O Arrebol Espírita

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

PERDA DOS FILHOS - O Grande Plano de Deus



"Saudade é a mãe limpar o quarto do filho que já morreu."
(C. B. de Holanda)

No livro de Eclesiastes, das Sagradas Escrituras, está dito que Deus tem um plano para a humanidade; plano que abarca milênios e envolve seres humanos de toda a Terra. Algo de estupendas dimensões, cujos inícios se perdem em remotas eras desconhecidas e cuja conclusão nem se imagina em que tempos futuros acontecerá.
Ora, em nosso pequeno tempo de vida, que, em média pouco ultrapassa, em casos otimistas, cerca de 80 anos, neste curto tempo que temos sobre a Terra, jamais poderemos compreender a enormidade e a sabedoria do plano divino.
Desde o princípio, milhões e milhões de espíritos encontra-se em processo de evolução; e, superando todos os mais potentes computadores conhecidos, cada minúcia, cada detalhe evolutivo de cada vida está sobre o controle da onisciência de Deus. Em toda essa trama altamente complexa, inexiste acaso. Os caminhos que se cruzam na jornada terrestre, as vidas que se encontram e, algumas vezes, se unem – tudo isso obedece aos planos da necessidade evolutiva. Ou a trajetória universal seria uma brincadeira de mau gosto.
Famílias não são agrupamentos aleatórios de pessoas reunidas para nada; de seres humanos seriamente ligados por algum frívolo jogo de dados. Do mais feliz ao mais desgraçado dos lares vige uma complicada contabilidade de culpas a purgar e de abençoados reencontros missionários. Nossos filhos vêm para nós na condição de espíritos postos sob nosso cuidado para que trabalhemos na sua evolução; ou então, são espíritos de nível superior que, embora reencarnados como nossos filhos, a nós chegaram para dar-nos importantíssimas lições.
Mais uma vez é hora de lembrarmos o livro do Eclesiastes apontando-nos quanta vaidade há sobre o mundo. Mas o mestre não dará importância para os eruditos que muitas vezes se riem, sobranceiros, de tudo isto; seja pelo cultivo de uma autossuficiência materialista, seja em razão de altas construções teológicas nas quais não há lugar para coisas simples.
De toda forma, não há como admitir a justiça fora dos processos reencarnatórios de educação e aperfeiçoamento. E as provas mais duras de nossas vidas estão integradas em tais processos de reencarnação. Normalmente, pedimos a Deus a chance dessas provações terríveis pelo exato grau de consciência que, ainda no mundo espiritual, tínhamos dos envolvimentos culposos de vidas anteriores. Pedimos tais provas mas, uma vez acomodados em nova experiência terrestre e devidamente esquecidos do que pedimos, tomamo-nos de intenso desespero quando soa a hora na qual Deus atende a nossos rogos pretéritos.
O filho ou a filha querida que se perde, tem uma história da qual só conhecemos a última parte: do seu último nascimento sob nossos cuidados até o triste desenlace que o tira (ou a tira) deste mundo no melhor de seus anos jovens. Com mais absoluta certeza, a sabedoria divina discerne bem porque é necessário levar aquela vida – tanto quanto conhece de sobejo as razões pelas quais sofrerão tanto os que ficam, tendo de seu, agora, tão só um imenso oceano de saudade. Tudo está matemática, precisa e sabiamente integrado ao grande plano de Deus para a humanidade, do qual faz perfeita parte a singular história de uma única família.
É chegado o tempo das lágrimas. Impossível não chorar, como alguns aconselham. Seria desumano pedir isto. Se as lágrimas não forem de revolta, se não rolarem de mistura com blasfêmias, aliviarão quem chora sem causar problemas a caminhada espiritual da criatura jovem que se foi. No entanto, lágrimas envenenadas de revolta que, discutindo a vontade divina, exteriorizam o acovardamento dos que pediram antes a provação – essas lágrimas pesam como toneladas de chumbo para os desencarnados em sua jornada espiritual. As lágrimas revoltadas fazem sobretudo os pais sofredores perderem a chance que pediram, pondo-os na possibilidade de outras provas reencarnatórias.
É preciso juntar as forças que restam e num inaudito esforço, pôr a alma de joelhos e, ainda que com lágrimas de saudade banhando o rosto, dizer as graves palavras das Sagradas Escrituras: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor deu o Senhor tirou. Louvado seja nome do Senhor” (Jó c1v21).
Por agora, somos pequenos e incapazes. Mas um dia será possível compreender que tão dura provação era o modo amargo mas verdadeiro de deus fazer valer o seu amor. Seu amor por nossa evolução ("salvação").
Há que pensar em plano divino que envolve milênios. Pensar-se nos milhões e milhões de espíritos – desencarnados e encarnados – necessitados de burilamento. Necessário lembrarmo-nos integrados ao plano de Deus, choraremos sim as lágrimas da saudade, mas jamais as da revolta.


Livro: Na maior das perdas... A Divina Consolação
Autor: Regis de Morais



(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita​)
 https://www.facebook.com/o.arrebol.espirita

Nenhum comentário:

Postar um comentário