O Arrebol Espírita

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

MEU AMIGO DE ANGOLA


Dias atrás jantava com um amigo de Angola, quando este passou a falar em seu português lusitano:

- Amigo, o Brasil não é um país bom! As pessoas não respeitam as pessoas, as mulheres não tem respeito pelos homens, as crianças não respeitam os mais velhos... Este país é dominado pelo “Demônio” amigo!
Vamos pra Angola! Lá você vai ver que é tudo diferente, as pessoas respeitam as pessoas!

- E o que tem de bom pra mim lá?_ quis saber.
- Lá você vai sempre trabalhar como chefe, como gerente, porque você é branco (sou pardo) e é inteligente, não vai trabalhar como os negros!_ concluiu encostando seu braço no meu para comparar.

Com profunda angustia de alma fiquei desconcertado, jamais esperei ouvir tamanho absurdo. Olha que já ouvi e vi de tudo nesta vida. Como pode meu Deus, em pleno século 21, alguém ainda aceitar de forma conformada que é inferior a outra pessoa simplesmente pela cor da tez? Depois de me refazer e retornar de pensamentos tão tristes, olhei no fundo dos seus olhos para que sentisse minha alma e lhe falei:

-Amigo, de fato Angola é um país muito abençoado pois tem dois luzeiros para guiar seu povo. De um lado, o Cristianismo oferece as “boas novas” de amor e fraternidade ensinados por Jesus; de outro, o Islã se apresenta na pessoa do profeta Maomé para ensinar a obediência e o respeito para com o criador e suas criaturas. Mas ainda assim, Angola é uma nação que despreza essas luzes para viver em trevas. De que adianta ensinar o respeito as crianças se quando crescem e governam renegam a própria raça?

O Brasil amigo, é um apaís democrático! Aqui, apesar da necessidade de alguns ajustes por desequilíbrios do passado, um parlamentar homossexual goza do mesmo poder e status que seu colega hétero; um magistrado negro pode alçar o poder às estâncias superiores como qualquer juiz de pele branca; também, uma oficiala das Forças Amardas ganha o mesmo soldo que qualquer oficial de mesma patente.
Aqui amigo, temos plena liberdade de culto ou a não cultuar ninguém. Todos podem escolher a seguir Jesus, Maomé, Buda, Hare Krishna, ou até mesmo o “Diabo”.

A democracia amigo, apesar de seus males, ainda é o melhor caminho para que vivamos ao menos próximo de uma vida justa, honesta e digna, se tivermos caráter. Sou de opinião que ensinar princípios as pessoas não é algo indispensável, porque princípios é fruto do caráter e caráter nasce no berço, ou se tem ou não se tem. Eu, que vivi minha infância como menino de rua, não tive quem me ensinasse, por exemplo, as letras e nem a respeitar e considerar as pessoas, mas procurei o conhecimento e o achei e sempre agi com respeito e extremada consideração para com todos, independente de raça, credo, sexo, condição social, status ou cultura. Porque, como cristão, sigo os ensinamentos do filho da cruz: “busqueis e achareis” e “Faça aos outros o que quereis que te faça”. É verdade que nem sempre consigo, mas tenho certeza que se meus atos, nesse sentido, forem pesados em balança, não tenho dúvidas que mais acertei que errei e isso é o meu tesouro e a minha glória.

Portanto amigo, o Deus que criou Angola é o mesmo que criou o Brasil, porque é o mesmo que criou a Terra. Basta tão somente seguirmos suas leis meditando nos ensinamentos de seus enviados; sendo irmãos de nossos irmãos, perdoando-nos sempre, auxiliando-nos mutuamente, amando uns aos outros, que seremos felizes aqui, em Angola ou em qualquer outro lugar do universo.

“Feliz a nação cujo Deus é o SENHOR...” 
- Salmo c33 v12

“Feliz é a nação cujo povo pode vaiar seu governante.”
- Presidente Juscelino Kubitschek, ao ser vaiado por uma plateia de estudantes, vindo a ser amplamente aplaudido pelo que disse.

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