O
Homem Novo
Jose
Herculano Pires
Situação
dos Espíritos perante a dissecação de seus cadáveres
Curioso
episódio relatado pelo prof. Paul Gibier - Pancadas invisíveis
contra o anatomista e um médium - Experiência mediúnica numa sala
de anatomia.
Qual
a situação dos espíritos que veem os seus corpos dissecados nas
salas de anatomia? Anualmente, em certas escolas superiores, celebram
- se cerimônias religiosas especiais, por intenção desses
espíritos. Agora mesmo, os jornais noticiaram a celebração da
chamada “Missa do Cadáver”, na Faculdade de Farmácia da
Universidade de São Paulo. Poderia o Espiritismo dizer-nos alguma
coisa a respeito do assunto, que naturalmente interessa a todos os
espiritualistas?
“O
Livro dos Espíritos”, obra básica da doutrina, informa-nos quanto
às mais variadas situações espirituais do homem, após a morte. No
capítulo sexto da segunda parte do livro, Kardec inseriu, como item
quarto, um “Ensaio
teórico sobre a sensação nos espíritos”. Que esclarece bem o
problema. O espírito consciente do seu estado, mas ainda preso às
sensações materiais, ligado ao corpo, é atingido pelo que fazem ao
cadáver, embora não sinta mais as dores físicas da dissecação.
Muitas vezes se revolta, se encoleriza. Por isso mesmo, antes dos
trabalhos dessa natureza, professores e alunos deviam reunir-se em
prece, em favor dos espíritos que ainda estiverem ligados aos corpos
que vão ser dissecados.
As
cerimônias religiosas posteriores são homenagens, quase sempre
simbólicas, enquanto as preces e vibrações mentais anteriores
constituiriam ajuda eficiente. Sabemos muito bem que isto ainda não
é possível, no ambiente materialista em que vivemos. Sabemos também
que muitos professores e alunos darão de ombro ao que estamos
dizendo, por considerarem a nossa atitude puramente supersticiosa,
sem nenhum fundamento cientifico. Entretanto assim não pensam os
grandes cientistas que se interessaram pelas experiências espíritas.
E
alguns deles, como o prof. Paul Gibier, ex-internos dos hospitais de
Paris, ajudante naturalista do Museu de Historia Natural, Oficial de
Academia, podem fornecer-nos dados curiosos a respeito desse
problema.
No
seu ensaio de “fisiologia transcendente”, ou “ensaio sobre a
ciência futura”, como ele mesmo o chamou, conta-nos o prof. Gibier
o que lhe aconteceu, numa experiência psíquica realizada em sala de
anatomia. O livro em que aparece esse relato tem o título de
“Análise das Coisas”, lançado em tradução portuguesa pela
Livraria da Federação Espírita Brasileira. Um dos mais lúcidos e
belos
trabalhos,
de ordem científica, sobre o Espiritismo, já publicados no mundo.
O
prof. Gibier realiza sessões, quase diariamente, à noite, para
observações sobre “a força anímica”, numa sala de laboratório
próxima aos anfiteatros de dissecação da Escola Prática da
Faculdade de Medicina de Paris.
Pouco
antes da noite de uma das sessões, realizara estudos de cirurgia num
cadáver, no laboratório. Durante os trabalhos, que deviam produzir
fenômenos de materialização e efeitos físicos, conseguiu-se
pouco. O médium se queixava de más influências, que tentavam
dominá-lo. Ao se retirarem, -conta o prof. Gibier, - “em caminho,
da rua Lhomond para a rua Claude Bernard, fomos repentinamente
agredidos por uma saraivada de pancadas, que ouvíamos e sentíamos
muito bem,e que alcançavam principalmente o médium”.
Uma
semana depois, reuniram-se novamente, o prof. Gibier e seus amigos,
com o médium, na mesma sala.
Mal
entraram ali, começaram os fenômenos físicos, de natureza
violenta. E logo depois o médium era
“tomado”
por um espírito vingativo, que tentou agredir o experimentador.
Ainda inexperiente, o prof. Gibier chegou a travar luta com o médium.
Quando se lembrou, porém, das instruções de uma pessoa “muito em
dia com essas coisas”, tomou atitude diferente. Através de
vibrações favoráveis e de passes, conseguiu que a entidade se
retirasse, deixando o médium. Tratava-se do espírito do cadáver
dissecado, que desejava vingar-se do que considerava uma profanação.
Esse
exemplo, que nos é dado por um médico, um sábio, um investigador
consciencioso e leal, mostra que não estamos falando de duendes ou
fantasmas, e sim de princípios vitais, que não podem ser esquecidos
por professores e alunos de medicina. Deixemos que o próprio. Gibier
explique o que há de natural, de positivo, e não de imaginário ou
supersticioso, neste problema. “A vida, tal como a observamos, -
diz o mestre, - mostra -se no ponto de convergência de três
princípios. Ou, se preferirdes: o Espírito animizou a Energia e
organizou a Matéria, para fazer agir uma sobre a outra e dar vida ao
ser.”
Em
outras palavras, nos termos da doutrina espírita: o Espírito
animiza o Perispírito, ou Corpo Espiritual, e este organiza o Corpo
ou organismo material. Ao dissecar um cadáver, estamos lidando com
uma parte do Ser, que, longe de se encontrar extinto, permanece em
todo o seu poder energético e espiritual. Podemos fazê-lo em
benefício da ciência, mas não devemos esquecer o respeito que nos
merece a criatura espiritual a ele ligado.
***
Fonte: Luiz Pessoa Guimarães – Vade Mecum Espírita
http://www.vademecumespirita.com.br
(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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