O Arrebol Espírita

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

PERDAS E GANHOS - Fatos de Nossas Vidas


O sr humano é um ser de necessidades. Na fragilidade de sua condição, é também um ser de carência, o que põe em seu cotidiano alguns temores persistentes.
Quando a vida satisfaz as necessidades mais fundamentais do ser humano, este vive isto como um ganho existencial, experimentando matizes muito belos de alegria. Afinal, se a vida fosse só tristezas ninguém poderia suportar um fardo tão pesado. Ora, na medida em que se vivencia ganhos existenciais, há fortes motivações para se multiplicar tais ganhos, assim se multiplicando o gosto de viver.
Há, porém, situações nas quais necessidades muito verdadeiras do ser humano são frustradas – desde níveis materiais até níveis profundamente afetivos e espirituais. Essas frustrações são vividas como perdas existenciais, fazendo com que homens e mulheres vivenciem sentimentos negativos que vão do desânimo ou desencanto transitório ao desespero, às vezes com impulso autodestrutivos.
Ora, se a vida se compusesse só de ganhos existenciais ela havia de perpetuar em cada um inevitável infantilismo; não haveria o sofrimento que tanto ensina, inexistiria a dor, que é mestra incomparável do nosso amadurecimento. Nunca atingiríamos a têmpera necessária, que faz o aço íntimo resistente e flexível. E, por outro ângulo, se a vida se constituísse apenas de frustrações e perdas existenciais teríamos, como dizia o filósofo, uma certa náusea de viver por vermos nossa existência como “um trabalho inútil”. O aço se despedaçaria também antes da têmpera, pois que uma das principais razões que levou o ultrapaciente Jó, nas Escrituras Sagradas, a aguentar tantos e seguidos sofrimentos foi a sua imensa gratidão a Deus por tantas bênçãos e alegrias antes concedidas.
A vida humana tem beleza e profundidade porque é um quadro de luz e sombra, conjugando grandes alegrias (ainda que momentâneas) e grandes frustrações. A vida é um intrincado tecido de Perda e Ganhos; o que faz dela um alegre sobressalto e, ao mesmo tempo, às vezes uma esperança com laivos de melancolia. Os temores, que sempre existem dentro de nós, tem que constantemente receber nossa assistência de fé, bem como – acima de tudo – a assistência do Divino Mestre através dos mensageiros do Plano Superior.
Normalmente, negamo-nos a nos preparar para as desgraças súbitas, pois o só admitir que estas possam advir nos parece uma forma de atraí-las. Mas tais desgraças podem advir a qualquer vivente, de vez que não nos lembramos dos compromissos terríveis que possamos ter assumido em vidas passadas. Eis porque precisamos ter claro que, se o tecido da vida é traçado em perdas e ganhos, o ganhar e o perder vão nos rondar por toda existência. Podemos mudar isto? Essencialmente, não. Mas podemos e devemos fazer nossa parte no sentido de evitar os sofrimentos que podem ser evitados pelo nosso esforço abençoado pelo Mundo Maior. A sabedoria popular nunca deve ser desprezada, e esta diz: “Ajuda-te, que Deus te ajudará”; é claro que a males evitáveis, o que deve nos impedir de passividade; no entanto, quanto às experiências cruciais que escolhemos enfrentar em nossa encarnação por necessidades inadiáveis, nada ou pouco podemos fazer.
Nada podemos fazer para evitá-las, pois seria em nosso prejuízo; mas podemos recebê-las com humildade, buscando a resignação até o inevitável. Ora, o pouco que fizermos nesse sentido será muito; lembremo-nos mais uma vez das palavras bíblicas: “Foste fiel no pouco no muito te colocarei”.
 
Do livro: No maior das perdas... A Divina Consolação
Autor: Regis de Morais

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