O Arrebol Espírita

terça-feira, 30 de setembro de 2014

DECÁLOGO PARA MÉDIUNS



Não afastar-se dos deveres e compromissos que abraçou na vida, reconhecendo que é impossível manter intercâmbio espiritual claro e constante com o Plano Superior, sem base na consciência tranqüila.

Não descuidar-se do autodomínio, a fim de controlar as próprias faculdades.

Não ignorar que desenvolvimento mediúnico, antes de tudo significa educar-se o médium a si mesmo para ser mais útil.

Não desejar fazer tudo, mas fazer o que deve e possa no auxílio aos outros.

Não recusar críticas ou discussões e sim aceitá-las de boa vontade por testes de melhoria e aperfeiçoamento dos próprios recursos.

Não guardar ressentimentos.

Não fugir do estudo, nem da disciplina para discernir e agir com segurança.

Não relaxar a pontualidade, somente faltando às tarefas que lhe caibam por motivo de reconhecida necessidade.

Não olvidar pessoas nos benefícios que preste.

Não olvidar que o melhor médium para o mundo espiritual, em qualquer tempo e em qualquer circunstância, será sempre aquele que estiver resolvido a burilar-se, decidido a instruir-se, disposto a esquecer-se e pronto a servir.


***
Espírito: Albino teixeira
Médium: Chico Xavier
Livro: Paz e Renovação


Compilado por: r.s.durant dart

O AVISO OPORTUNO



                   Não há maior alegria que a de doutrinar os Espíritos perturbados – dizia Noé Silva, austero orientador de antiga instituição destinada à caridade –, e não existe para mim lição maior que a dos campeões da mentira e da treva, quando desferem gritos de dor, ante a realidade.

Com a volúpia do pescador que recolhe o peixe, depois de longa expectativa, exclamava, gritante:

– Afinal de contas, outro destino não poderiam esperar os sacripantas do mundo, agarrados ao ouro e aos prazeres, senão os padecimentos atrozes da incompreensão, além da morte.

Sorrindo, triunfante, rematava:

– E, acima de tudo, devem agradecer a Deus a possibilidade de encontrarem a minha palavra sincera e clara.

Tenho bastante paciência para aturá-los e conduzi-los para a luz.

Era assim o rígido mentor das sessões. Alma franca e rude, demasiadamente convencido quanto aos próprios méritos.

Mas, na vida comum, Noé Silva transformava a lealdade em vestimenta agressiva. Junto dele, respirava-se uma atmosfera pesada, como se estivesse repleta de espinhos invisíveis.

Analfabeto da gentileza, atirava os pensamentos que lhe vinham à cabeça qual se houvera recebido do Céu a triste missão de salientar os defeitos do próximo.

A palavra dele era uma chuva de seixos.

Se um companheiro demorava-se para a reunião, clamava, colérico:

– Que estará fazendo esse hipócrita retardatário?

Se um médium não conseguia recursos para interpretar, com segurança, as tarefas que lhe cabiam nos trabalhos de assistência, indagava, irritadiço:

– Que faltas terá cometido esse infeliz?

Se o condutor do ônibus parecia vacilar em certos momentos, bradava, impulsivo:

– Desgraçado, cumpra o seu dever!

Se o rapaz de serviço, no café, cometia qualquer leve deslize, protestava, exigente:

– Moço, veja lá onde tem a cabeça!... O senhor permanece aqui para servir...

Se alguém lhe trazia alguma confidência dolorosa, buscando entendimento e consolo, repetia, severo:

– Meu irmão, quem planta, colhe. Você não estaria sofrendo se não houvesse praticado o mal.

Na via pública, não hesitava. Se algum transeunte lhe impedia o passo rápido, dava serviço aos cotovelos e em seus trabalhos profissional era sobejamente conhecido pelas frases fortes com que despejava a sua vocação de fazer inimigos.

Se um irmão de ideal lhe exprobrava o procedimento, respondia, célere:

– Se essa gente não puder entender-me as boas intenções, esperá-la-ei nas minhas preces.

Depois da morte, todas as pessoas compreendem a verdade...

O tempo rolava, infatigável, quando, no vigésimo aniversário do agrupamento que dirigia, um dos orientadores desencarnados se manifesta, em sinal de regozijo, felicitando a todos.

Um carinho aqui, um abraço ali, o amigo espiritual confortava os presentes, mas, em se despedindo sem dizer palavra ao mentor da casa, Noé, desapontado, perguntou, ansiosamente:

– E para mim, meu irmão, não há qualquer mensagem?

O visitante sorriu e falou, bem humorado:

– Tenho sim, tenho um recado para o seu coração.

Não espere a morte para extinguir os desafetos. Cultive a plantação da simpatia, desde hoje. A nossa fé representa a Doutrina do Amor e a cordialidade é o princípio dela. Não se esqueça do verbo silencioso do bom exemplo, das lições de renúncia e dos ensinamentos vivos com adequadas demonstrações. Se você estima o Espiritismo prático, não olvide o Espiritismo praticado. Você está sempre disposto a doutrinar os ignorantes e os infelizes do Espaço, mas
está superlotando o seu espaço mental com adversários que esperam gostosamente o tempo de doutriná-lo.

E num gesto de carinhosa fraternidade, rematou em seguida a pequena pausa:

– Noé, esvazie o cálice de fel, desde agora; diminua a reprovação e reduza a extensão do espinheiral...

O nosso problema, meu caro, é o de não encher...

A sessão foi encerrada.

E enquanto os companheiros permutavam expressões de Júbilo, o arrojado doutrinador, com a cabeça mergulhada nas mãos, permaneceu sozinho, sentado á mesa, pensando, pensando...

***
Espírito: Irmão `X` (Humberto de Campos)
Médium: Chico Xavier
Livro: Contos e Apólogos



Compilado por: r.s.durant dart

DEUS SEGUNDO SPINOZA - Deus falando com você.


 

"Para de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste
comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."


***

Baruch Spinoza

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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

OS SEUS TALENTOS



Os homens são diferentes em talentos e habilidades.

Um gênio em matemática talvez tenha dificuldade com língua portuguesa.

Um financista brilhante pode ser um administrador de recursos humanos medíocre.

A grande empresária quiçá falhe como mãe.

Alguém dança maravilhosamente, mas não sabe cantar.

Outrem escreve com elegância, mas não consegue falar em público.

A força de uma sociedade reside na diferença existente entre seus membros.

É preciso aprender a respeitar e a apreciar as opiniões alheias.

Da divergência bem administrada surgem a reflexão e o aprimoramento.

Tantas diferenças entre os homens resultam das opções que fizeram ao longo de suas existências.

Sendo todos dotados de livre-arbítrio pela Divindade, cada qual escolheu um caminho.

Entre erros e acertos, experiências foram acumuladas e talentos, desenvolvidos.

Deus criou os Espíritos perfectíveis, mas não perfeitos.

Assim, é natural que eles, por vezes, errem.

Constitui tolice imaginar que alguém aprende sem nunca errar.

É como esperar que uma criança ande sem jamais tropeçar e cair.

Então, o erro não é exatamente um escândalo perante as Leis Divinas.

Apenas é necessário ser humilde para reconhecer o equívoco.

E ter coragem para assumir a responsabilidade e reparar os danos.

Mas de todo embate, mesmo permeado de equívocos, surge a experiência.

Sempre se está amadurecendo e aprendendo.

Evidentemente, os equívocos devem ser reparados.

Mas a criatura sempre vê acrescidos seus recursos.

Muitos Espíritos atravessam séculos entre equívocos e desatinos.

As violações da Lei Divina registram-se na consciência de cada ser.

Enquanto a reparação não ocorre, o Espírito permanece em desequilíbrio.

Por mais que aparente tranquilidade, experimenta desconforto íntimo, fobias e bloqueios psicológicos.

Mas sempre soa o instante em que, cansado de fingir e sofrer, ele resolve encarar a própria realidade íntima.

Então, decide trabalhar no bem.

Dá um basta no egoísmo e se interessa pelo próximo.

Vislumbra a beleza existente no adágio bíblico:

O amor cobre a multidão de pecados.

Ansioso de paz, enamora-se da prática das mais sublimes virtudes.

Dotado de todos os talentos que desenvolveu ao longo do tempo, torna-se um dedicado agente do progresso.

Assim agindo, repara os erros do passado e se prepara para as etapas superiores da vida imortal.

Se você deseja paz, reflita sobre o que está fazendo com seus talentos.

Tudo o que você possui pode e deve ser utilizado na construção de um mundo melhor.

A fortuna pode gerar empregos, amparar a miséria e secar muitas lágrimas.

A inteligência possui o condão de melhorar as condições físicas e morais do planeta.

Se você dispõe do dom da palavra, utilize-o para disseminar ideias de solidariedade e pureza.

Nos círculos em que se movimenta, enalteça o trabalho, a honestidade e a compaixão.

Dê exemplos de conduta reta e digna.

Seja um pai responsável e amoroso, um esposo dedicado e fiel, um patrão justo e bom.

Quaisquer que sejam os seus talentos, utilize-os para promover o bem.

Eles são o resultado das experiências que você viveu.

E constituem os recursos de que dispõe para se tornar um homem pleno de paz e bem-estar.

Pense nisso.
***
Por Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4162&stat=0


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GRATIDÃO INFINITA



Recordo-me, mãezinha, de algumas das noites em que me encontrando enferma você velava pela minha saúde, demorando-se insone e preocupada.

Toda vez quando eu despertava, após ligeiro sono produzido pela febre, o seu rosto sorridente e os seus olhos fixos em mim, ofereciam-me segurança e proporcionavam-me paz.

Naqueles dias eu não entendia exatamente o que se passava, mas a sua presença constante era para mim a felicidade que sempre almejava.

Os anos foram se acumulando e eu, ao adquirir a experiência do conhecimento, passei a compreendê-la, a amá-la profundamente, em razão de todos os sacrifícios silenciosos que você sempre realizava.

A sua vida passou a girar em torno da minha, devotando-se sempre e renunciando sempre, a fim de que nada me faltasse, fosse do ponto de vista material ou, principalmente, moral e espiritual.

Os seus exemplos de dignidade enriqueceram-me o coração e a mente, ensinando-me a melhor conduta a manter em todos os meus dias, havendo resultado em uma existência feliz.

Sem o seu amparo e a sua fé generosa e firme na Divindade, eu não teria conseguido edificar-me interiormente, e me encontraria assinalada por inúmeros conflitos que o seu carinho diluiu no nascedouro.

Sua presença em minha existência é tão forte e significativa que a revejo em mil acontecimentos do dia a dia mas, sobretudo, na forma como você me ajudou a amadurecer psicologicamente, a fim de preservar a minha liberdade, movimentando-me na construção moral edificante que você me proporcionou.

Observo a sociedade em desalinho, na atualidade, os descalabros que tomam conta da família e da comunidade, e constato que todo esse fenômeno começa no lar, especialmente naquele no qual o anjo maternal foi relegado a plano secundário. seja porque não soube ou não quis cumprir com a missão para a qual veio à Terra, ou porque filhos difíceis e espiritualmente enfermos desertaram dos compromissos assinalados pela educação doméstica.

Você conseguiu o milagre de ser generosa e severa, amiga e confidente, sem pieguismo nem censuras descabidas, mãe e mestra bondosa e sábia.

Não é fácil reunir tantas qualidades morais em uma só pessoa, mas as mães abnegadas logram possuir e aplicar esses tesouros sublimes na educação dos filhos.

Nunca poderei retribuir-lhe parte sequer de tudo quanto me ofertou, mas cabe-me o dever de ser fiel à verdade e preservar a honra acima de quaisquer vantagens enganosas, não a decepcionando em momento algum, porque foi dessa maneira que você viveu e me aparelhou para os enfrentamentos do processo da evolução.

Abençoo-lhe a memória e comovo-me ao recordar os momentos que vivemos juntas, nossos diálogos edificantes e nossos momentos de preocupações assim como os de sorrisos.

Sabendo-a no país da imortalidade triunfante, desejo expressar-lhe o meu carinho filial, suplicando à Mãe Santíssima de Jesus que a tenha entre as Suas beneficiadas pelo amor, fazendo parte da corte dos anjos que a auxiliam no socorro à Humanidade.

Mãezinha querida!

Por sua vez, abençoe a filha que a ama e lhe é profundamente reconhecida.

***
Espírito: Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na tarde de 29 de abril de 2014, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.


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sábado, 27 de setembro de 2014

INDEPENDÊNCIA ESPÍRITA



O espírita, em verdade, pode e deve:

Estimular as boas obras, mas saber com que meios;

Ler de tudo, mas saber para que;

Andar em qualquer parte, mas saber para onde;

Cooperar no bem de todos, mas saber com quem convive;

Prosperar, mas saber de que modo;

Guardar a fé, mas saber porquê;

Agir quanto deseje, mas saber o que faz;

Falar o que queira, mas saber o que faz;

Lutar corajosamente, mas saber com que fim;

Elevar-se, mas saber como;

O espírita pensa livremente, mas precisa discernir.


***
Espírito: Emmanuel
Livro: Caminho, Verdade e Vida
Médiuns: Chico Xavier e Waldo Vieira.


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TERAPÊUTICA DESOBSESSIVA



Você pode:

ter cometido muitos desatinos e viver agora em aflitiva atmosfera de culpa;
achar-se doente;
haver passado por terríveis desenganos;
estar respirando no clima de prejuízos e fracassos;
carregar conflitos interiores;
anotar-se sob nuvens de tentações e desafios;
encontrar-se em desânimo;observar-se em luta contra perigosos pensamentos negativos;
reconhecer-se ante a pressão de numerosos adversários;
encontrar-se em desânimo;
admitir-se em luta diante da crítica

Você, enfim, talvez se veja em qualquer estado de introdução ao desequilíbrio espiritual, prestes a cair sob cadeias obsessivas... Mas, se você realmente deseja livrar-se disso, deve compreender, antes de tudo, que precisa de esclarecimento e de amparo. Entretanto, para que você obtenha luz e auxílio é indispensável adote atitudes fundamentais:
estudar e raciocinar, afim de se instruir: 
trabalhar e servir para merecer.

***
Espírito: Emmanuel
Livro: Caminho, Verdade e Vida
Médiuns: Chico Xavier e Waldo Vieira.


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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

ENTRA E COOPERA



“E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? Respondeu-lhe o Senhor: — Levanta-te e entra na cidade e lá te será dito o que te convém fazer.” — (ATOS, capítulo 9, versículo 6.)

Esta particularidade dos Atos dos Apóstolos reveste-se de grande beleza para os que desejam compreensão do serviço com o Cristo. Se o Mestre aparecera ao rabino apaixonado de Jerusalém, no esplendor da luz divina e imortal, se lhe dirigira palavras diretas e inolvidáveis ao coração, por que não terminou o esclarecimento, recomendando-lhe, ao invés disso, entrar em Damasco, a fim de ouvir o que lhe convinha saber? É que a lei da cooperação entre os homens é o grande e generoso princípio, através do qual Jesus segue, de perto, a Humanidade inteira, pelos canais da inspiração.

O Mestre ensina os discípulos e consola-os através deles próprios. Quanto mais o aprendiz lhe alcança a esfera de influenciação, mais habilitado estará para constituir-se em seu instrumento fiel e justo.

Paulo de Tarso contemplou o Cristo ressuscitado, em sua grandeza imperecível, mas foi obrigado a socorrer-se de Ananias para iniciar a tarefa redentora que lhe cabia junto dos homens.

Essa lição deveria ser bem aproveitada pelos companheiros que esperam ansiosamente a morte do corpo, suplicando transferência para os mundos superiores, tão-somente por haverem ouvido maravilhosas descrições dos mensageiros divinos. Meditando o ensinamento, perguntem a si próprios o que fariam nas esferas mais altas, se ainda não se apropriaram dos valores educativos que a Terra lhes pode oferecer. Mais razoável, pois, se levantem do passado e penetrem a luta edificante de cada dia, na Terra, porqüanto, no trabalho sincero da cooperação fraternal, receberão de Jesus o esclarecimento acerca do que lhes convém fazer.

***
Espírito: Emmanuel
Livro: Caminho, Verdade e Vida
Médiuns: Chico Xavier e Waldo Vieira.

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MÉDIUNS E MEDIUNIDADES



No falso pressuposto de que haja médiuns e mediunidades mais importantes entre si, recordemos o velho apólogo que Menênio Agripa contou ao povo amotinado de Roma, a fim de sossegar-lhe o espírito em discórdia.

“Se o cérebro, por reter a ideação fulgurante, desprezasse o estômago ocupado na tarefa obscura da digestão, a cabeça não conseguiria pensar; se os olhos, por refletirem a luz, declarassem guerra aos intestinos por serem eles vasos seletores de resíduos, decerto que, a breve tempo, a retina seria espelho morto nas trevas, e se o tronco, por sentir-se guindado a pequena altura, condenasse os pés por viverem ao contato do solo, rolaria o corpo sem equilíbrio.”
E, de nossa parte, ousaríamos acrescentar à antiga fábula que tudo, no campo da sequência da natureza, é solidariedade e cooperação.

Se os braços desaparecerem, os pés se fazem mais ágeis; em sobrevindo a surdez, acusa o olhar penetração mais intensa; se a visão surge apagada, o tacto mais amplamente se desenvolve; se o baço é extirpado, a medula óssea trabalha com mais afinco, de modo a satisfazer as necessidades do sangue.

Qual acontece no mundo orgânico, a Doutrina Espírita é um grande corpo de revelações e de bênçãos, no qual cada médium possui tarefa específica.

Esse esclarece...
Aquele consola...
Outro pensa feridas...
Aquele outro anula perturbações...
Esse incorpora sofredores angustiados...
Aquele transmite elucidações de instrutores devotados à grande beneficência...

Outro recebe a palavra construtiva...
Aquele outro se incumbe da mensagem santificante...

Como é fácil observar, o passe curativo é irmão da prece confortadora, a desobsessão é o reverso da iluminação espiritual e o verbo fulgente da praça pública é outra face do livro que o silêncio abençoa.

Em nossa esfera de serviço, portanto, já que prescindimos do profissionalismo religioso, não existem médiuns-pastores, médiuns-gerentes, médiuns-líderes ou médiuns-diretores, porquanto a cada qual de nós cabe uma parte do grande apostolado de redenção que nos foi atribuído pela Espiritualidade Maior.

E se todos nós, em conjunto, temos um mentor a procurar e a ouvir de maneira especialíssima, no plano da consciência e no santuário do coração, esse Mentor é Nosso Senhor Jesus-Cristo – o Sol do Amor Eterno – a cuja luz, no grande dia de nossos mais altos ajustamentos, deveremos revelar em nós mesmos a divina essência da Sua lição divina: 

– ”A cada qual por suas obras” .

***
Espírito: Cairbar Schutel
Livro: O Espírito da Verdade
Médiuns: Chico Cândido Xavier e Waldo Vieira.


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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

CORAGEM




Coragem também é caridade.

Hesitação do conhecimento – poder à ignorância.

Debilidade da retidão – apoio ao desequilíbrio.

Decisão firme – leme seguro.

Vontade frágil – barco à matroca.

Irresolução dos bons – garantia dos maus.

Nada se realiza de útil e grande sem a coragem.

Descobertas e inventos não se consolidariam nos fastos da civilização material, sem os sacrifícios daqueles que lhes hipotecaram a existência.

Harvey torturou-se até a morte, a fim de provar a circulação do sangue.

Jesus não foi mais feliz, procurando revelar a verdade...

Em Doutrina Espírita, sabemos o que seja o bem, como fazer o bem, de vez nos achamos informados de que o maior bem para nós nasce, invariavelmente, da obrigação nobremente cumprida de formar o bem para os outros.

Não vale pedir alheia orientação, se a orientação desse modo se nos estampa, luminosa, na consciência.

Esqueçamos os antigos chavões “não sei se vou” e “não sei se posso”, ante os deveres que as circunstâncias nos traçam. Timidez não é humildade.

Para que haja luz não bastará temer a presença da sombra. É preciso acendê-la.



***
Espírito: André Luiz
Médium: Chico Xavier
Livro: Estude e Viva



Compilado por: r.s.durant dart

PASTORAL

 



Acompanho a canção que a vida tece...
Chovem raios de sol doirando o espaço...
Verte o rio fugindo, passo a passo,
Do monte em cujos pés o lírio cresce...

Um trilo doce ecoa igual à prece...
Dorme a rosa em botão... Canta o sanhaço...
A flor que não se rende ao vento escasso,
Calma, espera na leira a farta messe...

Á luz do firmamento azul e escampo,
Abrem-se mamonais sorrindo ao campo,
E a brisa, leve e morna, escala a serra...

Meu coração soluça, sonha ainda,
E escuta as gueixas da saudade infinda,
Quando volito além, fitando a Terra...




***
Espírito: Luis Caetano Pereira Guimarães Junior
Médium: Chico Xavier
Livro: Antologia dos Imortais



Compilado por: r.s.durant dart

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

EVANGELHO E EXCLUSIVISMO



Quase todos os santuários religiosos divididos entre si, na esfera dogmática, isolam-se indebitamente, disputando privilégios e primazias. E até mesmo nos círculos da atividade cristã, o espírito de exclusivismo tem dominado grupos de escol, desde os primeiros séculos de sua constituição.

Em nome do Cristo, muitas vezes a tirania política e o despotismo intelectual organizaram guerras, atearam fogueiras, incentivaram a perseguição e entronizaram a morte.

Pretendendo representar o Mestre, que não possuía uma pedra onde repousar a cabeça dolorida, o Imperador Focas estabelece o Papado, em 607, exalçando a vaidade romana. Supondo agir na condição de seus defensores, Godofredo de Bulhão e Tancredo de Siracusa organizam, em 1096, um exército de 500.000 homens e estimulam conflitos sangrentos, combatendo pela reivindicação de terras e relíquias que recordam a divina passagem de Jesus pela Terra. Acreditando preservar-lhe os princípios salvadores, Gregório IX, em 1231, consolida o Tribunal da Inquisição, adensando a sombra e fortalecendo criminosas flagelações, no campo da fé religiosa. Convictos de garantir-lhe a Doutrina, os sacerdotes punem com o suplício e com a morte valorosos pioneiros do progresso planetário, quais sejam Giordano Bruno e João Huss.

Semelhantes violências, todavia, não passam de manifestações do espírito belicoso que preside as inquietudes humanas.

Cristo nunca endossou o dogmatismo e a intransigência por normas de ação.

Afirma não haver nascido par destruir a Lei Antiga, mas para dar-lhe fiel cumprimento.

Não hostiliza senão a perversidade deliberada.

Não guerreia.

Não condena.

Não critica.

Combate o mal, socorrendo-lhe as vítimas.

Dá-se a todos.

Ensina com paciência e bondade o caminho real da redenção.

Começa o ministério da palavra, conversando com os doutores do Templo, e termina o apostolado, palestrando com os ladrões.

A ninguém desdenha e os transviados infelizes lhe merecem mais calorosa atenção.

Prepara o espírito dos pescadores para os grandes cometimentos do Evangelho, com admirável confiança e profunda bondade, sem exigir-lhes qualquer atestado de pureza racial.

Auxilia mulheres desventuradas, com serenidade e desassombro, em contraposição com os preconceitos do tempo, trazendo-as, de novo, à dignidade feminina.

Não busca títulos e, sim, inclina-se, atencioso, para os corações.

Nicodemos, o mestre de Israel, e Bartimeu, o cego desprezado, recebem dEle a mesma expressão afetiva.

A intolerância jamais compareceu ao lado de Jesus, na propagação da Boa Nova.

O isolacionismo orgulhoso, na esfera cristã, é simples criação humana, fadado naturalmente a desaparecer, porque, na realidade, nenhuma doutrina, quanto o Cristianismo, trouxe, até agora, ao mundo atormentado e dividido os elos de amor e luz da verdadeira solidariedade.


***
Espírito: Emmanuel
Livro: Roteiro

Médium: Francisco Cândido Xavier.



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LAMENTOS DE MOZART - Provação



Complementando-nos as tarefas, na noite de 02 de dezembro de 1954 fomos surpreendidos com a presença do Irmão Mozart, desencarnado há tempos, e que, através do médium, nos relatou sua triste história. Foi pessoalmente conhecido de alguns dos nossos companheiros de agremiação e seu comunicado faz-nos lembrar as palavras do Divino Mestre: — “Muito se pedirá de quem muito recebeu.”
Meus irmãos.
Sou um mendigo de consolação, batendo-vos à porta. Lembro-me da seara espírita com a tortura do exilado, chorando o paraíso perdido, e recordo a mediunidade com a aflição do lavrador, carregado de remorsos por haver sentenciado a enxada que lhe era própria ao desvalimento e à ferrugem.

Noutro tempo, partilhei o pão que vos nutre a mesa, no entanto, envenenei-o com a lama da vaidade e sofro as conseqüências.
Benfeitores espirituais auxiliaram-me na obtenção das preciosas oportunidades que desfrutei em minha última existência na Terra, contudo, apesar de desligado agora do veículo físico, ainda não consegui amealhar suficiente luz para reaver o caminho de retorno a eles.
Tenho os horizontes mentais sob o fumo do incêndio que ateei no meu próprio destino.
Amparado por recursos da Vida Superior, sob a flama de ardente entusiasmo, comecei a missão da cura...
Utilizando a prece, via fluir por meus dedos a energia radiante e restauradora, extasiando-me ante as feridas que se fechavam, ante as dores que desapareciam e ante os membros semimortos que readquiriam movimento.

Com o trabalho veio o êxito e com o êxito chegaram as considerações públicas e os caprichos individuais satisfeitos que me fizeram estremecer...

Não consegui suportar a coroa de responsabilidade que me ornava a cabeça, resvalando na perturbação e na inconsciência.
Asseverando-me espiritualista, recolhi do Espiritismo e do Esoterismo conhecimentos e princípios que me favoreceram a extensão da influência pessoal.

Cego para as lições claras da vida e surdo aos apelos de ordem moral, intentei dominar as mentes alheias e explorá-las a meu bel-prazer.

Manejando a força magnética, encastelei-me no poder oculto...
Tarde, porém, reconheci que o poder oculto, sem o poder do reto pensamento, é tão perigoso para a alma quanto o dinheiro mal conduzido ou a ciência mal aplicada, que esbarram, invariavelmente, na extravagância ou no arrependimento, na loucura ou na morte.

Em minha insensatez, acreditando-me dono da luz, pretendi substituir os Instrutores Espirituais que se expressavam por intermédio de minhas mãos, entretanto, ai de mim!... A candeia sem combustível confunde-se com as trevas...

E eu que desejava escravizar, acabei escravizado, que sonhava honrarias, adquiria a vergonha, que me propunha deter a fortuna, terminei possuído pela indigência, que admitia vencer, vi-me derrotado, em pavorosa humilhação...

E, atravessando a grande fronteira, sou ainda um enfermo em dolorosa experiência.

É por isso que, em me reconfortando ao contacto de vossa casa simples e de vossas orações sinceras, deixo-vos, com o meu reconhecimento, os meus pobres apelos:
— Espiritualistas, Espíritas e Esoteristas, orem e vigiem! Não vos interesseis simplesmente por vosso bem-estar, olvidando o bem-estar dos outros!...

Não fujais ao trabalho.
Não vos furteis ao estudo.
Não olvideis a simplicidade!
Não eviteis a luz!...
E, sobretudo, para que aflitivas surpresas não vos povoem a estrada futura, tende por norma, além dos apontamentos, avisos e diretrizes dos orientadores que se responsabilizam por nossos campos de atividade, o roteiro do Mestre dos mestres, que nos ensinou para a conquista real da felicidade o extremo sacrifício a favor do próximo e que nos legou a cruz da renunciação, como sublime talismã, capaz de garantir-nos a vitória na vida eterna!...


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Espírito: Mozart
Livro: Instruções Psicofônicas
Médium: Francisco Cândido Xavier.



R.S.DURANT DART
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terça-feira, 23 de setembro de 2014

CARTA PSICOGRAFADA ABSOLVE ACUSADO




UBERABA - Uma carta psicografada foi usada durante um processo de homicídio e cujo julgamento foi realizado em Uberaba (MG), ontem. Para provar sua inocência, a defesa do réu Juarez Guide da Veiga usou trechos do que teria dito a vítima - João Eurípedes Rosa, o “Joãozinho Bicheiro”, como era conhecido, por meio de um médium. Na correspondência pós-morte, a vítima diz ter dado motivo para o crime ao agir com ódio e ignorância ao ver a ex-companheira em companhia de Juarez. O crime ocorreu há quase 22 anos e a mulher envolvida no triângulo amoroso também foi beneficiada com o veredicto, pois inicialmente, segundo o Ministério Público, teria tramado a morte do marido em companhia do réu para ficar com a herança. Mas na mensagem psicografada, o morto a defende de qualquer participação e pede para
que cuide dos dois filhos do casal.

Uberaba, local dos fatos, é conhecida por ser a terra de Chico Xavier, médium mais famoso do País. As mensagens citadas no processo somam 17 páginas e foram psicografadas por Carlos Baccelli um ano após a morte do bicheiro.

Baccelli, dentista por profissão, também é médium e autor de mais de 100 livros - alguns deles scritos em parceria com Chico Xavier.

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Fonte: Jornal da Cidade/BAURU, sábado, 22 de março de 2014


R.S.DURANT DART
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BEM AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO




Que a paz do Senhor seja convosco, meus queridos amigos! Aqui venho para encorajar-vos a seguir o bom caminho.
Aos pobres Espíritos que habitaram outrora a Terra, conferiu Deus a missão de vos esclarecer. Bendito seja Ele, pela graça que nos concede: a de podermos auxiliar o vosso aperfeiçoamento. Que o Espírito Santo me ilumine e ajude a tornar compreensível a minha palavra, outorgando-me o favor de pô-la ao alcance de todos! Oh! vós, encarnados, que vos achais em prova e buscais a luz, que a vontade de Deus venha em meu auxílio para fazê-la brilhar aos vossos olhos! A humildade é virtude muito esquecida entre vós. Bem pouco seguidos são os exemplos que dela se vos têm dado. Entretanto, sem humildade, podeis ser caridosos com o vosso próximo? Oh! não, pois que este sentimento nivela os homens, dizendo-lhes que todos são irmãos, que se devem auxiliar mutuamente, e os induz ao bem. Sem a humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís, como se trouxésseis um vestuário para ocultar as deformidades do vosso corpo. Lembrai-vos daquele que nos salvou; lembrai-vos da sua humildade, que tão grande o fez, colocando-o acima de todos os profetas.
O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometia o reino dos céus aos mais pobres, é porque os grandes da Terra imaginam que os títulos e as riquezas são recompensas deferidas aos seus méritos e se consideram de essência mais pura do que a do pobre. Julgam que os títulos e as riquezas lhes são devidos, pelo que, quando
Deus lhos retira, o acusam de injustiça. Oh! irrisão e cegueira! Pois, então, Deus vos distingue pelos corpos? O envoltório do pobre não é o mesmo que o do rico? Terá o Criador feito duas espécies de homens? Tudo o que Deus faz é grande e sábio; não lhe atribuais nunca as ideias que os vossos cérebros orgulhosos engendram.
Ó rico! Enquanto dormes sob dourados tetos, ao abrigo do frio, ignoras que jazem sobre a palha milhares de irmãos teus, que valem tanto quanto tu? Não é teu igual o infeliz que passa fome? Ao ouvires isso, bem o sei, revolta- -se o teu orgulho. Concordarás em dar-lhe uma esmola, mas em lhe apertar fraternalmente a mão, nunca. Pois quê! Dirás: “Eu, de sangue nobre, grande da Terra, igual a este miserável coberto de andrajos! Vã utopia de pseudofilósofos! Se fôssemos iguais, por que o teria Deus colocado tão baixo e a mim tão alto?” É exato que as vossas vestes não se assemelham; mas, despi-vos ambos: que diferença haverá entre vós? A nobreza do sangue, dirás; a química, porém, ainda nenhuma diferença descobriu entre o sangue de um grão senhor e o de um plebeu; entre o do senhor e o do escravo. Quem te garante que também tu já não tenhas sido miserável e desgraçado como ele? Que também não hajas pedido esmola? Que não a pedirás um dia a esse mesmo a quem hoje desprezas? São eternas as riquezas? Não desaparecem quando se extingue o corpo, envoltório perecível do teu Espírito? Ah! Lança sobre ti um pouco de humildade! Põe os olhos, afinal, na realidade das coisas deste mundo, sobre o que dá lugar ao engrandecimento e ao rebaixamento no outro; lembra-te de que a morte não te poupará, como a nenhum homem; que os teus títulos não te preservarão do seu golpe; que ela te poderá ferir amanhã, hoje, a qualquer hora. Se te enterras no teu orgulho, oh! quanto então te lamento, pois bem digno de compaixão serás.
Orgulhosos! Que éreis antes de serdes nobres e poderosos? Talvez estivésseis abaixo do último dos vossos criados. Curvai, portanto, as vossas frontes altaneiras, que Deus pode fazer se abaixem, justo no momento em que mais as elevardes. Na balança divina, são iguais todos os homens; só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. São da mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos os corpos. Em nada os modificam os vossos títulos e os vossos nomes. Eles permanecerão no túmulo e de modo nenhum contribuirão para que gozeis da ventura dos eleitos. Estes, na caridade e na humildade é que têm seus títulos de nobreza.
Todos vós que dos homens sofreis injustiças, sede indulgentes para as faltas dos vossos irmãos, ponderando que também vós não vos achais isentos de culpas; é isso caridade, mas é igualmente humildade. Se sofreis pelas calúnias, abaixai a cabeça sob essa prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se é puro o vosso proceder, não pode Deus vo-las compensar? Suportar com coragem as humilhações dos homens
é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e poderoso.
Oh! meu Deus, será preciso que o Cristo volte segunda vez à Terra para ensinar aos homens as tuas leis, que eles olvidam? Terá que de novo expulsar do templo os vendedores que conspurcam a tua casa, casa que é unicamente de oração? E, quem sabe? ó homens! se o não renegaríeis como outrora , caso Deus vos concedesse essa graça! Chamar-lhe-íeis blasfemador, porque abateria o orgulho dos modernos fariseus. É bem possível que o fizésseis perlustrar novamente o caminho do Gólgota. Quando Moisés subiu ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus, o povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o Deus verdadeiro. Homens e mulheres deram o ouro e as joias que possuíam, para que se construísse um ídolo que entraram a adorar. Vós outros, homens civilizados, os imitais. O Cristo vos legou a sua doutrina; deu-vos o exemplo de todas as virtudes e tudo abandonastes, exemplos e preceitos. Concorrendo para isso com as vossas paixões, fizestes um Deus a vosso jeito: segundo uns, terrível e sanguinário; segundo outros, alheado dos interesses do mundo. O Deus que fabricastes é ainda o bezerro de ouro que cada um adapta aos seus gostos e às suas
ideias.
Despertai, meus irmãos, meus amigos. Que a voz dos Espíritos ecoe nos vossos corações. Sede generosos e caridosos, sem ostentação, isto é, fazei o bem com humildade. Que cada um proceda pouco a pouco à demolição dos altares que todos ergueram ao orgulho. Numa palavra: sede verdadeiros cristãos e tereis o reino da verdade. Não continueis a duvidar da bondade de Deus, quando dela vos dá ele tantas provas. Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua clemência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele vos vem trazer; que ao eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade. Então, o vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. Mas, se permanecerdes insensíveis à voz dos Espíritos enviados para depurar e renovar a vossa sociedade civilizada, rica de ciências, mas, no entanto, tão pobre de bons sentimentos, ah! então não nos restará senão chorar e gemer pela vossa sorte. Mas, não, assim não será. Voltai para Deus, vosso pai, e todos nós que houvermos contribuído para o cumprimento da sua vontade entoaremos o cântico de ação de graças, agradecendo-lhe a inesgotável bondade e glorificando-o por todos os séculos dos séculos.

Assim seja!

Espírito: Lacordaire. (Constantina, 1863.)

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O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - capítulo VII -
Bem Aventurados os Pobres de Espírito - item 11 – Instruções dos Espíritos


R.S.DURANT DART
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