Perante
vinte alunos reunidos,
O
professor convidou, conselheiral:
-
Apressem-se rapazes! Sigamos para a luta contra o mal.
Conheceremos
hoje um menor, bandido dos bandidos,
É
o famoso “Pé Ligeiro”...
Jovem
falcatrueiro,
Que
não tem mais que dezessete anos
E
já se fez autor de crimes desumanos.
Um
amigo delegado
Já
nos comunicou que ele foi baleado
Pelo
dono de nobre moradia;
Nós
que nos dedicamos ao Direito
Devemos
dissecar
Qualquer
problema que interesse a vida.
Registremos
o assunto:
Aqui
e além, nos arredores,
Ampliam-se
os delitos de menores...
Por
que tantos meninos delinqüentes?
Taras
congeniais? Leituras negativas?
Maus
tempos sobre a Terra, com a infância
trazendo
horrendas iniciativas
Ou
descaso de pais indiferentes?
Sabemos
que o rapaz foi alvejado,
Quando
furtava jóias e dinheiro.
Agora,
está na Detenção.
Entretanto,
sabemos, de antemão,
Que
o meliante
Mostra
extrema exaustão,
Esperando-se
dele a morte; a cada instante.
O
Professor fez pausa,
Depois
voltou a comentar:
-
Creio que poderemos estudar
Certas
lições do mundo em “Pé Ligeiro”,
Se
ele estiver falando,
Já
que foi baleado e está fora do bando.
Nesse
clima de franca indagação
O
grupo aconchegado,
Após
cumprimentar o delegado,
Reúne-se,
de novo, em úmido salão.
“Pé
Ligeiro”, - explicou a autoridade, -
Está
no fim... Fatigado e ferido,
Nada
lhe estanca o sangue... Chora, mais abatido,
Não
sei se ele agüentara qualquer conversação...
Dois
soldados trouxeram-no na maca.
Era
um rapaz franzino,
Temível
delinqüente em corpo de menino...
No
entanto, à frente dele, o professor estaca;
Ante
o moço a morrer, pálido e maltrapilho,
Reconhecera
ele o próprio filho...
Pai!
– disse o ferido em voz dorida e fraca...
Trêmulo
e acabrunhado,
O
guia dos alunos respondeu:
-
Pois é você, meu filho, assim caído?
O
famoso bandido?
O
rapaz replicou: - Eu,
Eu
sei que estou perdido...
Há
mais de nove anos,
Desde
quando o senhor deixou a nossa casa,
Tenho
vivido por aí...
Matei,
roubei, bebi,
Fiquei
desorientado...
Mas
agora já sei que estou no fim,
Não
há mais esperanças para mim...
Depois
da longa pausa que se fez,
Voltou-se
o professor e falou-lhe outra vez:
-
Que quer você, meu filho, que se faça?
-
Quero ver minha mãe... – pediu o interpelado.
O
professor uniu-se à autoridade
E
esclareceu, disfarçando o próprio acanhamento:
-
Há tempos, anos bem antes de meu casamento,
Tive
um caso infeliz, um laço antigo;
Uma
jovem de vida irregular
Deu-me
dois filhos, mas depois
Veio
a separação entre nós dois...
Logo
após, avisou, que a mulher
Sobre
a qual o rapaz se referia,
Morava,
longe, na periferia,
A
cavaleiro da cidade...
Mas
um carro ganhou distância e tempo...
Em
minutos chegou a mãe desconsolada
Trajando
roupa remendada;
Abeirou-se
ao pobre agonizante
E
exclamou: - Ah! meu filho, meu filho,
Eu
pressentia
Que
a sua estrada assim terminaria!...
Ele
fitou-a, triste, e murmurou, cansado:
-
Perdoe, mamãe! Eu fui o “Pé Ligeiro”
Mas
fui sem companheiro!...
A
pobre sem fitar a mais ninguém na sala
Beijou
o agonizante e disse: - Diga, filho,
Que
deseja você de mim, na angústia desta hora?
Ele
coloca o olhar no rosto da senhora
E
pede-lhe, por fim:
-
Mãe, eu quero Jesus,
Peça
a Deus por mim!...
Ela
compreendeu que o filho na lembrança
Recordava-lhe
as preces
Que
ela mesma lhe dera ao tempo de criança...
Ajoelhou-se
a pobre e murmurou, em pranto:
-
Fale, filho,
Jesus!...
Nosso
Mestre e Senhor,
Dá-nos
de tua luz,
Perdoa
as nossas faltas
E
dá-nos teu amor!...
Mas
o filho, ao ouvi-la, adormecera...
Dera-lhe
a morte ao rosto estranha cor de cera.
E
eu mesma, dominada de emoção,
A
chorar, repetia a expressiva oração:
-
Jesus!...
Nosso
Mestre e Senhor,
Dá-nos
a tua luz,
Perdoa
as nossas faltas
E
dá-nos teu amor!...
***
Espírito: Maria Dolores
Médium: Chico Xavier
Livro: Caminhos do Amor
(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
https://www.facebook.com/o.arrebol.espirita
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