com qualquer pessoa. Muito menos com Chico. Meus familiares, fiz questão de que ficassem junto a mim, para que pudesse fiscalizá-los. No hotel, coloquei o telefone perto da minha cama, sem que percebessem meu intento, pois achava que poderiam telefonar para alguém. Tomei todas as providencias para que não houvesse o mínimo contato.

No dia seguinte lá estávamos novamente. Sentamos e aguardamos. Comentava-se o Evangelho. Chico psicografou. Quando terminou e leu a mensagem ficamos muito surpresos. Wadizinho trazia sua mensagem. Seu conteúdo era todo esperança, dissipava a saudade, mostrava-nos a realidade.

Pedia que transmitíssemos seus agradecimentos aos colegas do Colégio e do grupo da Comunidade Unida a Cristo, na qual era coordenador.

Incentivava-nos a construirmos um Natal Feliz, junto às criancinhas, pois sabíamos de sua programação no Orfanato Irmã Albertina.

Na qualidade de pai que sabe o que representa o amor a um filho, o incentivo para a vida me foi devolvido. Chico na sua mediunidade mostrou-me, apesar de toda a experiência e vivencia que pensamos ter, que meu filho está entre nós mais do que nunca.

Nas suas mensagens, tenho-o constantemente em meus pensamentos. Busco na leitura satisfazer minha saudade. Converso e tranquilizo-me entendendo. Recebi várias mensagens de meu filho. Surpresas incontidas, alegrias sem conta. Às vezes penso, como é bom meu Deus, uma criatura como Chico; ele precisa ficar em nosso meio. Nós precisamos dele, ele representa a escora, a base sólida que suporta todos os corações em sofrimento. Descarregamos em suas benditas mãos, as necessidades, e de volta recebemos a alegria e a realidade dos ensinamentos e verdades de Deus, a Divina Sabedoria. Chico é e será sempre para aqueles que o compreendem e compreenderam, a luz que caminha a guiar nossos passos e corações, alimentando-os na certeza de que o amanhã virá à paz e alegria de Jesus.

Por onde eu passar quero agradecer sempre ao mestre Jesus e o seu enviado ao plano terrestre, o nosso irmão Francisco Cândido Xavier.

(a) Wady Abrahão


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Do livro: Amor e Luz
Médium: Chico Xavier

AGRADECE


Agradece as mãos que te constroem a existência, decorando-a com as tintas da alegria e da esperança, mas endereça os teus pensamentos de gratidão àquelas outras que te ferem com os espinhos da incompreensão, ensinando-te a conviver e a servir.
Agradece as vozes que te embalam os anseios, entretecendo hinos de paz e amor com que te inspiram as melhores realizações, no entanto, envia as tuas vibrações de reconhecimento àquelas outras que te exageram essa ou aquela falha, induzindo-te a compreender e a perdoar.
Agradece aos amigos que te proporcionam mesa farta, impulsionando-te a pensar na abastança da Terra, mas não recuses respeito àqueles que, em algum tempo, te sonegaram o pão, levando-te a prestigiar a fraternidade e a beneficência.
Agradece aos irmãos que te reconhecem a nobreza de sentimentos, louvando-te o trabalho, entretanto, não olvides o apreço que se deve àqueles outros que te menosprezam, auxiliando-te a descobrir os tesouros da humildade e da tolerância.

Certa feita, um pedaço de carbono sumido no monturo pediu a Deus o levasse para a superfície da Terra, a fim de ser mais útil. O Supremo Senhor ouviu-lhe a súplica e determinou fosse ele detido no subsolo para a devida maturação.
O minério humilde aceitou a resposta e permaneceu na clausura, por séculos e séculos, suportando a química da natureza com o assalto constante dos vermes que habitavam o chão.
Chegou, por fim, o tempo em que o Criador mandou arrancá-lo para atender-lhe aos ideais. Instrumentos de perfuração exumaram-no a golpes desapiedados e o lapidário cortou-lhe o corpo, de vários modos, em minucioso burilamento.
Mas quando o carbono sublimado surgiu, de todo, aos olhos do mundo, Deus o havia transformado no brilhante, que passou a brilhar, entre os homens, parecendo uma flor do arco-íris com o fulgor das estrelas


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Do livro: Amizade
Médium: Chico Xavier
Espírito:
Meimei

PROVAÇÃO DA FÉ



Os momentos das grandes provações são igualmente os instantes mais significativos da fé.

Terás talvez alcançado o apogeu de semelhantes tribulações.

* * *

Encontrastes esse topo do sofrimento na enfermidade que provavelmente se demora contigo, flagelando-te a vida orgânica.

* * *

Criaturas queridas se desvincularam de ti, violentamente, arrojando-te à inquietação e ao desânimo.

* * *

Sofreste a perda de entes amados nas brumas da morte e trazes o coração encharcado de lágrimas.

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Golpearam-te os interesses e despojaram-te dos recursos indispensáveis à própria manutenção, compelindo-te a vaguear em tristeza e penúria.

* * *

Empenhaste as melhores forças na causa do bem de todos e situaram-te num cipoal de incompreensões e desafetos gratuitos que te prendem à dor.

* * *

É possível hajas atingido esses dias de conflitos e aflições, tumultuando-te o ser.

* * *

Mágoas novas somadas a desgostos antigos te atormentam o campo íntimo.

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Seja qual seja a espécie de provação que te visita, não te rebeles, nem desanimes.

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Não te deixes mergulhar nas correntes das palavras inúteis.

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Ama e serve sempre.

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Por mais dolorosa a crise em que te vejas, permanece firme na coragem da fé, porquanto no momento em que a criatura se imagina esquecida pelo Céu, o ápice do sofrimento significa que o socorro de Deus se encontra em caminho.


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Do livro: Amigo
Médium: Chico Xavier
Espírito: Emmanuel