O Arrebol Espírita

quinta-feira, 22 de maio de 2014

QUESTÕES MORAIS



O que é o pecado, segundo o Espiritismo?
Pecado é todo e qualquer ato que contrarie as leis de Deus (leis naturais). Paulo de Tarso, na Bíblia, diz que sem Lei não existe pecado. Isso quer dizer que à medida que o homem toma consciência da Lei de Deus, aumenta sua responsabilidade em relação aos erros e igualmente o rigor em seu próprio julgamento. É somente nessa transgressão que se resume o pecado.
Qual a definição, segundo o Espiritismo, de moral e de intelectualidade?
Moral é um conjunto de princípios que rege a vida dos indivíduos em uma sociedade. São valores adquiridos pelos homens em suas inúmeras experiências encarnatórias. A moral sadia é aquela que se fundamenta nos princípios da doutrina de Jesus que é o modelo maior de virtude que já esteve no planeta. Reconhece-se o adiantamento de um povo quando as leis que regem a sociedade são justas e as pessoas vivem de forma equilibrada. A intelectualidade é o crescimento do indivíduo dentro do conhecimento científico, no sentido mais amplo que se pode dar a esse termo. É o saber conseguido pelo seu esforço pessoal no campo das ciências humanas. O ser intelectualizado, teoricamente, teria condições melhores de compreender os mecanismos das leis divinas (naturais). Entretanto, no nível evolutivo em que se encontram os Espíritos neste planeta, freqüentemente dá-se o contrário, pois julgam-se doutos e sábios por si mesmos, nada atribuindo à sabedoria de Deus. Mas haverá um tempo em que os homens inteligentes também serão sábios (no sentido da moralidade), fazendo avançar mais rápido a humanidade.
Qual a finalidade da infância no homem?
A infância é um estado especial do Espírito encarnado. Nela, o indivíduo ainda não possui o livre arbítrio totalmente disponível. É nesta fase que se pode receber os ensinamentos dos pais, sem refutar. Na infância os sentidos do Espírito estão mais sujeitos a modificações pelo aprendizado através da instrução e principalmente do exemplo dos pais. Nos mundos mais evoluídos o período da infância é menor, pois os seres que ali habitam são mais adiantados, não necessitando de um período de infância muito extenso. Na adolescência o Espírito readquire total liberdade de agir, o que comprova a existência de crianças amáveis, que podem vir a ser adolescentes rebeldes ou vice-versa. Só iremos saber que tipo de Espíritos são nossos filhos nessa segunda fase da vida.
O homem e a mulher são tratados igualmente perante às Leis Divinas?
Se assim não fosse não haveria justiça. Os Espíritos serão reconhecidos pelo bem que fizeram, independentemente do sexo, raça ou condição social que tinham quando encarnados. Reencarnar em ambos os sexos, serve apenas como experiência para aprendizado do Espírito. Reencarnando como homem, podem aprender a usar a razão com maior ênfase do que com o coração, desenvolver atividades que utilizem maior força física etc. Como mulher poderá aprender a usar maior sensibilidade e a abençoada maternidade. Não se segue daí que o homem não tenha sensibilidade ou que a mulher não use a razão, claro. Se reencarnarmos nos dois sexos, teremos um equilíbrio entre as duas forças e formas de aprendizado. A Doutrina Espírita ensina que os homens e as mulheres são iguais perante Deus, e são dotados dos mesmos direitos.
No entanto, possuem funções específicas na situação encarnatória em que se situam.
Por que existem tantas injustiças sociais na Terra?
Segundo Allan Kardec, através das instruções dos Espíritos Superiores, a Terra é um planeta atrasado, de provas e expiações. Portanto, morada de Espíritos imperfeitos que necessitam de ajustes decorrentes de sua própria condição espiritual. Não se mandam pessoas sãs aos hospitais e a Terra é um grande hospital, onde habitam criaturas enfermas da alma para sua depuração através de suas experiências na matéria. As
injustiças sociais são conseqüências do egoísmo e orgulho do homem atrasado. Com a evolução social e moral da humanidade, o homem aperfeiçoará suas leis e viverá numa sociedade mais justa e fraterna.
Por que sentimos antipatias ou simpatias por algumas pessoas que nem conhecemos?
Tudo se fundamenta na lei das afinidades fluídicas. Os pensamentos que emitimos impregnam o ambiente onde estamos e atrai outros que pensam da mesma forma, assim como funciona como força de repulsão para quem tem pensamentos contrários.
Nem sempre as antipatias gratuitas são resultados do passado, como se costuma acreditar. Portanto somos atraídos para os que nos são simpáticos e nos afastamos de quem não temos afinidades. Chegará um dia em que toda a humanidade estará reunida em um único campo energético de amor e paz, e aí não haverá mais sofrimentos, nem dores.
O espírita deve buscar na sua reforma íntima mudar a alimentação, evitando ou eliminando as carnes de seu cardápio? O consumo de carne prejudica o exercício mediunidade?
O objetivo da Doutrina Espírita é modificar moralmente o homem, fazendo-o melhor em todos os sentidos. A idéia de que o "não comer carne" contribui para a purificação do Espírito vem das doutrinas esotéricas. Isso não tem qualquer fundamento lógico e contraria as orientações dos Espíritos superiores a respeito do assunto. O que acontece é que a carne vermelha tem uma metabolização mais difícil que as carnes brancas ou alguns vegetais, tendo o organismo que despender maior gasto energético para concretizá-la.
O hábito alimentar ocidental é cheio de vícios e temos que nos disciplinar para conter os excessos alimentares, que como todo excesso, faz mal para a saúde do corpo. Um corpo em desequilíbrio traz conseqüências danosas ao Espírito e vice-versa. Portanto, é prudente alimentar-se com moderação sempre. Nos dias de atividades mediúnicas, aconselha-se o consumo de alimentação mais leve para evitar desgastes energéticos com a digestão e facilitar a tarefa de intercâmbio, já que em tudo há a movimentação de energias. O consumo de carne em nada prejudica o exercício da mediunidade. O que o afeta profundamente são os vícios morais, esses um tanto mais difíceis de serem erradicados, do que o simples costume de se comer carne.
O sacrifício de animais para acabar com o sofrimento de uma doença incurável ou para controle populacional é certo? Como o Espiritismo vê esta questão ?
O sacrifício de animais é visto com naturalidade pela Doutrina Espírita, tendo em vista a natureza evolutiva do nosso planeta que abriga seres que ainda necessitam sacrificar animais para satisfazer suas necessidades básicas de nutrição, por exemplo. Tendo o sacrifício dos animais um fim útil, não sendo para satisfazer desejos insanos (como, por exemplo, as brigas de galo, os clubes de caça etc.), não pode se configurar em delito.
Certamente que o julgamento da necessidade ou não do ato deve ser baseado nas leis vigentes estabelecidas, caso contrário o mundo entraria em colapso por desequilíbrio do ecossistema.
E quanto aos vícios, de cigarro, bebida ou drogas? Porque dizem que esse vícios são morais? Não seriam vícios físicos?
Todos os vícios e virtudes são inerentes ao Espírito encarnado. É uma incoerência afirmar que o vício do cigarro, por exemplo, é físico e nada tem a ver com moral. Se assim fosse teríamos que admitir a supremacia do corpo sobre o Espírito e não o contrário, como se dá de fato. A razão repudia tal afirmativa. Os vícios são uma espécie de muleta psicológica das criaturas que nele vivem, decorrentes de fraquezas em sua estrutura moral. Entregam-se ao vício por alguma razão e é penoso para elas se desvencilharem dele. São pessoas que necessitam de auxílio, se assim o quiserem.
Além, é claro, de adquirir débitos com a lei de Deus, por maltratarem seu corpo físico, santuário da evolução do Espírito. Os vícios, quaisquer que sejam, devem ser combatidos e as pessoas que com eles se envolvem, auxiliadas e estimuladas a se libertarem deles.
O que acontece quando uma pessoa comete o suicídio?
Os suicidas são criaturas em débito com a lei de Deus, assim como todos os que a infringem de uma forma ou de outra. Claro que trata-se de grave delito e o Espírito sofrerá as penas dessa infração. Sofrerá as conseqüências de seus atos, que depende muito das circunstâncias que envolveram a situação em si. Cada caso é um caso, pois trata-se de individualidades, e não se deve generalizar como se todos os suicidas tivessem o mesmo destino, em termos da vida espiritual.
As experiências de um Espírito nesse campo pode ser completamente diferente de outro. As leis de Deus são justas e sua justiça levará em conta os atenuantes e agravantes de cada caso. Evidentemente que todos experimentam muito sofrimento quando entendem a gravidade do ato que praticaram. Muitos permanecem presos a regiões astrais onde estão outros irmãos com igualdade de pensamento, obedecendo a lei das afinidades. O tempo que permanecem no sofrimento depende da consciência e da condição evolutiva do Espírito.
Qual a opinião do Espiritismo sobre o divórcio?
A Doutrina Espírita nos incita à compreensão de nossas responsabilidades como Espíritos imortais em experiências transitórias na carne, que servem para nosso crescimento. Nos ensina, por exemplo, que estamos juntos com essa ou aquela pessoa para acertar determinados débitos, auxiliando-nos mutuamente, através da convivência baseado no amor e respeito mútuo. O casamento, portanto, é um sério compromisso
que deve ser cuidado com zelo, na tentativa de viabilizar nessa experiência o que provavelmente não foi possível em experiências passadas.
A freqüência com que os casamentos são desfeitos atualmente é deveras preocupante.
São uniões frágeis por conta da imaturidade espiritual dos homens. Entretanto, a Doutrina Espírita, embora encaminhe o homem para encontrar seu equilíbrio dentro de seus lares, não condena o divórcio, pois entende que é uma lei humana necessária, que trata de separar legalmente o que já estava separado de fato. Mas, deve-se tentar por todos os meios preservar o casamento, por conta do conhecimento das leis divinas que é trazida aos homens através do Espiritismo.
Qual o papel dos pais perante os filhos?
Em o Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 9, Santo Agostinho deixa um verdadeiro tratado sobre as responsabilidades dos pais na educação dos filhos. São eles os responsáveis pela condução dos filhos ao caminho reto. Deus coloca em suas mãos a tarefa de fazer deles homens de bem, mas para isso é necessário que os pais também sejam pessoas conscientes da grave responsabilidade assumida. A educação verdadeira demanda exemplificação, pois sem o exemplo a palavra é vã. Quando se recebe um Espírito no seio familiar ele vem com defeitos e qualidades adquiridos ao longo de sua trajetória como Espírito imortal. Diz Agostinho que é necessário aplicar-se em estudá-los a fim de que se possa extirpar os males oriundos do egoísmo e do orgulho. Se isso não for feito e esse filho vier a se perder moralmente por negligência dos pais, eles serão responsabilidades pela grave falta perante Deus.
Podemos repreender uma pessoa? A crítica é falta de caridade?
Para respondermos esta questão, basta que olhemos para nossa vida privada. Se em nosso círculo familiar alguém se encontra em conduta inadequada que possa prejudicarlhe ou prejudicar outros, o que fazemos? Deixamos a pessoa mergulhada no erro para não feri-la com admoestação ou agimos conforme manda o bom senso, chamando carinhosamente sua atenção? Seria incompreensível se ficássemos calados, pois aí estaríamos faltando com a caridade, nos omitindo vergonhosamente. Assim mesmo devemos agir em nossa vida cotidiana, pois não podemos ter dois pesos e duas medidas. Podemos sim repreender alguém, se acharmos conveniente, e isso não configura falta de caridade. Mas para isso temos que ter autoridade moral sobre a pessoa em falta, pois nada vale condenar uma falta se ainda a praticamos. O Espírito São Luís, em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo X, item 21, nos diz: "Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois é melhor que um homem caia do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas".

 

Hélio Marcos Junior
Mensagens, Ensinamentos e Preces da Doutrina Espírita




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