Não
julgues, nem recrimines
Irmãos
que vês em festança,
Às
vezes, quem grita e dança,
No
auge da exaltação,
Tem
no peito atormentado
Um
vaso de fogo lento,
Argila
de sofrimento
Em
forma de coração.
Esse
homem que se agita,
Em
gestos de embriagado,
É
um amigo abandonado
Pela
esposa que o não quer...
Possui
filhinhos chorosos,
Rogando
a materna estima,
É
um palhaço que lastima
A
deserção da mulher.
Aquela
jovem que passa,
Gingando,
descontraída,
É
quase pobre suicida
Pelas
angústias que traz,
Quis
ser livre sem trabalho,
Mas
correu e caiu fundo,
Nos
desencantos do mundo,
Entre
os quais sofre sem paz.
Outro
transporta consigo
Amarga
doença oculta;
Em
outro, o que mais avulta
É
a roupagem de esplendor;
No
entanto, o que mais sente
Nas
explosões de alegria,
É
a solidão que irradia
A
triste fome de amor.
Nunca
reproves. Respeita.
Eu
também nos tempos idos,
Cantei,
guardando gemidos,
Lamentando
os erros meus!...
Às
vezes, quem grita e ginga,
Tangendo
guisos por fora,
Por
dentro é alguém que chora
Buscando
a bênção de Deus.
***
Espírito:
Emmanuel
Médium:
Chico Xavier
Livro:
Caminhos
(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
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