O Arrebol Espírita

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

FRASES BREVES




Distribui do teu dinheiro
Socorros daquilo ou disso
Mas espalha, sobre tudo
A benção do teu serviço.

Alguém te enxovalha? Esquece.
Ampara a quem te magoa.
O bem puro e invariável,
É força que aperfeiçoa.

O tempo eleva-te os passos
Mas se não queres subir,
O tempo jamais te impede
A vocação de cair.

Quem do palácio faustoso
Aos pobres humilha e arrasa
Renascerá de futuro
No quintal da própria casa.

Controla-te e serve mais
Se a cólera te domina.
Moderação e trabalho
São gênios da medicina.

Seguindo o Mestre que amamos,
A quem te fere a injuria
Perdoa setenta vezes
Sete vezes cada dia.

Onde há fala sem proveito
Sofre o tempo escárnio e furto,
Onde a conversa é comprida
O serviço é sempre curto.

Alivia com bondade
A dor alheia ferida.
Toda verdade imprudente
Alarga os males da vida.

Se a tormenta está rugindo
Continua calmo e brando.
Não olvides na viagem
Que Jesus está velando
.
***
Espírito: Casimiro Cunha
Médium: Chico Xavier
Livro: Orvalho de Luz





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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

ABNEGAÇÃO




Entre tantas outras virtudes necessárias para nossa ascensão, há a Abnegação que muito agrada ao Pai.
Aquele que vive a queixar-se de tudo e de todos, faz aumentar seu próprio sofrimento.
Compare o queixoso com um recipiente onde é acumulado um volume excessivo de massa.
O recipiente, naturalmente se romperá pelo esforço nele concentrado.
Os laços de amizade entre o queixoso e os outros, igualmente acabam por romper-se.
Este irmão, doente da alma, não expressa nenhuma simpatia, e até mesmo seus familiares passam a evitá-lo,
uma vez que se torna quase impossível conviver pacificamente, com alguém que se lamenta incessantemente
da vida, como se fosse vítima da mesma e dos outros, como se estes tivessem culpa de seus sofrimentos.
O queixoso geralmente é pessimista e amargo, conseguindo com seu azedume fazer gravitar em torno de si,
por atração, um campo de energias negativas e repelentes, pondo em atividade a força de repulsão,
através da qual todos o rejeitam e se afastam.
Deus permite que o sofrimento nos atinja, para a nossa própria evolução;
não sofreremos menos, portanto, se passarmos a reclamar, queixando-nos freqüentemente daquilo
que jamais conseguiremos mudar.
Note bem: Seus sapatos apertam os seus pés e vocês sentem dor.
Se passarem a concentrar suas dores apenas em seus pés, a dor aumentará.
Quanto maior for a concentração que dirigirem a seus pés, maior será sua dor.
Não se esqueçam que foram vocês mesmo que escolheram seus próprios sapatos.
Necessário se faz, pois, usá-los sem que reclamem do calçado.
Ou seja, irmãos, vocês próprios escolheram as provas ou resgates pelos quais necessitam passar,
quando habitavam a Esfera Espiritual. De lá se asseguraram de que conseguiriam passar
pelas vicissitudes escolhidas com doçura e Abnegação. Vocês não se lembram, mas foi assim mesmo que aconteceu.
Não se queixem, pois, se sofrem; não se esqueçam de que os sapatos se desgastarão com o tempo,
envelhecerão, e não terão mais que usá-los.
Mas tenham sempre em mente, que a dor é o degrau Divino para a evolução.
Lembrem-se sempre como exemplo de Abnegação, do maior homem do mundo, Jesus,
que foi humilhado e não revidou, foi condenado e não se defendeu;
carregou sua cruz, caindo, tropeçando, e se levantou sem que ninguém pudesse ajudá-lo.
Chegou exangue no Calvário, onde o mataram impiedosamente, e não se ouviu de seus lábios nenhuma queixa.
Calado, sofreu todas as atrocidades cometidas por homens animais.
Como se não bastasse ainda tamanha Abnegação, disse pouco antes de pender a cabeça no madeiro:
- “Senhor, perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem”.
Maior Abnegação do que esse exemplo é impossível.
Só o Mestre para nos ensinar tamanho gesto de aceitação à vontade do
Pai e de aceitação ao sofrimento.
Se alguém lhes atirar uma pedra, nada digam.
Abaixem-se lentamente e peguem a pedra que lhes ofendeu.
Vão aos poucos burilando suas arestas.
Após algum tempo, não importa se anos, notarão que de dentro daquela pedra bruta, irá
aos poucos surgindo uma luz, que brilhará finalmente como um diamante.
Foram vocês, através dos esforços para a renovação, sem queixas, que conseguiram transformar
a pedra bruta que havia em seus corações, num diamante puro, cheio de luz e de amor.
Abnegados, são aqueles que sofrem calados toda a sorte de dores.
Que a paz do Mestre esteja com vocês.
Um irmão amigo do Plano Espiritual



***
Psicografia recebida pela médium Suely dos Anjos, em 26/09/2002 durante os trabalhos de Desenvolvimento Mediúnico do Grupo Espírita Missionários da Luz, de Lorena.






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RECONCILIAÇÃO



Há uma interessante passagem evangélica na qual Jesus recomenda que o homem se reconcilie o mais depressa possível com seu adversário.

A reconciliação deve se processar enquanto ambos estão a caminho, para que um não entregue o outro ao juiz.

Porque o juiz poderá entregar o culpado ao ministro da justiça, que o colocará na prisão.

Se isso ocorrer, as celas não se abrirão enquanto não for pago o último ceitil.

Trata-se de imagens fortes, que chamam a atenção para a importância da convivência equilibrada.

A vida na Terra é uma fecunda e importante escola.

Espíritos de personalidades e valores diversos são colocados lado a lado.

O resultado deve ser o aprendizado e o crescimento de todos os envolvidos.

A convivência nem sempre é fácil.

Na vida social, costumam surgir desacertos.

As ideias e os objetivos costumam ser diferentes, mesmo entre pessoas de boa vontade.

Comumente se afirma que a convivência entre certos indivíduos é difícil por serem inimigos espirituais.

Nessa linha, teriam um passado de erros em comum a justificar a animosidade presente.

Essa hipótese por vezes é verdadeira.

Entretanto, em geral, os desentendimentos de hoje decorrem mais de imperfeições e vícios do que de real inimizade pretérita.

Vaidade, orgulho e egoísmo respondem pela ampla maioria das querelas do mundo.

Não importa o passado, seres generosos e humildes sempre encontram um modo de conviver de forma respeitosa e pacífica.

O problema não reside no ontem, mas no hoje que pode se desdobrar no amanhã.

Importa adotar comportamento digno e fraterno, para seguir livre.

A lei divina é perfeita e cuida de todos.

Ela jamais é burlada, mesmo no mais ínfimo ceitil.

Mas é programada para o progresso e a felicidade dos seres, não para punir e infelicitar.

Daí vem a magna importância da exortação de Jesus.

Seres imperfeitos erram e se atritam.

Dos embates e dos pontos de vista divergentes, o progresso pode surgir.

Contudo, limites se fazem necessários nesse processo de divergência.

A vida precisa ser levada de modo que o coração não se replete de mágoas.

Está-se em uma escola, não em uma batalha campal.

Os outros são irmãos, companheiros de jornada, embora por vezes pensem e ajam de modo diverso.

Acima de qualquer coisa, é preciso manter-se digno e fraterno.

Quando o semelhante erra, perdoá-lo de coração, sem impor condições humilhantes.

Quando se erra, arrepender-se, pedir desculpas, reparar e seguir adiante.

Só não convém esperar a incidência da Lei, por entre mágoas e vaidades.

Porque é aí que surgem as grandes dores, destinadas a dulcificar o coração que se fez orgulhoso e ressentido.

Pense nisso.

***
Redação do Momento Espírita: 
http://momento.com.br




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ESTUDO E OBSERVAÇÃO




Abraçando a fé raciocinada, ao espírito não será lícito eximir-se ao estudo.

Valer-se do pensamento alheio, a fim de progredir e elevar-se, mas, formar as idéias próprias.

Ler e meditar.

Aprender e discernir.

Antes de tudo, compulsar Allan Kardec e anotar-lhe os princípios, de maneira e observá-los no cotidiano, é obrigação dos que se abeberam nas fontes do Cristianismo Redivivo.

Não só freqüentar as lições do Codificador da Doutrina Espírita, mas, igualmente, confrontar-lhe os textos com os ensinamentos do Evangelho de Jesus.

Render culto à evangelização, através dos fundamentos espíritas.

Jamais esquecer de associar Kardec ao Cristo de Deus, qual o próprio Kardec se associou a Ele em toda a sua obra.

Nunca olvidar que Espiritismo significa Cristianismo interpretado com simplicidade e segurança, para que não venhamos a resvalar na negação, fantasiada de postulados filosóficos.

Estudar para compreender que sem Jesus e Kardec, o fenômeno mediúnico é um passatempo da curiosidade improdutiva.

Pesquisar a verdade para reconhecer que a própria experimentação científica, só por si, sem conseqüências de ordem moral, não resolve os problemas da alma.

Colaborar com simpatia nos movimentos de perquirição que se efetuam em torno das atividades medianímicas, mas, sem prejuízo dos encargos e responsabilidades espíritas, valorizando o tempo, sem perdê-lo, de modo algum, nas indagações ociosas e infindáveis.

Selecionar os livros em disponibilidade, escolhendo aqueles que nos purifiquem as fontes da emoção e nos melhorem o nível de cultura.

Conquanto admirando a palavra do apóstolo: “examinai tudo e retende o melhor”, não se comprometer com literatura reconhecidamente deteriorada.

Difundir, quanto possível, as letras nobilitantes.

Proteger o livro espírita e a imprensa espírita com as possibilidades ao nosso alcance.

Concluir, em suma, que tanto necessita o homem de alimento do corpo quanto de alimento da alma e que tanto um quanto o outro exigem cuidado e defesa, higiene e substância, na formação e na aplicação.


***
Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: No Portal da Luz




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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

PARÁBOLA DA MÃE IMPACIENTE



A manhã corria tranquila, amenizada por uma brisa suave que balançava de leve as flores do jardim.

O céu azul era recortado pelo voo rápido das andorinhas.

Apesar de todo esse esplendor e encanto, a jovem mãe sentia-se impaciente e nervosa.

Correndo entre as árvores do quintal, o seu filhinho brincava descuidado.

Em dado momento, o garoto aproximou-se de um pequeno poço que ficava junto a uma frondosa mangueira.

Não havia perigo algum. No entanto, a mãe viu e irritou-se, porque estava impaciente.

Acercou-se do filho, ergueu a mão e lhe deu uma forte palmada.

Surpreendido pelo castigo que lhe parecia injusto, o menino ficou bastante irritado.

Voltando-se para a mãe, disse com ar zangado:

Você bateu em mim! Não gosto mais de você.

Ela ficou surpresa e arrependida diante da reação do garoto.

Ele, com a fisionomia amuada, afastou-se, encaminhando-se para o fundo do quintal.

Voltava-se, porém, a cada passo, para o lado em que se achava a mãe e insistia na mesma frase:

Não gosto mais de você!

Proferindo sempre a mesma queixa, chegou junto ao muro.

No terreno vizinho havia uma grande pedreira que, com sua face lisa, provocava um eco de rara perfeição.

Quando o menino bradou mais uma vez: Não gosto mais de você, o eco repetiu:

Não gosto mais de você!

Ao ouvir aquilo, que parecia reboar nas alturas, o garoto, que desconhecia a existência do eco, se assustou.

Correu para junto da mãe.

Mamãe! Lá no fundo do quintal, para o lado da pedreira, tem um gigante que grita: “Não gosto de você!”

A mãe, percebendo a verdade do acaso, tomou o filho pela mão e o convidou a ir até junto ao muro, onde se poderia ouvir o maravilhoso eco.

Ali chegando, pegou-o no colo e falou, com a serenidade que há pouco lhe faltara:

Grite bem alto para o gigante: “Eu gosto de você!”

Sem hesitar, levando as mãozinhas em concha, na altura da boca, ele fez vibrar a voz:

Eu gosto de você!

O eco rebateu: Eu gosto de você!

A jovem mãe explicou, com carinho:

Essa voz que você ouviu é a voz da vida.

A toda palavra de simpatia e bondade responde a vida com bondade e simpatia.

A todo gesto de violência e impaciência, recebemos de volta violência e impaciência.

Temos que agir bem, para que possamos receber o bem da vida.

Fez uma pausa e acrescentou, beijando o menino.

Hoje eu estava impaciente e por isso bati em você.

Mas eu gosto de você, meu filho, me desculpe.

O filho abraçou-a e murmurou:

Mamãe! Desculpe! Eu também gosto muito de você.

E o eco, que parecia nascer do coração da pedra, repetiu:

Mamãe! Desculpe! Eu também gosto muito de você.

* * *


Que as nossas palavras sejam sempre evocações à bondade e ao bem.


Que não sejam, porém, manifestações vazias e vãs.

Cuidemos para que nossos gestos sejam exemplificações seguras e constantes de cada uma das palavras que proferirmos.



***
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Parábola da Mãe Impaciente, do livro Contos e Lendas Orientais, de Malba Tahan, ed. Nova Fronteira.







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A MORTE NÃO É NADA



A morte não é nada.
Eu somente passei para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.

O que eu era para vocês, eu continuarei sendo.
Deem-me o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.
A vida significa tudo o que ela sempre significou.
O fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas?
Eu não estou longe, apenas do outro lado do Caminho...
Você que aí ficou, siga em frente...
A vida continua linda e bela como sempre foi.


***
Ditado Pelo Espírito: Santo Agostinho

Em Memória de Cindy Wevely.
De seu Tio-avô,
Carinhosamente,

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terça-feira, 9 de agosto de 2016

EVANGELHO E EDUCAÇÃO



Quando o Mestre confiou ao mundo a Divina Mensagem da Boa Nova, a Terra, sem dúvida, não se achava desprovida de sólida cultura.
Na Grécia, as artes haviam atingido luminosa culminância e, em Roma, bibliotecas preciosas circulavam por toda parte, divulgando a política e a ciência, a filosofia e a religião.
Os escritores possuíam corpos de copistas especializados e professores eméritos conservavam tradições e ensinamentos, preservando o tesouro da inteligência.
Prosperava a instrução, em todos os lugares, mas a educação demorava-se em lamentável pobreza.
O cativeiro consagrado por lei era flagelo comum.
A mulher, aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se dispensava aos cavalos.
Homens de consciência enobrecida, por infelicidade financeira ou por questiúnculas de raça, eram assinalados a ferro candente e submetidos à penosa servidão, anotados como animais.
Os pais podiam vender os filhos.
Era razoável cegar os vencidos e aproveitá-los em serviços domésticos.
As crianças fracas eram, quase sempre, punidas com a morte.
Enfermos eram sentenciados ao abandono.

As mulheres infelizes podiam ser apedrejadas com o beneplácito da justiça.
Os mutilados deviam perecer nos campos de luta, categorizados à conta de carne inútil.
Qualquer tirano desfrutava o direito do reduzir os governados à extrema penúria, sem ser incomodado por ninguém.
Feras devoravam homens vivos nos espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso geral.
Rara a festividade do povo que transcorria sem vasta efusão de sangue humano, como impositivo natural dos costumes.
Com Jesus, entretanto, começa uma Era Nova para o Sentimento.
Condenado ao supremo sacrifício, sem reclamar, e rogando o perdão celeste para aqueles que o vergastavam a feriam, instila no ânimo dos seguidores novas disposições espirituais.
Iluminados pela Divina Influência, os Discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes.
Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados.
Instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular.
Pouco a pouco, altera-se a paisagem social, no curso dos séculos.
Dilacerados e atormentados, entregues ao supremo sacrifício nas demonstrações sanguinolentas dos tribunais e das praças públicas, ou trancafiados nas prisões, os aprendizes do Evangelho ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor, a fortaleza moral e a esperança.
Há grupos de servidores, que se devotam ao trabalho remunerado para a libertação de numerosos cativos.
Senhores da fortuna e da terra, tocados nas fibras mais íntimas, devolvem escravos ao mundo livre.
Doentes encontram remédio, mendigos acham teto, desesperados se reconfortam, órfãos são recebidos no lar.
Nova mentalidade surge na Terra.
O coração educado aparece, por abençoada Luz, nas sombras da vida.
A gentileza e a afabilidade passam a reger o campo das boas maneiras e, sob a inspiração do Mestre Crucificado, homens de pátrias e raças diferentes aprenderam a encontrar-se com alegria, exclamando, Felizes: – “Meu Irmão”.
E, para cumprir essa grande missão, o Evangelho é chamado a orientar os aprendizes da ciência do espírito, para que, levianos ou desavisados, não se precipitem a imensos resvaladouros de amargura ou desilusão.
Ordenação justa das manifestações que dizem respeito à nova ordem de princípios que se instalam vitoriosos na mente de cada um.

***
Espírito: Emmanuel. 
Médium: Chico Xavier.

ESPÍRITOS QUE NOS CERCAM



* Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas humanas desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade maior que a que encontramos entre os homens na Terra, por isso que vêm de todos os mundos, e porque entre os mundos a Terra nem é o mais atrasado, nem o mais adiantado. Há, pois, Espíritos muito superiores, como os há muito inferiores; muito bons e muito maus, muito sábios e muito ignorantes, há os levianos, malévolos, mentirosos, astutos, hipócritas, facetos, espirituosos, trocistas, etc.
* Estamos incessantemente cercados por uma nuvem de Espíritos que, nem por serem invisíveis aos nossos olhos materiais, deixam de estar no espaço, em redor de nós, ao nosso lado, espiando os nossos atos, lendo os nossos pensamentos, uns para nos fazer bem, outros para nos fazer mal, segundo os Espíritos bons ou maus.
* Pela inferioridade física e moral de nosso globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais numerosos que os superiores.
* Entre os Espíritos que nos cercam, há os que se ligam a nós, que agem mais particularmente sobre o nosso pensamento, aconselhando-nos, e cujo impulso seguimos sem nos apercebermos; felizes se escutarmos a voz dos bons.
* Liga-se os Espíritos inferiores àqueles que os ouvem, junto aos quais têm acesso e aos quais se agarram. Se conseguirem estabelecer domínio sobre alguém, identificam-se com o seu próprio Espírito, fascinam-no, obsidiam-no, subjugam-no e o conduzem como se fosse uma criança.
* A obsessão jamais se dá senão por Espíritos inferiores. Os bons Espíritos não produzem nenhum constrangimento: aconselham, combatem a influência dos maus, afastam-se, desde que não sejam ouvidos.
* O grau de constrangimento e a natureza dos efeitos que produz marcam a diferença entre a obsessão, a subjugação e a fascinação.
A obsessão é a ação quase que permanente de um Espírito estranho, que leva a pessoa a ser solicitada por uma necessidade incessante de agir desta ou daquela maneira e de fazer isto ou aquilo.
A subjugação é uma ligação moral que paralisa a vontade de quem a sofre, impelindo a pessoa às mais desarrazoadas ações e, por vezes, às mais contrárias ao seu próprio interesse.
A fascinação é uma espécie de ilusão produzida, ora pela ação direta de um Espírito estranho, ora por seus raciocínios capciosos; e esta ilusão produz um logro sobre as coisas morais, falseia o julgamento e leva a tomar-se o mal pelo bem.
Por sua vontade pode sempre o homem sacudir o jugo dos Espíritos imperfeitos, porque em virtude de seu livre-arbítrio, há escolha entre o bem e o mal. Se o constrangimento chegou a ponto de paralisar a vontade e se a fascinação é tão grande que oblitera a razão, então a vontade de uma terceira pessoa pode substituí-la.
Antigamente dava-se o nome de possessão ao império exercido pelos maus Espíritos, quando sua influência ia até à aberração das faculdades. Mas a ignorância e os preconceitos, muitas vezes, tomaram como possessão aquilo que não passava de um estado patológico. Para nós, a possessão seria sinônimo de subjugação. Não adotamos este termo por dois motivos: primeiro porque implica a crença em seres criados para o mal e a ele votados, perpetuamente, quando apenas existem seres mais ou menos imperfeitos e todos podem melhorar; segundo, porque ele implica igualmente a ideia de tomada de posse do corpo pelo Espírito estranho, uma espécie de coabitação, ao passo que existe apenas uma ligação. O vocábulo subjugação dá uma ideia perfeita. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar da palavra; há simplesmente obsedados, subjugados e fascinados.
Por idêntico motivo não usamos o vocábulo demônio na acepção de Espírito imperfeito, de vez que frequentemente esses Espíritos não valem mais que os chamados demônios: é apenas por causa da especialidade e da perpetuidade que estão ligadas a este vocábulo. Assim, quando dizemos que não há demônios, não queremos dizer que apenas existam bons Espíritos; longe disto: sabemos muito bem que os há maus e muito maus, que nos solicitam para o mal, armam-nos ciladas e isto nada tem de admirável, porque eles foram homens. Queremos dizer que não formam uma classe à parte na ordem da Criação, e que Deus deixa a todas as criaturas o poder de melhorar-se.


***

Allan Kardec - Revista Espírita/1858.

CASAMENTO



"Será contrário à lei da Natureza o casamento, isto é, a união permanente de dois seres?
'È um progresso na marcha da Humanidade.”
(O Livro dos Espíritos”, item 695)


Como se vê, pela pergunta do Codificador, casamento para ele não era um ato formal levado a efeito perante as leis da sociedade, nem uma bênção sacerdotal dada numa solenidade religiosa. Depreende-se da sua pergunta que ele entendia que casamento é um compromisso livremente assumido por dois Espíritos, perante o altar de suas consciências.
A alguns pode parecer estranha a presença do adjetivo permanente no contexto, o que parece contrariar o exercício do livre-arbítrio. Mas a dúvida se desfaz quando se atenta para prosseguimento do diálogo mantido entre Kardec e os Espíritos, registrado no item 697: Está na lei da Natureza, ou somente na lei humana, a indissolubilidade absoluta do casamento? Ao que os Espíritos responderam: “É uma lei humana muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da Natureza são imutáveis”.
Kardec, com a sua visão voltada para o futuro, anteviu o questionamento sério a que seria submetido o casamento nas décadas vindouras, e, querendo que ficasse registrada a opinião dos Espíritos Superiores, formula ainda a seguinte pergunta: Que efeito teria sobre a sociedade humana a abolição do casamento? A resposta não deixa dúvidas quanto à vinculação do casamento à lei Natureza: “Seria uma regressão à vida dos animais”.
Pelo visto, depreende-se que a expressão permanente, nesse contexto, significa com perspectivas de permanência, isto é, que não se trata de uma união fortuita, baseada apenas num impulso passageiro, mas no amor. E quando há realmente amor, o casamento não acaba. Se acaba, pelo menos um dos dois não experimentou realmente o amor, pois o verbo amar só tem pretérito na gramática...
Conforme se vê, casamento, na conceituação do Codificador e dos Espíritos que lhe responderam as perguntas, está muito acima de qualquer bênção religiosa ou da assinatura de qualquer documento diante de uma autoridade civil. Trata-se de uma sociedade conjugal, estabelecida pelo próprio casal, num plano eminentemente moral, ético. É compromisso sagrado, que leva um a ver no outro o próximo mais próximo.
À medida que o tempo passa, mais se evidencia o avanço do pensamento do Codificador em relação aos seus contemporâneos, pois o casamento tem perdido, ao longo dos anos, o caráter de ato social, religioso, passando a ser conceituado e respeitado como ato pessoal, íntimo. Atualmente, um casal se impõe perante a sociedade como legitimamente constituído, não mais por ter sido o seu compromisso matrimonial assumido num templo, mas sim pelo ambiente de respeito e seriedade em que ambos vivenciam a união.
Além do mais, quem é que dá a um homem o direito de estabelecer esse vínculo sagrado entre duas pessoas, e de dizer, ao final da cerimônia: “O que Deus uniu, o homem não separe”? Casamento não depende de nada exterior, de nenhuma ação alheia aos dois. As duas criaturas se casam, pois ninguém tem o poder de estabelecer vínculos entre elas. Na gramática, aprende-se que o verbo casar pode, entres outros regimes, ser transitivo, mas filosoficamente essa classificação é falsa. Poder-se-ia dizer que o verbo é recíproco, pelo fato de as pessoas se casarem, sem a interveniência de ninguém.
Nem o Juiz de Paz promove o casamento. Essa Autoridade apenas registra nos anais da sociedade, para os efeitos legais, o casamento que é diante dela declarado.
Com esse entendimento, conclui-se que o casal espírita apresenta-se diante da autoridade civil apenas para declarar o seu casamento, solicitando seja ele registrado, e não para receber qualquer tipo de legitimação. A legitimidade do casamento é dada pelo grau de responsabilidade e de amor que presidiu a formação do casal.
Quanto mais espiritualizado o casal, mais o casamento transcende os limites da vida material, atingindo níveis de consciência espiritual, o que leva naturalmente ao desejo de uma comunhão com o Alto, através de uma prece, que poderá ser proferida por um ou por ambos os nubentes, ou por alguém afetivamente ligado a eles, pois só o amor pode legitimar a condição de alguém na condição de suplicante de bênçãos sobre uma união matrimonial.

***

José Passini
Juiz de Fora