O Arrebol Espírita

terça-feira, 22 de outubro de 2013

DIVERSIDADE DOS ESPÍRITOS



(Jornalista, céptico) - Pergunta: Falais de Espíritos bons ou maus, sérios ou frívolos; confesso-vos que não compreendo essa diferença; parece-me que, deixando o envoltório corporal, os Espíritos se despojam das imperfeições inerentes à matéria; que a luz se deve fazer para eles, sobre todas as verdades que nos são ocultas, e que eles ficam libertos dos prejuízos terrenos.

(Allan Kardec) – Resposta: Sem dúvida eles ficam livres das imperfeições física, isto é, das dores e enfermidades corporais; porém, as imperfeições morais são do Espírito, e não do corpo. Entre eles há alguns que são mais ou menos adiantados, moral e intelectualmente.

Seria erro acreditar que os Espíritos, deixando o corpo material, recebem logo a luz da verdade.
É possível admitirdes que, quando morrerdes, não haja distinção entre vosso Espírito e o de um selvagem? Assim sendo, de que vos serviria ter trabalhado para vossa instrução e melhoramento, quando um vadio, depois da morte, será tanto quanto vós?

O progresso dos Espíritos faz-se gradualmente e, algumas vezes, com muita lentidão. Entre eles alguns há que, por seu grau de aperfeiçoamento, veem as coisas sob um ponto de vista mais justo do que quando estavam encarnados; outros, pelo contrário, conservam ainda as mesmas paixões, os mesmos preconceitos e erros, até que o tempo e novas provas os venham esclarecer. Notai bem que o que digo é fruto de experiências, colhidos no que eles dizem em suas comunicações. É, pois, um princípio elementar do Espiritismo que existem Espíritos de todos os graus de inteligência e moralidade.

P: Por que não são perfeitos todos os espíritos? Tê-los-á Deus assim criados em tão diversas categorias?

R: É o mesmo que perguntar porque todos os alunos de um colégio não estão cursando a aula de Filosofia.

Todos os Espíritos têm a mesma origem e o mesmo destino; as diferenças que os separam não constituem espécies distintas, mas exprimem diversos graus de adiantamento. Os espíritos não são perfeitos, porque não são mais que almas dos homens, que não atingiram também a perfeição; e, pela mesma razão, os homens não são perfeitos por serem encarnações de Espíritos mais ou menos adiantados. O mundo corporal e o mundo espiritual estão em contínuo revesamento; pela morte do corpo, o mundo corporal fornece seu contingente ao mundo espiritual; pelos nascimentos, este alimenta a humanidade.

Em cada nova existência, o Espírito dá maior ou menor passo no caminho do progresso, e, quando adquiriu na Terra a soma de conhecimentos e a elevação moral que nosso globo comporta, ele o deixa, para viver em mundo mais elevado onde vai aprender coisas novas.

Os Espíritos que forma a população invisível da Terra são, de alguma sorte, o reflexo do mundo corporal; neles se encontram os mesmos vícios e as mesmas virtudes; há entre eles sábio, ignorantes e charlatães, prudentes e levianos, filósofos, raciocinadores, sistemáticos; como se não se despissem de seus prejuízos, todas as opiniões políticas e religiosas têm entre eles representantes; cada um fala segundo suas ideias, e o que eles dizem é, muitas vezes, apenas a sua opinião pessoal; eis o motivo por que não se deve crer cegamente em tudo o que dizem os Espíritos.

P: Sendo assim, apresenta-se imensa dificuldade; nesses conflitos de opiniões diversas, como distinguir-se o erro da verdade? Não descubro a utilidade dos Espíritos, nem o que ganhamos em conversar com eles.

R: Quando eles apenas servissem para dar-nos a prova de sua existência e de serem as almas dos homens, só isso seria de grande importância para quantos ainda duvidam que tenha uma alma e ignoram, o que será deles depois da morte.

Como todas as ciências filosóficas, esta exige longos estudos e minuciosas imposturas, e que se adquire os meios de afastar os Espíritos enganadores. Acima dessa turba de baixa esfera, existem os Espíritos superiores, que só tem em vista o bem, e cuja missão é guiar os homens pelo bom caminho; cumpre-nos sabê-los apreciar e compreender. Estes nos vem ensinar grandes coisas; mas não julgueis que o estudo dos outros seja inútil; para bem conhecer um povo é necessário estudá-lo sob todas as faces. Vós mesmo tendes a prova disso; pensáveis que bastava aos Espíritos deixarem seu envoltório corpóreo para que ficassem isentos de todas suas imperfeições; ora, são as comunicações com eles que nos ensinaram que isto não se dá, e que nos fizeram conhecer o verdadeiro estado do mundo espiritual, que a todos nós interessa no mais alto ponto, pois que todos temos que ir para lá.

Quantos aos erros que se podem originar da divergência de opiniões entre os Espíritos, eles desaparecem por si mesmo, à medida que se aprende a distinguir os bons dos maus, os sábios dos ignorantes, os sinceros dos hipócritas, absolutamente como se dá entre nós; então, o bom-senso repelirá as falsas doutrinas.

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Livro: O QUE É O ESPIRITISMO
Autor: ALLAN KARDEC


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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