O Arrebol Espírita

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

PRECONCEITO



Era uma tarde de domingo e o parque estava repleto de pessoas que aproveitavam o dia ensolarado para passear e levar os filhos para brincar.

O vendedor de balões havia chegado cedo, aproveitando a clientela infantil para oferecer seu produto e defender o pão de cada dia.

Como bom comerciante, chamava atenção da garotada soltando balões para que se elevassem no ar, anunciando que o produto estava à venda.

Não muito longe do carrinho, um garoto negro observava com atenção.

Acompanhou um balão vermelho soltar-se das mãos do vendedor e elevar-se lentamente pelos ares.

Alguns minutos depois, um azul, logo mais um amarelo, e finalmente um balão de cor branca.

Intrigado, o menino notou que havia um balão de cor preta que o vendedor não soltava.

Aproximou-se meio sem jeito e perguntou: - Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?

O vendedor sorriu, como quem compreendia a preocupação do  garoto, arrebentou a linha que prendia o balão preto e, enquanto ele se elevava no ar, disse-lhe:

- Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.

O menino deu um sorriso de satisfação, agradeceu ao vendedor e saiu saltitando, para confundir-se com a garotada que coloria  o parque naquela tarde ensolarada.

O preconceito é uma praga que se alastra nas sociedades e vai  deixando um rastro de prejuízos, tanto físicos como morais.

O preconceito de raça tem feito suas vítimas,  ao longo da História da Humanidade.
Mas não é somente o preconceito racial que tem sido causa de infelicidade; esse malfeitor também aparece disfarçado  sob outras formas para ferir e infelicitar.
Por vezes, surge como defensor da religião, espalhando a discórdia e a maldade, o sectarismo e os ódios sem precedentes. Outras vezes apresenta-se em nome da preservação da raça, gerando abismos intransponíveis entre os filhos de Deus.

Também costuma travestir-se de muro entre as classes sociais, fortalecendo o egoísmo, o orgulho, a inveja e o despeito.

Podemos percebê-lo, ainda, agindo como barreira entre a inteligência  e a ignorância, disfarçado de sabedoria, impedindo que o mais esclarecido estenda a mão ao menos instruído.

O preconceito também costuma aparecer travestido de patriotismo, criando a falsa expectativa de supremacia  nas mentes contaminadas pela soberba.
Ele também pode ser percebido com aparência de idealismo político, explorando mentes juvenis inexperientes e sonhadoras, que são usadas como massa de manobra.

Como se pode perceber, o preconceito é um inimigo público que  deveria ser combatido como se combate uma epidemia.

Essa chaga social tem emperrado as rodas do progresso e da paz.
Por essa razão, vale empreender esforços para detectar sua ação, sob disfarces variados, e impedir sua investida infeliz.
Começando por nós mesmos, vamos fazer uma autoanálise para verificar se o preconceito não está instalado em nosso modo de ver, de sentir, comandando nossas atitudes diárias.

Depois, extirpar de vez por todas esse mal que teima em nos impedir de viver a solidariedade e a fraternidade sem limites,  como propôs o Mestre de Nazaré.

 A fraternidade é chave que rompe as amarras que nos retem nas baixadas,  quais balões cativos, e nos permite ganhar as alturas, elevando-nos acima das misérias humanas.

Para isso, lembremo-nos do vendedor de balões e ouçamos  a sábia advertência de nossa própria consciência: Não é a cor, nem a raça, nem a posição social,  nem a religião, nem as aparências externas, filho, é o que está dentro de você é o que o faz subir. 


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REDAÇÃO DO MOMENTO ESPÍRITA


(a) RONALDO COSTA (O Arrebol Espírita)
https://www.facebook.com/o.arrebol.espirita

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