O Arrebol Espírita

quarta-feira, 26 de março de 2014

O DESTINO DADO AO CADÁVER



A Trajetória Evolutiva do Espírito
Djalma Motta Argollo

O Destino dado ao Cadáver


Muitos temos o habito de afirmar que o cadáver dos nossos mortos são meras "roupas sem valor", não
importando, portanto, o destino que sê-lhes venha a dar. Infelizmente o assunto não é tão simples assim.
Os animais irracionais não têm a menor preocupação com o cadáver dos seus iguais. Simplesmente os abandonam ao relento para que se decomponha, ou sirva de alimento para outros, quando eles mesmos não o devoram.
Quando o homem mal se diferenciava dos seus irmãos da floresta, no que tange a razão, agia, sem qualquer sombra de duvida, da mesma forma. o que veio a mudar o comportamento do primitivo foi, naturalmente, a "descoberta do Espírito", consequência da "primeira RM" do Pleistoceno. O corpo passou a ser entendido como instrumento da alma, merecendo, portanto, toda reverencia e carinho, quando esta se liberava.
Alguns grupos desenvolveram a ideia que cadáver guardaria as virtudes do morto, surgindo assim o canibalismo ritual. A descoberta de sepulturas pré-históricas onde os crânios tinham o buraco occipital alargado, sugerem que o foram para que o cérebro fosse retirado, servindo de "alimento mágico", pelo qual se absorvíamos valores e conhecimentos do defunto. Os inimigos aprisionados e mortos tinham seus corpos devorados, como ainda era costume entre os nosso índios no século XVI, pela mesma razão, adquirindo os que deles se alimentavam a bravura e coragem que houvessem demonstrado em vida.
Quando os despojos físicos começaram a ser sepultados, as formas de fazê-lo apresentam grandes variações. Alguns esqueletos mostravam sinais de que foram privados da carne previamente, pois os ossos passaram por um processo de manipulação, sendo pintados e arrumados de forma padronizada. Outros foram enterrados com os membros amarrados e, algumas vezes, de ponta cabeça, dando a entender que se procurava evitar que o morto voltasse para prejudicar os vivos.
Umgrande numero de sepulcros pré-históricos contem armas e alimentos, numa clara demonstração de que o grupo social do qual o defunto fez parte tinha conhecimento de que a vida no Além tem cara características semelhantes a do nosso plano.
O costume de se preparar o cadáver atingiu o Máximo de sofisticação no Egito, quando passou a ser embalsamado, para que o Espírito continuasse "vivo", e pudesse retornar a existência, numa ressurreição futura. Igualmente, as sepulturas egípcias guardam alimento, roupas, joias, moveis, utensílios variados, jogos, armas, comidas figuras de barro representando servos, para servirem ao desencarnado. Os Citas eram mais radicais. Enterravam reis e aristocratas com seus pertences e os próprios animais e servos, os quais eram sacrificados e fixados com estacas, formando um cortejo imponente, enquanto lúgubre.
Os persas optaram por expor seus defuntos no alto de torres, para que fossem devorados pelos abutres e outras aves carnívoras. Já os hebreus preferiam sepultar os mortos, depois de lhe dar em um tratamento com perfumes e unguentos, envolvendo-os em lençóis de linho e, ao tempo de Jesus, com moedas de ínfimo valor postas sobre os olhos. O sepultamento se fazia no solo ou em sepulcros escavados nas rochas ou construídos para esse fim.
Os romanos utilizavam, indistintamente,a cremação e o sepultamento. No primeiro caso, dava-se as cinzas o destino que a família quisesse, no segundo, utilizavam-se cemitérios, às vezes subterrâneos, conhecidos como Catacumbas, ou mausoléus construídos a beira das estradas.
Muitos habitantes da Índia até hoje dão preferência, também, a incineração dos seus mortos e, no caso de algumas das varias seitas que ali medram, se o morto é casado, a mulher é obrigada a ser queimada junto com o esposo, só que, neste caso, viva. Os Chefes de Estado hindus, desde Gandhi, veem envidando esforços para erradicar esse costume infeliz.
Nos dias atuais, coexistem diversas das formas citadas de sepultamento, inclusive das mais primitivas. No Ocidente, o sepultamento é uma forma normal de inumação, embora exista um grande número de pessoas que praticam e desejam a cremação dos defuntos, principalmente nos Estados Unidos da América.
Vejamos, a luz do que temos discutido até agora quanto a desencarnação, quais os reflexos da maneira de sepultar o cadáver sobre o Espírito que esta retornando à Pátria Espiritual.

Repercussão do Tratamento dado ao Cadáver sobre o Espírito

As leis brasileiras, como de resto as vigentes no hemisfério ocidental, estabelecem que o enterro dos restos mortais só pode acontecer após a morte ser atestada por um médico, com suas causas devidamente constatadas. Se houver suspeita quanto a "normalidade" da morte, departamentos especializados da policia, os Institutos Médicos legais em nosso caso, são chamados a se pronunciar, pelo exame fisiológico e químico do cadáver em geral, e de suas vísceras e órgão internos, em particular, para estabelecimento da "causa mortis".
Outro ponto, e que, de modo geral, fica estabelecido o mínimo de vinte e quatro horas entre o horário da morte e o sepultamento.
Como vimos mais acima, o Espírito não se desliga imediatamente do corpo, mas sofre um processo de separação lenta e gradual dos liames energéticos que unem o perispírito a todas as células do organismo. Dai, os problemas enfrentados pelo desencarne no período do "velório", pela irresponsabilidade, fruto da ignorância, de parentes e amigos.
Por não saber o que significa a morte, a maioria dos que estão em "processo de desencarnação" imaginam estar sendo vitima de terrível pesadelo. Isto já foi bastante ilustrado em casos citados acima.
Aferram-se ao desejo de retomar o corpo a todo transe, aumentando o mal-estar que já estão sofrendo, dificultando o desligamento dos laços fluídicos que os vinculam aos despojos. Por causa disto, bem como, pela percepção do que acontece no ambiente, as manipulações impostas ao corpo são "sentidas" como se ainda estivessem encarnados.
Nas situações em que o defunto e levado a passar por autopsia, imagine-se o horror e o sofrimento por ver o corpo ser retalhado de todas as formas, enquanto o Espírito se sente vivo, imaginando estar sendo vitima de um terrível engano. A "certeza ilusória" de que o corpo e o verdadeiro "eu", expresso até na forma de falar: "Eu tenho uma alma", é responsável por situações como esta. Quanto mais introjetado o sentimento errôneo de que é o corpo, maior dificuldade tem a alma em processo de desencarnação de reconhecer sua situação real.
As colocações acima nos levam a tecer algumas considerações a respeito dos transplantes. A doação de órgãos são feitas por vontade expressa do indivíduo antes de morrer, ou após sua morte, pelos parentes mais próximos. O ato de doar o cadáver para que suas partes possam ser utilizadas por outras pessoas, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida, ou prolonga-la, é, sem qualquer sombra de duvida, uma atitude de desprendimento. Todavia, se a doação parte do suposto de que "morreu, acabou", pode se transformar em fonte de sofrimento para o doador. Como no caso da autópsia, o Espírito despreparado face à realidade imortalista, vê-se repentinamente, sendo cortado, e seus órgãos retirados, para serem implantados em outrem. Como a retirada é feita quando se dá a "morte clinica", a separação entre corpo e perispírito não aconteceu, ainda, em plenitude, e o Espírito em estado de ignorância começa a imaginar que o estão "matando" e vive os horrores de ser "retalhado em vida", numa tortura inominável. O argumento de que o "ato caridoso da doação" faz com que o doador receba um tratamento especial dos Espíritos Superiores, para que não venha a passar pelos sofrimentos expostos, é altamente relativo. O problema não é de "boa intenção", mas da estrutura psicológica e condição moral do doador. Vimos que Otilia Gonçalves, apesar de espírita praticante, não pode ser atendida pela mentora espiritual, enquanto não ofereceu condições psíquicas para tanto. Imagine-se alguém que esteja bem distante das praticas espiritualizantes ... Portanto, que cada um medite bastante no que vai fazer, quando se predispuser a doar seus órgãos e, principalmente, os que não lhe pertencem ...
Atualmente, no Brasil, cresce o número daqueles que preferem, quando da morte, a cremação.
Emmanuel, com seu costumeiro bom- senso, aconselha que se espere um mínimo de setenta e duas horas para que a queima do cadáver seja efetivada. Naturalmente, o sábio mentor deve se basear em alguma estatística levantada pelos órgãos competentes de sua moradia espiritual. Esses estudos devem indicar que a media dos desencarnantes consegue se libertar do corpo nesse período de tempo. Isto, porem, não significa que a totalidade siga esse padrão. Os que não se enquadrem na categoria, como por exemplo os que morrem em desastre ou por suicídio, sofrerão as agruras de se sentirem queimados vivos, situação terrível, que poderia ter sido evitada.
O enterro comum também e motivo de inúmeros problemas, todavia, faculta que os Espíritos tenham um tempo normal para que os laços perispirituais se desatem de forma natural.
Mas, a ajuda mais eficaz que um desencarnante poderá receber, seja qual seja o destino que sê-lhe de ao cadáver, é a do esclarecimento sobre o significado do "morrer''' e, durante a desencarnação, envolvê-lo em vibrações de prece e amor, que permitirão aos Espíritos bons encontrarem facilidades para socorrer e amparar o que retorna ao mundo espiritual.



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