O Arrebol Espírita

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O ARREBOL

  


O ARREBOL

Como toda criança, até certa idade não tinha a noção perfeita do tempo. Sabia que existia uma fronteira entre o dia e a noite, que se faz patente com o por do sol, mas ainda não conhecia a fronteira da noite com o dia. Uma vez que ao dormir era noite, e ao acordar já era dia. E essa falta de experiência me levou a infantil ideia de que ninguém sabia como amanhecia. Acreditava que todos dormiam e acordavam quando já era dia. E essa crença era fortalecida por algumas ocasiões em que acordava na madrugada, olhava a rua pela janela, e não via ninguém. Pois bem!
Em uma dessas noites de insônia, movido pela fantasia e curiosidade infantil, me auto sugeri a ideia de que não deveria mais dormir para descobrir como amanhecia o dia. Então, inocentemente, troquei de roupas, vagarosamente abri aporta, e saí. Não havia ninguém nas proximidades alem de cachorros vadiando. Vencidos alguns quarteirões avistei em uma avenida ao longe alguns veículos que imaginei que fossem pessoas que ainda iriam dormir. Mais adiante vi um homem fardado e sentado com um cassetete na mão, provavelmente um vigilante, de quem nem fazia ideia que existia. Desconfiado e amedrontado atravessei a rua, querendo correr, o que não foi preciso. E cada vez que caminhava novas descobertas iam surgindo, uma pós outra: o bombeiro do posto; os taxistas no ponto; mais veículos; mais homens sentados (ou em pé), com seus bastões na cintura ou na mão; tinha até um que soprava um apito sem parar. E apesar de estar sendo contrariado em meu objetivo, não me senti decepcionado. As descobertas daquela aventura compensavam. De qualquer forma não via mais nenhuma criança acordada, e concluí que fosse essa a razão de todos me olharem por onde passava. E isso por si só já me empolgava. Cansado sentei-me sob o abrigo de uma parada de ônibus, onde momento depois se aproximou uma jovem senhora, e em seguida o próprio coletivo. Ao parar para o embarque da passageira decidi inconsequentemente subir no mesmo para ir mais longe. Sentei a seu lado; também lembro que lhe perguntei a que horas iria dormir, mas não lembro sua resposta. Mas para onde eu iria mesmo? Lembrei-me de um lugar! Companhia das Docas do Pará, onde ficam aqueles imensos navios. Puxei o fio que aciona a cigarra e parei próximo ao meu “destino”.
Cheguei a um grande portão, onde homens armados controlavam quem saia e quem entrava. Sem entender os motivos e desconhecendo qualquer regra para obedecer entrei, como se ali ninguém houvesse. Aproximei-me daquele gigante de ferro, onde homens subiam e desciam carregando sacas de qualquer coisa. Resolvi subir também, e, sem que alguém me importuna-se, alcancei a parte superior do navio em que ficavam alguns botes salva vidas, onde sentei. Foi quando olhando para o horizonte da baia do Guajará percebi que o céu se desfigurava, sua negritude estava manchada por um clarear, e pouco a pouco o breu e o silencio da noite iam perdendo suas forças.
A baia estava em preamar e botos surgiam e submergiam nas correntezas de sua maré.
E foi assim que descobri que era apenas mais um a descobrir que entre a noite e o dia, e entre o dia e a noite, o tempo brinca em uma gangorra que se chama: ARREBOL.

(Trechos do livro de minha autoria: "O Arrebol" - a ser publicado)

“Eu sou feito de Sonhos interrompidos detalhes despercebidos amores mal resolvidos.
Sou feito de Choros sem ter razão pessoas no coração atos por impulsão.
Sinto falta de Lugares que não conheci experiências que não vivi momentos que já esqueci.
Eu sou Amor e carinho constante, distraído até o bastante, não paro por um instante.
Já Tive noites mal dormidas, perdi pessoas muito queridas, cumpri coisas não prometidas.
Muitas vezes eu Desisti sem mesmo tentar pensei em fugir, para não enfrentar, sorri para não chorar.
Eu sinto pelas Coisas que não mudei, amizades que não cultivei, aqueles que eu julguei coisas que eu falei.
Tenho saudade De pessoas que fui conhecendo, lembranças que fui esquecendo e amigos que acabei perdendo.
Mas continuo vivendo e aprendendo.”

(MARTHA MEDEIROS)



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