O Arrebol Espírita

quarta-feira, 26 de março de 2014

MORRER


CONCEITO - A problemática da morte é decorrência do desequilíbrio biológico e físico-químico essenciais à manutenção da vida. Fenômeno da transformação, mediante o qual se modificam as estruturas constitutivas dos corpos que sofrem ação da natureza química, física e microbiana determinante dos processos cadavéricos e abióticos, a morte é o veículo condutor encarregado de transferir a mecânica da vida de uma para outra vibração. No homem representa a libertação dos implementos orgânicos, facultando ao espírito, responsável pela aglutinação das moléculas constitutivas dos órgãos, a livre ação fora d a constrição restritiva do seu campo magnético.
Morrer, entretanto, não é consumir-se. Da mesma forma que a matéria se desorganiza sob um aspecto
para reassociar-se em outras manifestações, o espírito se ausenta de uma condição - a de encarnado -, para retornar à situação primeira de sua existência - despido do corpo material.
A vida carnal é decorrência da existência do princípio espiritual e a vida poderia existir no espírito sem
que houvesse aquela. Morrer ou desencarnar, porém, nem sempre pode ser considerado como libertar
-se. A perda do casulo celular somente liberta o espírito que estruturou o seu comportamento, quando no corpo, sem a dependência enlouquecedora deste. Os que se imantaram aos vigorosos condicionamentos materiais, utilizando a vestimenta física como veículo apenas para vaso de luxúria ou egoísmo, qual instrumento de gozo incessante ou do orgulho, na expressão de castelo de força e de paixões, ante a desencarnação prosseguem vinculados aos vapores entorpecentes das emanações cadavéricas em lamentável e demorado estado de perturbação, sitiados pelas visões torpes da destruição dos tecidos, sofrendo a voragem dos vibriões famélicos, enlouquecidos entre as paredes estreitas da paisagem sepulcral.
A vida começa a perecer desde o momento em que se agregam as células para a mecânica do viver.
Vida e morte, pois, são termos da mesma equação do existir.
Não morre aquele que aspira ao amor e sonha com o Ideal da Beleza, entregue ao cultivo da virtude, no exercício da retidão. Não se acaba aquele que se entrega à vida, pois que mediante cíclicas mudanças do tono vibratório o espírito se translada de corpo a corpo, de estágio a estágio evolutivo até alcançar a plenitude da vida na vitória estonteante da Imortalidade.
Enquanto os processos a bióticos são substituídos por novas atividades bioquímicas, o cadáver passando à fase da desintegração - autólise e putrefação -, o espírito que se educou para os labores de libertação encontra - se indene à participação do desconcertante fenômeno de transformação celular, não ocorrendo o mesmo com aqueles que transformaram o corpo em reduto de prazer ou catre de paixões de qualquer natureza.

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Espírito: Joana de Ângelis
Médium: Divaldo Pereira Franco


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