O Arrebol Espírita

sábado, 29 de novembro de 2014

PENSAMENTO ESPÍRITA


Qualquer de nós, quando não desculpe agravos recebidos;

quando não se coloque no lugar do ofensor para sentir-lhe as tentações e justificar-lhe, de algum modo, as fraquezas;

quando não pronuncie sequer uma frase de tolerância para com as faltas alheias;

quando se disponha a louvar exclusivamente os amigos, sem ver as qualidades nobres dos adversários;

quando retribui vergastada por vergastada ou prejuízo por prejuízo;

quando conserve rancor ou ressentimento contra a pessoa de alguém;

quando não encontre motivos para o exercício da benevolência e da paz; quando critique ou injurie;

quando nada faça para desfazer incompreensões e aversões;

quando critique ou injurie;

qualquer de nós que adote semelhante comportamento está desconhecendo a própria natureza e tornando-se, com isso, mais profundamente suscetível à influência do mal, requisitando, em regime de urgência, o apoio da simpatia e o amparo da oração
.


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Espírito: Albino Teixeira
Médium: Chico Xavier
Livro: Coragem


(a)  R.S.DURANT DART (O Arrebol Espírita)
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LIBERDADE REAL



Clama-se por liberdade de pensamento, de opinião, de movimento, de ação...

A liberdade expressa-se como necessidade política e religiosa, artística e cultural, econômica e ética, para ser vivida, mas, mesmo quando se encontra estabelecida e proclamada, a imaturidade psicológica e o atraso moral de grande parte da sociedade que a anela, geram perturbações e descambam no crime.

Não se pode fruir de liberdade sem a consciência de responsabilidade, que faculta o respeito às leis, aos direitos dos outros, aos compromissos institucionais relevantes com disciplina e consideração.

Quando a Revolução Francesa proclamou os louvores à liberdade, desapeando do poder a velha Casa dos Capetos tradicionais, o clero, a aristocracia e os dominadores momentâneos, logo vieram os direitos humanos e a conquista da cidadania. No entanto, o desequilíbrio de alguns líderes apaixonados e atormentados abriram os lamentáveis períodos para a instalação dos dias do Terror, que mancharam a dignidade humana já ultrajada pelos ódios entre os novos partidos governamentais e desonraram os ideais libertários.

A ânsia pela liberdade, infelizmente, ainda hoje se transforma em terrorismo aparvalhante, em guerras hediondas, quando facções alucinadas atiram-se em lutas cruéis, semeando o horror e a destruição, logo, porém, sucumbindo por sua vez, vencidas por outros grupos mais perversos que as odeiam.

Liberando o fanatismo de qualquer natureza, sempre insano, produz a selvageria de que a civilização já deveria estar liberada, em espetáculos de morbidez que levam ao desespero dezenas, centenas de milhares de pessoas que são obrigadas a abandonar tudo, a fim de fugirem da sanha venenosa, para buscarem amparo em regiões não menos terríveis, como os campos de refugiados nos desertos, nas áreas infectas do mundo...

Vidas estioladas todas essas, que perdem as raízes da sua origem e desenvolvem-se em situações deploráveis de miséria de todo tipo.

As etnias africanas ou europeias, asiáticas ou americanas, permanecem em atos de agressividade, com derramamento de sangue que encharca o solo ressequido, utilizando-se do direito à liberdade que negam aos demais, também seus irmãos, que são acusados de estar do outro lado. E o que eram antes fraternidade, sorrisos, converte-se, rapidamente, em inconcebíveis carnificinas que estarrecem.

A verdadeira liberdade, porém, paira acima dos ideólogos interessados na libertinagem e no desar.

Ei-los, os violentos e sandeus, mascarados de idealistas e sonhadores, repentinamente transformados em hediondos inimigos da Humanidade que desarticulam, ambiciosos e extravagantes, violentos e inescrupulosos.

Jesus referiu-se que somente há liberdade quando se conhece a Verdade. E, por isso mesmo, recomendou que se a buscasse com empenho e insistência. A Verdade, porém, é Deus. Na impossibilidade atual de se entendê-lO e mesmo conhecê-lO, na Sua transcendência, a busca do conhecimento espiritual, da finalidade da existência terrestre, liberta da ignorância, que é a responsável por incontáveis males que afligem a sociedade.

Nesse sentido, merece que se reflexione em torno da liberdade interior que se expande para fora, quando se percebe que a verdade se estabelece inicialmente no íntimo, quando se inicia o esforço pela superação do egoísmo, responsável pelos desejos subalternos e pelos vícios sociais, morais e comportamentais.

Essa é a revolução especial, mais difícil, única, porém, que pode proporcionar a conquista do objetivo existencial, que é a plenitude.

Livre, portanto, é todo aquele que compreende a necessidade de contribuir em favor do bem geral, que se esforça pela vivência solidária e transforma os seus desejos, alterando-lhes o direcionamento.

Tudo quanto antes aspirava apenas para si, agora se transforma num esforço comum em benefício de todos.

O vício escraviza, asselvaja, retém a sua vítima nas prisões da dependência tirânica, e por mais se desfrute de liberdade política e social, onde se vai, permanece-se em encarceramento.

Somente através da consciência responsável e digna pelo que opera na mudança do comportamento moral, é que se pode vivenciar a liberdade, mesmo quando as circunstâncias ainda não a concedem.

A criatura que aspira por ser realmente livre deve empenhar-se com denodo para transformar as dependências viciosas em conquistas éticas saudáveis. O Mestre Galileu, sitiado pelos fariseus e pretorianos impenitentes e pusilânimes, seguidos pelos escravocratas de diferentes denominações, enfrentou a impostura e o poder de mentira com a autoridade moral da Sua pureza, fazendo-se respeitar e temer, por cuja grandeza foi crucificado...

Altivo, na execução do programa renovador da Humanidade, substituiu a Lei antiga pela de amor, intimorato, proclamou a liberdade e viveu-a, atraindo multidões, que abalaram o Império Romano e modificaram-lhe a estrutura. Entretanto, à medida que as criaturas se descuidaram moralmente, perderam a liberdade, por permitir-se os vícios, corrompendo-se e tornando-se vítimas das suas próprias ambições desnaturadas, os desejos mesquinhos e hediondos que as assinalam.

Séculos de trevas e dores sucederam-se até o momento em que a ciência se libertou do totalitarismo da fé cega, preparando a sociedade para a chegada do Consolador. A Revelação Espírita, ao esclarecer as consciências que anseiam pelo infinito, proclama a imortalidade da alma e sua reencarnação, demonstra-as, enquanto proporciona a visão do futuro que a todos aguarda, e rompe os grilhões retentivos dos vícios, à medida que proporciona a liberdade real.

Livre e feliz, segue Jesus, o Libertador, e a Ele entrega-te, a fim de plenificar-te em definitivo.


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Pelo Espírito Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica de 11 de junho de 2014, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.



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O ESPÍRITO EMMANUEL – Segundo Chico Xavier



"Lembro-me de que, em 1931, numa de nossas reuniões habituais, vi a meu lado, pela primeira vez, o bondoso Espírito Emmanuel. Eu psicografava, naquela época, as produções do primeiro livro mediúnico, recebido através de minhas humildes faculdades e experimentava os sintomas de grave moléstia dos olhos."

"Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz. Às minhas perguntas naturais, respondeu, o bondoso guia: "Descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espiritualista. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos..."

"Essa afirmativa foi para mim imenso consolo e, desde essa época, sinto constantemente a presença desse amigo invisível que, dirigindo as minhas atividades mediúnicas, está sempre ao nosso lado, em todas as horas difíceis, ajudando-nos a raciocinar melhor, no caminho da existência terrestre. A sua promessa de colaborar na difusão da consoladora Doutrina dos Espíritos tem sido cumprida integralmente. Desde 1933, Emmanuel tem produzido, por meu intermédio, as mais variadas páginas sobre os mais variados assuntos. Solicitado por confrades nossos para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, noto-lhe sempre o mais alto grau de tolerância, afabilidade e doçura, tratando sempre todos os problemas com o máximo respeito pela liberdade e pelas ideias dos outros. Convidado a identificar-se, várias vezes, esquivou-se delicadamente, alegando razões particulares e respeitáveis, afirmando, porém, ter sido, na sua última passagem pelo planeta, padre católico, desencarnado no Brasil. Levando as suas dissertações ao passado longínquo, afirma ter vivido ao tempo de Jesus, quando então se chamou Públio Lêntulus. E de fato, Emmanuel, em todas as circunstâncias, tem dado a quantos o procuram o testemunho de grande experiência e de grande cultura."

"Muitas vezes, quando me coloco em relação com as lembranças de minhas vidas passadas e quando sensações angustiosas me prendem o coração, sinto-lhe a palavra amiga e confortadora. Emmanuel leva-me, então, às eras mortas e explica-me os grandes e pequenos porquês das atribulações de cada instante. Recebo, invariavelmente, com a sua assistência, um conforto indescritível, e assim é que renovo minhas energias para a tarefa espinhosa da mediunidade, em que somos ainda tão incompreendidos."

Podemos ter um melhor conhecimento de Emmanuel por intermédio das obras "Há Dois Mil Anos" e "Cinquenta Anos Depois". Estes livros constituem verdadeiras obras primas de literatura mediúnica e histórica.

Emmanuel também viveu sob a personalidade de Manoel da Nóbrega, renascido em 18 de outubro de 1517, em Sanfins, Entre Douro e Minho, Portugal. A 25 de janeiro de 1554, seria um dos principais fundadores da cidade de São Paulo. Foi também o fundador da cidade de Salvador, Bahia, a primeira capital do Brasil. A informação de que Emmanuel teria sido o Padre Manoel da Nóbrega foi dada pelo próprio Emmanuel em várias comunicações.

Emmanuel fez também parte da falange do Espírito da Verdade que trouxe a Terra o Cristianismo restaurado, definição sua da Doutrina Espírita. No Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec inseriu uma mensagem de Emmanuel, recebida em Paris, 1861, intitulada O Egoísmo (Cap. XI - 11).

Além dos dois livros históricos citados, destacam-se: Paulo e Estevão, obra que, segundo Herculano Pires, justificaria, por si só, a missão mediúnica de Francisco Cândido Xavier, Ave Cristo e Renúncia, livros estes que, juntamente com os citados anteriormente, ajudam-nos a entender o nascimento do Cristianismo e, depois, a sua gradual adulteração.


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Biografia extraída do Grupo de Estudos Avançados Espíritas – GEAE



(a)    RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

AMAR É SOFRER?



Quem disse que “amar é sofrer” jamais amou.

O beijo do ar da madrugada desperta a vida que dorme.

O sorriso da lua engrinaldada de estrelas diminui as sombras.

A carícia do sol vitaliza todas as coisas.

E a chuva que lava a terra, e reverdece o chão, e abençoa o mundo, correndo no rio, esvoaçando na nuvem esgarçada, são as tuas expressões de amor, construtor real, demonstrando o teu poder, a tua grandeza e a minha pequenez.

Quem ama, sempre doa, e não sofre, porque ama.

Quem diz que amar é sofrer ainda está esperando pelo amor e jamais amou.

As palavras do poeta Tagore são fortes. Desafiam todos os autores que até hoje cantaram, emocionados, as dores do amor.

E foram tantos... E ainda são.

O amor do mundo sempre esteve vinculado à dor, pois sempre foi um amor apego, um amor posse, um amor desespero.

Agia-se no ímpeto por amor, e lá vinha a dor. Esperava-se indefinidamente por amor, e lá se iam anos de sofrer silencioso.

Nossa arte revela isso de forma magistral: o ser humano tentando sobreviver amando dessa forma.

Chegamos ao ponto de nos autoflagelarmos por ele, ou ainda, de acabar com nossa própria vida, por não suportar tal vil pesar. E o pior, achamos isso belo, romântico...

Imaturos fomos, assim como o que chamamos de amor ao longo das eras também o foi.

Inventamos um tal de amor à primeira vista, para justificar paixões retumbantes, apenas desejos ardentes muitas vezes...

Alguns ainda, aprenderam a chamar o ato da união sexual em si, de fazer amor, como se em toda coabitação ele estivesse obrigatoriamente presente – quem dera...

Entendemos pouco de amor.

E não foi por falta de bons exemplos.

Recebemos na Terra o Espírito que irradiava amor, e que proclamou esta palavra aos quatro ventos, de uma forma inesquecível.

O amor do qual Jesus falava era esse amor doação, o amor ágape.

Pode haver sofrimento em nosso coração ainda por algum tempo, mas não por amar, e sim, apenas por não sabermos amar de forma devida.

São nossos vícios que trazem as dores. O amor só traz alegria e paz, pois é responsável pela consciência pacificada.

A carícia do sol vitaliza todas as coisas e o amor verdadeiro é este sol, que sempre vitaliza e nunca enfraquece.

Nas piores noites o sorriso da lua engrinaldada de estrelas diminui as sombras. É novamente o amor, consolando, dando esperança, e jamais provocando mais escuridão.

É tempo de conhecer melhor o amor, agora que podemos ser mais maduros, que entendemos que não possuímos as coisas nem as pessoas; agora que entendemos que não estamos aqui para ter, mas para ser.

Ainda estamos esperando pelo amor, é certo, porém, cada movimento que fazemos em direção ao outro, deixando de lado o vício do egoísmo e do orgulho, é um passo que damos até ele.

E talvez logo descubramos que não fomos nós que esperamos pelo amor durante todo esse tempo, mas ele que sempre esperou por nós...



***
Por Redação do Momento Espírita, com base em trecho do cap. XXII, do livro Estesia, de Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 


(a)  R.S.DURANT DART (O Arrebol Espírita)
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BARREIRAS




Que há sofrimentos, em toda parte do mundo, não há negar.

Reflitamos, porém, nos sofrimentos criados por nós mesmos.

Aquele da solidão em que nos ilhamos, através de falsos conceitos, é um deles. E dos maiores.

Constrangedoras cercas mentais em que nos gradeamos, desertando da vida comum.

Barreiras as mais diferentes.

Há os que se admitem demasiadamente envelhecidos na experiência física e se emparedam contra toda a espécie de renovação, como se a madureza não fosse o período áureo da reflexão, com as alegrias conscientizadas da vida.

Há os que vararam acidentes afetivos e entram em pessimismo sistemático, como se o amor – divina herança do Criador para todas as criaturas – devesse estar escravizado ao nível da incompreensão.

Há os que se declaram ludibriados pelo fracasso e se encasulam no desanimo, olvidando a construção da felicidade própria.

Há os que acreditam muito mais na doença que na saúde e se estiram em desalento, rendendo culto à suposta incapacidade.

Em todos os lugares, cercas de amarguras, desalento, tristeza, deserção...

Entretanto, a vida igualmente, em toda parte, oferece a todos os seus filhos uma senha de progresso: - trabalho e participação.

Se te dispões a aprender e servir, ninguém pode avaliar o tesouro das oportunidades de elevação que te descerrará ao caminho.

Abençoa a disciplina que nos orienta o coração com diretrizes justas, mas não te prendas a limitações imaginárias que te separem da idéia de Deus e da grandeza da vida.

Quando te encontrares em dúvida, quanto à liberdade espiritual a que todos nos achamos destinados pelos princípios de evolução e aperfeiçoamento, olha para o Alto.

Toda a região que nomeamos por céu não é mais que uma saída gloriosa com milhões de portas abertas para a celeste ascensão.


***
Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Rumo Certo


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terça-feira, 25 de novembro de 2014

CANTIGA DA REENCARNAÇÃO



Um homem agonizava, mas embora
Não pudesse expressar palavra alguma,
Na sombra interior que o desarvora,
Pede em silencio ao corpo:

- “ Ampara-me, por Deus!
Eu não quero morrer, ajuda, corpo amigo,
Não te quero deixar, preciso estar contigo,
Sem ti temo cair em abismos fatais...”

Era o apelo de instantes derradeiros
Naquele portador de moléstia obscura,
Que ainda não chegará aos cinqüenta janeiros
E que tudo indicava
Estar descendo à morte prematura.

De consciência lúcida, lembrava
Em contrição sincera,
As forças que gastara, inutilmente,
As noites dos excessos de aguardente
E os abusos sem conta que fizera...

E, ante a morte a surgir, sempre mais perto,
Continua a rogar ao corpo enfraquecido:
- “Corpo que Deus me deu, não me deixes caído,
quero mais tempo, a fim de preparar-me
para aceitar sem medo e sem alarme,
a ideia de perder-te e entrar em rumo incerto”.

Entretanto,
De espírito cansado,
A desfazer-se em pranto,
Nas vascas da agonia,
Ouviu a voz do corpo fatigado,
Que, por fim, lhe dizia:

“Escuta, meu amigo,
eu sou teu servo e sei que és meu senhor,
sempre te obedeci com desvelado amor,
Deus me criou para a missão
De atender-te em completa servidão.

Nunca me viste a desobedecer
As ordens que me destes
Fossem justas ou não,
Porquanto o meu dever
É o de servir-te sem reclamação.

Mas indaga de ti quantas vez me impuseste
Noitadas de prazer, ruinosas ou vazias,
Depredando-me as próprias energias
Que Deus me concedeu, em teu favor...

Embora eu te avisasse
Com a minha própria dor
Que o remorso produz tristeza e enfermidade,
Adquiriste, displicente,
Cargas de sombra sobre a própria mente,
Culpas e culpas sem necessidade...

Repito: sou teu servo e, em nada te condeno,
Mas demonstrando entendimento estreito,
Gastaste-me as reservas sem proveito,
Consumindo-me as forças,
A pedaços de abuso e a doses de veneno...

Dei-te tudo o que eu tinha,
Nada me resta agora,
Senão me recolher à derradeira hora,
Em que eu deva tornar, com segura presteza,
À recomposição da natureza!...”

O homem ouviu o corpo em despedida
Mas não tinha defesa
Contra os próprios desmandos, ante a vida...
No silencio de mágoa indefinida,
Voltou-se para Deus em oração,
Pediu misericórdia, amparo e proteção,
E, ante o corpo que se lhe enrijecia,
Chorou o companheiro que perdia...

Longo tempo passou, em clima de amargura,
No entanto, ao se afundar em crises de loucura,
Fez-se-lhe a prece continuada,
Nos sofrimentos em que avança
Um clarão de esperança...

Tinha nódoas de culpa, em lágrimas sofria,
Mas, o Céu lhe apontava a luz de novo dia...
No íntimo, o Senhor o exortava somente
A regressar ao mundo e tentar novamente
Extinguir em si mesmo os males que trazia...

O espírito em falência, exânime, inseguro
Pensou nas novas bênçãos do futuro,
Viu a reparação por justiça e dever,
E agradecendo aos Céus
Gritou feliz, livre mas preso ao chão:

- “Glória a Deus pela benção de sofrer,
Glória a reencarnação que obterei um dia,
A fim de achar na dor a essência da alegria,
O Dom de trabalhar e a graça de nascer!”

***
Espírito: Maria Dolores
Médium: Chico Xavier

PS. Maria Dolores, nasceu na cidade de Bonfim da Feira, estado da Bahia, aos 10 de setembro de 1901 e desencarnou no dia 27 de julho de 1958; em vida foi poeta. A partir de 1971, na condição de espírito,  através do médium Chico Xavier, passou, como fez em vida, a nos presentear com belas mensagens poéticas, cheias de ensinamentos, de amor e fé.



(a) R.S.DURANT DART (O Arrebol Espírita)
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MEMORANDO


  
- A balança do bem não tem cópias.

- A vontade adoece, mas nunca morre.

- Quem compensa mal com mal, atinge males maiores.

- O amor real transpira imparcialidade.

- O sofrimento acorda o dever.

- O remédio excessivo faz-se veneno.

- Somos todos familiares de Jesus.

- Nenhum enfeite disfarça a culpa.

- A vida não cansa o coração humilde.

- Toda convicção merece respeito.

- Só a consciência tranqüila dá sono calmo.

- Emoções e idéias não existem a sós.

- O tempo não desfigura a beleza espiritual.

- Mediunidade, na essência, é cooperação mútua.

- Para o cristão não existem dores alheias, porque as dores da coletividade pertencem a ele próprio.

- Do erro nasce a correção.

- Lábios vigilantes não alardeiam vantagens.

- A caridade é o pensamento vivo do Evangelho.


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Espírito: André Luiz
Médium: Chico Xavier e Waldo Vieira
Livro: Estude e Viva




r.s.durant dart

LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL


A solução do problema da libertação espiritual, considerado originalmente, é questão de foro íntimo, qual acontece ao homem na vida comum.

Uma criatura poderá ter renascido em lastimáveis condições de penúria e acordar para as responsabilidades da reencarnação em ambiente vicioso, seja na família consangüínea ou na esfera de relações sociais em que foi levada a conviver, atravessando, por isso, largo trecho da existência em perigoso arrastamento ao mal; entretanto, se determina a si mesma o dever de elevar-se, acendendo no raciocínio a lâmpada do estudo e abraçando a trilha correta do trabalho, a breve tempo começa a receber o amparo daqueles a quem se faz útil, conquistando mais alto nível, do qual consegue estender braços fraternos, em socorro dos irmãos que ficaram na retaguarda.

Ocorre o mesmo nos domínios do espírito.

Determinada pessoa pode encontrar-se às súbitas, debaixo da influência de entidades perturbadoras, seja por haver atraído-as por pensamentos infelizes ou porque sejam elas aqueles companheiros que lhe constituem a equipe de sócios das existências passadas; conseqüentemente é capaz de sofrer induções à delinqüência, em atormentados processos obsessivos, mas, se delibera emancipar-se, procurando a luz do conhecimento e situando o caminho no serviço aos semelhantes, passa a recolher, de imediato, o concurso daquele a quem auxilia, alcançando mais alto nível, do qual pode enviar apoio amigo àqueles mesmos Espíritos que se lhe erigiram à condição de perseguidores.

Fácil de compreender que toda criatura está vinculada ao grupo de inteligências e corações que lhe são afins, sejam em nos referindo a companheiros encarnados ou desencarnados, diante das avenidas da renovação e do progresso, descerradas, indiscriminadamente, a nós todos.

À frente, pois, dessa verdade, toda vez que estivermos inclinados à queda nas sombras da obsessão, quando na estância física, será possível receber a cooperação salvacionista de numerosos benfeitores; reconhecendo, porém, aquela outra realidade da lei de sintonia, pela qual sabemos que o ímã de atração das nossas companhias está no campo de nossa própria alma, não será lícito esquecer que o trabalho de nossa libertação e reequilíbrio depende positivamente de nós.


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Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Encontro Marcado



r.s.durant dart

CORPO

Abstendo-nos de qualquer digressão científica, porquanto os livros técnicos de educação usual são suficientemente esclarecedores no que reporta aos aspectos exteriores do corpo humano, lembremo-nos de que o Espírito, inquilino da casa física, lhe preside à formação e à sustentação, consciente ou inconscientemente, desde a hora primeira da organização fetal, não obstante quase sempre sob os cuidados protetores de Mensageiros da Providência Divina.

Trazendo consigo mesmo a soma dos reflexos bons e menos bons de que é portador, segundo a colheita de méritos e prejuízos que semeou para si mesmo no solo do tempo, o Espírito incorpora aos moldes reduzidos do próprio ser as células do equipamento humano, associando-as à própria vida, desde a vesícula germinal.

Amparado no colo materno, estrutura-se-lhe o corpo mediante as células referidas, que, em se multiplicando ao redor da matriz espiritual, como a limalha de ferro sobre o ímã, formam, a principio, os folhetos blasto dérmicos de que se derivam o tubo intestinal, o tubo nervoso, o tecido cutâneo, os ossos, os músculos, os vasos.

Em breve, atendendo ao desenvolvimento espontâneo, acha-se o Espírito materializado na arena física, manifestando-se pelo veículo carnal que o exprime. Esse veículo, constituído por bilhões de células ou individuações microscópicas, que se ajustam aos tecidos sutis da alma, partilhando-lhes a natureza eletromagnética, lembra uma oficina complexa, formada de bilhões de motores infinitesimais, movidos por oscilações eletromagnéticas, em comprimento de onda específica, emitindo irradiações próprias e assimilando-as irradiações do plano em que se encontram, tudo sob o comando de um único diretor: a mente.

Desde a fase embrionária do instrumento em que se manifestará no mundo, o Espírito nele plasma os reflexos que lhe são próprios.

Criaturas existem tão conturbadas além-túmulo com os problemas decorrentes do suicídio e do homicídio, da delinqüência e da viciação, que, trazidas ao renascimento, demonstram, de imediato, os mais dolorosos desequilíbrios, pela disfunção vibratória que os cataloga nos quadros da patologia celular.

As enfermidades congênitas nada mais são que reflexos da posição infeliz a que nos conduzimos no pretérito próximo, reclamando-nos a internação na esfera física, às vezes por prazo curto, para tratamento da desarmonia interior em que fomos comprometidos.

Surgem, porém, outras cambiantes dos reflexos do passado na existência do corpo, da culpa disfarçada e dos remorsos ocultos. São plantações de tempo certo que a lei de ação e reação governa, vigilante, com segurança e precisão.

É por isso que, muitas vezes, consoante os programas traçados antes do berço, na pauta da dívida e do resgate, a criatura é visitada por estranhas provações, em plena prosperidade material, ou por desastres fisiológicos de comovente expressão, quando mais irradiante se lhe mostra a saúde.

Contudo, é imperioso lembrar que reflexos geram reflexos e que não há pagamento sem justos atenuantes, quando o devedor se revela amigo da solução dos próprios débitos.

A prática do bem, simples e infatigável pode modificar a rota do destino, de vez que o pensamento claro e correto, com ação edificante, interfere nas funções celulares, tanto quanto nos eventos humanos, atraindo em nosso favor, por nosso reflexo melhorado e mais nobre, amparo, luz e apoio, segundo a lei do auxílio.



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Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Pensamento e Vida



r.s.durant dart

HOLOCAUSTO À FÉ



A mensagem rutilante avançava gloriosa por quase todo o Império.

No Oriente, a Palavra alcançara o Egito, Bizâncio, Cartago, Líbia e se ampliara imensamente em Israel, mesmo sob perseguições insanas... No Ocidente, galvanizava as vidas que se dedicavam a Jesus, pela imensidão da Espanha, das Gálias, da Península Itálica e particularmente na capital do Império, com incomparáveis demonstrações de fidelidade que culminava com o sacrifício da própria vida, abalando as estruturas hegemônicas das Legiões...

Depois das calamitosas perseguições que se prolongaram com mais ou menos vigor, Roma havia amenizado o cerco à doutrina do Crucificado, e embora não fosse aceita legalmente, conseguira erguer igrejas, difundir os ensinamentos, publicar as lições incomparáveis do Mestre, realizar reuniões...

Penetrando as classes dominantes, era praticada por comandantes de algumas tropas e seus soldados, por governantes de cidades e pelo povo...

Diocleciano, após muitas lutas sangrentas assumira a governança geral de todo o Império em 284, embora dividisse algumas regiões com outros guerreiros, logo percebendo o perigo que ameaçava a unidade de Roma, que se espalhava por, praticamente, todo o mundo conhecido, porquanto, não poucos generais e comandantes de legiões vinculados à fé cristã, recusavam-se a guerrear, não matando quem quer que fosse, e a impor as leis severas que se faziam necessárias para impedir as sedições e a fragmentação.

Advertido, mais de uma vez, por alguns generais pagãos que se opunham à fraternidade e à doutrina contrária aos deuses das suas tradições politeístas, encomendou o primeiro Édito, firmado no dia 23 de fevereiro de 303, data reservada á celebração da festa da Terminália, que se tratava de homenagear o deus Terminus, protetor das famílias e das fronteiras, coibindo a expansão da doutrina cristã, autorizando a queima dos documentos da fé nascente e a punição dos que se opunham a atender aos deveres do Estado... A seguir, mandou preparar mais dois Éditos, que se transformaram em instrumentos de perseguição sistemática e cruel, variando de acordo com a região em que eram aplicados, caracterizando o pior e o mais perverso período enfrentado pelos novos cristãos.

As mais terríveis técnicas foram aplicadas para que abjurassem a fé e homenageassem os deuses.

Os holocaustos ficariam célebres pela rudeza da aplicação das penas, especialmente nos líderes das igrejas como em relação ao poviléu.

Propunha-se que abjurassem a crença e teriam a benevolência do Imperador. Mas quase todos, apenas um pequeno número de apóstatas, permaneceram fiéis e estoicamente enfrentaram os algozes perdoando-os como fizera Jesus.

Em Antioquia, como em Roma, alongando-se pelas Províncias, mesmo as mais distantes da capital, os cristãos eram queimados vivos em grelhas e postes, decapitados, empalados, atirados às feras, mandados ao trabalho forçado em minas perigosas de onde nunca poderiam sair com vida...

Um pouco antes, por volta do ano 280, Maximiano avançou com a Legião Tebana que fazia parte do seu exército, conseguindo a vitória almejada. Por ocasião do retorno a Agaunum, na Suíça, Maximianus, exultante, impôs que todo o exército deveria homenagear os deuses e fazer sacrifícios, coroando os atos com a proposta de execução de alguns cristãos que estavam aprisionados.

Ocorreu o inesperado, porque a Legião Tebana, comandada pelo capitão Maurício, negou-se a fazê-lo, já que era constituída de cristãos, não atendendo à imposição de celebrar os ritos impostos...

Contrariado, Maximinus sendo desobedecido, impôs que a Legião fosse dizimada, isto é, um entre dez soldados fosse assassinado. Ninguém recuou, e o processo hediondo prosseguiu até a destruição da Legião, inclusive, com a morte do seu comandante, ampliando-se por outras partes do Império...

Diocleciano e seus sequazes, logo após o primeiro Édito, destruíram igrejas, e somente não as incendiaram porque receavam o alastramento das chamas, tendo em vista que as mesmas haviam sido construídas ao lado de grandes edifícios.

É nesse período de hediondez que desaparecem os preciosos documentos originais que narram a história do Evangelho e do suave Rabi, todos ou quase todos reduzidos a cinzas...

Essa página de hediondez histórica permaneceu em atividade perversa por dez anos, somente sendo modificada no dia 13 de junho de 313, quando Constantino e Licínio propuseram o Édito de Milão, iniciando-se uma nova era para a fé cristã.

A liberalidade do novo Imperador logo transformou o Cristianismo em doutrina do Estado, conspurcando a pureza do comportamento moral dos seus adeptos, ceifando a humildade e a simplicidade nascidas na Manjedoura de Belém, tornando-o poderoso e infiel.

Ao longo do tempo, a fim de manter a autoridade e o poder terreno, face à perda dos valores morais, os seus escritores e copistas adulteraram os fatos, interpolaram as informações, falsificaram os ensinamento, criaram dogmas ultrajantes, compatíveis com as formulações políticas e arbitrárias, dando lugar às lamentáveis perseguições aos hereges que eram todos aqueles que não compactuavam com os absurdos estabelecidos pelo Papa e pelo Colégio dos Cardeais, assim como pelos membros da organização em defesa da fé...

As inqualificáveis Cruzadas são as heranças absurdas da temeridade do poder dos Papas e Reis alucinados pelas glórias do mundo, mais tarde ampliadas pela Inquisição que se utilizou dos mesmos métodos que Diocleciano usara, aprimorados pela volúpia da loucura humana que se alastrava...

Foi transformada a Mensagem em força de destruição contra os judeus e ou mouros, contra os albigenses, que tinham também direito à vida, por serem as outras ovelhas que não eram do rebanho, conforme se referira Jesus.

O inevitável progresso, porém, através dos tempos futuros rompeu a densa treva da ignorância e de alucinação, libertando os asfixiados ideais humanos de liberdade, de fraternidade e de dignidade, ao tempo em que o ser humano alcançou e compreendeu as leis do Universo, relegando ao olvido a presunção e prepotência dogmáticas...

Novos tempos, novos conteúdos comportamentais e decadência da fé cristã, dividida, na atualidade, pelo fanatismo dos neopentecostalistas e dos indiferentes vinculados à tradição, deixando as massas sofredoras ao abandono e à desordem moral.

Nada obstante, graças ao advento de O Consolador, renasce a Mensagem dúlcida e simples de Jesus, evocando o sublime Amigo, que prossegue convidando aqueles que O amam ao holocausto pela fé e à abnegação na tarefa do amor em todas as suas dimensões.

Os cristãos novos, sem dúvida, os mesmos que antes conspurcaram a nobre doutrina, encontram-se na liça, buscando restaurar a pulcritude do Evangelho, promovendo o ser humano e construindo a nova era, não estando indenes ao holocausto, certamente diverso daquele do passado, como forma de reabilitação em testemunho de fidelidade e de honradez.

Que se façam dignos da nova investidura libertadora, são os votos que formulamos todos aqueles que os antecipamos na experiência redentora e iluminativa!


***
Pelo Espírito Vianna de Carvalho - Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 21 de dezembro de 2011, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A PAIXÃO DE JESUS



O Espiritismo não nos abre o caminho da deserção do mundo.

Se é justo evitar os abusos do século, não podemos chegar ao exagero de querer viver fora dele. Usufruamos a vida que Deus nos dá, respirando o ar das demais criaturas, nossas irmãs.

Para seguir a própria consciência, podemos dispensar a virtude intocável que forja a santidade ilusória.

Não sejamos sombras vivas, nem transformemos nossos lares em túmulos enfeitados por filigranas de adoração.

Nossa fé não é campo fechado à espontaneidade.

Encarnados e desencarnados precisamos ser prudentes, mas isso não significa devamos reprimir expansões sadias e não nos abracemos uns aos outros. A abstinência do mal não impõe restrições ao bem.

Assim como a virtude jactanciosa é defeito quanto qualquer outro, a austeridade afetada é ilusão semelhante às demais.

Não façamos da vida particular uma torre de marfim para encastelar os princípios superiores, ou estrado de exibição para entronizar o ponto de vista.

A convicção espírita não é insensível ou impertinente.

A inflexibilidade, no dever, não exige frieza de coração. Fujamos ao proselitismo fanatizante, mas nem por isso cultivemos nos outros a aversão por nossa fé.

Se o papel de vítima é sempre o melhor e o mais confortável, nem por isso, a título de representá-lo, podemos forçar a nossa existência, transformando em verdugos, à força, as criaturas que nos rodeiam.

Não sejamos policiais do Evangelho, mas candidatemo-nos a servidores cristãos.

Nem caridade vaidosa que agrave a aspereza do próximo, nem secura de coração que estiole a alegria de viver.

Quem transpira gelo, dentro em breve caminhará em atmosfera glacial.

A crença aferrolhada no orgulho desencadeia desastres tão grandes quanto aqueles criados pelo materialismo.

Não sejamos companhias entediantes.

Um sorriso de bondade não compromete a ninguém.

A fé espírita reside no justo meio-termo do bem e da virtude.

Nem o silêncio perpétuo da meia-morte, que destrói a naturalidade, nem a fala medrosa da inibição a beirar o ridículo.

Nem olhos baixos de santidade artificiosa, nem anseio inexperiente de se impor a todo preço.

Nem cumplicidade no erro, na forma de vício, nem conivência com o mal, na forma de aparente elevação.

Fé espírita é libertação espiritual. Não ensina a reserva calculada que anula a comunicabilidade, constrangendo os outros, nem recomenda a rigidez de hábitos que esteriliza a vida simples. Nem tristeza sistemática, nem entusiasmo pueril.

Abstenhamo-nos da falsa ideia religiosa, suscetível de repetir os desvios de existências anteriores, nas quais vivemos em misticismo acabrunhante.

Desfaçamos os tabus da superioridade mentirosa, na certeza de que existe igualmente o orgulho de parecer humilde.

O Espiritismo nos oferece a verdadeira confiança, raciocinada e renovadora; eis por que o espírita não está condenado a atividade inexpressiva ou vegetante. Caridade é dinamismo do amor. Evangelho é alegria. Não é sistema de restringir as ideias ou tolher as manifestações, é vacinação contra o convencionalismo absorvente.

Busquemos o povo – a verdadeira paixão de Jesus –, convivendo com ele, sentindo-lhe as dores, e servindo-o sem intenções secundárias, conforme o “amai-vos uns aos outros” – a senda maior de nossa emancipação.


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Espírito: Ewerton Quadros
Médium: Chico Xavier
Livro: O Espírito da Verdade


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RECADO DO TIM - Psicografia


Réu Confesso

Não vim aqui para mentir. Eu não preciso disso não. Estou bem depois de uma longa internação num hospital por estas bandas. Tudo está tranquilo e eu me reencontrei novamente. Estou são,  por enquanto.

Esse cara aí, pela segunda vez, me fez chegar até ele. Nunca psicografei, mas já dei intuições por aí à vontade. Esse negócio é realmente muito estranho. Alguém ficar falando ou escrevendo por você, mas é o jeito que se tem por aqui.

Fui irresponsável com a minha vida, confesso. Tive oportunidade de montar uma vida tranquila e equilibrada, mas não era o meu propósito de vida. No fundo, acho que era recalque mesmo. Fiz e está feito, não há nada que se possa fazer para alterar o passado. Agora estou em outra.

Espera aí, não vão achar que virei beato ou espírito santo. Coisa nenhuma. Peno ainda em controlar a minha condição. É difícil, mas o pessoal daqui fica o tempo inteiro no meu pé.

Sou um aficionado por música e neste lado também se curte um som. Som maneiro. Tem de tudo. Tem rock, tem blue, tem soul, tem batida leve. Cada um de acordo com a sua praia.

Integro um grupo que faz festa nos presídios do lado de cá. Parada sinistra, mas tem resultado. O pessoal se delicia com a música e repensa a vida que teve. Tremenda terapia, mano.

Sei que fiz muita besteira e que não sou exemplo para ninguém, mas não abro mão da minha liberdade. É a única coisa minha de verdade e que ninguém me leva, a menos se eu deixar.

Estou por aqui de passagem. Deram-me uma espécie de condicional por bom comportamento. Logo eu...

Na verdade, finjo melhoria porque me encontro, de vez em quando, querendo cheirar um pozinho ainda. Sou réu, confesso. Não dá pra mentir do lado de cá. Veja o que é essa danada da droga, nem morto a gente se livra dela.

Fico pensando no pessoal que vive cheirando e bebendo por aí sem saber o destino que lhe espera. Tremenda roubada, meu irmão. Tem que pagar pra ver.

Eu estou bem, contem aí para os meus amigos e para quem gosta de mim. Esse filme aí que fizeram de mim é legal. O pessoal mandou bem. O cara que fez eu mais velho é muito feio, sou mais eu.

Os musicais são emocionantes. Assisti um que não me contive e cantei duas músicas. O Thiago pensou que estava delirando. Era eu, cara. Que viagem, meu irmão.

Tenho encontrado muita gente por esses lados nestas andanças musicais.

A Elis Regina não para. Agora chegou o Jair Rodrigues. Gente boa, pessoa querida, vocês precisavam ver o cortejo que fizeram para ele.

Tudo maravilha!

Vou nessa, estão me esperando. Estão fiscalizando o que eu escrevo para eu não me precipitar e botar com a língua entre os dentes.

Tudo na vida vale a pena, mas não cabe repetir o caminho que já se viu que era errado, entendeu?

Toda a minha vida eu dediquei a música, que mexe com a gente e deixa a gente feliz.

Juízo, pessoal!

É hora de partir. Fui!

Tim Maia


***
Médium Carlos Pereira.
Psicografia recebida em 16 de novembro de 2014.




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sábado, 22 de novembro de 2014

DESPEDIDA DE VITAL




Lua cheia... Na choça a que se apega,
Morre Vital, velhinho, olhando o morro...
Por prece, escuta a arenga do cachorro,
Ganindo nas touceiras da macega.

Pobre amigo!... Agoniza sem socorro,
Chora lembrando o milho na moega...
Oitenta anos de lágrimas carrega
Na carcaça jogada ao chão sem forro.

Suando, enxerga um moço na soleira,
- “Eu sou leproso...” – avisa em voz rasteira,
mas diz o moço, envolto em luz dourada:

- “Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”
E o velho sai das chagas de mendigo
Para um carro de estrelas da alvorada.


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Espírito: Casimiro Cunha
Médium: Chico Xavier
Livro: Antologia Mediúnica do Natal



Compilado por: r.s.durant dart

A PREGAÇÃO FUNDAMENTAL

 

Um aprendiz de Nosso Senhor Jesus-Cristo entusiasmou-se com os ensinamentos do Evangelho e decidiu propagá-los, enquanto vivesse. Leu, atencioso, as lições do Mestre e começou a comentá-las por toda parte, gastando dias e noites nesse mister.

Chegou, porém, o momento em que precisou pagar as próprias despesas e foi compelido a trabalhar.

Empregou-se sob as ordens de um orientador que lhe não agradou. Esse diretor de serviço achava-se muito distante da fé e, por isto, contrariava-lhe as tendências religiosas. Controlava-lhe as horas com rigor e observava-o com apontamentos acrimoniosos e rudes.

O pregador do Crucificado não mais se movimentava com a liberdade de outro tempo. Era obrigado a consagrar largos dias a trabalhos difíceis que lhe consumiam todas as forças. Prosseguia, ensinando a boa doutrina, quanto lhe era possível; porém, não mais podia agir e falar, como queria ou quando pretendia. Tinha os minutos contados, as oportunidades divididas, as semanas tabeladas e, porque se julgasse vítima das ordenações de sua chefia, procurou o diretor do serviço e despediu-se.

O proprietário que o empregara indagou do motivo que o levava a semelhante resolução.

Um tanto irônico, o rapaz explicou-se:

— Quero ser livre para melhor servir a Jesus. Não posso, pois, aceitar o cativeiro de sua casa.

Nesse dia de folga absoluta, sentiu-se tão independente e tão satisfeito que discorreu, animadamente, sobre a doutrina cristã, até depois de meia-noite, em várias casas religiosas.

Repousando, feliz, alta madrugada sonhou que o Mestre vinha encontrá-lo.

Reparou-lhe a beleza celeste e ajoelhou-se para beijar-lhe a túnica resplandecente.

Jesus, porém, estampava na fisionomia dolorosa e indisfarçável tristeza.

O discípulo inquietou-se e interrogou:

- Senhor, porque te sentes amargurado?

O Cristo, respondeu, melancolicamente:

— Porque desprezaste, meu filho, a pregação que te confiei?

— Como assim, Senhor? — replicou o jovem — ainda hoje abandonei um homem tirânico para melhor ensinar a tua palavra. Tenho discursado em vários templos e comentado a Boa-Nova por onde passo.

— Sim — exclamou o Mestre —, esta é a pregação que me ofereces e que desejo continues fervorosamente; todavia, confiei ao teu espírito a pregação fundamental da verdade a um homem que administra os meus interesses na Terra e não soubeste executá-la. Classificaste-o de ignorante e cruel; entretanto, olvidas que ele ignora o que sabes. E pretendes, acaso, desconhecer que o orientador humano que te dei somente poderia abordar-me os ensinos, nesta hora, através de teu exemplo? Tua humildade construtiva, no espírito de serviço, modificar-lhe-ia o coração... Se lhe desses cinco anos consecutivos de demonstrações evangélicas, estaria preparado a caminhar, por si mesmo, na direção do Reino Divino!... E ele, que determina sobre o tempo de duzentos homens, se faria melhor, mais humano e mais nobre, sem prejuízo da energia e da eficiência... Poderás ensinar o caminho celestial a cem mil ouvidos, mas a pregação do exemplo, que converta um só coração ao Infinito Bem, estabelece com mais presteza a redenção do mundo!...

O aprendiz desejou perguntar alguma coisa; entretanto, o Cristo afastou-se num turbilhão de luminosa neblina.

Acordou, sobressaltado, e não mais dormiu naquela noite.

De manhã, pôs-se a caminho do estabelecimento em que trabalhara, procurou o diretor de quem se despedira e pediu humildemente:

— Senhor, rogo-lhe desculpas pelo meu gesto impensado e, caso seja possível, readmita-me nesta casa! aceitarei qualquer gênero de tarefa.

O chefe, admirado, indagou:

— Quem te induziu a esta modificação?

— Foi Jesus — respondeu o rapaz —; não podemos servi-lo por intermédio da indisciplina ou do orgulho pessoal.

O diretor concordou sem vacilação, exclamando:

— Entre! Estamos ao seu dispor.

Anotou a boa vontade e o sincero desejo de servir de que o empregado dava agora vivo testemunho e passou a refletir na grandeza da doutrina que assim orientava os passos de um homem no aperfeiçoamento moral. E o aprendiz do Evangelho que retomou o trabalho comum, intensamente feliz, compreendeu, afinal, que poderia prosseguir na propaganda verbal que desejava e na pregação básica do exemplo que Jesus esperava dele.

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Espírito: Neio Lúcio
Médium: Chico Xavier
Livro: Alvorada Cristã


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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

DESTINO - Vidas Sucessivas


Certas escolas espiritualistas combatem o princípio das vidas sucessivas e ensinam que a evolução da alma depois da morte continua a efetuar-se somente no mundo invisível; outras, conquanto admitam a reencarnação, creem que ela se realiza em esferas mais elevadas; o regresso à Terra não lhes parece ser uma necessidade. 
Aos partidários dessas teorias lembraremos que a encarnação na Terra tem um objetivo e esse objetivo é o aperfeiçoamento do ser humano. Ora, dada a infinita variedade das condições da existência terrestre, quer quanto à duração, quer quantos aos resultados, é impossível admitir que todos os homens possam chegar ao mesmo grau de perfeição numa única vida. Daí, a necessidade de regressos sucessivos que permitam adquirirem-se as qualidades requeridas para ter entrada em mundos mais adiantados. 
O presente tem a sua explicação no passado. Foi precisa uma série de renascimentos terrestres para que o homem conquistasse a posição que atualmente ocupa, e não parece admissível que este ponto de evolução seja definitivo para a nossa esfera. Os seus habitantes não estão todos em estado de transmigrar depois da morte para sociedades mais perfeitas; pelo contrário, tudo indica a imperfeição da sua natureza e a necessidade de novos trabalhos, de outras provas que lhes completem a educação e lhes dêem acesso a um grau superior na escala dos seres. 
Em toda parte, a Natureza procede com sabedoria, método e morosidade. Numerosos séculos foram-lhe indispensáveis para fabricar a forma humana; só volvidos longos períodos de babaria é que nasceu a Civilização. A evolução física e mental e o progresso moral são regidos por leis idênticas; não basta uma única existência para dar-lhes cumprimento. E para que havemos de ir buscar muito longe, a outros mundos, os elementos de novos progressos, quando os encontramos por toda parte em volta de nós? Desde a selvageria até a mais requintada civilização, não nos oferece o nosso planeta vasto campo ao desenvolvimento do Espírito? 
Os contrastes, as oposições que aí apresentam, em todas as suas formas, o bem e o mal, o saber e a ignorância, são outros tantos exemplos e ensinamentos, outras tantas causas de emulação. 
Renascer não é mais extraordinário do que nascer; a alma volta à carne para nela submeter-se às leis da necessidade; as precisões e as lutas da vida material são outros tantos incentivos que a obrigam a trabalhar, aumentam a sua energia, avigoram-lhe o caráter. Tais resultados não poderiam ser obtidos na vida livre do Espaço por Espíritos juvenis, cuja vontade é vacilante. Para avançarem, tornam-se precisos o látego da necessidade e as numerosas encarnações, durante as quais a alma vai concentrar-se, recolher-se em si mesma, adquirir a elasticidade, a impulsão indispensável para descrever mais tarde a sua imensa trajetória no céu. 
O fim dessas encarnações é, pois, de alguma sorte, a revelação da alma a si mesma ou, antes, a sua própria valorização pelo desenvolvimento constante das suas forças, dos seus conhecimentos, da sua consciência, da sua vontade. A alma inferior e nova não pode adquirir a consciência de si mesma senão com a condição de estar separada das outras almas, encerrada num corpo material. Ela constituirá, assim, um ser distinto, que vai afirmar a sua personalidade, aumentar a sua experiência, acentuar a sua marcha progressiva na razão direta dos esforços que fizer para triunfar das dificuldades e dos obstáculos que a vida terrestre lhe semeia debaixo dos pés. 
As existências planetárias põem-nos em relação com uma ordem completa de coisas que constituem o plano inicial, a base de nossa evolução infinita e que se acham em perfeita harmonia com o nosso grau de evolução; mas, esta ordem de coisas e a série das vidas que com ela se relacionam, por mais numerosas que sejam, representam uma fração ínfima da existência sideral, um instante na duração ilimitada dos nossos destinos. 
A passagem das almas terrestres para outros mundos só pode ser efetuada sob o regime de certas leis. Os Globos que povoam a extensão diferem entre si por sua natureza e densidade. A adaptação dos invólucros fluídicos das almas a esses meios novos somente é realizável em condições especiais de purificação. É impossível aos Espíritos inferiores, na vida errática, penetrarem nos mundos elevados e lhes descreverem as belezas aos nossos médiuns. Encontra-se a mesma dificuldade, maior ainda, quando se trata da reencarnação nesses mundos. As sociedades que os habitam, por seu estado de superioridade, são inacessíveis à imensa maioria dos Espíritos terrestres, ainda demasiadamente grosseiros, em insuficiente grau de elevação. Os sentimentos psíquicos dos últimos, mui pouco apurados, não lhes permitiriam viver da vida sutil que reina nessas esferas longínquas. Achar-se-iam lá como cegos na claridade ou surdos num concerto. A atração que lhes encadeia os corpos fluídicos ao Planeta prende-lhes, do mesmo modo, o pensamento e a consciência às coisas inferiores. Seus desejos, seus apetites, seus ódios, seu amor mesmo fazem-nos voltar a este mundo e ligam-nos ao objeto da sua paixão. 
É necessário aprendermos primeiramente a desatar os laços que nos amarram à Terra, para depois levantarmos o vôo para mundos mais elevados. Arrancar as almas terrestres ao seu meio, antes do termo da evolução especial a esse meio, fazê-las transmigrar para esferas superiores, antes de terem realizado os progressos necessários, seria desarrazoado e imprudente. A Natureza não procede assim, sua obra desenrola-se, majestosa, harmônica em todas as suas fases. Os seres, cuja ascensão suas leis dirigem, não deixam o campo de ação senão depois de terem adquirido virtudes e potências capazes de lhes darem entrada num domínio mais elevado da Vida Universal. 
***
DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor . 20.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1998. p.169-172 

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