O Arrebol Espírita

domingo, 31 de maio de 2015

OS EXILADOS DE CAPELA



(Espírito) Emmanuel informa, no livro “A Caminho da Luz”, psicografia de Chico Xavier, que há cerca de dez mil anos um planeta do sistema de Capela, situado na Constelação de Cocheiro, passava por decisivas reformas, consolidando importantes conquistas morais. Diríamos que se efetuava ali a transição anunciada para o próximo milênio na Terra: de “Mundos de Expiações e Provas”, onde consciências despertas trabalham incessantemente em favor da própria renovação.
No entanto, uma minoria agressiva, recalcitrante no mal, barulhenta na defesa de suas ambições, ainda que requintada intelectualmente, retardava a esperada promoção.
Decidiram, então, os gênios tutelares que governam aquele orbe confiná-los em planeta primitivo, onde estariam submetidos a limitações e dificuldades que atuariam como elementos desbastadores de sua rebeldia.
A escolha recaiu sobre a Terra, cujos habitantes praticamente engatinhavam nos domínios do raciocínio, e que de pronto beneficiaram-se com a encarnação dos capelinos. Inteligentes, dotados de iniciativa e capacidade de organização, dispararam um notável surto de progresso. No curto espaço de alguns séculos a Humanidade aprendeu a cultivar a terra, concentrando-se em cidades, aprimorou a escrita, inventou os utensílios de metal, domesticou os animais...
A presença dos capelinos explica o espantoso “salto evolutivo” que ocorreu naquele período, chamado neolítico, que ainda hoje inspira perplexidade aos antropólogos.
Concentrando-se em grupos distintos, explica Emmanuel, eles formaram 4 grandes culturas: egípcias, hindu, israelense e européia, que se destacaram por extraordinárias realizações.
É interessante salientar que nos princípios religiosos desses povos há a referência à sua condição de degredados, particularmente nas tradições bíblicas do paraíso perdido.
Depurados após milênios de duras experiências, os capelinos regressaram ao planeta de origem. Com a nova migração, as civilizações que edificaram perderam consistência, sucedidas por culturas menores, filhas do homem terrestre.
Informações da espiritualidade nos dão conta de que estamos às vésperas de dois surtos migratórios em nosso planeta.
O primeiro, marcado pela encarnação de espíritos altamente evoluídos, que pontificarão em todos os campos do conhecimento, num grandioso renascimento moral e espiritual da Humanidade. Virão de esferas mais altas, preparando a promoção da Terra para Mundo de Regeneração.
O segundo será constituído por milhões de Espíritos acomodados, comprometidos com o mal, que se recusam sistematicamente ao esforço por ajustarem-se às Leis Divinas, semelhante à minoria barulhenta de Capela. Confinados em mundos primitivos, também aprenderão, à custa de muitas lágrimas, a respeitar os valores da Vida, superando seus impulsos inferiores.
Teremos, então, a decantada Civilização do Terceiro Milênio, edificada sob inspiração dos princípios redentores do Cristo, nosso Governador espiritual.
“senha” que nos habilitará a permanecer na Terra nesse futuro promissor está definida na terceira promessa de “O Sermão da Montanha”: “Bem-aventurados os mansos e pacíficos, porque herdarão a Terra.”
A mansuetude, característica do indivíduo que cumpre a lei, que observa a ordem, que respeita o semelhante, que superou o individualismo e venceu a si mesmo, superando a agressividade, será o emblema do homem terrestre nesse sonhado Reino de Deus.

(Pergunta: É uma necessidade viver na Terra?  
Resposta: Não. Mas se não progredirdes podeis ir para outro mundo que não seja melhor, e que pode mesmo ser pior.- Livro dos Espíritos, questão 174.)

 ***
Texto: Richard Simonetti
Publicado Em: http://www.redeamigoespirita.com.br


sábado, 30 de maio de 2015

PORQUE EXISTE A FAMÍLIA?



Você já pensou sobre qual é o objetivo da família, na terra? 
Afinal de contas, por que existe a família? 
Se Deus, que é o Criador de todas as coisas, criou a necessidade da vida em família, é porque ela tem uma finalidade importante para o progresso do Espírito. 
Vamos encontrar a resposta para essa questão, nos ensinamentos do maior Sábio de todos os tempos. 
Jesus recomendou que devemos amar o próximo como a nós mesmos. 
Assim, a família é essa escola onde podemos aprender a amar umas poucas pessoas para um dia amar a humanidade inteira. 
Deus, que é a inteligência suprema, sabe que no estágio evolutivo em que se encontra, o homem é incapaz de amar todos os seres humanos como a si mesmo. 
Por essa razão ele distribui as pessoas nessas pequenas escolas chamadas lares, para que aprendam o amor ao próximo mais próximo. 
É assim que em nossas múltiplas existências vamos aprendendo o amor, nas suas diversas facetas: amor de mãe para filho, de filho para mãe, de irmão para irmão, de avô para neto, de neto para avô, de tio para sobrinho, de sobrinho para tio, de esposo para esposa e assim por diante. 
E, quando conseguimos amar verdadeiramente um filho, por exemplo, nosso coração se enternece também pelos filhos alheios. 
Quando desenvolvemos profundo amor por uma avó ou pelos pais, toda vez que uma velhinha ou velhinho cruzar nosso caminho, sentiremos algum carinho, porque nos lembraremos dos nossos queridos velhos. 
Assim, os laços de afeto vão se formando, aos poucos, para que um dia possam se estender por toda a grande família humana. 
Considerando-se, ainda, a lei da reencarnação, ou seja, das várias existências no corpo físico, vamos solidificando esses laços de afetividade com um maior número de espíritos, que nascem sob o mesmo teto que nós. 
Dessa forma, nossa família espiritual se amplia e os laços de bem-querer se solidificam a cada nova possibilidade de convívio. 
Podemos constatar essa realidade no amor que nutrimos pelos amigos, que não fazem parte da parentela corporal, mas com os quais temos laços sólidos de afeição. 
Se o amor ao próximo é lei da vida, teremos, mais cedo ou mais tarde, que aprender esse amor. E nada mais lógico do que começar pelos familiares, que a sabedoria das leis divinas reuniu no mesmo lar. 
Portanto, viver em família é um grande desafio e ao mesmo tempo um importante aprendizado, pois o convívio diário nos dá oportunidade de limar as arestas com aqueles que por ventura tenhamos alguma diferença. 
Nascendo no mesmo reduto familiar é mais fácil superar as desafeições, pois os laços de sangue ainda se constituem num ponto forte a favor da tolerância e da convivência pacíficas. 
É por essa razão que existe a família: para que aprendamos a nos amar como verdadeiros irmãos, filhos do mesmo Criador. 
Pense nisso! 
Olhando a humanidade como uma grande família, todas as barreiras que separam os povos caem por terra, pois num outro país, numa outra raça, numa outra religião, pode estar alguém que já foi nosso parente consanguíneo ou nosso grande amigo numa existência física passada. 
Assim, se você entender que isso tudo faz sentido, comece a ver as pessoas que cruzam seu caminho com outros olhos. Com olhos de quem entende e atende a recomendação do Cristo: ame o próximo como a si mesmo.

***
Redação do Momento Espírita
Imagens: http://www.dailymail.co.uk

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A LENDA DA ROSA


Dizem que quando a Terra começava
A ser habitação de forças vivas,
Nas telas primitivas,

Tudo passara a ser agitação de festa;
As cidades nasciam
Em singelas aldeias na floresta...
A beleza imperava,
O verde resplendia,
Toda a vegetação se espalhava e crescia,
Dando refúgio e proteção
Aos animais,
Do mais fraco ao mais forte...
O progresso ganhava as marcas de alto porte.

No campo, as plantas todas
Respiravam felizes,
Da folhagem no vento à calma das raízes;
Era um mundo de belos resplendores,
Adornado de flores,
Com uma estranha exceção.
Tão-somente, o espinheiro,
Era triste e sozinho
Uma espécie de monstro no caminho,
De que ninguém se aproximava,
Todo feito de pontas agressivas,
Recordando punhais de traiçoeiro corte,
Que anunciavam dor e feridas de morte.

De tanto padecer desprezo e solidão,
Um dia, o espinheiral
Fitou o Azul Imenso e disse em oração:
- Senhor, que fiz de mal
Para ser espancado e escarnecido,
Todos me evitam cautelosamente
Como se eu não devesse haver nascido...
Compadece-te, oh! Pai, da penúria que trago,
Terei culpa das garras que me deste?
Acendes astros mil para a noite celeste,
Vestes a madrugada em mantilhas vermelhas,
Dás lã para as ovelhas,
Inteligência aos cães, cântico às neves,
Estendeste no chão a bondade das fontes
Que deslizam suaves
Na força universal com que desdobras,
A amplitude sem fim dos horizontes,
Em cujo místico esplendor
Falas de majestade, paz e amor...
Não me abandones, Pai, às pedras dos caminhos,
Se posso, não desejo
Oferecer somente espinhos...
Quero servir-te à obra, aspiro a ser perfume,
Inspiração e cor, harmonia e beleza,
Para falar de ti nas leis da Natureza.

Dizem que Deus ouviu a inesperada prece
E notando a humildade e a contrição do espinheiral,
Mandou que, à noite, o orvalho lhe trouxesse
Um prodígio imortal.
Na seguinte manhã, logo após a alvorada,
Por entre exalações maravilhosas,
O homem descobriu, de alma encantada,
Que Deus para mostrar-se o Pai e o Companheiro, 
Atendendo a oração pusera no espinheiro
A primeira das rosas.


***
Espírito: Maria Dolores
Médium: Chico Xavier

(a)   RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)

segunda-feira, 25 de maio de 2015

ANTÍDOTO PARA A VIOLÊNCIA - Na Fé de Jó.




Questão 746- O assassínio é um crime aos olhos de Deus?

"- Sim, um grande crime, pois aquele que tira a vida a um semelhante, interrompe uma vida de expiação ou de missão, e nisso está o mal." (O Livro dos Espíritos - Allan Kardec)

As histórias e os dramas motivados pela violência são muitos e acontecem com uma freqüência cada vez maior. Pode-se dizer que a violência está em todo lugar e não tem fronteiras pois que diariamente os meios de comunicação nos informam de lamentáveis acontecimentos ao redor do planeta e até daqueles bem próximos de nossas moradas.
Por toda a mídia, rádios, TVs, jornais, revistas e Internet, os crimes são mostrados numa seqüência alucinada de assaltos, seqüestros, estupros, assassinatos e chacinas não apenas com o intuito de informar mas, sobretudo, com a finalidade de faturar cada vez mais. A desculpa que nos dão é que eles têm que informar a população e, desta forma, os acontecimentos são ampliados e explorados de forma irresponsável. Será que nunca acontecem coisas boas e construtivas ou falta capacidade para encontrá-las?
O fato é que a violência, e todos os desdobramentos nefastos derivados dela, mostrados ininterruptamente dia e noite, virou coisa corriqueira. Isso me lembra uma história contada por um amigo há alguns anos.
Foi nos meados dos anos 1980. Esse amigo tinha parentes morando no Líbano, no tempo da guerra, naquele caldeirão insano que era Beirute, a capital, e todos lutavam contra todos, onde balas de metralhadoras e morteiros partiam do chão, enquanto bombas e foguetes partiam de aviões e navios. As imagens que nos chegavam eram, como são ainda hoje em qualquer guerra, de morte, desespero e aflição, casas e prédios destruídos aleatoriamente...Um dia, tendo a oportunidade de encontrarem-se no Brasil, indagados sobre a vida aflitiva que levavam em Beirute e porque não se mudavam de lá, responderam: -- Não nos incomodamos mais. Já estamos acostumados com tudo aquilo.
Poderíamos analisar essa extraordinária capacidade de adaptação com que Deus moldou o Ser Humano através das inúmeras reencarnações, porém, agora nosso intuito é outro, e também podemos afirmar que nos acostumamos com a violência que enfrentamos no Brasil. Estamos tão acostumados à ela, que até nos pegamos rindo de programas humorísticos onde a violência é o tema de alguns quadros. Nos pegamos até rindo de lamentáveis situações familiares expostos ao ridículo por programas que mostram "aquilo que o povo quer ver".
Por se tratar de um conceito adquirido através da Evolução, em todas as épocas e em todas as culturas, da mais rudimentar até a mais sofisticada, sempre se respeitou e ensinou através da Religião e dos diferentes sistemas Filosóficos, ser a Vida o "maior bem" que possui o Ser Humano. Embora o conceito de preservação da Vida esteja gravado em nossas mentes, esse bombardeamento vulgar e incessante da violência está banalizando e "adormecendo" esse sentimento de "valor supremo" que a Vida tem.
É irônico, numa época em que se quer preservar da extinção a Vida de animais e plantas, que torcer por um time de futebol, discussão no trânsito e a falta de pagamento - e até falta de troco - de Um Real (certamente os leitores devem saber de motivos ainda mais triviais e ridículos) seja a causa de assassinatos e dramas diversos que poderão durar várias encarnações com desdobramentos que certamente dificultarão nossa caminhada até os Planos de Luz.
As causas apontadas são as mais diversas. A miséria é uma delas mas a violência também está nas camadas econômicas mais altas. A degradação moral porque passa a atual civilização, raras vezes citada, talvez seja o componente mais forte desse conjunto de fatores que nos levam a atos tão tresloucados.
Enquanto não fizer parte do coração de cada Ser Humano a máxima ensinada por Jesus de "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" teremos, por muito tempo ainda, grandes fatos a lamentar.
Por ora, para amenizar essa onda negativa que nos envolve e afastar também os arautos da destruição, e do pessimismo, podemos fazer um pacto íntimo contra o "baixo-astral". Comecemos por não assistir, e não ouvir, programas que tratem de violência, ridicularizem ou aviltem o Ser Humano; da mesma forma, fiquemos sem ler as matérias policiais de jornais e revistas, pois não fazem nenhuma falta; ao passar por um acidente, vamos manter a mente em oração afastando, assim, aquela curiosidade mórbida que se regozija com o quanto pior melhor; se formos vítimas de assalto, manter a calma, não reagir e dar tudo de material que nos pedirem para preservar aquilo de maior valor que possuímos, e do qual somos responsáveis diretos perante Deus: nossa Vida.
Afastar-se das notícias de violência não é alienar-se como já ouvi alguém dizer (no tempo da Ditadura, era alienado quem não lia e se informava sobre política e economia). Há muitas maneiras de obter informações sadias e uma delas é assistir a programação das TVs educativas espalhadas pelo país onde mesmo os acontecimentos mais infelizes são ali apresentados com equilíbrio e bom senso.
Para finalizar, qualquer que seja a situação, confiar sempre em Deus, porque é Ele que conhece os desígnios de nossas Vidas, nossa Nação e nosso Planeta. Através da oração, manter nossas mentes e corações sintonizados em Jesus, nosso Irmão e Mestre, para que, como um farol, passemos a irradiar Paz e Amor para coletividade em que nos encontramos, suavizando dessa forma a atmosfera de pessimismo que envolve a todos.

***
Giovanni Bruno. Transcrito de Alavanca (Campinas), ano 44, n. 447, setembro/outubro de 1999, p-4.


sábado, 23 de maio de 2015

JESUS É O CARA... TÁ LIGADO?



ORAÇÃO DO MILHO

Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso, nasce e cresce na terra descuidada. Ponho folhas e haste e se me ajudares Senhor, mesmo planta de acaso, solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos, o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence à hierarquia tradicional do trigo. E de mim, não se faz o pão alvo, universal.
O Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre. Alimento de rústicos e animais do jugo.
Fui o angú pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante. Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paiois.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o carcarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal, agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste necessária e humilde
Sou o milho.


**
Poema: Oração do Milho
Poetisa: Cora Coralina
***
"A ironia é sobretudo uma brincadeira do espírito. O humor seria antes uma brincadeira do coração, uma brincadeira de sensibilidade." - Jules Renard

quinta-feira, 21 de maio de 2015

A IMAGEM NA JANELA – Uma descoberta fotográfica.



Vários jornais relataram o fato seguinte:

“O Sr. Badet, falecido a 12 de novembro, após uma enfermidade de três meses, costumava, segundo oUnion Bourguignonne, de Dijon, toda vez que lhe permitiam as forças, postar-se a uma janela do primeiro andar, com a face constantemente voltada para a rua, distraindo-se em ver os transeuntes. Há alguns dias a Sra. Peltret, cuja casa fica em frente à da Viúva Badet, percebeu numa vidraça da janela o próprio Sr. Badet, com seu boné de algodão, seu rosto emagrecido, etc., enfim tal qual o vira durante a doença. Grande foi sua emoção, para não dizer mais nada.

“Não só chamou os vizinhos, cujo testemunho poderia ser suspeito, mas ainda homens respeitáveis, os quais viram mui distintamente a figura do Sr. Badet no vidro da janela à qual costumava ficar. Mostraram essa imagem à família do defunto, que imediatamente deu sumiço no vidro.

“Ficou todavia comprovado que no vidro estava reproduzida a imagem do doente, como que daguerreotipada[1], fenômeno só explicável se do lado oposto da janela houvesse uma outra, por onde os raios solares pudessem ter chegado ao Sr. Badet. Mas não existe tal janela. O quarto possui apenas uma. Esta a verdade nua e crua sobre esse caso admirável, cuja explicação deve ser pedida aos sábios.”

Confessamos que, ao ler a notícia, nosso primeiro impulso foi o de considerá-la vulgar, como se faz com as notícias apócrifas. A ela não ligamos a menor importância. Poucos dias depois, o Sr. Jobard, de Bruxelas[2] assim nos escrevia:

“À leitura do fato que se segue” (o que acabamos de referir), “passado em minha terra e com um de meus parentes, dei de ombros ao ver o jornal que o relata remeter aos cientistas a sua explicação e ver que essa boa família retirara a vidraça, através da qual Badet olhava os transeuntes. Evoquem-no, para ver o que ele pensa.”

Esta confirmação do fato por um homem do caráter do Sr. Jobard, cujos méritos e honorabilidade todo mundo reconhece, e a circunstância especial de ser o herói um de seus parentes, não nos poderiam deixar dúvidas quanto à veracidade. Em consequência disto evocamos o Sr. Badet na sessão da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, a 15 de junho de 1858, terça-feira. Eis as explicações obtidas:

1. ─ Peço a Deus Todo-Poderoso permitir que venha comunicar-se conosco o Espírito do Sr. Badet, falecido em Dijon, a 11 de novembro último.
─ Eis-me aqui.
2. ─ É verdadeiro o fato que vos concerne e que acabamos de relembrar?
─ Sim, é verdadeiro.
3. ─ Poderíeis dar-nos a sua explicação?
─ Existem agentes físicos que são ainda desconhecidos, mas que mais tarde tornar-se-ão comuns. É um fenômeno muito simples, semelhante a uma fotografia produzida por forças que ainda não descobristes.
4. ─ Poderíeis, por vossas explicações, precipitar essa descoberta?
─ Eu gostaria, mas isto é tarefa de outros Espíritos e trabalho humano.
5. ─ Poderíeis reproduzir outra vez o mesmo fenômeno?
─ Não fui eu quem o produziu. Foram as condições físicas, independentes de mim.
6. ─ Por vontade de quem e com que objetivo produziu-se o fato?
─ Produziu-se quando eu era vivo, e independentemente de minha vontade. Um estado particular da atmosfera o revelou depois.

Tendo-se estabelecido uma discussão entre os assistentes, relativamente às causas prováveis do fenômeno, e emitidas várias opiniões sem que ao Espírito tivessem sido feitas outras perguntas, disse esse espontaneamente:

─ E não levais em conta a eletricidade e a galvanoplastia, que agem também sobre o perispírito?
7. ─ Ultimamente disseram-nos que os Espíritos não têm olhos. Ora, se essa imagem é a reprodução do perispírito, como foi possível reproduzir os órgãos da visão?
─ O perispírito não é o Espírito. A aparência, ou perispírito, tem olhos, mas o Espírito não tem. Bem que eu vos disse, falando do perispírito, que eu estava vivo.

OBSERVAÇÃO: Enquanto esperamos que essa nova descoberta seja feita, dar-lhe-emos o nome provisório defotografia espontânea. Todo mundo lamentará que, por um sentimento difícil de compreender, hajam destruído o vidro sobre o qual se havia reproduzido a imagem do Sr. Badet. Tão curioso monumento[3] teria facilitado as pesquisas e as observações para o adequado estudo da questão. Talvez tivessem visto nessa imagem uma arte do diabo. Em todo caso, se de alguma sorte o diabo está metido nisso, é seguramente na destruição do vidro, porque ele é inimigo do progresso.

________________________________________
[1] O verbo “daguerreotipar” precedeu o seu sinônimo “fotografar.” Originou-se do nome de Louis Jaque Mandé Daguerre, artista francês (1789-1851), inventor do diorama e aperfeiçoador da fotografia inventada por Nicephore Niepce, químico francês (1765-1833). (N. do T.)
[2] Esse Jobard é o mesmo que deu comunicações na Sociedade Espírita de Paris, as quais Allan Kardec transcreveu em O CÉU E O INFERNO, Segunda Parte, Capítulo II. Jobard era francês, do Alto Marne, engenheiro, Diretor do Museu Real da Indústria, de Bruxelas, Bélgica, onde faleceu a 27 de outubro de 1861. Foi presidente honorário da Sociedade Espírita de Paris e dele ainda se fala neste número, na notícia sob o título “Correspondência.” (N. do T.)
[3] A. palavra monumento tem no caso um sentido figurado, mais comum no francês do que no português. (N. da Equipe Revisora Edicel.)


***
Revista Espírita 1858 » Julho » Uma nova descoberta fotográfica


Sugestão de Livro: O Trabalho dos Mortos
http://www.livrariaflamarion.com.br/Espiritualismo/Outros%20Autores/Nogueira%20de%20Faria%20-%20O%20Trabalho%20dos%20Mortos.pdf




(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)

RESPEITO MÚTUO


Compadece-te dos que não pensam com as tuas idéias e não lhes encareces a vida em tua própria vida, afastando-os da senda a que foram convocados.

Chamem-se pais ou filhos, cônjuges ou irmãos, amigos ou parentes, companheiros e adversários, diante de ti, cada um daqueles que te compartilham a existência é uma criatura de Deus, evoluindo em degrau diferente daquele em que te vês.

Ensina-lhes o amor ao trabalho, a fidelidade ao dever, o devotamento à compreensão e o cultivo da misericórdia, que isso é dever nosso, de uns para com os outros, entretanto, não lhes cerres a porta de saída para os empreendimentos de que se afirmam necessitados.

Habituamo-nos na Terra a interpretar por ingratos aqueles entes queridos que aspiram a adquirir uma felicidade diferente da nossa, entretanto, na maioria das vezes, aquilo que nos parece ingratidão é mudança do rumo em que lhes cabe marchar para a frente.

Quererias talvez titulá-los com os melhores certificados de competência, nesse ou naquele setor de cultura, no entanto, nem todos vieram ao berço com a estrutura psicológica indispensável aos estudos superiores e devem escolher atividades quase obscuras, não obstante respeitáveis, a fim de levarem adiante a própria elevação ao progresso.

Para outros, estimarias indicar o casamento que se te figura ideal, no campo das afinidades que te falam de perto, no entanto, lembra-te de que as responsabilidades da vida a dois pertencem a eles e não a nós, e saibamos respeitar-lhes as decisões.

Para alguns terás sonhado facilidades econômicas e domínio social, contudo, terão eles rogado à Divina Sabedoria estágios de sofrimento e penúria, nos quais desejem exercitar paciência e humildade.

Para muitos terás idealizado a casa farta de luxuosa apresentação e não consegues vê-los felizes senão em telheiros e habitações modestas, em cujos recintos anseiam obter as aquisições de simplicidade de que se reconhecem carecedores.

Decerto, transmitirás aos corações que amas tudo aquilo que possuis de melhor, no entanto, acata-lhes as escolhas se te propões a vê-los felizes.

Respeita os pensamentos e afinidades de cada um e aprende a esperar.

Todos estamos catalogados nas faixas de evolução em que já estejamos integrados.

Se entes queridos te deixam presença e companhia, não lhes conturbes a vida nem te entregues a reclamações.

Cada um de nós é atraído para as forças com as quais entramos em sintonia.

E se te parece haver sofrido esse ou aquele desgaste afetivo, não te perturbes e continua trabalhando na seara do bem.

Pelo idioma do serviço que produzas, chamarás a ti, sem palavras, novos companheiros que te possam auxiliar e compreender.

Não prendas criatura alguma aos teus pontos de vista e nem sonegues a ninguém o direito da liberdade de eleger os seus próprios caminhos.

Se as tuas afinidades pessoais ainda não chegaram para complementar- te a tranqüilidade e a segurança é que estão positivamente a caminho.

E assim acontecerá sempre, porque fomos chamados a amar-nos reciprocamente e não para sermos escravos uns dos outros, porque, em princípio, compomos uma família só e todos nós somos de Deus.

***
Espírito: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Livro: Irmão


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)

quarta-feira, 20 de maio de 2015

LOCAIS ASSOMBRADOS




As manifestações espontâneas verificadas em todos os tempos, e a insistência de alguns Espíritos em mostrarem a sua presença em certos lugares, são a origem da crença nos locais assombrados. As respostas seguintes foram dadas a perguntas feitas a respeito.
1. Os Espíritos se apegam somente a pessoas ou também a coisas?
— Isso depende da sua elevação. Certos Espíritos podem apegar-se às coisas terrenas. Os avarentos, por exemplo, que viveram escondendo as suas riquezas e não estão suficientemente desmaterializados, podem ainda espreitá-los e guardá-los.
2. Os Espíritos errantes têm predileção por alguns lugares?
— Trata-se ainda do mesmo princípio. Os Espíritos já desapegados das coisas terrenas preferem os lugares onde são amados. São mais atraídos pelas pessoas do que pelos objetos materiais. Não obstante, há os que podem momentaneamente ter preferência por certos lugares, mas são sempre Espíritos inferiores.
3. Desde que o apego dos Espíritos por um local é sinal de inferioridade, será também de que são maus espíritos?
— Claro que não. Um Espírito pode ser pouco adiantado sem que por isso seja mau. Não acontece o mesmo entre os homens?
4. A crença de que os Espíritos frequentam, de preferência, as ruínas têm algum fundamento?
— Não. Os Espíritos vão a esses lugares como a toda parte. Mas a imaginação é tocada pelo aspecto lúgubre de alguns lugares e atribui aos Espíritos efeitos na maioria das vezes muito naturais. Quantas vezes o medo não fez tornar a sombra de uma árvore por um fantasma, o grunhido de um animal ou o sopro do vento por um gemido? Os Espíritos gostam da presença humana e por isso preferem os lugares habitados aos abandonados.
4.a . Entretanto, pelo que sabemos da diversidade de temperamento dos Espíritos, deve haver misantropos entre eles, que podem preferir a solidão.
— Por isso não respondi à pergunta de maneira absoluta. Disse que eles podem ir aos lugares abandonados como a toda parte. É evidente que os que se mantêm afastados é porque isso lhes apraz. Mas isso não quer dizer que as ruínas sejam forçosamente preferidas pelos Espíritos, pois o certo é que eles se acham muito mais nas cidades e nos palácios do que no fundo dos bosques.
5. As crenças populares, em geral, tem um fundo de verdade. Qual a origem da crença em lugares assombrados?
— O fundo de verdade, nesse caso, é a manifestação dos Espíritos em que o homem acreditou, por instinto, desde todos os tempos. Mas, como já disse, o aspecto dos lugares lúgubres toca-lhe a imaginação e ele os povoa naturalmente como os seres que consideram sobrenaturais. Essa crença supersticiosa é entretida pelas obras dos poetas e pelos contos fantásticos com que lhe embalaram a infância.(1)
6. Os Espíritos que se reúnem escolhem para isso dias e horas de sua predileção?
— Não. Os dias e as horas são usados pelo homem para controle do tempo, mas os Espíritos não precisam disso e não se inquietam a respeito.
7. Qual a origem da ideia de que os Espíritos aparecem de preferência à noite?
— A impressão produzida na imaginação pelo escuro e o silêncio. Todas essas crenças são superstições que o conhecimento racional do Espiritismo deve destruir. O mesmo se dá com a crença em dias e horas propícias. Acreditai que a influência da meia-noite jamais existiu, a não ser nos contos.
7.a . Se for assim, porque certos Espíritos anunciam a sua chegada e a sua manifestação para àquela hora e em dias determinados, como a sexta-feira, por exemplo?
— São Espíritos que se aproveitam da credulidade humana para se divertirem. É pela mesma razão que uns se dizem o Diabo ou se dão nomes infernais. Mostrai-lhes que não sois tolos e eles não voltarão.
8. Os Espíritos visitam de preferência os túmulos em que repousam os seus corpos?
— O corpo não era mais que uma veste. Eles não ligam mais para o envoltório que os fez sofrer do que o prisioneiro para as algemas. A lembrança das pessoas que lhes são caras é a única coisa a que dão valor.
8. a . As preces que se fazem sobre os seus túmulos são mais agradáveis para eles, e os atraem mais do que as feitas em outros lugares?
— A prece é uma evocação que atrai os Espíritos, como o sabeis. A prece tem tanto maior ação, quanto mais fervorosa e mais sincera. Ora, diante de um túmulo venerado as pessoas se concentram mais e a conservação de relíquias piedosas é um testemunho de afeição que se dá ao Espírito, ao qual ele é sempre sensível. É sempre o pensamento que age sobre o Espírito e não os objetos materiais. Esses objetos influem mais sobre aquele que ora, fixando-lhe a atenção, do que sobre o Espírito.
9. Diante disso, a crença em locais assombrados não pareceria absolutamente falsa?
— Dissemos que certos Espíritos podem ser atraídos por coisas materiais: podem sê-lo por certos lugares, que parecem escolher como domicílio até que cessem as razões que os levaram a isso.
9. a . Quais as razões que podem levá-los a isso?
— Sua simpatia por algumas das pessoas que frequentam os lugares ou o desejo de se comunicarem com elas. Entretanto, suas intenções nem sempre são tão louváveis. Quando se trata de maus Espíritos, podem querer vingar-se de certas pessoas das quais tem queixas. A permanência em determinado lugar pode ser também, para alguns, uma punição que lhe foi imposta, sobretudo se ali cometeram, para que tenham constantemente esse crime diante dos olhos.(2)
10. Os locais assombrados sempre o são por seus antigos moradores?
— Algumas vezes, mas não sempre, pois se o antigo morador for um Espírito elevado não ligará mais à sua antiga habitação do que ao seu corpo. Os Espíritos que assombram certos locais quase sempre o fazem só por capricho, a menos que sejam atraídos pela simpatia por alguma pessoas.
10. a . Podem eles fixar-se no local para proteger uma pessoa ou sua família?
— Seguramente, se são Espíritos bons. Mas nesse caso jamais se manifestam de maneira desagradável.
11. Há alguma coisa de real na estória da Dama Branca?
— É um conto extraído de mil fatos que realmente se verificaram.(3)
12. É racional temer os lugares assombrados por Espíritos?
— Não. Os Espíritos que assombram certos lugares e os põem em polvorosa procuram antes divertir-se à custa da credulidade e da covardia das criaturas, do que fazer mal. Lembrai-vos de que há Espíritos por toda parte e de que onde estiverdes tereis Espíritos ao vosso lado, mesmo nas mais agradáveis casas. Eles só parecem assombrar certas habitações porque encontram nelas a oportunidade de manifestar a sua presença.(4)
13. Há um meio de os expulsar?
— Sim, mas quase sempre o que se faz para afastá-los serve mais para atraí-los. O melhor meio de expulsar os maus Espíritos é atrair os bons. Portanto, atrai os bons Espíritos, fazendo o maior bem possível, que os maus fugirão, pois o bem e o mal são incompatíveis. Sede sempre bons e só tereis bons Espíritos ao vosso lado.
13.a. Mas há pessoas muito boas que vivem ás voltas com as tropelias dos maus Espíritos.
— Se essas pessoas forem realmente boas, isso pode ser uma prova para exercitar-lhes à paciência e incitá-las a serem ainda melhores. Mas não acrediteis que os que mais falam da virtude é que a possuem. Os que possuem qualidades reais quase sempre o ignoram ou nada falam a respeito.
14. Que pensar da eficácia do exorcismo para expulsar os maus Espíritos dos locais assombrados?
— Vistes muitas vezes esse meio dar resultados? Não vistes, pelo contrário, redobrar-se a tropelia após as cerimônias de exorcismo? É que eles se divertem ao serem tomados pelo Diabo. Os Espíritos que não tem mais intenções podem também manifestar a sua presença por meio de ruídos ou mesmo tornarem-se visíveis, mas não fazem jamais tropelias incômodas. São quase sempre Espíritos sofredores, que podeis aliviar fazendo preces por eles. De outras vezes são mesmo Espíritos benevolentes que desejam provar a sua presença junto a vós, ou, por fim, Espíritos levianos que se divertem. Como os que perturbam o repouso com barulhos são quase sempre Espíritos brincalhões, o que melhor se tem a fazer é rir do que fazem. Eles se afastam ao verem que não conseguem amedrontar ou impacientar. (Ver o cap. V: Manifestações Físicas Espontâneas)
Resulta das explicações acima que há Espíritos que se apegam a certos locais e neles permanecem de preferência, mas não tem necessidade de manifestar a sua presença por efeitos sensíveis. Qualquer local pode ser a morada obrigatória ou de preferência de um Espírito, mesmo que seja mau, sem que jamais haja produzido alguma manifestação.
Os Espíritos que se ligam a locais ou coisas materiais nunca são superiores, mas por não serem superiores não tem de ser maus ou de alimentar más intenções. São mesmo, algumas vezes, companheiros mais úteis do que prejudiciais, pois caso se interessem pelas pessoas podem protegê-las.


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(1) O instinto a que o espírito se referiu não é o biológico, mas o espiritual: a lembrança instintiva do Outro Mundo, de que ele veio para a Terra. Ver, no capítulo IX da segunda parte de O Livro dos Espíritos, o número o 522 e na edição da Edicel, a nota do tradutor na pág. 234. Deve-se ainda observar, na resposta acima, o problema psicológico da influência dos contos infantis, acentuada pelo Espírito, e a rejeição ao supersticioso e sobrenatural. (N. do T.)
(2) Ver Revista Espírita de fevereiro de 1860: História de um danado (N. de Kardec) – O caso mencionado não só confirma a explicação acima, como também representa um dos episódios mais instrutivos da pesquisa espírita realizada por Kardec. Indispensável a sua leitura para a boa compreensão do problema tratado neste capítulo. (N. do T.)
(3) A Dama Branca é uma figura das antigas mitologias escocesas e alemãs que aparece em lendas populares. (N. do T.)
(4) O filósofo grego Tales de Mileto dizia: O mundo é cheio de deuses. “Os deuses antigos eram Espíritos”, segundo o Espiritismo. A afirmação de Tales concorda com essa da resposta acima. Há Espíritos por toda parte. Ver em O Livrodos Espíritos o cap. IX da segunda parte: Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo. (N. do T.)

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O LIVRO DOS MÉDIUNS Cap. 9 – LOCAIS ASSOMBRADOS




PROBLEMAS DO MUNDO


O mundo está repleto de ouro.
Ouro no solo.... Ouro no mar.... Ouro nos cofres...
Mas o ouro não resolve o problema da miséria.

O mundo está repleto de espaço.
Espaço nos continentes... Espaço nas cidades... Espaço nos campos...
Mas o espaço não resolve o problema da cobiça.

O mundo está repleto de cultura.
Cultura no ensino... Cultura na técnica... Cultura na opinião...
Mas a cultura da inteligência não resolve o problema do egoísmo.

O mundo está repleto de teorias.
Teorias na ciência... Teorias nas escolas filosóficas... Teorias nas religiões...
Mas as teorias não resolvem o problema do desespero.

O mundo está repleto de organizações.
Organizações administrativas... Organizações econômicas... Organizações sociais...
Mas as organizações não resolvem o problema do crime.

Para extinguir a chaga da ignorância, que acalenta a miséria; para dissipar a sombra da cobiça, que gera a ilusão; para exterminar o mostro do egoísmo, que promove a guerra; para anular o verme do desespero, que promove a loucura, e para remover o charco do crime, que carreia o infortúnio, o único remédio eficiente é o Evangelho de Jesus no coração humano.

Sejamos, assim, valorosos, estendendo a Doutrina Espírita que o desentranha da letra, na construção da Humanidade Nova, irradiando a influência e a inspiração do Divino Mestre, pela emoção e pela ideia, pela diretriz e pela conduta, pela palavra e pelo exemplo e, parafraseando o conceito inolvidável de Allan Kardec, em torno da caridade, proclamemos aos problemas do mundo: “Fora do Cristo não há solução.”

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Espírito: Bezerra de Menezes 
Médium: Chico Xavier


sexta-feira, 15 de maio de 2015

BENDITO SEJAS




"Tu transformaste as minhas lágrimas em sorrisos…" - Salmo c30 v11.


Um grupo de senhoras ofereceu a Chico Xavier um maravilhoso tapete.
- Trouxemos este tapete que tecemos para você com muito carinho.
- Minhas irmãs, nem sei como agradecer-lhes tamanha generosidade. É meu mesmo? Posso guardá-lo?...
- Claro. E, por favor, não dê para ninguém. É seu!...
- Obrigado, queridas irmãs. Agora eu gostaria que as senhoras fizessem um grande favor, de imenso valor.
- Diga, Chico: Faremos o que desejar.
- É o seguinte: fiquem com este tapete, guardando-o em sua casa, para mim...

Proverbial o desprendimento de Chico, que sempre transferia para instituições ou necessitados os presentes que recebia.
Aqui, com um detalhe sugestivo:
Atendendo à recomendação das visitantes, que o impedia de dispor do presente, fez delas as depositárias.

Outro episódio ilustrativo envolve bem mais valioso, um automóvel novo, zero-quilômetro.
No momento em que Chico o recebeu, chegava um comerciante. Imediatamente entregou-lhe o carro, pedindo que o pagasse em macarrão para ser distribuído aos carentes.



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Livro: Rindo e Refletindo com Chico Xavier volume 2
Autor: Richard Simonetti


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)

quinta-feira, 14 de maio de 2015

ADOÇÃO HOMO-AFETIVA JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE.


Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
— Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
Comentário de Kardec: O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito. Tal é o sentido das palavras de Jesus: “Amai-vos uns aos outros, como irmãos”.
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se trate de nossos inferiores, iguais ou superiores. Ela nos manda ser indulgentes, porque temos necessidade de indulgência, e nos proíbe humilhar o infortúnio, ao contrário do que comumente se pratica. Se um rico nos procura, atendemo-lo com excesso de consideração e atenção, mas se é um pobre, parece que não nos devemos incomodar com ele. Quanto mais, entretanto, sua posição é lastimável, mais devemos temer aumentar-lhe a desgraça pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo a distância entre ambos.
Jesus ensinou ainda: “Amai aos vossos inimigos”. Ora, um amor pelos nossos inimigos não é contrário às nossas tendências naturais, e a inimizade não provém de uma falta de simpatia entre os Espíritos?
— Sem dúvida não se pode ter, para com os inimigos, um amor terno e apaixonado. E não foi isso que ele quis dizer. Amar aos inimigos é perdoá-los e pagar-lhes o mal com o bem. É assim que nos tornamos superiores; pela vingança nos colocamos abaixo deles.
Que pensar da esmola?
_ O homem reduzido a pedir esmolas se degrada moral e fisicamente: se embrutece. Numa sociedade baseada na lei de Deus e na justiça, deve-se prover a vida do fraco, sem humilhação para ele. Deve-se assegurar a existência dos que não podem trabalhar sem deixá-los à mercê do acaso e da boa vontade.
a) Então condenais a esmola?
— Não, pois não é a esmola que é censurável, mas quase sempre a maneira por que ela é dada. O homem de bem, que compreende a caridade segundo Jesus, vai ao encontro do desgraçado sem esperar que ele lhe estenda a mão.
A verdadeira caridade é sempre boa e benevolente; tanto está no ato quanto na maneira de fazê-la. Um serviço prestado com delicadeza tem duplo valor; se o for com altivez, a necessidade pode fazê-lo aceito, mas o coração mal será tocado.
Lembrai-vos ainda de que a ostentação apaga aos olhos de Deus o mérito do benefício. Jesus disse: “Que a vossa mão esquerda ignore o que faz a direita”. Com isso, ele vos ensina a não manchar a caridade pelo orgulho.
É necessário distinguir a esmola propriamente dita da beneficência. O mais necessitado nem sempre é o que pede: o temor da humilhação retém o verdadeiro pobre, que quase sempre sofre sem se queixar. É a esse que o homem verdadeiramente humano sabe assistir sem ostentação.
Amai-vos uns aos outros, eis toda lei, divina lei pela qual Deus governa os mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados, e a atração é a lei de amor para a matéria inorgânica.
Não olvideis jamais que o Espírito, qualquer que seja o seu grau de adiantamento, sua situação como reencarnado ou na erraticidade, esta sempre colocado entre um ser superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual tem deveres iguais a cumprir. Sede, portanto, caridosos, não somente dessa caridade que vos leva a tirar do bolso o óbolo que friamente atirais ao que ousa pedir-vos, mas ide ao encontro das misérias ocultas. Sede indulgentes para com os erros dos vossos semelhantes. Em lugar de desprezar a ignorância e o vício, instruí-os e moralizai-os. Sede afáveis e benevolentes para com todos os que vos parece inferiores; sede-o mesmo para com os mais ínfimos seres da Criação, e tereis obedecido à lei de Deus. (Espírito: São Vicente de Paulo.)
Não há homens reduzidos à mendicidade por sua própria culpa?
— Sem dúvida. Mas se uma boa educação moral lhes tivesse ensinado a lei de Deus, não teriam caído nos excessos que os levaram à perda. E é disso, sobretudo, que depende o melhoramento do vosso globo.

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Livro dos Espíritos: CAPÍTULO XI – Da lei de justiça, de amor e de caridade.