Certo amigo meu, Promotor de Justiça -
também espírita, me falou de um belo fato que ocorreu com um amigo seu, juiz de
direito - católico, de São Paulo, ao ser nomeado titular de uma das Varas de
Execuções Penais daquele estado.
Assim que seu amigo foi empossado ligou
para o diretor de uma das várias penitenciarias paulista para marcar uma visita
a seu estabelecimento carcerário para se familiarizar com o sistema e seus
ofícios. Recebeu então do diretor a resposta, e como orientação, de que fizesse
a tal visita no final de semana, em dia de visitas. Segundo o diretor, nesses
dias, como os prisioneiros estão recebendo seus familiares, os ânimos do
ambiente tendem a estar mais tranqüilo e seguro. Pois bem!
No domingo seguinte, sua Excelência parou
seu carro no estacionamento em frete a casa penal de onde avistou uma enorme
fila, que julgou acertadamente serem os familiares dos apenados esperando a
hora da entrada. Dirigiu-se até a fila para colher informações daqueles que
também fazem parte do sistema e, ao se aproximar, foi logo cercado por vários
familiares que o reconheceram e passaram a lhe apresentar queixas. Percebeu que
entre aquelas pessoas havia uma humilde e simpática velhinha, que chamou sua
atenção por lhe oferecer uma fatia de bolo com refrigerante; provavelmente
parte do alimento que levara para o seu visitado, o qual sua excelência
gentilmente recusou. Após a atenção dispensada àquelas pessoas, despediu-se e
entrou. Quando se aproximava do gabinete do diretor, eis que o mesmo,
acompanhado de um Padre, vem em sua direção para recebê-lo. E assim, após os
cumprimentos de praxe, passou a conversar com os mesmo. Momentos depois, eis
que se abrem os portões e os familiares começam a adentrarem em direção aos
pavilhões. Foi quando o Juiz avistou a simpática velinha que havia conhecido há
pouco e comentou com o Padre: “Está vendo missionário porque dizem que depois
do amor de Deus o amor de mãe é o maior?.. O Senhor está vendo aquela
velinha ali?" - apontando a direção - "Sabe lá há quanto tempo,
talvez dias, está aí fora aguardando a hora de entrar para visitar seu filho
marginal; ladrão; estuprador ou
assassino... Só mesmo o amor de mãe para ser tão nobre assim!” ao que o Padre
respondeu: “Pois é, excelência, o amor de mãe é muito nobre, mas depois do amor
de Deus o amor maior é o amor fraterno! Pois é um amor descompromissado e,
muitas vezes, dedicado a pessoas que estranha nos é. Essa senhora não está indo
visitar o filho que assassinou ou vitimou alguém, mas está indo visitar o
assassino de seu filho. Desde o crime ela, estranhamente, em vez de dedicar-lhe
o ódio, ou qualquer gesto de vingança, fez exatamente o contrário, o perdoou e
o assumiu como filho, para que ele tampasse as feridas que ele causou. E agora,
ela é o maior EXEMPLO e motivo de bons comentários aí dentro. Não tem um dia
que lhe visite e que não o encontre de braços abertos e chorando pelo remorso
de ter feito tanto mal para um pessoa tão boa!”.
"A mim pertence a vingança, e Eu
retribuirei, diz o Senhor. Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer;
se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo
sobre sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem."
(Bíblia Sagrada: Carta
aos Romanos, c12; vs19 a 21)
Ps: O Promotor de Justiça retromencionado,
trata-se do ex promotor da Vara de Execuções Penais da Comarca
de Macapá-AP, Dr. MANOEL FELIPE MENEZES. Atualmente promovendo a justiça
junto ao Juizado Especial Criminal na mesma comarca e presidindo a
FEAP-Federação Espírita do Amapá.
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POR: R. S. DURANT DART
https://www.facebook.com/o.arrebol.espirita
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