“Não apagueis o espírito”.
I' Epístola de Paulo de Tarso aos Tessalonicenses
1:19
De modo geral, todos nós, no
mecanismo de recapitulações das experiências terrestres, somos reconduzidos a
condições difíceis do aprendizado, valorizando a responsabilidade, o
livre-arbítrio e a razão, que menosprezamos em outra época.
Entretanto, apesar da
concessão divina do retorno à luta benéfica, precipitamo-nos em despenhadeiros
diversos, à distância do caminho que o Pai nos traçou mobilizando divinos
mensageiros de seu amor.
A Proteção
Constante
Considerando a constância da
Proteção Divina somos obrigados a reconhecer que, antes do próprio Evangelho de
Jesus, a Humanidade já recebia continuadas demonstrações de socorro do Alto,
através de emissários numerosos da Providência, nos setores da Religião, da
Filosofia e da Ciência, que induziam a criatura à necessária elevação
espiritual e à iluminação do seu patrimônio de conhecimentos.
Ausência de
Equilíbrio
Todavia, não obstante o
cuidado incessante do Senhor, não temos sabido manter o equilíbrio indispensável
entre as margens do caminho reto. Assoberbam-nos tentações de variados matizes,
emergindo da viciação de nós mesmos e compelindo-nos à volta às situações
inferiores do pretérito. Persiste em nós, ainda mesmo em se tratando dos
desencarnados que se localizam nas zonas fronteiriças da carne, o terrível
dualismo da animalidade e da espiritualidade simultâneas. Grande é a batalha!
Constitui a síntese de muitos séculos de escolha criminosa e de predileções
prejudiciais.
Deficiência da
Razão
Apesar disso, nossa razão é
sempre vigoroso foco de observação e potencial analítico. Criamos extensa
nomenclatura para classificar os erros do próximo, sabemos discernir, com
rigor, as regiões nevrálgicas dos vizinhos e tabelar as faltas alheias com
ausência, quase absoluta, de senso evangélico, no exame das minudências
circunstanciais. Sobram-nos raciocínios contundentes e escasseia-nos sentimento
divino para compreender a posição dos que caíram ao longo de penosa iniciação à
vida superior, doentes da alma e aflitos do coração. Esquecemo-nos de que os
sucessos amargos, determinantes das quedas de outrem, são acontecimentos
suscetíveis de ferir igualmente a nós outros, que nos supomos inatingíveis.
Exigências do
Caminho
É por isso que toda a cautela
se requer na preparação de caminhos por parte dos discípulos modernos. O campo
da experiência está exigindo maiores recursos de iluminação para o sentimento.
O trabalhador formado para o serviço é valor da vanguarda, conclamando à
renovação geral. Muita vez, faz-se preciso abandonar as situações mais
reconfortantes e os laços mais estimáveis, a fim de atendermos ao chamamento
divino. Para quantos se consagraram às realizações do Mestre, o relógio da
evolução oferece horas muito diferentes nos tempos que passam. Urge aperfeiçoar-se
o individualismo de cada servidor à luz sublime do Reino de Jesus, ainda mesmo
ao preço de sacrifícios pungentes. No cérebro e no coração não ressoam convites
ao sentimentalismo doentio, mas ao sentimento edificante, nem apelos à
indiferença ou à
impassibilidade e sim
exortações ao equilíbrio que o Cristo nos legou.
O Preço da Luz
Não recebemos qualquer
aquisição sem preço correspondente. Fatos comezinhos da existência material
esclarecem-nos vivamente nesse sentido. Por que motivo aguardaríamos vantagens
da compreensão sem o trabalho preciso? Não se dependura a virtude no santuário
da consciência, como objeto de adorno em tabiques exteriores.
Faz-se preciso renovar a
mente e purificar o coração. Não adquiriremos patrimônios da imortalidade,
guardando acervos de pensamentos do campo mortal. Não nos renovaremos em
Cristo, perseverando nas velhas armadilhas de fantasias da esfera transitória.
Para elevar a própria vida é imprescindível gastar muitas emoções, aparar
inúmeras arestas da personalidade, reajustar conceitos e combater
sistematicamente a ilusão.
Vigiemos no
Evangelho
Vigiemos, no templo de nós
mesmos, de modo a não apagar e nem reduzir a luz do espírito, controlando as
nossas intervenções individuais no campo infinito e eterno da
vida. Para alcançar
semelhante edificação, com a desejável segurança, é impossível afastar-se o
aprendiz do Evangelho aplicado ao raciocínio e ao sentimento. Em suas forças
vivas, encontramos possibilidades de entendimento com o Cristo, vivendo-lhes os
ensinos. Seus padrões de vida eterna desafiam-nos as obras efêmeras,
despertando-nos a consciência para a visão de horizontes mais vastos.
Situação Amarga
Enquanto não serenarmos a
corrente das paixões que nos caracterizam a individualidade, não alcançaremos o
poder indispensável à realização desejada.
Seremos ouvintes estacionados
no jardim ilusório da admiração apressada; crentes perdidos em nova idolatria
de falsos valores, pelo olvido de nossos tesouros ocultos e
pelo abandono de nossas
ferramentas, da possibilidade pessoal. Seremos pródigos em aconselhar o bem,
esquecidos de aplicá-la e simbolizaremos compêndios vivos de exortações aos
ouvidos alheios, mantendo-nos, embora, em lamentável necrose espiritual.
Reeducação
Espiritual
Fujamos à terrível condição
da maioria das inteligências modernas, caracterizadas por raciocínios de anjo
aliado a sentimentos de monstro. A desarmonia que se verifica, no quadro
evolutivo das mentes encarnadas, repete-se em nosso plano de ação. Nas esferas
vizinhas da Crosta Planetária instituem-se incontáveis escolas de preparação
destinadas à melhoria dos que se distanciam da experiência física à maneira de
ver-me rastejante colado à concha do egoísmo e da vaidade. É necessário
reeducar, readaptar e restaurar personalidades que se demoram nas sombras do
“eu”, desinteressadas do santuário que lhes pertence no imo do ser.
Muitos de vós, nos centros
espíritas cristãos, realizais presentemente serviços que inúmeras almas somente
conseguem levar a efeito, em seguida à libertação do corpo que as materializava
na Terra. Aprendem dificilmente a arte do desapego, pelas noções de posse
egoística que cristalizaram em si próprias e daí a necessidade de volumosas
lágrimas para a retificação dos erros da imprevidência. Os discípulos sinceros
de Jesus operam atualmente, como trabalho máximo, o despertamento próprio, a
própria iluminação. Esse, de fato, o objetivo primordial da doutrina, a
melhoria da criatura para o mundo melhor.
O Setor Científico
O setor científico do
Espiritismo, em verdade, pode construir notáveis convicções e disseminar flores
admiráveis de intelectualidade e filosofia superficial. Mas a simples
demonstração científica não realiza as conversões e transubstanciações
necessárias à renovação benéfica do homem e do mundo. Não devemos limitar o
movimento libertador das consciências que o Espiritismo instituiu no Planeta a
mero serviço de informações verbalísticas entre dois planos diferentes de vida.
É imprescindível ponderar e raciocinar com a realidade cristã. Podemos
incentivar nossas relações com as esferas mais altas, estender a visão
psíquica, ampliar expressões fenomênicas, mas se relaxarmos o trabalho de
manutenção da luz divina, permitindo que a chama da Divindade se apague, dentro
de nós, todo o esforço resultará infrutífero.
Exemplifiquemos com
Jesus
Curemo-nos, portanto, da
velha paralisia sentimental, exemplificando a humildade e a fraternidade de
cuja conceituação e definição temos sido excelentes portadores.
Reduzamos a exportação de
conselhos fáceis, para atender à obra difícil da nossa própria redenção com o
Cristo de Deus.
Instalemos a ponderação no
centro de nossos pensamentos e sigamos o Mestre Divino nas múltiplas
circunstâncias que nos assinalam a luta.
Sustentando a lâmpada de
nossa fé na superior destinação para a qual fomos lançados à torrente da vida
eterna, teremos organizado a energia precisa para que a luz do espírito jamais
se extinga dentro de nós.
O discípulo deve e pode
refletir a vontade do Senhor, executando-lhe as lições, cada dia.
É para esse esforço que os espiritistas
do Evangelho são atualmente chamados, no desdobramento do qual recebemos mais
elevadas quotas de auxílio das Esferas Superiores. A zona mais alta de suas
tarefas apostólicas, na atualidade terrestre, acima
do proselitismo apressado e
da propaganda fácil, reside no trabalho abençoado de reavivamento da luz
espiritual no mundo inteiro, conservando a luz do espírito acesa e brilhante em
si próprios.
***
Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Cartas do Coração
(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
https://www.facebook.com/o.arrebol.espirita
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